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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 23 de março de 2019

Meus trabalhos no IPRI: disponíveis em Academia.edu

Como encontra-se em curso um processo de desconstrução de tudo o que produzi, com a ajuda de Marco Tulio Scarpelli Cabral, e outros colaboradores no IPRI, resolvi consolidar em alguns documentos as listas de eventos realizados, com seus respectivos links.
Pode ser que permaneçam, mas pode ser que sejam suprimidos.
Nesse caso, é bom tomar conhecimento do conjunto de arquivos compilando o essencial dos trabalhos efetuados no IPRI, entre 3 de agosto de 2016, quando fui convidado novamente a trabalhar na Secretaria de Estado – depois de 13,5 anos de longa travessia do deserto sob o lulopetismo diplomático –, e 4 de março de 2019, quando fui exonerado gentilmente numa chuvosa manhã de Carnaval: 

1) Relação de arquivos ainda existentes no site do IPRI
2) Percursos Diplomáticos IRBr-IPRI
3) Diálogos Internacionais
4) Relações Internacionais em Pauta
5) Cronologia de eventos, processos e bibliografia em RI, 1954-2014
6) Links para outros arquivos no IPRI e meus relatórios de trabalho

Eles se encontram na seção "Varia" da minha página na plataforma Academia.edu, e o arquivo inicial é este aqui; seguem-se outros materiais como descrito acima:

https://www.academia.edu/38611325/Página_do_IPRI_na_internet

Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 13 de março de 2019

O Itamaraty fecha-se sobre si mesmo: eventos voltados para dentro - Paulo Roberto de Almeida

Durante os dois anos de minha gestão à frente do IPRI – de 3 de agosto de 2016 a 4 de março de 2019 – esforcei-me por ampliar a audiência dos eventos que, com a ajuda de colegas e assistentes, organizei ao longo desse período. Um relatório completo de tudo o que o IPRI realizou ao longo desses dois anos e meio, e também tudo o que fiz, pessoalmente, no mesmo período, figura neste blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/ipri-meu-relatorio-de-atividades-2016.html).
Aparentemente, essa abertura ao público externo, especialmente à comunidade acadêmica, corre o risco de ser revertida, a julgar pela últimas iniciativas tomadas pelas novas autoridades da Casa.
Desde o início do ano, fui instruído a não empreender nenhum evento, até que o ministro de Estado e o novo presidente da Fundação Alexandre de Gusmão examinassem o meu programa de atividades para 2019, para depois decidir o que poderia ser efetivamente empreendido.
Em 42 anos de trabalho no Itamaraty é a primeira vez que fui ordenado a não trabalhar, o que me pareceu muito estranho, quando não vexaminoso, para mim e para o IPRI.
Uma das atividades que já estavam programadas, e comprometidas formalmente com a seção cultural da embaixada da França em Brasília, era composta de duas palestras-debate a cargo de uma professora da Sorbonne, Laurence Badel, a primeira sobre os diplomatas escritores (para a qual eu fui convidado em minha condição pessoal, não com diretor do IPRI), a segunda sobre o centenário das negociações de paz de Paris, em 1919, sob organização do IPRI, ambas previstas para ocorrer no Instituto Rio Branco, mas no âmbito da "Semaine de la Francophonie", organizada por todos os países de expressão francesa representados em Brasília.
Tomei conhecimento, na tarde de terça-feira que ambas atividades, que seriam realizadas em auditório aberto, no dia 19, foram convertidas em aulas fechadas, exclusivamente para os estudantes do Instituto Rio Branco, o que pode representar uma espécie de desfeita tanto para a professora francesa, quanto para a embaixada da França em Brasília.
Ontem, por sinal, recebi um convite do embaixador da França para um almoço na Residência, a propósito dessa visita. Creio que será algo melancólico.
Tempos não convencionais no Itamaraty, tal como coloquei em subtítulo de meu livro de 2014: "Nunca Antes na Diplomacia". O próximo livro se chamará "Contra a Corrente". 
Paulo Roberto de Almeida 

domingo, 10 de março de 2019

Itamaraty de volta à Lei da Mordaça? - Thais Bilenky (FSP)


