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sexta-feira, 15 de março de 2019
Diplomacia brasileira: uma colecao de fios desencapados - Miriam Leitao (O Globo)
Diplomacia brasileira é uma coleção de fios desencapados
A política externa brasileira está virando uma coleção de fios desencapados.
A começar pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que segundo a colunistaMiriam Leitão, doGlobo, fez o Brasil comprar uma guerra comercial com a China por questões ideológicas.
Outro nome com forte influência é Eduardo Bolsonaro, que tem agido como um chanceler paralelo.
O filho do presidente foi nomeado pelo ex-estrategista de Trump Steve Bannon como representante na América Latina do The movement, que, instalado em Bruxelas, se propõe a lutar contra a União Europeia.
Na reforma imposta ao Itamaraty, a Europa deixou de ter um departamento exclusivo, para ser misturada à África e ao Oriente Médio.
“Este governo, através de atos e palavras do presidente e do chanceler, da atuação do filho do presidente, e de um assessor internacional na Presidência sem qualificação para o cargo, tem espalhado ofensas contra diversos países. Isso em diplomacia tem consequência. A de encolher o Brasil”, diz ela, em sua coluna publicada nesta sexta-feira.
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Diplomacia de Bolsonaro encolhe o Brasil, aponta Miriam Leitão
247 – A colunista Miriam Leitão aponta o desastre econômico representado pela política externa do Brasil, que tem como pilares pessoas sem nenhuma qualificação: o chanceler Ernesto Araújo, pior diplomata do mundo segundo a Jabocin, o deputado Eduardo Bolsonaro, cabo eleitoral de Donald Trump, e o assessor Felipe Martins. "Este governo, através de atos e palavras do presidente e do chanceler, da atuação do filho do presidente, e de um assessor internacional na Presidência sem qualificação para o cargo, tem espalhado ofensas contra diversos países. Isso em diplomacia tem consequência. A de encolher o Brasil", diz ela, em suacolunapublicada nesta sexta-feira.
"Os riscos que a política externa corre neste momento são concretos. A bancada do agronegócio teme perder mercado na China, nosso maior parceiro. A ida do presidente Bolsonaro a Washington será boa por um lado, mas o perigo é o país tomar partido na guerra comercial e tecnológica com a China. O deputado Eduardo Bolsonaro representa no Brasil um movimento que se propõe a lutar contra a União Europeia, outro grande mercado brasileiro. A política externa está virando uma coleção de fios desencapados", diz a jornalista, que também entrevistou embaixadores em sua coluna.
Um deles foi Roberto Abdenur, que afirmou que a decisão de Bolsonaro de demitir 15 embaixadores para melhorar a imagem dele no exterior é uma intervenção sem precedentes. "O presidente tem o direito de nomear ou demitir funcionários, mas, de uma vez só, decapitar 15 chefes de embaixada é um gesto muito radical. E o presidente se equivoca, porque a imagem dele não é feita no exterior, é feita no Brasil."
247 - O jornal O Globo defendeu em seueditoriala saída do diplomata Ernesto Araújo, eleito pela revista Jacobin o pior chanceler do mundo, do Ministério das Relações Exteriores. Para o jornal da família Marinho, "o problema mesmo são as teses que o novo chanceler tem defendido". Segundo o texto, o alinhamento automático à política externa dos Estados Unidos, mais especificamente ao "trumpismo", "quando aplicado ao Brasil, país com mazelas decorrentes de uma cultura atávica de fechamento ao exterior, poderá ser trágica, atrasando ainda mais a modernização de sua economia". Mais cedo, a colunista Miriam Leitão já havia apontado os desastres resultantes da atual política externa implantada pelo chanceler. (leia no)
O editorial destaca que durante uma aula magna realizada esta semana, o chanceler "investiu contra aspectos positivos da política externa do Estado brasileiro", como o multilateralismo, o pragmatismo e a não beligerância. Ele também criticou as relações comerciais do Brasil com a China. "E foram as importações chinesas de matérias-primas que permitiram ao Brasil resgatar sua dívida externa. Uma postura inteligente, não ideológica, é manter desobstruído este canal de comércio", diz o jornal.
"Se toda esta visão isolacionista for misturada com preceitos religiosos — a "fé cristã", segundo o ministro, passa a ser um dos valores da política externa —, os espaços para a diplomacia brasileira se estreitarão. Os chamados "interesses de Estado" dependerão de ideologia e crenças", destaca o editorial.
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