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sábado, 10 de maio de 2014

Instituto Liberal do Centro-Oeste: criacao e seminario sobre a vinda de Hayek ao Brasil, 12 e 13 de maio de 2014

Transcrevo da página do Instituto Mises Brasil, esta notícia, e convido a ouvir o podcast com o primeiro presidente do Instituto Liberal do Centro-Oeste, com o qual colaborarei na medida de minhas possibilidades, uma vez que acredito nas suas causas, muito diferentes das que estão sendo patrocinadas atualmente no Brasil.
O evento programado será filmado e depois disseminado pela internet, o que registrarei aqui.
Paulo Roberto de Almeida

INSTITUTO LIBERAL DO CENTRO-OESTE
PODCAST 123 – FÁBIO GOMES FILHO


Na segunda e terça-feira da próxima semana (dias 12 e 13 de maio), o Grupo de Estudos Lobos da Capital vai realizar um simpósio para celebrar os 33 anos da visita e palestra de F. A. Hayek na Universidade de Brasília (UnB), em maio de 1981. Estão programadas palestras do embaixador Carlos Henrique Cardim, um dos idealizadores da ida do economista Austríaco, de Helio Beltrão (presidente do Instituto Mises Brasil), e de Rodrigo Saraiva Marinho (presidente do Instituto Liberal do Nordeste).

E o evento também será marcante por outra razão: será anunciada a fundação e início dos trabalhos do Instituto Liberal do Centro-Oeste (IL-CO). Para falar sobre o seminário e sobre a nova instituição, o Podcast do IMB entrevistou Fábio Gomes Filho, membro do Grupo Lobos da Capital e que será o primeiro presidente do IL-CO. Engenheiro elétrico de formação, Fábio falou sobre o seminário, acerca das atividades do Lobos da Capital e sobre o trabalho que será desenvolvido pelo IL-CO junto com os outros grupos liberais/libertários da região.





A propósito do simpósio sobre a vinda de Hayek ao Brasil, transcrevo um texto de Roberto Ellery no Liberzone: 


ECONOMIZANDO
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5 Razões para um Economista Neoclássico apreciar Hayek


Fui surpreendido com o convite da página para escrever a respeito de Hayek por ocasião de seu aniversário. Conhecendo o Liberzone e apreciador do trabalho deles não tive como recusar, porém aceitar não foi uma decisão simples. Existem excelentes economistas brasileiros que seguem a Escola Austríaca e poderiam falar de Hayek com bem mais propriedade do que eu, afinal sou um economista neoclássico. Desconfiado, é verdade, mas definitivamente neoclássico. Sou desconfiado por duas razões: desconfio dos modelos que uso e desconfio das intenções de quem diz que vai aplicar os modelos para trazer mais bem-estar à sociedade. Talvez por ser desconfiado eu tenha recebido a confiança do Liberzone.
Como sempre ocorre de ser, o convite ainda era mais complicado do que parecia. Não bastava escrever sobre Hayek, o pedido incluía listar razões que fizeram de Hayek um símbolo do liberalismo. É complicado, vejo o liberalismo como uma doutrina essencialmente individualista, no sentido que é uma doutrina que supõe cada indivíduo como muito complexo para ser enquadrado em um grupo específico. Como então listar razões para alguém ser símbolo do liberalismo se eu tenho dificuldades para definir quem são os liberais. Ao escrever esse texto me propus a superar o desafio de homenagear Hayek sem ser um seguidor da Escola Austríaca, o desafio de escrever a respeito de um grupo que não sei definir eu não vou tentar superar. Desta forma em vez de escrever as razões para Hayek ser um símbolo do liberalismo escreverei as razões que me levaram a apreciar Hayek. Fazendo isto facilito minha tarefa e de saída me mantenho fiel a uma das razões que me levaram a apreciar Hayek.
Seguem as razões:

1. Não existe liberdade política sem liberdade econômica

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Hayek sabia que a liberdade é indivisível. Não existe liberdade política sem liberdade econômica e vice-versa. Essa é uma lição fundamental para economistas que vivem na América Latina e que são constantemente confrontados com a necessidade de avaliar políticas econômicas de ditadores que periodicamente assombram o continente. Isto quando não são convidados a participar de governos autoritários. Se um dia receberem tal convite lembrem a lição de Hayek e saibam que não vão criar um livre mercado a partir de um governo autoritário. Antes que perguntem, eu aviso que recomendação é válida mesmo se Pinochet o convidar para um certo “Centro de Estudios Públicos”.

2. O Uso do Conhecimento na Sociedade

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Hayek sabia que é impossível substituir o mercado por um planejador central. Não por acaso “The Use of Knowledge in Society”, artigo publicado por Hayek em 1945 na American Economic Review, foi listado em 2011 entre os vinte melhores artigos publicados quando das comemorações dos cem anos da revista. No artigo, Hayek argumenta que um planejamento centralizado nunca poderá substituir o mercado porque cada indivíduo detém apenas uma pequena fração do conhecimento existente na sociedade.

