Uma mania recorrente dos governos no Brasil: anunciar que pretendem ou que vão fazer certas coisas, e depois não cumprem o prometido por desleixo, por desatenção, por falta de meios, por imprevisão legal, ou apenas por língua torta, e pretensões desmedidas.
Isso ocorre sempre, todas as vezes, na frente interna, absolutamente a cada campanha eleitoral, a cada discurso presidencial. Nos últimos dez anos, os anúncios pretensiosos, as ambições desmedidas, as presepadas, ou seja, inauguração de pedra fundamental, ou de simples intenção de fazer qualquer coisa, têm sido numerosos, intensos e absolutamente mentirosos.
Na frente externa, então, é vergonhoso, pois atinge a credibilidade do país. Muitos anos atrás, o Brasil disse que iria fazer parte da Estação Espacial Internacional, e recebeu como encargo fazer não qual peça do empreendimento, digamos, uma arruela do arrebite da porta de saída. Não importa: o fato é que o Brasil não cumpriu o prometido, e ficou sendo cobrado durante anos, e o antecessor do atual MCT também foi cobrado pelos coordenadores do projeto, sem ter o que responder.
Assim é o Brasil, sempre pretendendo mais do que pode. Uma mania, certamente.
Paulo Roberto de Almeida
sexta-feira, 6 de julho de 2012 8:48
Adesão do Brasil ao Cern fica sem resposta
O impasse em torno da adesão do Brasil ao Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear (Cern), o mais importante laboratório de Física da atualidade, deixa a diplomacia brasileira sem resposta. Há dois meses, a missão do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) enviou telegramas a Brasília, questionando em que estágio estava o debate interno no governo em relação à adesão ao centro de pesquisas. Até hoje sequer recebeu uma resposta, enquanto a direção do Cern cobra uma posição do País.
Há dois anos, diplomatas brasileiros mediaram a assinatura de uma carta de intenções entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Cern. O evento foi comemorado como o primeiro passo para a entrada do País no centro europeu. Mas, desde então, nada ocorreu.
O ex-ministro Aloizio Mercadante, atualmente titular da pasta da Educação, chegou a visitar Genebra e prometeu acelerar o processo de adesão ao laboratório de ponta. A direção do Cern entendeu a visita do ministro como um sinal de que o processo avançaria. Uma vez mais, porém, nada ocorreu.
Em maio, a diplomacia brasileira em Genebra decidiu questionar o governo brasileiro sobre o andamento do processo, por meio de um telegrama enviado para Brasília. Nunca recebeu sequer uma resposta.
Uma situação similar foi vivida pelo Brasil nos anos 1990. O então presidente Fernando Collor de Mello foi convidado a fazer parte da construção do acelerador de partículas, sem qualquer custo e em troca de acesso a minérios que poderiam ser usados na fabricação da máquina. O processo não caminhou e o Brasil ficou de fora do maior experimento da Física moderna. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.