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domingo, 17 de março de 2019

Chanceler do Brasil: entrevista (globalismo, nacionalismo, EUA) - Brasil Paralelo

Entrevista concedida ao Brasil Paralelo pelo chanceler atual, com uma transcrição não oficial mais abaixo. Compreende-se certa insegurança no ministro, ao buscar contestar tudo o que se fazia antes – um pouco como o PT fazia, negar qualquer crédito ao passado, e partir do zero, uma espécie de "Nunca Antes" da direita – e procurar palavras que revelem essa "novidade", daí as hesitações e repetições (que eu obviamente suprimi na transcrição abaixo), como já se tinha manifestado na sua "aula" no IRBr de 11/03/2019.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17 de março de 2019

(ENTREVISTA) Min Ernesto Araújo denuncia o GLOBALISMO e defende o resgate do NACIONALISMO


Brasil Paralelo

Publicado em 17 de março de 2019

Nesta sexta-feira entrevistamos o Min. das Relações exteriores: Ernesto Araújo.
O Ministro contou sua posição sobre Estados Unidos, China, Globalismo, Nacionalismo, Identidade Brasileira e muito mais.
Entrevista por Lucas Ferrugem Vídeo por Filipe Valerim
Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=2Y1Nn6ZopMQ&feature=em-uploademail 


Destaques:
Pergunta sobre o que é o "ser político brasileiro".
EA: "Durante muito tempo o brasileiro não se sentiu representado pela política. Política foi identificada com coisas ruins. (...) A política andou pouco afeita aos valores dos brasileiros. (...) O ser político brasileiro era um ser alijado de si mesmo. Era uma desidentificação com a política, com o Estado, e sobretudo essa ausência da discussão do seu destino. Hoje uma das coisas positivas que veem acontecendo com a vitória da política é que as pessoas se reconectam com a política, com a discussão sobre os destinos da polis, e isso muito especialmente com a política externa."
"Essa era a área onde esse afastamento mais se manifestava. Durante muito tempo se pensou que o brasileiro não se interessava por política externa. Antes isso não motivava as pessoas. Hoje motiva. Agora voltou-se a falar de política externa. Muitas vezes com críticas, a grande imprensa criticando o que a gente faz, mas falando-se de política externa.
"Estamos voltando a discutir a inserção da nossa comunidade histórica no mundo, isso é uma coisa fundamental, estamos voltando a discutir o futuro da polis.
"Então o ser político brasileiro está voltando a existir. Em política externa isso é muito claro. Claro que eu preferia que alguns comentários fossem mais positivos, mas isso não é o problema. O importante é a discussão."

PRA: Parece-me que foi isso que eu tentei fazer, mas não foi muito bem recebido pelo ministro, que não admite críticas à sua política.

EA: "As pessoas [antes] não se interessavam por política externa porque ela era apresentada como pouco relevante para as pessoas. A política externa entrava assim um pouco pelo lado da política comercial, numa coisa muito imediata, da questão consular, que é importante também, mas muito compartimentada. Agora se está discutindo as grandes questões, as questões de valores, a nossa inserção no mundo, onde fica o Brasil diante desse debate entre nacionalismo e globalismo.
"Então no Brasil a política voltou a ser política e a política externa voltou a ser parte disso."

