Brasil importa mais do que exporta para os Estados Unidos há 15 anos consecutivos
No ano passado, saldo comercial entre os dois países resultou em déficit de
253 milhões de dólares para o Brasil; veja série histórica
Por Camila Barros
Revista Veja, 7/022025
Em meio ao tarifaço anunciado (e depois suspenso) pelo presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, o governo e o mercado avaliam o que aconteceria, se as
exportações brasileiras fossem taxadas. Trump já afirmou que o Brasil é um dos
países que “querem mal” aos americanos, devido às tarifas que aplica sobre as
importações do Tio Sam. O fato, contudo, é que há mais de uma década, a
relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é marcada por um déficit na
balança brasileira, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (MDIC).
Iniciada em 1997, a série histórica mostra que o saldo comercial foi negativo para
o Brasil em 19 dos últimos 28 anos – ou seja, o país importou mais dos EUA do
que exportou.
Entre 2000 e 2008, o saldo comercial foi favorável ao Brasil, com um pico de
superávit em 2005, quando atingiu 10 bilhões de dólares – resultado de 22,6
bilhões em exportações e 12,6 bilhões em importações.
O cenário se inverteu em 2009, quando o Brasil registrou um déficit de 4,4 bilhões
de dólares no comércio com os Estados Unidos. Desde então, o saldo tem sido
negativo, com o pior resultado em 2022, quando o prejuízo chegou a 13,8 bilhões
de dólares – reflexo de 37,4 bilhões em exportações e 51,3 bilhões em
importações.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás
apenas da China. Em 2024, as exportações brasileiras para o país totalizaram 40,3
bilhões de dólares, correspondendo a 12% do total exportado, enquanto as
importações de produtos americanos atingiram 40,6 bilhões de dólares, ou 15,5%
das compras totais do Brasil.
Trump promete taxar importações
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já afirmou que considera as
tarifas brasileiras excessivas sobre os produtos americanos. Por isso, à medida
que o republicano avança com seu plano de taxação das importações na
fronteira, o Brasil acende um sinal de alerta para possíveis cobranças adicionais
no futuro.
Kevin Hassett, presidente do Conselho de Políticas Econômicas de Trump,
afirmou que uma das alternativas estudadas pelo governo é “equiparar” as tarifas
aplicadas entre os países, por meio da chamada Reciprocal Tariff Act. Nesse
cenário, as tarifas sobre os produtos brasileiros poderiam aumentar
significativamente, já que o Brasil impõe uma tarifa média de 11,2% sobre os
produtos americanos, enquanto os Estados Unidos cobram, em média, 1,5%
sobre os itens brasileiros.