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sábado, 4 de setembro de 2021

Ricardo Bergamini ataca o falso liberalismo do capitão e diz que o Grande Capital já se cansou dele

 Em 2018, a união enterrou R$ 24,1 bilhões (0,34% do PIB) nas lixeiras das estatais. Em 2020, enterrou R$ 46,9 bilhões (0,63% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 85,29%. Avança Brasil para o abismo.

 

Prezados Senhores

 

O ‘Talibã’ brasileiro prega golpe militar, ditadura e AI-5, com liberdade de expressão e opinião para 'violências, mentiras e ameaças',

 

Se existir algum aloprado talibã com um mínimo de inteligência deveria saber que um possível golpe militar seria sem Bolsonaro, mas sim sob o comando de um general de exército da ativa. Assim sendo, em quaisquer das hipóteses possíveis, Bolsonaro voltará para sua origem, qual seja, o comando das milícias no Rio das Pedras e na Muzema, no Rio de Janeiro.

 

Os brasileiros honestos pensam conforme Roberto Campos.  Os canalhas, vagabundos, pilantras, moleques e vigaristas pensam em golpe. 

 

Graças a Deus podemos comemorar antecipadamente a vitória da democracia, do saber e do conhecimento, da razão e da lógica, conforme pregava o mestre Roberto Campos, livrando o Brasil desse maldito pesadelo do governo desses milicianos aloprados, que serão julgados e condenados com base na lei e na ordem por todos os crimes cometidos contra o Brasil.

 

O Brasil não merece a pureza e a santidade do clã Bolsonaro.

 

 

Casa-grande pede divórcio de Bolsonaro

 

O liberalismo e o capital dão um aviso ao presidente: basta de intervenção estatal, ataques à democracia e manobras golpistas. Parece sina do País: o Leviatã sempre a engolir a proposta liberal

Crédito: Divulgação

Antonio Carlos Prado/ISTOÉ

 

03/09/21 - 09h30

 

Não é pouco o que o golpista presidente Jair Bolsonaro conseguiu em cerca de novecentos e oitenta dias de mandato. Em um fato inédito na jornada republicana brasileira, e lá se vão cento e trinta e dois anos de história, Bolsonaro atraiu contra a sua gestão toda a Casa-Grande que abriga as elites dos setores produtivos e de sustentação do País — até o agronegócio, que sempre lhe teceu loas, arrefeceu no apoio. De fato, não é pouca coisa. Há de se esforçar muito para exercer tanto desgoverno, a ponto de lhe virarem as costas empresários, banqueiros, agentes financeiros, operadores de serviços, comércio e lideranças do agronegócio, categorias sempre dispostas a se manterem pragmaticamente alinhadas com todos os governos pela manutenção do status quo — hoje, fazem abaixo-assinado contra o mandatário. Houve um Bolsonaro no palanque, mentindo sobre as suas convicções liberais. Há um Bolsonaro no Planalto, que, desde o primeiro bocejo com a incumbência do mandato, promoveu um Estado intervencionista e foi, dia após dia, tentando solapar o regime democrático – liberalismo não existe sem democracia, democracia não sobrevive sem liberalismo. A Casa-Grande se divorcia agora do presidente, feito um aviso contra os seus reincidentes atos antidemocráticos. Veio o estágio do rompimento devido a tais atos contra o Judiciário e o Legislativo, sugestivos de vocação golpista, e a partir de crescente intervencionismo estatal, a ferir os princípios liberais da liberdade individual, econômica, religiosa e intelectual.

 

Falou-se em dia após dia… chega-se à semana passada. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) organizou o manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, alusão ao republicano poema de Castro Alves, que diz: “a praça é do povo assim como o céu é do condor”. Tal manifesto, encabeçado pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e endossado pela Federação Brasileira dos Bancos (Frebaban), é vago; se sacudido derruba ao chão expletivos por todos os lados; é meramente protocolar. Defende o óbvio do republicanismo proposto por Charles-Louis de Secondat: a necessidade de “harmonia entre os três poderes” diante da escalada das ameaças de ruptura à ordem democrática”.