Pergunta: Isso sempre foi assim, ou a partir de certo momento os brasileiros passaram a se desinteressar pela polis?
EA: "Não, não é desde sempre, não. Eu acho que naquele início de século XIX, até a independência, e um pouco depois, naquela elite letrada, havia uma discussão. Olhando os documentos dessa época, é uma coisa extraordinária, haver um debate, dentro de uma sociedade que era tão precária. Havia um debate muito intenso, e depois no final do Império também, e depois no começo da República. E depois, havia alguns momentos em que era mais intenso de discussão de política nesse sentido.
"O período do Império é um período muito pouco estudado. Eu não sou especialista, mas eu acho que sei o suficiente para ver que há ali muito mais coisas do que normalmente se estuda. Depois no período dos anos 1930, há uma discussão sobre a brasilidade. [corte na gravação]
"Nós nos acostumamos também, nesse período de deserto intelectual [??], a viver só no presente, e isso também é um enorme empobrecimento do ser humano, do ser brasileiro no caso. Nós no Itamaraty precisamos contribuir para abrir esse poço da memória, e contribuir para trazer água do fundo desse poço. Nós fazemos parte desse jogo da memória.
"Hoje é como se nós tivéssemos um romance que começa na página 360, né?; você tem que ver tudo, conhecer os personagens, as coisas ficam mais vivas, ficam mais interessantes quanto teem essa dimensão.
"Então, eu procurei trazer essa ideia da Aletheia para o Itamaraty, e também usando a ideia do Ministério do Tempo, não é?; procurei trazer essa ideia do poço. (..) Sem isso você pode fazer uma certa política externa, fazer um pouco aqui, outro ali, mas é algo muito pobre, muito pobre, e as coisas podem fazer sentido dentre de uma história, de uma certa aventura.
"Quero passar essa ideia aqui no Itamaraty: você passa a ser mais eficiente, a trabalhar com maior prazer ao ver que você faz parte de um romance, de uma grande aventura.
"Outra coisa é tentar pensar a realidade como um todo, e não a compartimentação da realidade, que é uma tendência de toda a pós-modernidade, que no fundo vem desde os anos 1960, que é a compartimentação. Que é dizer: não, isso aqui é comércio, isso aqui é política, isso aqui é tecnologia, isso aqui é direitos humanos, aquilo lá... Isso é útil, mas a realidade é um todo. Acredito muito nisso. Procurar ver as conexões, fazer as analogias, pensar filosoficamente, e sobretudo perguntar, perguntar para a realidade, e saber ouvir as respostas, não achar que a gente já sabe.
"A atitude filosófica é fundamental. Não achar que você já sabe. E se questionar a si mesmo.
E se questionar dentro desse conceito de uma realidade integral. E onde a política externa está dentro disso, e parte da vida social, claro, o Brasil está no mundo e isso é decisivo.
"Uma terceira coisa é não ter medo. Existe muito medo, As pessoas hoje estão nascendo com medo. Medo. Isso é plantado, acho que pela mídia, pela grande mídia, não pela mídia alternativa, que é tão importante por isso. Qualquer coisa que você vai dizer vão te chamar de alguma coisa, que vc está fora do mainstream, que vc é maluco. Claro, isso vai implantando medo na cabeça das pessoas.
"E o medo paralisa, o medo limita. Então eu faço muito esse esforço para que as pessoas não tenham medo de falar e de pensar.""

PRA: Pois foi exatamente o que tentei fazer, inclusive fazendo críticas ao seu modo de fazer política externa, mas o ministro não gostou que eu não tivesse medo de pensar e de falar...

