Golpe que deu início a regime militar no Brasil completará 55 anos no próximo dia 31. Segundo chefe do Itamaraty, ação de militares serviu para que o Brasil 'não se tornasse uma ditadura'.
Por Mateus Rodrigues, TV Globo — Brasília, 27/03/2019 14h31
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante reunião em comissão na Câmara — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta-feira (27) que não considera que tenha havido um "golpe" no país em 1964. Segundo ele, o que houve na ocasião foi um "movimento necessário" para que o país não se tornasse uma "ditadura".
O golpe militar que depôs o então presidente João Goulart ocorreu em 31 de março de 1964. Após o ato, iniciou-se uma ditadura que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados e houve censura à imprensa.
A declaração de Araújo foi dada em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. A pergunta fazia referência à orientação, dada pelo presidente Jair Bolsonaro, para que
quartéis celebrassem o 31 de março, em referência ao dia do golpe militar.
"Vossa Excelência me perguntava se eu considero 1964 um golpe. Eu não considero um golpe. Considero que foi um movimento necessário para que o Brasil não se tornasse uma ditadura. Não tenho a menor dúvida disso. Essa é minha leitura da história", disse o ministro.
Após a resposta de Ernesto Araújo, deputados voltaram a questionar a fala do ministro: "Não considera um golpe?", "Não teve ditadura no Brasil?", entre outras perguntas. O momento foi interrompido pelo presidente da comissão, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP):
"Por favor, vamos continuar com a palavra aqui do ministro, todos ouviram pacientemente os deputados, agora é a vez de o ministro falar, depois a gente abre novamente para as considerações", disse.
Segundo a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo regime militar ou desapareceram durante o período – somente 33 corpos foram localizados.
Diante disso, a comissão entregou em 2014 à então presidente Dilma Rousseff um documento no qual responsabilizou 377 pessoas pelas mortes e pelos desaparecimentos durante a ditadura.
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