 

Com mais de duzentos signatários o texto transitou pela Frebaban, e o governo passou a acusá-la de enrijecê-lo com ataques ao mandatário (isso não ocorreu), tese que ganhou o apoio do ministro da Fazenda, Paulo Guedes. O dramaturgo Terêncio, desde o século II a.C, ensina que, também em matéria de economia, “nada que é humano me é estranho” (reflexão que ganhou cores filosóficas com William Shakespeare). Há quem diga que a frase encarnou em Guedes,… mas isso é maledicência, voltemos aos fatos… Bolsonaro e Guedes já guardavam a intenção de fazerem a Caixa e o Banco do Brasil se excluírem da Febraban. Veio o momento. A interferência em tais bancos públicos será investigada pelo TCU. Quanto ao Terêncio do século 21, será ele chamado pela Câmara dos Deputados para explicar se na Escola de Chicago, em aulas do doutor Milton Friedman, um dos pais do liberalismo, defendia-se a ingerência política em instituições financeiras.

 

Skaf, no estilo Skaf, negociou isoladamente com o presidente da Câmara, Arthur Lira, no estilo Lira. Acordaram de divulgar o manifesto somente após o Sete de Setembro. O acordão se deu sem que Skaf tenha consultado a Frebraban ou as mais de duzentas entidades que assinam “A Praça é dos Três Poderes”. Essa autonomia que Skaf deu a si mesmo fez a coisa pegar fogo. O presidente da Febraban, Isaac Sidney, declarou que a instituição manteria o seu nome no manifesto. E vê-se, assim, o máximo da sandice do governo federal: achar que no capitalismo dá para governar sem apoio do capital. A tonalidade em bemol saltou para sustenido. Nunca se vira tamanho divórcio litigioso do PIB com o governo — sequer em 1964, quando a balbúrdia da gestão do então presidente João Goulart empurrava o País ao socialismo. Naquela época, a maioria dos empresários queria Jango fora do poder, mas havia lideranças empresariais que defendiam a sua manutenção em nome da democracia. Bolsonaro conseguiu reunir, na Casa-Grande, mais adversários que o próprio presidente estancieiro. De volta ao presente, banqueiros e agentes financeiros falaram, preservando seus nomes. Damos-lhes voz: “o mercado financeiro se divorciou de Bolsonaro”. Outro: “não há mais relação”. Fala um agente financeiro: “o presidente vai radicalizar. Fará de tudo para derrubar o regime democrático”. Na quinta-feira 2, Bolsonaro contou com uma aliada: a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) disparou um manifesto criticando o STF e em apoio a sites que espalham fake news. Houve troco: duzentos poderosos empresários mineiros lançaram um documento condenando a Fiemg.

 

Retornando ao cenário anterior e mais amplo, a lambança de Skaf e Lira fez com que sete entidades representativas do agronegócio se pronunciassem: “Em uma palavra, é de liberdade que precisamos para empreender, gerar e compartilhar riqueza, para contratar e comercializar no Brasil e no exterior”. O agronegócio passou a falar em desemprego e fome. Falou em povo. Na verdade, todos os setores produtivos e de sustentação, em uma comparação bem livre, hoje se assemelham a uma espécie de Terceiro Estado da Revolução Francesa, a um “renascer da burguesia” liderando os cuidados com os interesses de brasileiros famintos. Bolsonaro é o Segundo Estado, antiga avara nobreza dos tempos do absolutismo a esmagar a sociedade. O capitão quer a ditadura? Deveria saber que o ditatorial Estado Novo de Getúlio Vargas só se viabilizou em 1937 porque aglutinou o apoio do capital agrário, industrial e comercial. E mesmo em 1930, quando perdeu a eleição realizada em um sábado de carnaval (o povo preferiu ver o desfile da “Deixa Falar”, primeira escola de samba, criada por Ismael silva), Getúlio promoveu e ganhou o poder pela revolução, porque a incipiente industrialização assim precisava. Triunfou com a Aliança Liberal. Sete anos depois, esse liberalismo foi engolido pelo Leviatã — aí tudo começou dar errado, parece sina nacional. Ou seja, sem a parceria dos mais diversos setores da economia, das finanças, das empresas, do comércio, dos serviços, do agronegócio — sem o capital, enfim — não se governa. E Estado abelhudo e agigantado atrapalha.

