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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Claudio Humberto: "política externa cabisbaixa e submissa"

PATRIOTA FEZ DO ASILO DE MOLINA UMA PRISÃO POLÍTICA
Coluna de Claudio Humberto, 27/08/2013
 
O ex-chanceler Antonio Patriota interrompeu só uma vez sua atitude omissa e acovardada, durante os 452 dias de asilo do senador Roger Pinto Molina. Ainda assim, para atormentar a vítima, em nome do “bolivarianismo”. Ele foi a La Paz tornar o asilo do perseguido do regime de Evo Morales uma “prisão política”, ordenando restrições a banho de sol, proibindo visitas e segregando-o a cubículo sem janela.

QUE VERGONHA
Segundo diplomatas, a estratégia de Patriota, para bajular o regime de Evo Morales, era vencer Molina pelo cansaço e fazê-lo se entregar.

CRUEL COVARDIA
A ordem cruel do gabinete de Patriota para tomar celular e computador de Molina jamais foi confirmada por escrito, como exigiram diplomatas.

INSISTÊNCIA 
Além das visitas pessoais ao Itamaraty, o diplomata Eduardo Sabóia enviou vários telegramas a Patriota pedindo a solução do caso Molina.

BONS PROFISSIONAIS
Como o pai, embaixador Gilberto Sabóia, o diplomata Eduardo Sabóia deixa admiradores por onde passa. Washington foi seu posto anterior.

COVARDIA E SUBMISSÃO MARCAM POLÍTICA EXTERNA
O ex-chanceler Antonio Patriota não recusava chance de mostrar como sua política externa era feita à sua imagem e semelhança: cabisbaixa e submissa diante da arrogância da Venezuela e das desfeitas da Argentina e do regime de Evo Morales. Em março, por exemplo, Evo criou um pretexto para inviabilizar o salvo-conduto ao senador Roger Molina, vetando na mesa de negociações o embaixador, Marcel Biato. Em vez de prestigiar o colega diplomata, Patriota cedeu ao cocaleiro.

PROCESSO NELE
O presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha, foi direto ao ponto: Patriota deveria ser processado por omissão, no caso do senador asilado.

Direita tucana escapou com o senador boliviano, segundo grao-petista; ou, a inevitavel vileza moral dos companheiros...

Claro, no universo mental dos homúnculos totalitários que sustentam ditaduras que consideram de esquerda, não poderia haver outra explicação para a "fuga" do senador boliviano. Tudo foi um complô da direita para retirar um criminoso comum do alcance da boa justiça do Estado plurinacional bolivariano.
Como disse o Secretário de Estado sobre os ataques a gás na Síria, trata-se de uma obscenidade moral apenas compatível com o pensamento desses briosos defensores de regimes totalitários. Não lhes parece haver nenhum laivo de sentimento cristão, ou de simples solidariedade humana no gesto do diplomata brasileiro: só pode ter sido um golpe da direita.
Deixo vocês com a matéria publicada no jornal pessoal do assim chamado chefe da quadrilha...
Paulo Roberto de Almeida

Líder do governo classifica de ‘absurda’ fuga de boliviano com apoio da ultradireita

