Pequena reflexão dois anos depois do início do meu mais recente ostracismo
Paulo Roberto de Almeida
Numa carreira de mais de quatro décadas a serviço da diplomacia brasileira, enfrentei diversas situações de cerceamento de minha liberdade de expressão e até momentos de bloqueio de ascensão funcional e de assunção de postos de trabalho. Provavelmente quem agiu assim, imaginava que eu pretendesse assumir funções de mando ou de chefia, o que é virtualmente contrário a minhas motivações mais apreciadas: a livre reflexão e a liberdade de expressar meu pensamento, nada mais do que isso.
O problema de meus “adversários” é que eles sempre me consideraram como um concorrente às suas próprias pretensões, alguém que aspirasse a cargos ou posições de poder, quando a única coisa a que aspiro, e sempre defendi, é liberdade para expressar meu pensamento, ter o direito de dizer o que penso, para, justamente, ficar à margem de cargos e de posições de mando. Não por recusa de assumir responsabilidades, mas por preferir atuar com base em minhas vantagens comparativas, que estão mais vinculadas à reflexões e produção intelectual do que a cargos executivos de comando sobre meus semelhantes.
Ser livre no pensar e na expressão desse pensamento é muito mais gratificante, pelo menos intelectualmente, do que viver amarrado a cargos, cingido por deveres de representação que, muitas vezes, são contrários ao que se pensa.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7/03/2021