Tenho diversas, na verdade muitas, divergências com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães em várias áreas de interesse comum: política externa, relações econômicas internacionais do Brasil, diplomacia regional, etc. 
Mas temos uma característica comum: ambos defendemos ideias nas quais acreditamos, e não hesitamos em afrontar superiores na defesa do nosso direito de expressar essas ideias. Samuel é um corajoso, e sofreu vários percalços no Itamaraty – como eu aliás – por defender essas ideias, até o ponto de ser defenestrado do posto que ocupava como diretor do IPRI, o que acaba de ocorrer comigo.
Fizeram uma "Lei da Mordaça" especialmente para ele, o que é de uma vergonha sem par, uma vez que acresce ao que já está na Lei do Serviço Exterior introduzindo um regime de censura prévia e de controle absoluto sobre o que possam falar os diplomatas. Ou seja, tratava-se de um instrumento intimidatório. Não adiantou: Samuel continuou falando o que queria sobre a Alca, o Nafta, o Mercosul "neoliberal".
Foi defenestrado no início de 2001, e eu me solidarizei com ele. Quando eu fui, meses mais tarde, punido pela mesma Lei da Mordaça, por causa de uma entrevista às Páginas Amarelas de Veja, foi ele a telefonar-me para emprestar-me a mesma solidariedade que eu havia demonstrado no começo do ano.
Isso não o impediu – et pour cause – de me vetar o cargo de diretor do mestrado do Instituto Rio Branco no início de 2003, quando ele já se tinha tornado o todo poderoso SG do Itamaraty.
Agora foi ele quem novamente me telefonou para demonstrar sua solidariedade para comigo.
Somos dois defenestrados por motivos similares: enfrentar a cúpula do Itamaraty, uma espécie de Vaticano, com seus cardeais, seus ritos, seus dogmas, uma rígida hierarquia, impondo disciplina aos servos de gleba, que somos todos os demais...
A história tem muitas voltas Eu e Samuel vamos tomar cerveja para falar sobre tudo isso. Não nos moveremos um milímetro de nossas crenças e posturas políticas e econômicas, mas certos valores e princípios são comuns.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de março de 2019

Araújo retoma e reforça censura imposta por seu sogro no Itamaraty
Demissão de embaixador reacende chama de perseguição da época da Lei da Mordaça, sob FHC
Thais Bilenky
FSP, 10.mar.2019 às 2h00