Correio do Brasil, Redação, 27/8/2013 13:44
Brasília - Líder do governo na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), classificou de “absurda” a decisão do diplomata Eduardo Paes Saboia, encarregado de negócios do Brasil na Bolívia (o equivalente a embaixador interino), de retirar o ex-senador boliviano Roger Pinto Molina da representação brasileira, onde estava asilado há mais de um ano, e trazê-lo ao Brasil sem o salvo-conduto do governo boliviano. Para Chinaglia, em discurso proferido na manhã desta terça-feira, em Plenário, depois do episódio, a situação do então ministro de Relações Exteriores Antonio Patriota, exonerado na véspera pela presidenta Dilma Rousseff, ficou insustentável. Outros parlamentares veem a ingerência de setores da ultradireita na ação do diplomata brasileiro em La Paz.
– Não podemos conviver com uma situação dessas, em que o encarregado de negócios toma uma decisão sem ter nenhum tipo de respaldo – frisou Chinaglia.
Ele acrescentou que a saída do parlamentar boliviano sem um acordo diplomático entre os dois países é “inexplicável”:
– Houve quebra de hierarquia. Imagine se nas relações internacionais cada, nem digo o encarregado de negócios, mas se cada embaixador começar a tomar decisões de acordo com seu critério e não segundo a política de Estado. É absolutamente absurda uma situação dessas.
Na sexta-feira, o parlamentar boliviano, que ficou abrigado na embaixada brasileira em La Paz por 15 meses, deixou o local com a ajuda do diplomara Eduardo Saboia sem o salvo-conduto do governo de Evo Morales. O boliviano chegou no sábado ao Brasil por Corumbá (MS), depois de uma viagem de carro de mais de 20h, onde se encontrou com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Nesta segunda-feira, o Itamaraty instaurou uma comissão de sindicância para apurar responsabilidades sobre a retirada do senador Roger Pinto Molina da Embaixada do Brasil. O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, pediu explicações ao Ministério das Relações Exteriores sobre o episódio.
Bico tucano
A fuga do senador boliviano que custou o cargo ao ministro das Relações Exteriores não foi obra individual de um destemido diplomada brasileiro, mas uma ação organizada pela direita com apoio de setores conservadores do Itamaraty, que mantêm estreitos laços em questões políticas e econômicas, como o boicote aos governos socialistas e a defesa intransigente do agronegócio. A avaliação é do deputado Cláudio Puty (PT-PA), que participou de uma missão oficial à Bolívia, em março, onde conheceu os três principais personagens envolvidos na trama: o então embaixador do Brasil na Bolívia, Marcel Biato, que patrocinou a aceitação brasileira ao pedido de asilo político do senador, o diplomata brasileiro Eduardo Sabóia, que afirma ter organizado sozinho a fuga do político, e o próprio senador oposicionista Roger Pinto, que viveu 545 dias na embaixada brasileira na Bolívia.
– Esta foi uma ação sem precedente na história da diplomacia brasileira. Como pode um diplomata patrocinar a fuga de um criminoso comum, à revelia do governo brasileiro, escondido do governo boliviano e com o apoio explícito da direita brasileira, que já o aguardava na fronteira do país? – questiona Puty.
Para ele, é inadmissível que o Brasil, que não aceitou o pedido de asilo político do ex-agente da CIA, Edward Snowden, corra o risco de colocar em xeque as relações com um país amigo para ajudar um criminoso comum como Roger Pinto.
– Pelo que consta, o Brasil não reconhece a Bolívia como um governo de exceção. Portanto, essa ação foi um atentado à soberania boliviana que precisa ser punida exemplarmente – acrescentou.
Missão oficial
O deputado foi à Bolívia acompanhado de outros quatro colegas que, como ele, atuavam na CPI do Trabalho Escravo. Em visita à embaixada brasileira em La Paz, se surpreenderam com a presença de Roger Pinto.
– Ele usava a embaixada como escritório particular para fazer oposição ao governo de Evo Morales. Recebia colegas do partido e concedia entrevista livremente – relembra.
Puty ficou muito impressionado também com a postura de Biato e Sabóia que, a despeito das excelentes relações bilaterais entre Brasil e Bolívia, tratavam aquele país com total desrespeito.
– Eles falavam sobre a Bolívia, os bolivianos e o Evo com tanto preconceito que o jantar de recepção à nossa delegação terminou em bate-boca – recorda ele, ressaltando a cumplicidade ideológica entre diplomatas e senador.
Para o deputado, a aceitação do pedido de asilo político, patrocinada por Biato, foi um erro que, desde então, tem gerado desconforto na relação Brasil e Bolívia. Pressionado, o Brasil decidiu transferir Biato para a Suécia, em junho passado. Saboia, então, passou a responder como embaixador em exercício.
Agronegócio
Proprietário de terras na fronteira com o Acre, Roger Pinto é o principal porta-voz do agronegócio no país. Governou o departamento de Pando, quando acumulou processos por desvios de verba, favorecimento a jogos ilegais e venda de terra pública para estrangeiros. Depois, elegeu-se senador pela Convergência Nacional e passou a líder um bloco de partidos conservadores no parlamento. Desde que ingressou na carreira política, teve um aumento 290% em seu patrimônio avaliado, hoje, em US$ 1 milhão. Condenado por dano econômico ao país mais pobre da América do Sul, pediu asilo político ao Brasil, em maio de 2011. Em junho, teve a solicitação acatada pelo Itamaraty e se dirigiu à embaixada brasileira em La Paz, onde permaneceu por 545 dias, até a fuga para o Brasil.
De acordo com o portal do Governo da Bolívia, além da condenação, o senador responde a quatro processos por corrupção, além de outros dez por crimes comuns: calúnia, difamação e desacato à autoridade. O governo boliviano garantiu que o episódio não irá afetar as relações da Bolívia com o Brasil, mas o Ministério Público do país já estuda pedir a extradição de Roger Pinto.
Roger Pinto deixou La Paz em carro oficial da embaixada brasileira, na companhia de Saboia. Atravessou a Bolívia e despistou a imigração até cruzar a fronteira. Em Corumbá (MS), foi recebido pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que o acompanhou até Brasília, de avião.
À imprensa, Saboia afirmou ter tramado sozinho a operação, motivado por questões humanitárias, já que o senador sofre de problemas renais e apresentava quadro de depressão, devido à privação de liberdade e ao afastamento da família, que vive no Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro demonstrou surpresa, prometeu apurar o caso e convocou Sabóia para prestar esclarecimentos nesta segunda-feira. Em nota divulgada no domingo, afirmou que abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.No lugar de Patriota, assume Luiz Alberto Figueiredo Machado. Diplomata de carreira, ele foi o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e atuava com representante do Brasil na ONU.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A frase da semana: "eu nao tenho vocacao para agente penitenciario"

No Gulag diplomático:

'Eu não tenho vocação para agente penitenciário', afirma Eduardo Saboia

Diplomata que trouxe senador boliviano ao Brasil diz que político vivia praticamente em cárcere privado na missão

