Aparentemente, essa abertura ao público externo, especialmente à comunidade acadêmica, corre o risco de ser revertida, a julgar pela últimas iniciativas tomadas pelas novas autoridades da Casa.
Desde o início do ano, fui instruído a não empreender nenhum evento, até que o ministro de Estado e o novo presidente da Fundação Alexandre de Gusmão examinassem o meu programa de atividades para 2019, para depois decidir o que poderia ser efetivamente empreendido.
Em 42 anos de trabalho no Itamaraty é a primeira vez que fui ordenado a não trabalhar, o que me pareceu muito estranho, quando não vexaminoso, para mim e para o IPRI.
Uma das atividades que já estavam programadas, e comprometidas formalmente com a seção cultural da embaixada da França em Brasília, era composta de duas palestras-debate a cargo de uma professora da Sorbonne, Laurence Badel, a primeira sobre os diplomatas escritores (para a qual eu fui convidado em minha condição pessoal, não com diretor do IPRI), a segunda sobre o centenário das negociações de paz de Paris, em 1919, sob organização do IPRI, ambas previstas para ocorrer no Instituto Rio Branco, mas no âmbito da "Semaine de la Francophonie", organizada por todos os países de expressão francesa representados em Brasília.
Tomei conhecimento, na tarde de terça-feira que ambas atividades, que seriam realizadas em auditório aberto, no dia 19, foram convertidas em aulas fechadas, exclusivamente para os estudantes do Instituto Rio Branco, o que pode representar uma espécie de desfeita tanto para a professora francesa, quanto para a embaixada da França em Brasília.
Ontem, por sinal, recebi um convite do embaixador da França para um almoço na Residência, a propósito dessa visita. Creio que será algo melancólico.
Tempos não convencionais no Itamaraty, tal como coloquei em subtítulo de meu livro de 2014: "Nunca Antes na Diplomacia". O próximo livro se chamará "Contra a Corrente".
Paulo Roberto de Almeida
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