A demissão de um embaixador durante o Carnaval reacendeu no Itamaraty a chama da perseguição política que afligiu diplomatas em diversos momentos da história —um em particular. 
Em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Ministério de Relações Exteriores baixou uma circular conhecida como Lei da Mordaça, que impunha a necessidade de aprovação prévia de qualquer manifestação pública dos diplomatas.
Foi designado como censor o então secretário-geral, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, sogro do atual chanceler, Ernesto Araújo.
O mais conhecido alvo da circular foi o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, demitido do cargo que ocupava na época, o de diretor do Ipri (Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais).
A ruidosa demissão na segunda-feira de Carnaval, 4 de março, atingiu outro embaixador, Paulo Roberto de Almeida, que exercia a mesma função no Ipri. E envolveu, mais uma vez, ainda que de forma indireta, Seixas Corrêa.
O sogro do chanceler daria uma palestra no instituto —um braço acadêmico do Itamaraty— na sexta-feira (8). 
Segundo apurou a Folha, para escapar da saia justa, Seixas Corrêa desistiu ao saber da demissão do diretor, crítico da influência do polemista Olavo de Carvalho na política externa brasileira. 
“O sogro do Ernesto me puniu duas vezes pela chamada ‘Lei da Mordaça’”, afirmou Almeida em uma rede social.
“Depois da demissão do Samuel, quando ele me cumprimentou, em 2016, por ter assumido o Ipri, eu apenas respondi: ‘Grato, embaixador; só espero não ser defenestrado como um antecessor meu’. Ele sorriu e nada disse. Pois é, agora aconteceu, por uma dessas ironias do destino.”
Chanceler à época da Lei da Mordaça, Celso Lafer afirmou que os dois momentos são incomparáveis. Na sua gestão, a polêmica girava em torno da Alca (Área de Livre-Comércio das Américas), à qual a esquerda, de forma geral, e Pinheiro Guimarães, em particular, eram contrários. Lafer afirma que queria pluralismo nos debates no Ipri, daí a demissão.
“O que está ocorrendo agora é uma espécie de vocação inquisitorial, onde aparentemente o chanceler se unge da lembrança de [Tomás de] Torquemada, um grande inquisidor [do século 15]”, diz.
A gestão de Ernesto Araújo, na sua avaliação, se mostra “muito centralizadora e muito inquisitorial”. Desde que foi indicado chanceler pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), Araújo, cuja promoção a embaixador não tem um ano, gerou desconforto no corpo diplomático por medidas vistas como quebra de hierarquia.
Diplomatas gabaritados foram removidos ou postos de escanteio, e servidores menos graduados ocuparam postos de comando na atual gestão.
São citados os casos de Everton Vargas e Gisela Padovan, entre outros. O primeiro estava cotado para comandar as negociações ambientais do Itamaraty e não o foi. A segunda, meses depois de assumir a direção do Instituto Rio Branco, está de mudança para Madri para tocar o consulado.
Reservadamente, o grupo de Araújo diz que não assumiu compromisso com esses servidores, que as destinações foram decididas em comum acordo, que Almeida ofendeu o chanceler e que é natural o ministro se cercar de pessoas de sua confiança.
“Um governo que se elegeu com maioria pode evidentemente escolher pessoas que são mais afins”, disse o embaixador Rubens Ricupero, crítico de Araújo. “Mas dar à diplomacia uma cor unívoca vai eliminar muito a diversidade, que é desejável nessa área.”
Para Ricupero, que protagonizou um debate público nesta semana com Araújo, o chanceler “está revelando uma atitude de irritação e pouca tolerância à crítica”.
Procurado, o ministro não se manifestou.
“É um momento de muito mais constrangimento ideológico do que nunca”, afirmou Guilherme Casarões, pesquisador na Fundação Getúlio Vargas. “A identificação da crítica é tácita.”
Para irem para o jocosamente chamado departamento de escadas e corredores, diplomatas não precisaram verbalizar críticas a Araújo. Em alguns casos, a presunção de divergência bastou. Aconteceu antes mesmo da oficialização de Araújo como chanceler.
Hoje assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, aluno de Olavo de Carvalho e próximo de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, fez campanha contra nomes aventados para liderar o Itamaraty durante a transição. 
O argumento era suposta submissão ao ideário do PSDB.
“Quem quer que esteja recomendando diplomatas vinculados a FHC para chefiar o MRE tem em mente interesses estranhos aos da nação e contrários aos do presidente eleito”, escreveu, em novembro.
Alguém perguntou se era o caso do embaixador José Alfredo Graça Lima, ligado ao PSDB, desafeto do PT e então cotado para o cargo. Martins assentiu. “Continuísmo explícito, visão exclusivamente comercialista, aversão às propostas do Jair”, justificou. 
Escaparam à análise daquele momento as afinidades políticas do sogro de quem viria a ser escolhido. Seixas Corrêa foi secretário-geral do Itamaraty, segundo posto mais alto da instituição, no governo Collor e no de FHC. Mantém laços com o círculo de diplomatas experimentados e afinidades com o tucanato. É elogiado pelo genro publicamente.
Ao tomar posse pela segunda vez, em 1999, discursou: “Acreditamos plenamente no projeto e teremos orgulho em contribuir para a sua consolidação e aprofundamento neste novo mandato que a sociedade brasileira outorgou pelas urnas ao presidente Fernando Henrique Cardoso”.

quinta-feira, 7 de março de 2019

O chanceler vestiu a carapuça. Mas não era para ele e sim para um dos seus patronos...