27 de agosto de 2013 | 2h 02
Lisandra Paraguassu - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O diplomata Eduardo Saboia, responsável por tirar de La Paz o senador boliviano Roger Pinto Molina, revelou ao Estado estar contrariado com a reação do Itamaraty a sua decisão e sentia que era vítima de um jogo de "faz de conta" entre autoridades brasileiras e bolivianas. Na sua avaliação, o senador estava em cárcere privado na embaixada "Eu não tenho vocação para agente penitenciário", disse. A seguir, trechos da entrevista.
A decisão de tirar o senador de La Paz foi sua?
EDUARDO SABOIA - A decisão foi minha. Havia uma situação de violação de direitos humanos. A situação foi se deteriorando, ele falava em suicídio, pedia para que o tirassem dali. Na quinta-feira, o advogado dele foi lá conversar comigo. Na sexta-feira, levou um laudo mostrando que ele podia se suicidar. Podia ser manipulação, mas não tinha como saber. Eu decidi que tinha de fazer alguma coisa.
O seu nome foi colocado na nota divulgada pelo ministério o responsabilizando, ainda que indiretamente, pelo caso. 
EDUARDO SABOIA - Eu não gostei. Foi um prejulgamento. Por isso, tomei a liberdade de me defender.
Espera alguma punição ? 
EDUARDO SABOIA - Entrego a Deus. Recebi muito apoio de colegas.
A viagem foi muito difícil? 
EDUARDO SABOIA - Foi difícil, mas o pior está sendo agora. Claro, teve estresse, foi difícil, mas o que me dói mais é sofrer essa crítica do Itamaraty. Eu não quero afrontar ninguém. Pode não ter sido a melhor solução, mas fiz o que entendi que precisava fazer.
Por que o senhor decidiu tirar o senador de La Paz?
EDUARDO SABOIA - Quando o advogado me levou o laudo, eu decidi que íamos resolver. Ele foi no carro ao meu lado. Não teve viagem em porta-malas, não teve nada. Ele estava no carro. Passamos por seis controles e deu tudo certo. Quando chegamos ao Brasil, avisei o embaixador Marcel Biato e ele avisou o ministro Patriota. Não avisei antes porque não podia.
O que o levou a tomar a decisão na sexta-feira? 
EDUARDO SABOIA - Foi aumentando o desespero. Eu tinha, de um lado, um advogado no Brasil dizendo que o governo brasileiro é irresponsável, entrando com um habeas corpus no STF. Depois, o advogado dele aqui na Bolívia, pressionando porque ele estava doente. E eu tinha outros assuntos para tratar, a mudança do embaixador, a situação dos corintianos, estava chegando no limite. Quem está no campo de batalha precisa tomar decisões.
Dizia-se em Brasília que as negociações continuavam. 
EDUARDO SABOIA - Era um faz de conta. Não dá. Você via as negativas públicas do salvo-conduto. Ouvi de pessoas do Itamaraty, eu tenho os e-mails do pessoal dizendo: "Eles fingem que negociam e a gente finge que acredita". Era melhor, então, cancelar o asilo.
A situação era muito ruim? 
EDUARDO SABOIA - Era um desgaste, um risco não só para ele, mas para a embaixada. Você não sabe o ambiente que é ter um preso do seu lado. Eu me sentia um agente do DOI-Codi. Estava demais, muita pressão. Eu não tenho vocação para agente penitenciário.

Eduardo Saboia: um heroi fora dos quadrinhos - Celso Arnaldo

Blog de Augusto Nunes, 27/08/2013

Subscrevo sem ressalvas o texto de Celso Arnaldo Araújo. O que Eduardo Saboia fez no caso do senador Roger Pinto Molina sempre será mais relevante do que o que disse ou dirá. (AN)

Não há heróis sempiternos (é a primeira vez que uso a palavra, sabia que esse dia chegaria…), com exceção de meu pai, e apenas no âmbito de minha existência. Só há heróis de ocasião. Como Eduardo Saboia.
Também não gostei do day after do Saboia ─ a ameaça valente de usar o que sabe contra o Itamaraty não soou bem.
Mas, como diria o Marcelo Rezende, pensa no seguinte: o moço tinha 23 anos de Itamaraty, carreira impoluta e ascensional (se bem que Bolívia é queda…), folha impecável de serviços. Naquele instante, ele, como ministro-conselheiro e encarregado de negócios, era o mais alto funcionário da Embaixada, na ausência forçada de um embaixador titular.
Marcel Fortuna Biato fora enviado há dois meses, sumariamente, para um degelo na Suécia, por pressão de Evo Morales – justamente por causa do prolongado abrigo ao senador.
Saboia fazia as vezes de embaixador, até a chegada do substituto enquadrado. Ninguém mais, naquele momento, para repartir com ele o interminável pepino de 452 dias como carcereiro.
Ao entrar no carro da embaixada, com Roger Molina no banco de trás, e pedir ao motorista que só parasse quando chegasse a Corumbá, Saboia sabia que ali se encerrava sua carreira diplomática. O que fazia ali não era mais diplomacia – mas, a seu ver, a reparação definitiva de uma situação humana insustentável, para ele e para o senador.
Esforçara-se muito para fazer o mesmo – imagine – até com os vagabundos presos em Oruro por causa da morte do garoto boliviano.
Veja só. Por causa desse ato de coragem – quantos de nós o fariam, tendo tudo a perder? – Saboia tornou-se, instantaneamente, um exilado em seu próprio país. Sua mulher é oficial de chancelaria da Embaixada, seus três filhos estudam em colégios de La Paz. Mas Saboia evidentemente não pode retornar à Bolívia sem ser preso – ou até justiçado.
Ficará ele aqui, no limbo absoluto, de carreira e família, enquanto o senador Roger refaz sua vida ─ e até que eles lá em cima se entendam, com Morales como o mediador irremediável da situação.