 

Em Goiânia, no último final de semana, Bolsonaro, achando-se Getúlio Vargas, dramatizou: “em meu futuro só cabem cadeia, morte ou vitória final”. Vamos analisar: a última hipótese já dançou. A morte, isso ninguém quer não, todos optam por Bolsonaro vivo e responsabilizado judicialmente por genocídio. Quanto à cadeia, aí é só trocar. “O céu é do condor”, de Castro Alves, vira “a Papuda é de Bolsonaro”. E o Brasil prosperará com um liberalismo de verdade.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Percival Puggina é desonesto: acha que a culpa do fracasso do governo Bolsonaro é dos outros; Ricardo Bergamini contesta corretamente; eu também

Percival Puggina é um conservador. Isso todo mundo sabe, e ninguém lhe contesta esse direito. Mas, mesmo sendo conservador, ou até reacionário e bolsonarista fundamentalista, poderia ao menos se ater à verdade dos fatos.

O fracasso retumbante do governo Bolsonaro não cabe apenas, ou essencialmente, aos outros, a todos os outros, menos a ele próprio. As oposições fazem o seu dever, em qualquer governo: ser oposição. Dizer que elas se opõem, ou que se opuseram ao governo Bolsonaro, é chover no molhado.

Agora, dizer que o Centrão é oposição ao governo Bolsonaro é de uma falta de caráter tremenda, pois este Centrão, como qualquer Centrão, em qualquer governo, está sempre com o governo, com qualquer governo, mas basicamente consigo mesmo, o que também é evidente.

Falar em ministério "técnico" é apenas uma meia verdade, e mesmo os "técnicos" deveriam ter vergonha de servir a um governo negacionista, a um chefe de governo psicopata perverso, como revelado nos números de vítimas da pandemia, aspecto que Percival Puggina NUNCA comenta. Ou ele aprova soluções anti-ciência, como o degenerado pratica? Se sim, é mais falta de caráter.

Dizer, por fim, que o presidente propõe, encomenda, mas que não entrega, porque não lhe deixam, é também falta de caráter tremenda. Basta ver tudo o que propôs e andou para a frente: o presidente propôs armamentismo e foi cumprido. Quis flexibilizar regras de trânsito e se fez. Propôs destruir a natureza, ignorar o destino dos indígenas e foi cumprido. Quis desmantelar a política externa e conseguiu. Propôs o fim da luta contra a corrupção – que atinge GRAVEMENTE a si e sua inteira família, todas elas – e foi mais do que cumprido, abundantemente cumprido por um Congresso que esperava isso mesmo dele, inclusive os petistas. Propôs, implicitamente, imunidade de rebanho e foi cumprido, com quase 600 mil mortos até aqui. Propôs acabar com a cultura e teve resultados tremendos, na educação e nas verbas para C&T também, tremendamente. Tudo isso ele fez, quase sem oposição, e até com o apoio das oposições, nas matérias mais escabrosas para a moralidade e a ética públicas.

Percival Puggina tem váriasescolhas: ou escolhe ser CEGO, ou ser INGÊNUO, ser MENTIROSO, ou ter FALTA DE CARÁTER, ou então todas as opções.

O que não cabe, a esta altura do desgoverno Bolsonaro é ficar defendendo o degenerado e seu fracasso, como ainda fazem certos representantes do NOVO.

Eu nunca tive problemas em dizer o que penso. Sempre faço isso.