Estou até enrubescido, como se dizia nos romances de antigamente.
Vários jornais continuam tratando dessa coisa.
Por essa coisa eu quero me referir, obviamente, à minha defenestração do cargo de Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais do Itamaraty, o primeiro cargo que tive, na Secretaria de Estado, desde 1999, se contarmos a partir da minha saída para a embaixada em Washington, em setembro desse ano. 
Ao retornar ao Brasil, em 2003, tive vetado o convite que o então diretor do Instituto Rio Branco me havia formulado, no começo daquele ano, para dirigir o curso de mestrado, para o qual ele me julgava academicamente qualificado, mas para o qual os "donos" da Casa – Secretário-Geral Samuel Pinheiro Guimarães, e Ministro de Estado Celso Amorim, nessa ordem – me julgavam politicamente inadequado. 
Ao contrário do que diz o Itamaraty, eu não escolhi trabalhar no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República por vontade própria. Eu atendi a um convite do então ministro Luiz Gushiken – um dos membros da troika de assessores do presidente Lula, e que gostava de mim, a despeito de eu já ser um opositor do PT e de suas políticas econômicas esquizofrênicas – justamente porque o Itamaraty me recusou qualquer cargo na Secretaria de Estado.
Trabalhei no NAE-PR enquanto o ministro o chefiou. Quando de seu afastamento, em 2006, retornei ao Itamaraty, apresentando-me para o trabalho. A despeito de oferecimentos que me foram feitos pela própria chefe de Gabinete do ministro Amorim, nenhum dos três cargos se confirmou, e fiquei quatro anos no DEC, Departamento de Escadas e Corredores, fazendo da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho. Depois andei pela China durante alguns meses, voltei a Brasília, e nada. Passou-se um ano, nada. 
Tirei licença, passei meio ano em Paris, dando aulas no IHEAL-Sorbonne em 2012. 
Voltei a Brasília, e nada. Apenas em 2013, resolvi assumir um cargo secundário num pequeno consulado nos EUA, pois já estava há quase dez anos em Brasília, sem perspectivas de receber qualquer convite para trabalhar na SERE, já que que os companheiros estavam na terceira vitória sucessiva (em face desses incompetentes tucanos).
Voltei a Brasília no final do 2015 e nada. Fiquei mais seis meses no DEC, até que Madame Pasadena foi finalmente afastada da Presidência por alguns dos seus muitos crimes contra o Brasil e os brasileiros (a Lava Jato recém começava a investigar a máfia dos quadrilheiros da maior organização criminosa do Brasil travestida de partido político). 
Foi só em agosto de 2016 que assumi o cargo do qual acabo de ser defenestrado.
Parece que causou o maior rebuliço, a julgar pelas muitas matérias de imprensa publicadas desde a Segunda-Feira de Carnaval (esses caras não podiam ter esperado pelo menos a Quarta-Feira de Cinzas, para não atrapalhar a folia dos jornalistas?).
Abaixo estão alguns dos alertas de notícias que recebo regularmente sobre temas diversos, entre eles esta pessoinha que vos escreve. Vejam e eu volto logo abaixo...

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"Paulo Roberto de Almeida"
Atualização diária  8 de março de 2019
NOTÍCIAS 
BRASÍLIA - O Itamaraty desmente, extraoficialmente, a versão do embaixador Paulo Roberto de Almeidapara sua exoneração do cargo de ...
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Para Itamaraty, Paulo Roberto de Almeida foi afastado de cargo por ter "agredido" pelas redes sociais o chanceler e a política externa do governo ...
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Por isso demitiu o embaixador Paulo Roberto de Almeida, segundo revela a jornalista Eliane Cantanhêde. "Ao publicar no Facebook uma crítica do ...
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Segundo uma entrevista do embaixador recém-exonerado Paulo Roberto deAlmeida para O Estado de S. Paulo, “os embaixadores estão ...
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Para Itamaraty, Paulo Roberto de Almeida foi afastado de cargo por ter “agredido” pelas redes sociais o chanceler e a política externa do governo ...
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O que dizem essas notícias, alimentadas pelo próprio Itamaraty? Que eu "ataquei" o ministro, pessoalmente. Ora vejam!
Primeiro, eles disseram que essas substituições de chefias eram normais e já estavam programadas desde muito tempo.
Concordo, mas por que, então, fazer em caráter ultra-rápido, numa Segunda-Feira de Carnaval logo no começo da manhã?
Não podiam ter feito antes do Carnaval, o que me teria possibilitado espairecer, viajar, sair em algum bloco, bebendo à vontade, fantasiado de diplomata?
Ou por que não fizeram na Quarta-Feira de Cinzas?
Explicaram isso para a FSP na Segunda-Feira, que publicou a "explicação" tal qual.
Isto foi o que a FSP publicou na manhã do dia 4/03: 
"O Itamaraty afirmou que a mudança da diretoria do Ipri, “no contexto da troca da grande maioria das chefias do ministério das Relações Exteriores, já estava decidida e foi comunicada ao atual titular”. (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/03/diplomata-e-demitido-apos-republicar-textos-sobre-crise-na-venezuela.shtml).
Depois, constatando que essa explicação era por demais fajuta, inventaram essa coisa de que que teria "ofendido o chanceler", segundo versão difundida oficiosamente por aquele garoto que assessora o chanceler a partir da PR, mais conhecido como Robespirralho, ou Sorocabannon. Ele resolveu insistir nessa versão, e acharam que eu estava, portanto, condenado por crime de "lesa-majestade". 