Pensando bem: Saboia foi herói, sim, conquanto não haja heróis permanentes fora dos quadrinhos.

Brasil-Bolivia pos-fuga: O que restara' do Itamaraty? - Reynaldo Rocha


O que restará do Itamaraty?
REYNALDO ROCHA
Blog de Augusto Nunes, 27/08/2013 15:59:28  

O que restará da diplomacia brasileira após o pesadelo que se transformou em realidade? Depois de um Celso Amorim, um Antonio Patriota, que tiveram como chefes um Lula e uma Dilma Rousseff. Teremos os exemplos do amoral megalonanico e do patriota sem coragem, ou de um Saboia perdido na Bolívia?

Depois de chamarmos Kadhafi de “meu líder”, dar ouvidos a Ahmadinejad, apoiar a Síria e a Coreia do Norte, entre outros párias mundiais, continuaremos a merecer respeito no mundo civilizado?
Seguiremos permitindo que Evo Cocaleiro continue a humilhar o Brasil? A nos roubar? A exigir que peçamos desculpas pelo que ele mesmo sempre faz?
A Bolívia continuará (agora com quais argumentos?) a revistar aviões com as “ôtoridades” brasileiras a bordo? A exigir asilo para Edward Snowden, garantindo seu salvo-conduto? A traficar drogas, sem que haja uma investigação isenta?
E veremos Dilma revoltada por não termos sido, mais uma vez, cordatos e subservientes ao Lhama de Boutique?
Discute-se hoje, intensamente, se o diplomata Saboia é um herói ou um insubordinado. Se Patriota sabia ou não da ação quase ao nível da Pantera Cor-de-Rosa.
A pergunta que ainda não li é muito simples: haveria necessidade dessa aventura se a diplomacia brasileira se desse ao respeito? Se houvesse defendido nossa autonomia e independência? Se houvesse exigido o cumprimento dos tratados internacionais, como Evo exige em relação a Snowden?
Quem errou? O diplomata Saboia ou o Itamaraty que foi ─ mais uma vez ─ tratado como uma representação menor de um país sem honra? Antes de buscar culpados ou responsáveis no Palácio do Itamaraty, que o Palácio do Planalto trate de olhar-se no espelho. E que descubra o significado da palavra VERGONHA! Quem sabe consiga entender o conceito.
Ter VERGONHA é antídoto para sentir VERGONHA!
Que a diplomacia brasileira tenha VERGONHA, evitando assim que sempre tenhamos VERGONHA pela falta que ela faz a esta trupe enlouquecida e sem nenhum senso histórico.
É bom avisar: temos VERGONHA de vocês. E temos vergonha na cara

Brasil-Bolivia: bate-boca pouco hierarquico, e sem disciplina nenhuma...

Diplomacia

Dilma critica diplomata e diz que operação colocou em risco a vida de senador boliviano

Presidente rebateu o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que conduziu a fuga de Roger Molina de La Paz para o Brasil: 'DOI-Codi é tão distante da embaixada brasileira em La Paz como é distante o céu do inferno'

Laryssa Borges e Gabriel Castro, de Brasília
Veja.com, 27/08/2013
Em sessão solene do Congresso Nacional, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher entrega o relatório final à presidente da República, Dilma Rousseff, e homenageia a Lei Maria da Penha
Em sessão solene do Congresso Nacional, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher entrega o relatório final à presidente da República, Dilma Rousseff, e homenageia a Lei Maria da Penha (Evaristo SA/AFP)
“Não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi. Eu sei o que é o DOI-Codi e asseguro que é tão distante da embaixada brasileira em La Paz como é distante o céu do inferno”
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que a operação de fuga de Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz, conduzida pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia, colocou em risco a vida do senador boliviano. “Se nada aconteceu, não é a questão. Poderia ter acontecido. Um governo não negocia vida, um governo age para proteger a vida”, disse.
Roger Pinto Molina estava asilado na representação do Brasil em La Paz desde 28 de maio de 2012. O parlamentar, que é acusado de corrupção, alega ser perseguido politicamente pelo governo de Evo Morales. No último final de semana, Molina chegou ao Brasil com o auxílio de Saboia, encarregado de negócios da representação diplomática em La Paz. O governo brasileiro afirma não ter autorizado a operação.
A fuga de Molina para o Brasil abriu uma crise diplomática com a Bolívia e derrubou nesta segunda o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Saboia usou um carro da representação brasileira em La Paz para percorrer o trajeto de 1.600 quilômetros até Corumbá (MS). O veículo dispõe de imunidade diplomática e foi escoltado por dois fuzileiros navais brasileiros. De lá, usou um avião obtido pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) para chegar a Brasília.
Após a operação, Saboia afirmou que "escolheu proteger um preso político, como também Dilma foi perseguida" durante a ditadura militar. Irritada, Dilma rechaçou nesta terça a comparação: “Não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi [onde presos políticos foram torturados na ditadura]. Eu sei o que é o DOI-Codi e asseguro que é tão distante da embaixada brasileira em La Paz como é distante o céu do inferno”.
Em visita ao Congresso Nacional, a presidente também afirmou que os governos do Brasil e da Bolívia negociaram, sem sucesso, a concessão de um salvo-conduto para Molina. “Lamento, profundamente, que um asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança. Lamento, porque num estado democrático e civilizado, a primeira coisa que se faz é proteger a vida, sem qualquer outra consideração.”
Para justificar a operação de fuga, Saboia argumentou que o estado de saúde de Molina se deteriorava a cada dia e que ele poderia tentar o suicídio. Dilma afirmou que “não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo, em qualquer país do mundo, aceite submeter a pessoa que está sob asilo a risco de vida”.
Nesta terça-feira o ministro da Defesa, Celso Amorim, deverá dar explicações formais sobre a presença de dois fuzileiros navais na escolta do político entre a Bolívia e o Brasil.
CPMI da Mulher - As declarações de Dilma foram dadas depois de uma sessão especial realizada pelo Congresso para apresentar o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher. A visita foi uma tentativa de melhorar a relação entre Executivo e Legislativo, que passou por momentos de turbulência nos últimos meses.
Em seu discurso na solenidade, a presidente defendeu "tolerância zero com a violência contra a mulher". Ela também prometeu construir 27 centros de apoio chamados de Casas das Mulheres - uma em cada unidade da federação. "Temos a ambição de chegar a inaugurar algumas dessas casas no dia 8 de março do ano que vem."