Paulo Roberto de Almeida


ENCOMENDOU, PAGOU E NÃO RECEBEU.

 

Percival Puggina

26/08/21

 

Nos primeiros dois anos de governo, o presidente da República compôs um ministério técnico. Alimentou a ilusão de que sua impactante vitória eleitoral acabaria reconhecida como fato político suficiente para certificar ante os demais poderes da República as legítimas expectativas da sociedade.

 

A opinião expressa nas urnas costuma ser levada a sério nas democracias.

 

Mas na prática, a teoria é outra. Combatidos pela mídia militante, os projetos do governo batiam nas traves do Congresso, ou eram obstados pela ampla bancada oposicionista no STF, onde o governo não tinha e não tem a menor chance. As realizações do governo só eram informadas nas redes sociais.

 

A pandemia entrou na cena sanitária e política nacional no início de 2020 e as posições do governante (tido por autoritário, mas sempre em favor da liberdade), lhe complicaram ainda mais a vida. O Brasil tornou-se o único país do mundo onde as pessoas não eram vitimadas pela Covid-19, mas pelo presidente. As manifestações populares minguaram pelo receio da contaminação.

 

Quando interpelado sobre suas sucessivas derrotas no Congresso, atribuídas à “falta de capacidade de negociação”, o presidente respondia que seu papel era o de propor, cabendo ao Legislativo decidir. No Congresso havia três grupos – a oposição, o centrão e a minguada base de apoio ao governo. O centrão sabia que, cedo ou tarde, o poder cairia nas suas malhas e a vida voltaria à normalidade. O dinheiro público voltaria a circular e, com ele, a "prosperidade econômica" da política.

 

Bolsonaro, então, tratou de se entender com o centrão. Foi o sinal para que os críticos da “incapacidade de negociação” passassem a atacar o governo por... negociar com quem estava disponível, ou seja, com o centrão.

 

Estabelecido o entendimento, o governo, como é normal nas democracias, apoiou a eleição de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, redistribuiu cargos e mexeu no ministério para nomear ministros do bloco. Porém (ah, porém!) como cantaria Paulinho da Viola, estavam canceladas as práticas irregulares de que se abastecia a corrupção imprescindível ao funcionamento dos acordos políticos.

 

Cargos, sem grana, são apenas trabalho e responsabilidade! E quem quer apenas trabalho e responsabilidade?

 

Cargo sem grana não é o objetivo sonhado pelos acordos que organizam maiorias parlamentares em nosso presidencialismo de cooptação rentista.

 

Assim, o presidente encomendou, cumpriu sua parte, e não recebeu o que encomendou. Na vida real, ele só tem, por si, a parcela do povo que quer preservar sua liberdade, seus princípios e seus valores num país próspero. Tais anseios serão expressos nas gigantescas manifestações democráticas do dia 7 de setembro, contra as ações – estas sim, antidemocráticas – do Congresso Nacional e do STF.

 

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


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Bolsonaro culpa o fracasso do seu governo aos seguintes inimigos: forças armadas, imprensa, legislativo, judiciário, esquerda, governadores, prefeitos, COVID-19, mercado, cartéis, e ao resto do mundo (Ricardo Bergamini).

 

Querido amigo Puggina

 

Em sua opinião, o Brasil não merece a pureza e a santidade do mestre, ídolo, líder e mito Bolsonaro, mas poderia, pelo menos, ter vendido 141 lixeiras de estatais federais, que não se enquadram nos argumentos de defesa do seu  artigo. Como se explica?

 

Quando pediu demissão da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (sem partido), em 11 de agosto de 2020, Salim Mattar deixou claro que estava insatisfeito com o ritmo das privatizações. Agora, o ex-secretário especial de Desestatização e Privatização diz que o presidente abandonou a agenda liberal de olho na reeleição e que o ministro da Economia e seu ex-chefe, Paulo Guedes, está sendo "tolhido" por militares e outros ministros.

