Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 28 de janeiro de 2017
O PT cleptocrata encontra um socio do seu quilate: Cabral e seus zilhoes - Editorial Estadao
Coisa de levantar o chapéu, se me permitem a expressão: realmente, nunca antes no Brasil assistimos a assaltos dessa magnitude contra os recursos públicos, promiscuidade tão grande no roubo.
Um único desejo, se possível: que os dois partilhem a mesma cela por aproximadamente dez anos, como mínimo, para pagar pelos seus crimes...
Paulo Roberto de Almeida
Campeão da roubalheira
Editorial | O Estado de S. Paulo, sábado, 28 de janeiro de 2017
A história da República registra proezas de cleptocratas extremamente proficientes na arte de meter a mão nos cofres públicos – que o diga a São Paulo dos tempos do ademarismo e do malufismo. O que talvez não se esperasse é que sobre os protagonistas daquelas épocas reinasse agora, impávido, um fantástico “campeão nacional” da roubalheira, cujas proezas levaram à falência todo um Estado da Federação, o Rio de Janeiro: o hoje encarcerado ex-governador Sergio Cabral, em seus melhores dias amigo do peito dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff.
De acordo com o que foi até agora apurado pela força-tarefa da Lava Jato no âmbito da Operação Eficiência, o esquema de corrupção comandado por Cabral é simplesmente fantástico: pelo menos US$ 100 milhões foram encontrados em contas no exterior ligadas ao grupo criminoso, dos quais cerca de US$ 80 milhões pertenceriam ao ex-governador, dono também de US$ 1,8 milhão em diamantes que serão igualmente repatriados. Assim mesmo, segundo revelaram procuradores e delegados da operação, “o patrimônio da organização criminosa comandada por Cabral é um oceano não completamente mapeado”. Para o Ministério Público, “as cifras são indubitavelmente astronômicas” e “esses US$ 100 milhões são apenas uma parte do dinheiro do esquema”.
O jornal O Globo revela que Sergio Cabral, em 25 anos de carreira política, fez seu patrimônio crescer gradativamente, sempre por conta de recursos de origem suspeita. Como deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa fluminense, entre 1991 e 2002, inicialmente filiado ao PSDB e depois ao PMDB, Cabral acumulou um patrimônio de US$ 2 milhões em contas no exterior. Como senador, de 2003 a 2006, seu patrimônio não declarado fora do País já era de US$ 7 milhões. Como governador, de 2007 a 2014, a movimentação de suas contas secretas no exterior foi de US$ 152 milhões, o que equivale a inacreditáveis US$ 18,1 milhões por ano de governo. Dinheiro que financiou um alto padrão de vida não apenas para Sergio Cabral e família, mas também para parentes próximos, como um irmão, a ex-mulher e toda uma quadrilha que se encarregava da captação e distribuição dos recursos de origem escusa depositados em 12 contas no exterior.
Essas novas descobertas foram feitas pela Operação Eficiência – e, mais uma vez, não se trata de coincidência – a partir de investigações que tinham como objeto o empresário Eike Batista, que, conforme já havia sido anteriormente descoberto, teria pagado a Cabral propina de US$ 16,6 milhões por “favores” diversos. Por ironia, as novas revelações sobre o ex-governador fluminense vêm a público simultaneamente com aquelas relativas ao empresário, que cinco anos atrás, surfando nas prerrogativas de “campeão nacional” do empreendedorismo a que fora elevado pelo lulopetismo, foi apontado pela revista Forbes como o sétimo homem de negócios mais rico do mundo. Só o BNDES contribuiu com US$ 6 bilhões para os planos mirabolantes de Eike Batista que se revelaram inexequíveis e o acabaram levando à falência.
A prisão de Sergio Cabral e seu bando não chega a ser um consolo para a população do Estado do Rio de Janeiro, que não consegue honrar suas contas, nem mesmo a obrigação elementar de pagar em dia seus milhares de funcionários. Mas, se essa desgraça pode ser atribuída, em boa parte, à corrupção deslavada de quem governou o Estado por mais de sete anos, o conjunto da obra é responsabilidade de um poder central que anos a fio vendeu ao País a ilusão da Pátria Grande lastreada na gastança irresponsável que alimentou programas sociais, necessários, mas insustentáveis, e a ilusão de importantes empreendimentos privados reservados para “campeões nacionais” politicamente escolhidos e descuidadosamente financiados por abundantes recursos públicos.
Essa foi uma experiência dispendiosa e frustrada da qual Eike Batista e seu império de fachada são um triste exemplo. Assim, o título de “campeão nacional”, que o lulopetismo não conseguiu garantir para empreendedores amigos de Lula e Dilma, é ironicamente ostentado agora – finalmente por direito de conquista – por um político corrupto que privava da intimidade do gabinete presidencial.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Pausa para... um diario intimo...