Durante dezoito meses, uma CPI investigou a violência contra mulheres. Nas três últimas décadas, 92.000 mulheres foram assassinadas no país. A comissão propôs mudanças na Lei Maria da Penha e a tipificação do "feminicídio" como agravante do crime de homicídio. A presidente prometeu acatar recomendações.

A coragem de um diplomata (Eduardo Saboia) - Editorial Estadao

A coragem de um diplomata
27 de agosto de 2013 | 2h 15
Editorial O Estado de S.Paulo

A diferença entre a teoria e a prática pode ser eliminada por um ato de desassombro. Foi o que aconteceu no fim da semana, quando um diplomata brasileiro resolveu aplicar, por sua conta e risco, os princípios humanitários dados como indissociáveis da política externa do País. Em toda parte, o Itamaraty exorta a comunidade internacional a dar prioridade aos direitos humanos. Faltou fazer o mesmo dentro da própria casa - a embaixada em La Paz. A omissão levou o encarregado de negócios da representação, ministro Eduardo Saboia, a tomar uma iniciativa inédita. Ela pode ter salvado a vida do senador boliviano Roger Pinto Molina, de 53 anos, que completaria na última sexta-feira 452 dias de confinamento numa dependência da embaixada onde se asilou, em maio do ano passado.
Eleito pela Convergência Nacional, partido de oposição ao presidente Evo Morales, ele tem contra si uma vintena de processos por alegados delitos que incluem corrupção, desacato (ao acusar Evo de proteger o narcotráfico), dano ambiental, desvio de recursos e até assassínio. O asilo foi concedido pela presidente Dilma Rousseff dias depois. Evo criticou a decisão, recusou-se a dar ao asilado o salvo-conduto para viajar ao Brasil e acusou o então embaixador brasileiro de "pressionar" o país. À medida que o impasse se arrastava, mais evidente ficava que o Itamaraty não só não pressionava o líder bolivariano, como o tratava com um descabido temor reverencial. Essa política de luvas de pelica foi inaugurada, como se recorda, pelo então presidente Lula.
No Primeiro de Maio de 2006, começando o seu primeiro mandato sob uma barragem de protestos pelo não cumprimento de promessas eleitorais, Evo nacionalizou o setor de gás e petróleo, e mandou invadir militarmente uma refinaria da Petrobrás. Em plena sintonia com o à época chanceler Celso Amorim e com o assessor de relações internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, Lula só faltou cumprimentar o vizinho pela violência. Mudaram os nomes, mas a tibieza persiste. Na conturbada história do continente, asilo político e salvo-conduto representam uma tradição secular - uma ou outra exceção apenas confirmam a regra. Mas a diplomacia brasileira não há de ter tido a coragem de invocar essa realidade para mostrar a Evo que a sua atitude era insustentável, além de ofensiva à política brasileira de direitos humanos.
Salvo prova em contrário, o Itamaraty não se abalou nem ao ser informado dos exames que constataram a deterioração física e mental do senador - que falava em suicídio. Não era para menos. Como Saboia desabafaria numa entrevista à Rede Globo, "eu me sentia como se tivesse um DOI-Codi ao lado da minha sala de trabalho", em alusão ao aposento em que vivia o asilado. "E sem (que houvesse) um verdadeiro empenho para solucionar o problema." Duas vezes ele foi a Brasília alertar, em vão, o Itamaraty. Chegou a pedir para ser removido de La Paz. Enfim, diante do "risco iminente à vida e à dignidade de uma pessoa", agiu. Acompanhado de dois fuzileiros navais que serviam na embaixada, em dois carros com placas diplomáticas, ele transportou Roger Pinto a Corumbá, do lado brasileiro da fronteira, numa viagem de 22 horas iniciada na sexta à tarde.
No final da noite de sábado seguiram para Brasília, a bordo de um avião obtido pelo senador capixaba Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, mobilizado pelo diplomata. Apanhado no contrapé, o Itamaraty anunciou que tomará "as medidas administrativas e disciplinares cabíveis". Melhor não. No clima que o País anda respirando, Saboia pode virar herói - e o governo, carrasco. De seu lado, La Paz pediu que o Brasil recambie o "fugitivo da Justiça" - o que ele não é, porque em momento algum deixou tecnicamente território brasileiro. Autoridades bolivianas ressalvaram que o caso não afetará a relação bilateral. Mas, para Evo, provocar o Brasil sempre serviu para fazer boa figura junto às suas bases, a custo zero.