 

Se ele [Jair Bolsonaro] quisesse, podia privatizar 141 estatais que não precisam [de aprovação] do Congresso. Depende só dele, [mas] falta vontade. Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização.


domingo, 8 de agosto de 2021

A indústria brasileira está morrendo. E tem gente feliz com isso - Hugo Cilo - editor de Negócios da IstoÉ Dinheiro

Do Ricardo Bergamini: 

 Na década de 2011/2020, o Brasil teve um crescimento de 2,98% do PIB, ou seja: 0,30% do PIB ao ano. Nesse mesmo período o mundo cresceu 30,00% do PIB, ou seja: 3,0% do PIB ao ano.

Na década de 2011/2020, o Brasil teve um crescimento per capita médio negativo de -5,32% do PIB, ou seja: negativo de -0,53% do PIB ao ano.

Prezados Senhores

Desde 1997, vejam no gráfico abaixo quantas vezes o brasileiro já leu a mesma manchete da retomada do crescimento econômico que nunca chega.

O gráfico abaixo demonstra, de forma cabal e irrefutável, que o Brasil é um país sem rumo, sem projeto, sem planejamento, sem lenço, sem documento, sem moral, sem vergonha, sem futuro, sem ideal e sem partido, mas que os ingênuos brasileiros “bobos da corte” estão sempre disponíveis a acreditarem que os “Messias” nos resgatarão do inferno em que vivemos, sem dor e sofrimento. 

Em 2020 o PIB brasileiro caiu 4,1%. 

Cada um escolha o seu culpado de preferência, lembrando que o PT saiu do governo em 12 de maio de 2016. 



A indústria brasileira está morrendo. E tem gente feliz com isso

 


No ano passado, 5,5 mil fábricas encerraram suas atividades em todo o País 

 

Hugo Cilo - editor de Negócios da IstoÉ Dinheiro

 

07/08/21 

 

A culpa não é só do presidente Bolsonaro. Nem só do Paulo Guedes. Nem do FHC, do Lula e da Dilma… É de todos eles. A ausência de uma política industrial de longo prazo, desastrosamente confundida por distribuição seletiva de subsídios nas últimas três décadas, tem levado o Brasil a um agressivo processo de desindustrialização. Ano após ano, de forma imperceptível aos olhos da maioria, as empresas que demandam alta tecnologia em seus parques de produção dão lugar a fabricantes de produtos de baixo valor agregado. E o nível está caindo. Exportamos minério de ferro, importamos aço. Exportamos petróleo, importamos lubrificantes. Exportamos soja, compramos farelo. Isso para exemplificar o nível de primarização da nossa indústria – chapas de aço, óleo de motor e farelo são produtos que não simbolizam nenhuma modernidade industrial.

 

Se você é um negacionista da desindustrialização, só porque seu amigo parece bem de vida naquela antiga metalúrgica do ABC paulista, deveria analisar alguns números da economia brasileira. Segundo o IBGE, nos últimos dez anos o PIB do País cresceu a um ritmo médio de 1% ao ano. No mesmo período, a indústria encolheu 1,6% anualmente, em média. Já a agricultura, na mesma comparação, avançou a uma velocidade de 3,6%. Ou seja, estamos aplaudindo as lavouras – indiscutivelmente importantes – e virando as costas para as linhas de produção. Em 25 anos, a participação da indústria no PIB, que era de 50%, caiu pela metade. A indústria de transformação desabou de 20% para 11%.