Pergunta: Existe algum país que o Sr. gostaria que nós conhecêssemos a história e aprendessemos mais a sua política, a política diplomática?
EA: "Certamente. Um país que tem uma história riquíssima e que a gente conhece pouco são os Estados Unidos. Podemos enriquecer muito a nossa percepção conhecendo a história americana, que tem momentos únicos. como a guerra civil americana, por exemplo. como todo o processo dos anos 1930, e o New Deal, e depois o pós-guerra, enfim, as correntes intelectuais e políticas americanas.
"Os EUA é [sic] um país onde a história está viva. acho que diferente da percepção que se tem da Europa. Acho que na Europa a história está renascendo, mas nesses últimos trinta anos, nos países europeus, centro de civilização, a história meio que morreu. E as pessoas deixaram de pensar, política também, um pouco como no Brasil. deixaram de se conectar com o seu passado. Nos Estados Unidos isso nunca aconteceu. A pessoas vivem a história, as pessoas vivem a sua aventura nacional de uma maneira muito presente, o debate político americano é extremamente vivo e rico, as pessoas estão sempre citando exemplos do século XIX, Roosevelt, etc.
"O Brasil também pode ser isso, esse país de uma história viva, é raro você ouvir aqui [como nos EUA] alguém se referir aos anos 1920, um político do passado, e tem no século XIX um cabedal enorme que poderia ser lembrado.
"Então acho que se poderia comparar os EUA com a Europa. A Europa com toda aquela sensação de superioridade intelectual que eles têm em relação aos EUA, eles durante muito tempo estavam jogando fora todo esse patrimônio histórico e vivendo numa coisa muito encaixotada, no presente, um presente muito limitado.
"Vários países europeus estão tentando recuperar isso. O ser político europeu está renascendo também, como no Brasil. A gente vê isso, vários países europeus estão tentando recupera isso, não só no Brasil; a gente vê isso na Itália, a gente vê isso na Polônia, na Hungria, na Áustria, na Espanha, agora. E em toda a parte tem isso, mas esses são os países onde a coisa se veja mais presente.
"É interessante observar essa reconexão das pessoas com a sua realidade política, que é influenciar no seu destino. Durante muito tempo se discutiam coisas menores – taxa de juros, etc. – mas não é isso só, isso também, mas não é isso só.
"E durante muito tempo: "Não pode discutir nada!". E essa recuperação vem junto com o passado histórico, a recuperação dos heróis, a recuperação... Heróis é um conceito extraordinário que se perdeu, não é?
"Então é importante olhar isso: a Europa era um caso muito interessante de sociedades que estavam completamente adormecidas, e que estão renascendo.
[corte na gravação]
   [Pergunta?: ]
EA: Cada vez mais podem olhar para o Brasil como de certa maneira algo que espelha eles. [?] Mas, no nosso caso certamente. É um espelho que alguém quebrou, alguém resolveu quebrar num certo momento. Nós estamos recompondo esse espelho.
"Então no nosso caso, essa recuperação de uma identidade acontece, em outros países também, mas nos Estados Unidos é uma coisa especial nesse espelhamento. Então, a aproximação com eles, e a aproximação conosco são parte do mesmo fenômeno.

Pergunta: Agora há pouco, o Sr. comentou que o nacionalismo ganhou uma acepção negativa na sociedade, e também comentou que o Bolsonaro seria o primeiro presidente nacionalista nos últimos cem anos. Gostaria que explicasse por que e qual o entendimento que faz da palavra.
EA: EU acho que o nacionalismo é uma concepção de nação no seu sentido etimológico, algo de nascimento. Você tem um corpo de pessoas que estão unidas no tempo também. Tem a questão das gerações. Não são só indivíduos que estão só num espaço físico. São pessoas que estão ali, seus ancestrais viveram ali, claro que você tem migrações e tudo isso, mas você tem de ter um núcleo que faça sentido para que vc possa falar de nação.
"Nacionalismo é reconceber a sociedade como nação, e não só como uma coleção de indivíduos, e também não só como indivíduos conectados simplesmente pelo Estado.
"Porque hoje é muito isso. A concepção de um Estado pós-nacional não deve ser assim. A nacionalidade tem de vir do fundo do tempo.
"A concepção do que deve ser a sociedade, isso é o nacionalismo. As sociedades não deveriam se basear muito nas leis, como dizia o meu pai; elas devem se basear na confiança. As leis são fundamentais, mas você não pode ter lei para tudo, para dizer para as pessoas como elas devem se relacionar.
"E o que acontece com essa fragmentação social dessa pós-modernidade? A sociedade deixa de funcionar baseada na confiança. E aí vc tem de apelar para o Estado.
"As pessoas não deveriam se conectar umas às outras só baseadas na lei; elas tem de se conectar com base na confiança orgânica. Então isso é visão de nacionalismo.
"É o anseio natural das pessoas de viverem numa comunidade orgânica, e não numa coleção de indivíduos.