Cabe ao Itamaraty, até para se penitenciar da dignidade esquecida durante o confinamento do senador, reagir com dureza a uma nova bravata de Evo. E aprender com o seu diplomata a ser mais coerente com o que apregoa.

Brasil-Bolivia: tribulacoes de uma aventura boliviana - entrevista Eduardo Saboia

O título da matéria é falso e enganoso, além de ser de má-fé. O diplomata não fez ameaça, apenas disse que tem como se defender.
O resto está claríssimo. Menos certas coisas do outro lado da fronteira...
Paulo Roberto de Almeida

ELIANE CANTANHÊDE, ISABEL FLECK E PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE BRASÍLIA, DE SÃO PAULO
Folha de S.Paulo, 27/08/2013 - 03h00

Afastado de suas funções por tempo indeterminado por ter conduzido a operação que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, o diplomata Eduardo Saboia, 45, disse ontem (26) à Folha que assumiu o risco de sua decisão e fez uma ameaça à chancelaria brasileira.
"Se vierem para cima de mim, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar", afirmou. "Tenho os e-mails das pessoas, dizendo olha, a gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando [a saída do senador da embaixada] e a gente finge que acredita.'
O Itamaraty preferiu não comentar as declarações.
Católico praticante, ele chorou ao dizer que "ouviu a voz de Deus" para tirar Molina da embaixada.
Saboia contou detalhes da tensa viagem de La Paz até a fronteira com o Brasil, na qual Molina vomitou e todos começaram a rezar quando a gasolina do carro estava quase acabando.
O diplomata conversou com a reportagem em três ocasiões diferentes, todas antes do anúncio da saída de Patriota --após a queda, Saboia não foi localizado. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
A decisão
Eu vinha avisando [o Itamaraty] que a situação estava em franca deterioração, e a gente tinha que pensar em contingências, como levá-lo para a residência [oficial da embaixada], para uma clínica na Bolívia, para o Brasil. Vim a Brasília duas vezes para dizer: "A situação está ruim, estou sob pressão." Mandei uns 600 telegramas, falei que era insustentável. Não sou médico nem psiquiatra, mas, diante de uma situação limite, tomei essa decisão. O médico boliviano atestou dias antes que ele estava num estágio perigoso de depressão. Ele [o senador] estava com um papo de suicídio. Aí podem dizer: "Ah, é uma manipulação". Pode ser, mas é preciso correr esse risco?
Não me arrependo e aceito as consequências. Ouvi a voz de Deus. Estou amparado pela Constituição e pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil. Fiz uma opção por um perseguido político, como a presidente Dilma fez em sua história.

Alan Marques/ Folhapress


Diplomata Eduardo Saboia chora ao falar que 'ouviu a voz de Deus'
'Faz de conta'
Eu perguntava da comissão [bilateral, para resolver a questão do senador], e as pessoas me diziam: "Olha, aqui [no Brasil] é empurrar com a barriga." Ninguém me disse isso por telegrama, porque não são bobos. Mas tenho os e-mails das pessoas, dizendo "olha, a gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando e a gente finge que acredita". A comissão não tinha prazo para terminar, era um faz de conta.
Ameaça
O Itamaraty quer saber o que aconteceu. Vou prestar os esclarecimentos, e espero que haja sensatez. Se vierem para cima, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar: a questão da omissão... Se a gente entrar numa questão legal, vai ser uma lavação de roupa suja que todo mundo vai sair prejudicado. Se quiserem me crucificar, vai ser uma burrice. Não sou da oposição, votei na Dilma. Mas não podia me omitir. E foi resolvido um problema político. A situação envenenava as relações [Brasil-Bolívia], impedia uma viagem da presidente. Tiramos o bode da sala. Mas, se você me perguntar, "fez bem para minha carreira?", vou dizer: "Não".
Na embaixada
Você imagina ir todo dia para o seu trabalho e ter uma pessoa trancada num quartinho do lado, que não sai? E você é quem a impede de receber visitas. Aí vem o advogado e diz que, se ele se matar, você será o responsável. O senador estava havia 452 dias sem tomar sol, sem receber visitas. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi [centro de repressão do Exército durante a ditadura]. O asilado típico fica na residência [do embaixador], mas ele estava confinado numa sala de telex, vigiado 24 horas por fuzileiros navais.
Viagem tensa
Não teve pirotecnia, carteirada' ou suborno. Cruzamos a fronteira às claras. Fomos parados várias vezes, porque a Bolívia tem controles de pedágio e antinarcóticos. Teve uma hora que eles olharam dentro do carro com lanterna e tudo, mas nem pediram documento dele. Foram 22 horas, 1.600 quilômetros. Pegamos névoa, gelo, frio. Saímos de 4.600 metros [de altitude] até 400 metros. Não paramos para nada, foi tudo direto. Só tinha umas nozes e umas bananas para comer, mais nada. O senador passou mal, vomitou. Fiquei acordado todo o tempo, conversando com meu motorista e me comunicando com o outro pelo rádio para saber se ele estava acordado. Na reta final, fomos ficando sem gasolina e aí começamos a, literalmente, rezar. Eu, católico, e o senador, evangélico. Peguei a Bíblia, abri nos Salmos e li. Foi o milagre da multiplicação da gasolina.