 

No ano passado, 5,5 mil fábricas encerraram suas atividades em todo o País. Em 2015, o Brasil tinha 384,7 mil estabelecimentos industriais e, no fim do ano passado, a estimativa era de que o número tinha caído para 348,1 mil. Em seis anos, foram extintas 36,6 mil fábricas, o que equivale a uma média de 17 fábricas fechadas por dia no período. Os números são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

 

Como tudo isso afeta você? Sem a riqueza gerada pela indústria, o Brasil se consolida como um produtor de alimentos, importador de carros, de eletrônicos e, principalmente, de serviços ligados à alta tecnologia. O País mergulhou num processo de enfraquecimento da produção, natural em economias maduras, muito antes de ficar rico. Com isso, ficaremos ainda mais pobres. O salário per capita continuará baixo, e você terá cada vez mais dificuldade em encontrar um emprego que te pague o suficiente. O pior é que a desfragmentação do setor produtivo é, diretamente, turbinada pelo governo. O chamado IPI, imposto que incide apenas sobre produtos industrializados, é um anabolizante da primarização. Com essa aberração, é melhor vender frango do que o nuggets. Há mais lucro no leite do que no queijo.

Além de assistir de braços cruzados a morte lenta da indústria, o Brasil tem observado, sem esboçar reação, a explosão de novas empresas de serviços mundo afora. O fluxo global de mercadorias está diminuindo, e gradualmente sendo trocadas por produtos digitais. Livros, filmes, música e até cartão do banco hoje chegam em nossas casas pela fibra ótica, vindos de alguma empresa no Vale do Silício – e até nisso o País está fora do jogo. Parte dos brasileiros não se importa com o que está acontecendo, e parece estar feliz. Afinal, vamos bater novo recorde de exportação de soja neste ano.

 


quarta-feira, 28 de julho de 2021

Ingresso e fuga de capitais do Brasil, de 1995 a junho de 2021 - Ricardo Bergamini

 De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até junho de 2021 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 51,3 bilhões. 

 

 

Movimentações Financeiras das Contas Externas do Brasil

 

Ricardo Bergamini

 

Posição de Câmbio Contratado – Fonte BCB

 

Base: US$ Bilhões

Ano

Exportações (+)

Importações (-)

Financeiro

Saldo

1995

53,1

41,5

4,2

15,8

1996

50,2

41,5

2,1

10,8

1997

55,9

58,6

-4,1

-6,8

1998

47,7

43,9

-18,3

-14,5

1999

41,6

32,9

-24,9

-16,2

2000

51,7

46,1

-0,9

4,7

2001

58,0

47,2

-13,8

-3,0

2002

60,1

39,7

-33,4

-13,0

Total

418,3

351,4

-89,1

-22,2

2003

73,2

44,8

-26,0

2,4

2004

93,5

56,8

-24,7

12,0

2005

123,0

71,2

-32,5

19.3

2006

144,4

86,8

-20,3

37,3

2007

184, 8

108,0

10,7

87,5

2008

188,0

140,1

- 48,9

- 1,0

2009

144,7

134,7

18,8

28,8

2010

176,6

178,4

26,0

24,2

Total

1.128,2

820,8

-96,9

210,5

2011

251,2

207,2

21,3

65,3

2012

224, 6

216,2

8,3

16,7

2013

232,9

221,8

- 23,4

- 12,3

2014

222,3

218,1

- 13,4

- 9,2

2015

181,7

156,1

- 16,0

9,6

2016

173,6

126,2

- 51,5

- 4,1

2017

195,6

142,6

- 52,4

0,6

2018

226,8

179,0

- 48,7

- 0,9

Total

1.708,7

1.467,2

-175,8

65,7

2019

196,4

178,9

- 62,2

- 44,7

2020

192,4

169,1

- 51,2

- 27,9

Até Jun/21

116,6

103,2

1,9

15,3

Total

505,4

451,2

-111,5

-51,3

 

 

De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até junho de 2021 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 51,3 bilhões. 

 

Os brasileiros terão que aprender, de uma vez por todas, que os discursos internos que empolgam os seus súditos (não são eleitores), não servem para o público externo, por isso o mundo está assustado com o Brasil. 

 

Cabe lembrar que essas informações macroeconômicas divulgadas pelo governo são destinadas ao público externo, não para o público interno, que não tem nenhum interesse no assunto.

 

Em 2019, sem pandemia, já havia ocorrido uma fuga de US$ 44,7 bilhões.