Pergunta: Creio que o receio com o termo [nacionalista], principalmente. veio com a forte aproximação com os regimes totalitários do século XX, Então qual a diferença que o Sr. traça desse nacionalismo para os regimes italiano, alemão e até da Rússia?
EA: Eu acho que esses regimes totalitários eles no fundo apelaram para uma força muito profunda, que é a força do sentimento nacional, para chegarem ao poder, para se manterem no poder, e distorceram esse sentimento; eles de certa forma sequestraram esse sentimento. Coisa que eu falo muito: isso é muito da esquerda, ela pega uma coisa boa, transforma, perverte e transforma numa coisa ruim: por isso que eu digo também que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda. E isso deu um mau nome ao nacionalismo.
E por isso o repúdio a esses regimes, as pessoas jogaram fora o nacionalismo.
Essa é a grande tragédia. Não fazer a desassociação entre a ideia de nação dos totalitarismos tão trágicos da história do século XX.
Então esse é o nosso esforço, o esforço de outros países, é o de ter um nacionalismo que é democrático, estou certo de que se pode ter, porque essa sociedade coesa, orgânica, que o nacionalismo prega, é naturalmente democrática. Porque essa democracia que ele prega não é imposta, ela vem de baixo para cima: um povo que gosta de estar junto, ele vai ser naturalmente democrático.
"Por isso que o conceito de polis, lá atrás, também tem a ver com o nascimento da democracia.
"Então é isso: é preciso recuperar o nacionalismo dessa associação perversa com os regimes totalitários."

Pergunta: Eu queria saber como o Sr. enxerga o Brasil no mundo e como o mundo enxerga o Brasil, o que o Brasil significa no mapa de todo o globo? Qual é a sua visão?
EA: Eu já devia saber, eu já intuia, mas nesse período muito intenso que estamos vivendo, eu estou me dando conta como o Brasil conta no mundo. É impressionante. Abstratamente, a gente podia imaginar, mas que muita gente já não acreditava.
"Nos contatos que eu tenho feito, eu tenho visto como há uma expectativa enorme pelo que o Brasil vai dizer, a partir de agora, pelo que o Brasil vai fazer, uma expectativa enorme de que nós coloquemos o nosso peso, por exemplo, na questão da democracia na Venezuela, em todas as áreas, por exemplo, a favor de uma revisão de uma nova OMC, por exemplo, uma reforma da maneira de atuar da OMC, em todas as áreas; na hora do Brasil, [todos perguntam], o que que o Brasil vai fazer?
"Vivemos um período em que nós não nos dávamos conta do nosso peso. não é, onde achávamos que o Brasil não tinha capacidade de influenciar, que era só copiar, fazer só uma variações nas posições globais, no máximo isso.
"Então, o mundo vê o Brasil com uma importância gigantesca, inclusive isso tem a ver com as críticas que se fazem nos países europeus ao governo Bolsonaro, mas isso tem a ver com uma percepção do peso do Brasil; porque eles estão vendo que o Brasil está colocando o seu peso a favor de coisas que eles não gostam: a favor da nação, a favor de coisas que, no caso, a esquerda europeia detesta.
"Então é por isso que o governo Bolsonaro aparece de forma tão negativa em tantos órgãos da imprensa europeia, porque eles estão assstados, o Brasil assusta, o Brasil chega lá, e fala muito mais grosso do que a gente imagina que fala.
"Ah, mas será que a gente tem condições...?
"Tem, a gente tem condições de influir. Na nossa região evidentemente, mas fora da nossa região também, também, contatos em relação ao Oriente Médio, em relação ao que está acontecendo na própria Europa, na Ásia, em toda a parte...

Pergunta: Um termo que surgiu no debate público a partir de alguns influenciadores americanos, e aqui no Brasil através do professor Olavo de Carvalho, é globalismo, a denúncia do que seria o globalismo; que basicamente se resume em agentes de representação notável, com interesses de organizar órgãos supranacionais, que intentassem um governo global. O que o Sr. entende por isso, e o Sr. concorda com isso e que agentes seriam esses?