Brasil-Bolivia: tout se complique, como diria Sempe'; - militares sabiam da movimentacao...

Diplomacia

Defesa sabia da fuga de senador boliviano, diz jornal

Veja.com, a partir do Estadão, 26/08/2013

Informação chegou a alto escalão da pasta, diz 'O Estado de São Paulo', mas ministro Celso Amorim afirma que, assim como Patriota, foi surpreendido

Senador boliviano Roger Pinto Molina acena da porta da casa de seu advogado, o brasileiro Fernando Tiburcio da Pena, em Brasília
Senador boliviano Roger Pinto Molina acena da porta da casa de seu advogado, o brasileiro Fernando Tiburcio da Pena, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
A operação que levou à fuga do senador Roger Pinto Molina da Bolívia foi comunicada aos escalões superiores das Forças Armadas e do Ministério da Defesa no Brasil. A informação é do jornal O Estado de São Paulo. O ministro Celso Amorim, no entanto, declarou ao Palácio do Planalto que também foi surpreendido, a exemplo do ex-chanceler Antonio Patriota, demitidonesta segunda-feira do Ministério das Relações Exteriores.
Apesar do ministro da Defesa ter comunicado que não foi informado do que estava acontecendo, por tradição os militares destacados nas embaixadas são subordinados aos diplomatas e, por doutrina, costumam informar aos seus superiores hierárquicos o que sabem e o que entendem que deva ser reportado. E assim teriam agido os dois fuzileiros navais que participaram da operação de transporte do senador Molina para a fronteira entre Bolívia e Brasil, e também os adidos militares que trabalham na embaixada em La Paz. Em ambos os casos, eles informaram aos seus superiores hierárquicos no Brasil sobre a movimentação em curso. A informação chegou ao comando das Forças Armadas e os adidos foram orientados a não tomar nenhuma iniciativa, diz o Estadão.
Procurado, o Comando da Marinha não respondeu se foi informado da operação em curso. Limitou-se a "esclarecer" que "os referidos militares integram o Destacamento de Segurança da Embaixada (DstSEB) do Brasil em La Paz". A Marinha explicou ainda que os destacamento têm "a finalidade de prover a segurança pessoal dos chefes de missões, dos funcionários diplomáticos e administrativos, da residência oficial e da chancelaria das embaixadas brasileiras". Por fim, acrescentou que "nesse contexto, cabe ressaltar que a participação dos militares da MB limitou-se, exclusivamente, ao provimento da segurança individual de um diplomata brasileiro, durante o seu deslocamento rodoviário".
O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças-Amadas, general José Carlos de Nardi, por sua vez, disse que não foi informado pelo adido de Defesa da Embaixada na Bolívia, hierarquicamente a ele subordinado, de que seria realizada a operação de transferência do senador. A notícia de que havia uma preparação, porém, teria chegado aos respectivos comandos militares (Exército, Marinha e Aeronáutica).
(Com Estadão Conteúdo)

Bolivia: o grande "rapto" do Senador; script de um filme? - David Fleischer

Brazil Focus David Fleischer
Special Report-26 Aug. 2013  
                                                                  
    Bolivian Senator Flees [escapes] to Brazil – Patriota Resigns

            On Saturday, 24th August, while he was having lunch in Vitória, ES, Sen. Ricardo Ferraço (PMDB-ES) received a telephone call from the DCM (number two) at the Brazilian Embassy in La Paz in Bolivia – Eduardo Saboia – who informed him that he had set in motion a plan to extract Bolivian Senator Roger Pinto Molina from Bolivia to seek refuge [political asylum] in Brazil. 
                                 
            Ferraço became aware of this “plan” during his two visits to Bolivia to attempt to gain the release of some soccer fans from the Corinthians futbol club who had been detained after a flare had been detonated during a soccer game that hit a young Bolivian soccer fan in the face and killed him.  Ferraço is the President of the Senate Foreign Relations Committee and in that capacity he went to Bolivia to seek the release of this group of Brazilian soccer fans –and met Bolivian Opposition Senator Roger Pinto Molina who had sought refuge (granted) in the Brazilian embassy in La Paz.  ..

                 Saboia informed Ferraço that he had the Senator in his diplomatic automobile travelling toward Corumbá, MT where they would cross into Brazil and were drawing near to the border.  Ferraço called a local businessman in Vitória (name not revealed) who agreed to put his executive jet plane at the disposal of this “rescue mission” and that same afternoon Ferraço (with the pilot and copilot) flew from Vitória to Corumbá.  At the Corumbá airport, Ferraço was met by a Brazilian Federal Police officer who informed him that the Senator would soon arrive at the airport under police escort.  Senator Molina and Saboia were holed up in a Corumbá hotel after the federal police secured their safe border crossing.  The executive jet then flew Ferraço and Senator Molina to Brasília where they arrived just after midnight, early Sunday morning, 25th August.  Ferraço offered to host Molina at his home in Brasília but he preferred to stay at the home of his Brazilian lawyer, Fernando Tibúrcio, in the Lago Norte neighborhood.  Ferraço planned to have Senator Molina give testimony before the Senate Foreign Relations Committee on Tuesday, 27th August.