3.  A ordem econômica não é resultado de um desenho consciente

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Hayek sabia que o sistema de preços, melhor dizendo, a ordem econômica não é resultado de um desenho consciente. Pelo contrário, é uma ordem espontânea resultante da ação humana, mas não de planos humanos. Willian Eaterly, no excelente livro “The Tyranny of Experts: Economists, Dictators, and the Forgotten Rights of the Poor” recupera o tema da ordem espontânea e questiona as razões e as consequências de especialistas em desenvolvimento econômico dentro e fora da academia terem abraçado a tese oposta que suponha a ordem econômica como decorrente de um desenho consciente e, portanto, passível de substituição por outro desenho consciente, talvez melhor desenhado.

4. Hayek sabia da necessidade de uma teoria do capital

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Hayek sabia da necessidade de uma teoria do capital. Até hoje capital é um tema difícil de inserir na análise econômica, basta dizer que a maioria das estimativas do estoque de capital toma o custo do investimento como a medida de capital. Hayek sabia mais do que isto, sabia que o valor do capital é o valor presente esperado do fluxo de bens ou serviços produzidos pelo capital. Não é pouca coisa. Hayek tentou construir uma teoria do capital integrada à análise macroeconômica, queria uma teoria do capital que fosse útil para analisar economias monetárias. Tenho minhas dúvidas a respeito da relação entre capital, investimento e moeda, mas a despeito destas dúvidas aprecio a teoria do capital de Hayek.

5. Hayek sabia que o governo tem papéis importantes a cumprir

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Hayek sabia que o governo tem papéis importantes a cumprir. Que me desculpem os que sonham viver em um mundo sem governo, mas eu aprecio Hayek por saber e dizer que o governo tem funções na economia. O autor de “The Road to Serfdom”, livro que apontou os perigos da intervenção, apontou a importância de existir regulações que restrinjam métodos de produção, desde que não desenhadas para favorecer alguns grupos, a prevenção de fraudes e, fundamental para o Brasil de hoje, a existência de uma rede de seguridade social não é incompatível com o sistema de competição. O perigo não está no governo ajudar os pobres, o perigo está no governo decidir quem serão os ricos.
Os seguidores da Escola Austríaca devem ter notado pelo menos duas ausências em minha lista: a teoria dos ciclos econômicos e a teoria do investimento. A primeira talvez seja a que mais incomode. Entendo a relevância da teoria austríaca dos ciclos, mas como disse sou um economista neoclássico, mais precisamente: estou entre os que acreditam no ciclo econômico como advindo de respostas ótimas de famílias e empresas a choques reais na economia. Não nego que a moeda e crédito tenham algum papel na explicação do ciclo econômico, mas não os coloco como principal razão da existência do ciclo econômico. Desta forma não sigo a teoria de Hayek que o ciclo é devido a expansões da moeda e o crédito decorrentes de ações do Banco Central.
O investimento entrou na lista de ausências para marcar posição. Quando falei da teoria do capital fiz a ressalva da relação entre capital, investimento e política monetária. Marquei o investimento como ausência para ressaltar esta ressalva. Não discordo que diferentes bens de investimento mereçam tratamentos diferentes e reconheço que a teoria neoclássica é pobre neste quesito, porém a relação entre política monetária e investimento proposta por Hayek me parece superestimar o papel da política monetária. A ideia de que juros baixos e crédito fácil levam a um excesso de investimento de longo prazo e isto é a razão dos ciclos de expansão e recessão me parece difícil de conciliar com um investidor racional que maximiza lucro esperado mesmo com informação imperfeita. Sei que para Escola Austríaca isto não é um problema, mas para mim é um problema. No fundo as duas ausências são uma só.
O leitor atento deve ter reparado que antes de fazer a lista fiz referência a uma razão para apreciar Hayek e não toquei mais no assunto, não foi esquecimento, pelo contrário, queria encerrar o texto com este tema. Hayek sabia dos perigos de dar muita autoridade a um economista, disse isto quando recebeu o prêmio Nobel e alertou a respeito de um economista com tanto reconhecimento. Só isto seria motivo para colocar Hayek na minha galeria de heróis, só isto já é suficiente para justificar minha hesitação em listar razões para colocar Hayek como símbolo do liberalismo e optar por listar apenas minhas razões para aprecia-lo.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Por uma Fronda Empresarial? Esqueca: nao vai ocorrer...




Todo mundo sabe que a economia brasileira está com problemas... menos Luiza...