Uma jornalista conhecida, sem verificar exatamente o que eu estava escrevendo em meu blog, e sem consultar-me a respeito, "comprou" essa versão  do Itamaraty e a difundiu pela TV e num artigo de jornal.
Eu não sei porque o chanceler vestiu a carapuça nessa questão, quando obviamente eu não estava referindo-me a ele – pois o considero uma peça menor no jogo do poder – e sim a quem já foi chamado de "chanceler paralelo", e quem foi o seu grande eleitor na escolha dos ministros do novo governo, juntamente com aquele sofista da Virgínia, que não preciso dizer quem é (também conhecido como Rasputin de suburbio). 

Eu falei de "fundamentalista trumpista" e isso se aplicava apenas – por enquanto – a um dos Bolsokids. Eis o que escrevi para clarificar a vinculação da designação ao personagem: 

"O "fundamentalista trumpista" a quem eu me referi é aquele sujeito também amador em política externa, que passeou ridiculamente pelos EUA com um boné da reeleição de Trump em 2020, e que disse, USURPANDO sobre a opinião do povo brasileiro (que ele não consultou), que todos aqui estávamos apoiando a construção de um muro na fronteira com o México. Isso é um adesismo da pior espécie, além, é claro, de representar interferência nos assuntos internos de DOIS países. 
Ao que me consta o chanceler ainda não usou nenhum boné do Trump."

Não sei bem porque o chanceler considerou que o "fundamentalista trumpista" se referia a ele. Só porque ele assinou um artigo dizendo que Trump iria salvar o Ocidente?
Confesso que nunca considerei que aquele artigo – cheio de invocações a Jesus Cristo e outras entidades da Santíssima Trindade – fosse realmente uma peça séria; me pareceu mesmo que ele era o que efetivamente é: uma peça eleitoral, para enganar incautos. 

Entretanto, acho que o que mais agastou o nosso chanceler acidental foi o fato de eu ter "ofendido" o seu patrono espiritual, o tal sofista da Virgínia.
Mas, de acordo com um colega de carreira, não revelado por razões óbvias, experto em filosofia, ele não merece toda essa pompa, e por isso eu o estou despromovendo.
Reproduzo aqui o que me escreveu esse colega ao comentar uma das minhas "filípicas" anteriores (como gostaria de ver escrito o chanceler, tão apreciador da cultura grega, não sei se macedônica também): 

"Algumas das expresssões que o sr. utiliza estão destinadas à consagração, como a referência a nosso "chanceler acidental", "Robespirralho" e aos "bolsokids". Peço licença apenas para discordar da descrição do tal guru da Virgínia como um "sofista". Acho que é exagero compará-lo a nomes como Górgias e Protágoras, os quais, no limite, tiveram como consequência promover a reação de Sócrates (e Platão) contra a mentira, a dissimulação e a delinquência intelectual. 
No máximo, esse tal de olavo (de quem nunca havia ouvido falar, apesar de carioca e de ter uns vinte anos de estudos e de docência em filosofia) só pode ser classificado como um "sub-sofista", pois dali não tem como sair senão ressentimento e baixo calão."

Enfim, a imprensa tem farto material de leitura sobre esse pouco faustoso evento, como diriam os causídicos de antigamente...
Aguardem que vai ter muito mais.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de março de 2019