            This episode began on 26th May 2012, when Senator Roger Pinto Molina – a very vocal Opposition senator – sought political asylum in the Brazilian Embassy in La Paz.  He was threatened with arrest by President Evo Morales who accused him of various “crimes”.  Molina had accused Morales of involvement with drug traffic.  On 8th June 2012, Brazil granted political asylum to Senator Molina but the Bolivian government refused to grant a “safe conduct” order for him to go to the La Paz airport to fly to Brazil.  On 2nd March 2013 a bilateral commission was formed to “analyze” this case [a minuet of “make believe”, according to Saboia].  Last week, Saboia became fearful that the senator might commit suicide over the weekend and an independent medical report confirmed this fear.  Molina had been confined in a small room within the Embassy for 455 days.

            Thus, Saboia took action “on his own” reportedly without any consultation with Itamaraty in Brasília, put the senator in his own diplomatic car and began the 1,600 Km drive to Corumbá.  Reportedly, Itamaraty became very “irritated” by this case.  However, Saboia did not make this long (22-hour) road trip alone with the senator in his car.  He was accompanied by FIVE heavily armed Brazilian Federal Police officers and two Brazilian Navy marines in two diplomatic cars.  They were stopped several times by Bolivian highway police but were not molested because of the cars’ diplomatic license plates. How could these officials have left Brazil for La Paz with any knowledge by Itamaraty?  Why was their arrival in La Paz not perceived by Bolivian authorities?  Did they make a clandestine road trip from Corumbá to La Paz?  Apparently, the Bolivian intelligence service did not have Saboia’s phone under cyber surveillance. 

è Probably, Bolivia did not receive any “technical assistance” from NSA/CIA as in the case
of Brazil.

            Obviously, Eduardo Saboia will not be able to return to his post in La Paz and Itamaraty will have to quickly find a replacement, perhaps the posting of a new ambassador.  However, Saboia’s wife’ (also a Brazilian diplomat) and children remain in Bolivia where she is consul-general in Santa Cruz de la Sierra.  Two comments circulated in Brasília regarding this episode:

1)     This case resembled a Mossad operation;
2)    Probably Saboia will be “rewarded” with a promotion to Ambassador rank
   and will be sent to represent Brazil in Burkina Faso; and
            3)  This episode should produce a great screenplay and be made into a movie.

            On Monday, Senator Ferraço delivered a speech to the Senate floor where he praised the actions taken by Eduardo Saboia and warned Itamaraty not to “punish” him for his “heroic initiative”.  

            Although Itamaraty had requested that Saboia not give any press interviews, because his name was formally cited in the Foreign Ministry note disclaiming any knowledge of Senator Molina’s escape that had been articulated by Saboia, he decided to give an exclusive interview with the TV Globo “Fantástico” Sunday evening program explaining his point of view.  He explained that in truth he did not have to formally ask authorization from Itamaraty because the Senator’s life was in danger and his decision was of a “humanitarian” nature”.  

            This episode “boiled over” on Monday and that afternoon, Foreign Minister Antonio Patriota submitted his letter of resignation personally to Pres. Dilma Rousseff.  Apparently, this was the “last straw” from Dilma’s point of view – because the press has cited several cases of her “dissatisfaction” with Patriota’s performance (or lack thereof) over the past year-and-a-half.  She feels that he is “weak”, indecisive, and does not “command” the Foreign Ministry very well.

            BUT in essence, Patriota was “kicked upstairs” to be Brazil’s Ambassador to the UN, replacing Ambassador Luiz Alberto Figueiredo Machado (58) – Brazil’s current Ambassador to the UN – a “switch”.  Figueiredo arrived in Brasília on Tuesday, 27th August – just in time to accompany Pres. Dilma to the Unasur meeting. 

            Eduardo Saboia met with the Secretary-General (number two) at Itamaraty – Eduardo dos Santos – and with Ambassador Antonio Simões on Monday.  Later that same afternoon, diplomat Eduardo Saboia was “suspended” from his post in La Paz – very obviously the Bolivian government would not allow him to return.  In addition, Itamaraty decided to form a commission of three diplomats to investigate Saboia’s participation in this case.  Depending on the result, this investigation might be transformed into a disciplinary procedure.  The latter might result in a simple oral admonishment or to Saboia being fired. 

            However, the Brazilian press quickly discovered that “informally” the Bolivian government had suggested that Brazil consider the exit of Senator Molina by land, but without a “safe-conduct” pass and that his car might be attacked (by drug traffickers??).  Itamaraty did not consider this “option” as viable (too risky), but in the end, Eduardo Saboia decided on that “risky option”.

            Formally, the Bolivian Foreign Minister “complained” about this episode and asked Brazil to “extradite” Senator Molina back to Bolivia.  Of course this will not happen. 

            It remains to be seen, how Itamaraty will “treat” Eduardo Saboia.  If he suffers any “visible punishment”, Senator Ricardo Ferraço will be quick in his defense – as will be the Brazilian media.

                        è    Stay tuned!!!!