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sábado, 30 de março de 2019

Visita a Israel: em lugar da embaixada, um escritorio comercial


A não transferência da embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém – uma ideia estúpida, de fundamentalistas evangélicos, não só contrária aos interesses nacionais do Brasil, mas também a resoluções do CSNU – foi obtida graças à pressão dos produtores e exportadores de carne halal, bem como de todos os membros ativos, e racionais, do agronegócio, bem como com ao veto da parte racional desse governo, os militares.
Mas cabe registrar, por importante, que esse expediente de "compensação", de abrir um escritório de "representação comercial" em Jerusalém, é em si mesmo uma decisão estúpida e irracional, pois vai gastar INUTILMENTE recursos da União – ou seja, de todos nós – para algo totalmente INADEQUADO, uma vez que Jerusalém é uma capital política, e todos os negócios importantes de Israel estão localizados proximamente ao Mediterrâneo, perto de Tel Aviv, Haifa e outras localidades.
Mais uma decisão estúpida, feita ideologicamente e não pela via racional da análise técnica de custo-benefício e sobretudo de custo-oportunidade. Desaprovo inteiramente, e se foi apoiado pelo MRE, já digo que o foi de forma estúpida e contraproducente, ao torrar inutilmente recursos extraídos do povo brasileiro. 

Quando é que o governo vai começar a atuar de forma racional?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30/03/2019

Brasil pode abandonar ideia de embaixada e montar escritório em Jerusalém
Até agora, apenas os Estados Unidos e a Guatemala mudaram o local de suas embaixadas de Tel Aviv para a cidade que é disputada por israelenses e palestinos
Jornal Zero Hora (RS), 29/03/2019

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) viajará no fim de semana a Israel com um problema: como cumprir a promessa feita ao premiê Benjamin Netanyahu de mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.
A solução que está sendo analisada, dadas as resistências cristalizadas à mudança, é o anúncio da abertura de um escritório de representação comercial em Jerusalém. O próprio Bolsonaro citou a possibilidade na quinta (28).
— Nós talvez abramos agora um escritório de negócios em Jerusalém. Por sinal, a questão de Israel, quem define as questões de Estado é o Estado de Israel e ponto final. Trump levou nove meses para decidir — afirmou.
Com isso, o discurso de que a transferência está em estudo ganha amparo em uma medida concreta. Tanto diplomatas brasileiros quanto o Ministério das Relações Exteriores de Israel já vinham trabalhando com a hipótese.
Dos dois lados, contudo, a reportagem ouviu que a conhecida imprevisibilidade de Bolsonaro impede uma certeza do que vai acontecer.
O tema gera confusão desde que, durante a campanha, Bolsonaro assumiu o compromisso de estabelecer uma embaixada em Jerusalém, o que contraria a tradição diplomática brasileira de seguir a orientação da ONU e esperar uma resolução do conflito entre israelenses e palestinos para definir o status da cidade que ambos os povos clamam como sua capital.
Mover a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém é reconhecer esse status, e foi uma das primeiras medidas do ídolo externo de Bolsonaro, o presidente americano Donald Trump. Até aqui, apenas a Guatemala fez o mesmo.
Netanyahu está sob pressão e pode perder o cargo nas eleições do dia 9 de abril. Na virada do ano, ele emprestou prestígio político a Bolsonaro comparecendo à posse do presidente, de quem ouviu que a mudança da embaixada seria uma questão de tempo.
A motivação inicial de Bolsonaro foi agradar aos evangélicos de raiz pentecostal, grupo que o apoiou na eleição. Eles acreditam que o Estado judeu merece estar nas terras bíblicas, e há uma leitura mais fundamentalista que crê na necessidade de Israel existir para que Jesus Cristo volte à Terra e cumpra as profecias do Apocalipse.
Bolsonaro, que é católico mas batizou-se evangélico para seguir a mulher em 2016, aparentemente não professa a segunda visão, milenarista. Mas citou mais de uma vez a "verdade bíblica" acerca de Israel e a necessidade de reconhecer o Estado integralmente. 
Assim que a ideia foi ventilada, produtores de carne brasileiros foram ao então governo Michel Temer levar a preocupação da categoria. O Brasil é um dos maiores exportadores de proteína animal halal, feita sob princípios de produção e abate islâmicos, e poderia perder mercados com uma atitude pró-Israel.
Após a eleição, a Liga Árabe externou publicamente a questão. Cerca de 40% da carne de frango e 45% da bovina exportados pelo Brasil são halal. A Arábia Saudita determinou embargo à compra de frango brasileiro, embora usando argumentos técnicos.
Com tudo isso, a ala militar do governo resolveu assumir a questão. Já em janeiro, quando estava interinamente na Presidência, o vice Hamilton Mourão baixou o tom da questão, dizendo ser apenas um estudo. Recebeu representantes árabes, deixando irritados diplomatas israelenses. Na sequência, o chanceler Ernesto Araújo adotou o mesmo discurso.
A aproximação entre os dois países, contudo, deverá prosseguir. É uma agenda prioritária de realinhamento brasileiro ao eixo político norte-americano, expresso por Bolsonaro e pelo chanceler.
Politicamente, o Brasil sempre foi defensor da solução de dois Estados na região, e nos últimos anos vinha tomando posições contrárias a Israel em fóruns da ONU, especialmente em relação aos direitos humanos.
Isso mudou na primeira votação envolvendo o país, na semana passada, naquilo que Araújo disse ser uma correção de rota permanente. Na quinta, Bolsonaro reforçou a posição. 
— Nós já começamos a votar de acordo com a verdade na ONU. Israel, EUA, Brasil e mais alguns outros países já começaram a votar diferentemente da forma tradicional, que era o lado da Palestina, por exemplo, e defendendo coisas voltadas a Cuba. Nós voltamos a uma realidade. Nós temos direitos humanos de verdade — afirmou.

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