Vários jornais continuam tratando dessa coisa.
Por essa coisa eu quero me referir, obviamente, à minha defenestração do cargo de Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais do Itamaraty, o primeiro cargo que tive, na Secretaria de Estado, desde 1999, se contarmos a partir da minha saída para a embaixada em Washington, em setembro desse ano.
Ao retornar ao Brasil, em 2003, tive vetado o convite que o então diretor do Instituto Rio Branco me havia formulado, no começo daquele ano, para dirigir o curso de mestrado, para o qual ele me julgava academicamente qualificado, mas para o qual os "donos" da Casa – Secretário-Geral Samuel Pinheiro Guimarães, e Ministro de Estado Celso Amorim, nessa ordem – me julgavam politicamente inadequado.
Ao contrário do que diz o Itamaraty, eu não escolhi trabalhar no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República por vontade própria. Eu atendi a um convite do então ministro Luiz Gushiken – um dos membros da troika de assessores do presidente Lula, e que gostava de mim, a despeito de eu já ser um opositor do PT e de suas políticas econômicas esquizofrênicas – justamente porque o Itamaraty me recusou qualquer cargo na Secretaria de Estado.
Trabalhei no NAE-PR enquanto o ministro o chefiou. Quando de seu afastamento, em 2006, retornei ao Itamaraty, apresentando-me para o trabalho. A despeito de oferecimentos que me foram feitos pela própria chefe de Gabinete do ministro Amorim, nenhum dos três cargos se confirmou, e fiquei quatro anos no DEC, Departamento de Escadas e Corredores, fazendo da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho. Depois andei pela China durante alguns meses, voltei a Brasília, e nada. Passou-se um ano, nada.
Tirei licença, passei meio ano em Paris, dando aulas no IHEAL-Sorbonne em 2012.
Voltei a Brasília, e nada. Apenas em 2013, resolvi assumir um cargo secundário num pequeno consulado nos EUA, pois já estava há quase dez anos em Brasília, sem perspectivas de receber qualquer convite para trabalhar na SERE, já que que os companheiros estavam na terceira vitória sucessiva (em face desses incompetentes tucanos).
Voltei a Brasília no final do 2015 e nada. Fiquei mais seis meses no DEC, até que Madame Pasadena foi finalmente afastada da Presidência por alguns dos seus muitos crimes contra o Brasil e os brasileiros (a Lava Jato recém começava a investigar a máfia dos quadrilheiros da maior organização criminosa do Brasil travestida de partido político).
Foi só em agosto de 2016 que assumi o cargo do qual acabo de ser defenestrado.
Parece que causou o maior rebuliço, a julgar pelas muitas matérias de imprensa publicadas desde a Segunda-Feira de Carnaval (esses caras não podiam ter esperado pelo menos a Quarta-Feira de Cinzas, para não atrapalhar a folia dos jornalistas?).
Abaixo estão alguns dos alertas de notícias que recebo regularmente sobre temas diversos, entre eles esta pessoinha que vos escreve. Vejam e eu volto logo abaixo...
"Paulo Roberto de Almeida" | ||||||||
NOTÍCIAS | ||||||||
Ataques a Ernesto Araújo motivaram exoneração de embaixador
BRASÍLIA - O Itamaraty desmente, extraoficialmente, a versão do embaixador Paulo Roberto de Almeidapara sua exoneração do cargo de ...
| ||||||||
BASTIDORES: Ataques a Ernesto Araújo motivaram exoneração de embaixador
Para Itamaraty, Paulo Roberto de Almeida foi afastado de cargo por ter "agredido" pelas redes sociais o chanceler e a política externa do governo ...
| ||||||||
Ernesto demitiu embaixador porque não gostou de ser chamado de trumpista
Por isso demitiu o embaixador Paulo Roberto de Almeida, segundo revela a jornalista Eliane Cantanhêde. "Ao publicar no Facebook uma crítica do ...
| ||||||||
Diplomacia: extrema-direita está atirando contra instituições para ganhar espaço
Segundo uma entrevista do embaixador recém-exonerado Paulo Roberto deAlmeida para O Estado de S. Paulo, “os embaixadores estão ...
| ||||||||
Sinopse: noticiário destaca post do presidente Bolsonaro no Carnaval
Para Itamaraty, Paulo Roberto de Almeida foi afastado de cargo por ter “agredido” pelas redes sociais o chanceler e a política externa do governo ...
|
O que dizem essas notícias, alimentadas pelo próprio Itamaraty? Que eu "ataquei" o ministro, pessoalmente. Ora vejam!
Primeiro, eles disseram que essas substituições de chefias eram normais e já estavam programadas desde muito tempo.
Concordo, mas por que, então, fazer em caráter ultra-rápido, numa Segunda-Feira de Carnaval logo no começo da manhã?
Não podiam ter feito antes do Carnaval, o que me teria possibilitado espairecer, viajar, sair em algum bloco, bebendo à vontade, fantasiado de diplomata?
Ou por que não fizeram na Quarta-Feira de Cinzas?
Explicaram isso para a FSP na Segunda-Feira, que publicou a "explicação" tal qual.
Isto foi o que a FSP publicou na manhã do dia 4/03:
"O Itamaraty afirmou que a mudança da diretoria do Ipri, “no contexto da troca da grande maioria das chefias do ministério das Relações Exteriores, já estava decidida e foi comunicada ao atual titular”. (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/03/diplomata-e-demitido-apos-republicar-textos-sobre-crise-na-venezuela.shtml).