EA: Eu acho que isso é parte do globalismo. Eu acho que essa maneira de ver o globalismo é algo limitado. Apenas a tentativa de criar organizações globais. Eu acho que o mais grave do globalismo é na mente, no pensamento. O globalismo é perigoso porque ele é sobretudo um sistema de pensamento, ou de anti-pensamento. Eu vejo globalismo sobretudo como um processo pelo qual, a ideologia marxista, a partir do começo dos anos 1990, e sobretudo a partir dos anos 2000, penetra na globalização econômica e faz dela o veículo da sua propagação. Então, justamente através da globalização começa a entrar com a sua agenda em temas como ideologia de gênero, o ambientalismo distorcido e outros, e começa sobretudo a controlar o discurso, a controlar o discurso, a dizer o que vc pode dizer e o que vc não pode dizer. E cada vez o que vc pode dizer é menos, ocupa um menor espaço.
"Então, eu vejo mais o globalismo assim, aquela ideia que... o marxismo descobriu que não precisa mais controlar os meios de produção econômica, quando ele pode controlar os meios de produção de ideias, que é o que vinha acontecendo.
"E é através desse controle das ideias que essa corrente começa a capturar instituições, e começa a partir dessas instituições, tentar se, agir para diminuir justamente as identidades nacionais e as identidades pessoais também. Porque, no fundo é isso, parte do problema só é a diminuição das identidades nacionais, o fundamental é a diminuição das identidades pessoais também, o achatamento do ser humano, que a meu ver é o projeto marxista.
"Então não é questão de dominação mundial, quer que a ONU domine, não é isso. É a utilização de todos os instrumentos para a diluição da nação e o achatamento do ser humano. Isso é o que é realmente grave do globalismo.
"Claro que o globalismo remete a esses organismos multilaterais, mas não é só isso. Isso é um instrumento. As pessoas perguntam: "onde está o globalismo?"
"Não está em nenhum lugar. Ele é um sistema de anti-pensamento, que meio que começou a replicar sozinho na cabeça das pessoas. Porque ele é tão difícil de... Se fosse uma instituição, a central mundial do globalismo, então vc vai lá e toma. Mas não é isso.
"É como se fosse um vírus de computador que se espalhou na cabeça das pessoas.
"Como eu digo, então o globalismo, eu enxergo o globalismo como o pensamento marxista capturando a globalização; então a nossa ideia é libertar a globalização dessa captura.
"A globalização é uma coisa extraordinária, que permite tanta coisa, interação super democrática entre as pessoas, isso tem que ser preservado; então o que é preciso é, eu digo assim, o que aconteceu é que o marxismo sentou na cadeira de piloto da globalização, é tirar daí, e nós vamos sentar na cadeira de piloto.
"Nós, eu digo, quem tenta representar essa linha que vê o ser humano com uma dimensão mais rica, a nação como algo que tem de ser uma comunidade orgânica, etc. Nada contra a globalização, ao contrário, é libertar a globalização, para que que ela sirva ao ser humano.
"Isso tem a ver com o Brasil, muito claramente, precisamos de uma economia liberal, precisamos da abertura econômica; a economia fechada, sufocada e sufocante foi parte de um projeto de um país sufocado, de um país que deixava de ser nação.
"Acho que isso é fundamental, a esperança para nós, para o mundo, é a conexão de um pensamento nacionalista, conservador, na base, com uma economia liberal aberta. Essa é a filosofia humanista, liberal, e que tenha lugar também para a fé, que essa filosofia, essa visão do mundo, esteja no comando da globalização, e permita que a globalização seja algo para ampliar os horizontes do ser humano. Nós temos que quebrar o amálgama marxista liberal, que é o globalismo, e transformar isso num amálgama conservador liberal. Essa é a grande tarefa.

Pergunta: É interessante ver na sociedade o desaparecimento e o surgimento de novas palavras. Nos anos 1990 foi sumindo a palavra "moral" e foi surgindo a "ética". O que está por trás dessas palavras?
EA: Essa é a grande distinção que eu faço entre o nominalismo versus realismo. O projeto globalista é um projeto nominalista, pegar as palavras e isolá-las da realidade, e transformá-las em instrumento de dominação.
O que é a tolerância? Posso tolerar alguma coisa em nome de um bem maior. Isso é o realismo. O nominalismo é pegar a palavra e transformar isso em algo absoluto.
"Parte do nosso esforço é trazer as palavras de volta ao realismo. É absolutamente essencial ter uma visão realista, que não é o absolutismo da linguagem. Hoje tem uma série de correntes que vivem num mundo de palavras, como no mundo de Wittgenstein.

(33 minutos e 32 segundos)

Vídeo original neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=2Y1Nn6ZopMQ&feature=em-uploademail

Um comentário:

Eliane Corrêa de Sá disse...

Que pulha!
Como diria meu pai.