Blog do Roberto Ellery

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O vídeo onde Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, afirma que, ao contrário do que dizia Diogo Mainard, a inadimplência está caindo e ainda se oferece a mandar os dados mostrando que está certa circulou ontem pela internet quase como um viral. Também ganhou destaque a notícia que a executiva de fato mandou o e-mail com os dados para Mainard. Para os que ainda não viram, o vídeo está abaixo:



De início não dei muita importância ao fato, Mainard não produz dados e considerei aceitável que estivesse com dados defasados, assim como considerei normal que uma empresária do setor tivesse dados mais atualizados. Minha impressão original foi que a festa com vídeo era mais uma vendeta do nacionalismo ofendido para com o autor de Contra o Brasil que, ainda por cima, não perde a oportunidade de dizer que“Os brasileiros têm os dois pés no chão… E as duas mãos também.”. Doce ilusão, em tempos de polarização petista nem mesmo o velho nacionalismo ofendido é sincero, a realidade era que o barulho em torno do vídeo vinha de governistas tentando mostrar que o Brasil está bem, uma espécie de reação à guerra psicológica deflagrada por analistas independentes, organismos internacionais, agência do próprio governo, os dados e tudo que ousa mostra que a economia brasileira está com problemas. Enquanto percebia a natureza da divulgação do vídeo coloquei o seguinte comentário no FB:

"Eu podia falar dos perigos em torno dos discursos de empresários afirmando que geram tantos mil empregos, eu poderia lembrar das inúmeras vezes que Eike Batista "destruiu" os ditos pessimistas, mas prefiro lembrar da história do sujeito que pulou do décimo andar e cada janela que passava dizia: até aqui tudo bem."

Pois bem, como a toda ação corresponde uma reação, logo vieram as notícias não tão simpáticas ao Armazém Luiza e sua presidente. A primeira que li dizia respeito a condenações na justiça do trabalho. Considerando a quase impossibilidade de cumprir com toda a legislação trabalhista que existe no Brasil não me impressionei muito com a notícia, se bem que parece estranho que a nova heroína dos apoiadores do governo do Partido dos Trabalhadores não consiga respeitar as leis trabalhistas. Depois vi a notícia que realmente me chamou atenção: Magazine Luiza diz que BNDES não dá atenção ao varejo. Nunca falha. Empresário comprando briga para o governo é sinal de que é ou quer ser empresário-amigo, o diagnóstico é tanto mais preciso quando o empresário aproveita para afirmar que gera tantos empregos. Ora, se o empresário é amigo e gera empregos nada mais justo e natural que ganhe empréstimos a juros camaradas, tudo por conta do contribuinte, é claro. O comentário do FB estava vingado.

Apesar dos acenos ao BNDES me explicarem boa parte do comportamento da empresária uma dúvida ainda me perseguia. Por que uma empresária de sucesso em um setor que, segundo afirmações dela, vive uma fase de ouro abriria mão de sua independência para ficar sob custódia do BNDES? Os juros camaradas são um forte atrativo, eu sei, mas intimidações com relações a demissões e outras ingerências tem um custo e, afinal, o Magazine Luiza tem se saído muito bem sem o BNDES. Para tirar minhas dúvidas fui ver como estavam as ações da empresa. O gráfico abaixo descreve o comportamento das ações do Maganize Luiza entre 19/7/2011 e 21/1/2014, foi a série mais longa que consegui.


Percebam que mesmo a recuperação no segundo semestre de 2013 não foi capaz de recuperar as perdas com a forte queda do primeiro semestre deste mesmo ano. No período total a queda foi quase 50%. Existem vários motivos para explicar tamanha queda das ações, um deles é uma crise na economia que prejudique o setor onde a empresa está inserida. Dadas as declarações do vídeo este não parece ser o caso. Outro possível motivo são problemas de gestão na empresa, não tenho como avaliar esta possibilidade. De toda formas ambas as hipóteses explicam os acenos para o BNDES e as declarações otimista quanto a economia recheadas de louvações às políticas do governo. Falta saber se todo este otimismo vai reduzir as perdas de quem confiou e investiu no Magazine Luiza, temo que não, a não ser, claro, que o BNDES dê uma ajudinha. Eu não ficaria surpreso, afinal o BNDES tem estudado muito o varejo, quem sabe em breve vamos saber dos efeitos encadeados, dos transbordamentos tecnológicos e das externalidade causadas pelo varejo.

P.S. Com o post quase pronto vi queRodrigo Constantino escreveu a respeito dos preços das ações do Magazine Luiza, não fui ler até decidir que o post estava pronto, depois de pronto li, creio que concordamos nas linhas gerais do que está acontecendo.


4 comentários:

  1. Perfeita a análise, Roberto Ellery!
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  2. Faço uma consideração: o discurso institucional de um empresário é sempre otimista.
    Mas o problema é o tamanho do Estado brasileiro, sua influência no crédito (subsidiado ou não) bem como a definição dos tributos de maneira discricionária, o que deixa os empresários muito pouco a vontade de se posicionar criticamente. E isso é ampliado pela postura anti-democrática de algumas autoridades do governo frente às críticas. E temos exemplos na Argentina e Venezuela, países onde este modelo político foi levado ao limite, de represálias do governo aos empresários críticos.
    Responder

    Respostas


    1. Este é o problema. Esta cumplicidade dos empresários com o governo é, na minha opinião, um dos maiores problemas da economia brasileira e da América Latina em geral. Enquanto o sucesso de um empresário depender dos favores do governo estamos condenados no que chamam de armadilha da renda média.