O diário foi publicado na Piauí, e sendo esta uma revista do maior respeito nacional, só pode ser coisa séria.
Com isso dou por encerrado os posts deste sábado de nevasca e vou cuidar de coisa mais séria. Escrever um trabalho encomendado, como tenho vários no pipeline.
Divirtam-se, desopilem-se, mas atenção, moderadamente.
Vou atacar de hot-dog e de cerveja...
Paulo Roberto de Almeida
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Diário da Dilma: Canguru que é despejado dá valor à própria bolsa
1º DE JANEIRO ─ Dia da Confraternização Universal. Confraternizei com o Eduardo Campos em torno de um sambinha com biricutico e salaminho. Fiz questão de cantar Camarão que Dorme a Onda Leva olhando bem na íris daqueles olhos verdes. Neto do Arraes, neto do Tancredo, uns meninos chatos e eu tenho que fingir interesse. De neto, gosto só do meu, que além de uma gracinha não quer me suceder.
2 DE JANEIRO ─ Faltou luz aqui na base militar. Eu, mamãe, titia, Paula e o Eduardo Campos passamos a tarde jogando adedanha. Quando sortearam”animal com a letra L”, pensei besteira. Mas disse “Lobo”. Depois dessa, parei de beber a caipirinha. Já estava mais faceira que mosca em tampa de xarope.
3 DE JANEIRO ─ Estou como o diabo gosta! Só de short, regata e sandália de dedo. O Sarney que não me venha com essa história de liturgia do cargo! A Helena sabe que se eu pegar um fotógrafo aqui vai ser caso de morte. Desde que cheguei aqui não passo mais laquê. São bem uns 10 quilos a menos. Titia veio me dizer que deu um auê danado na posse do Genoino. Fiquei uma arara, dei um murro na mesa e gritei: “Não interrompa minhas férias!” Deus me dê paciência e um pano para embrulhá-la.
4 DE JANEIRO ─ Ganhei um Kindle brasileiro daquele pernóstico do Mercadante. E já veio com dez livros. Tudo chatice: Keynes, Paulo Coelho, Churchill, Maquiavel, Eduardo Giannetti, valha-me Deus. Fui lá e pá! Comprei os dois últimos volumes de Cinquenta Tons de Cinza. Vou começar a ler ainda hoje depois de assistir um pouco dos Tudors. Me falaram maravilhas da série e estou atrasada. Dormi antes de começar a ler. Que espetáculo esses Tudors! Se Brasília fosse animada daquele jeito!
5 DE JANEIRO ─ Mandei o Marco Aurélio assuntar a doença do Chávez. Ele adora essa coisa meio Mercedes Sosa, meio Glória Magadan.
Gastei demais nessas férias. Só em salaminho, tremoços e antiácido foi embora uma fortuna. Sem falar que engordei. Férias é sempre esse inferno: a gente sai da rotina, enche a cara de cerveja, come aquele monte de acarajé e arremata com cocada. As roupas estão todas pegando no quadril…
6 DE JANEIRO ─ E não é que acabou a luz justo na hora H do Henrique VIII com a Ana Bolena? Será que foi a mando do Lobão, sempre tão decoroso nessas questões de moral e bons costumes?
7 DE JANEIRO ─ De volta ao batente, infelizmente. Mamãe teve que me sacudir da cama para que eu pudesse acordar. “Quem primeiro se queixa foi quem atirou a ameixa”, ralhou. Pedi para o Sérgio Cabral fazer as pazes com os índios do Maracanã. Sei não. Brigar com índio dá azar. Não é à toa que está há tanto tempo sem chover.
8 DE JANEIRO ─ Hum, a luz falhou umas duas vezes hoje. Mandei comprar uns três pacotes de vela. Gabrielzinho detesta escuro.
9 DE JANEIRO ─ Choveu! Choveu! Fiquei tão encantada que ergui os braços e saí correndo de baby-doll pelos jardins do Alvorada cantandoThe Hills Are Alive. Para acabar de vez com as insinuações da imprensa burguesa, pedi ao Lobão que desse uma coletiva para negar o risco de apagão. Tiro e queda. O magnetismo desse homem sempre deixa os jornalistas mesmerizados.
10 DE JANEIRO ─ Gabrielzinho está começando a fazer conta nos dedinhos. Ontem ele chegou para mim e disse: “Vovó, os números do governo não fecham”. Está ficando chato.
11 DE JANEIRO ─ Gente, que tudo! Estou afogueada! Esse Christian Grey é uma coisa! Uma coisa!!!!!!
12 DE JANEIRO ─ Quando o pessoal do Congresso volta de férias? Tá uma beleza isso aqui, vazio, silencioso. Gabrielzinho tem andado de velotrol por esses corredores imensos.
14 DE JANEIRO ─ Comecei a me desanimar com os Tudors. Tem mais dancinha na corte do que em novela da Gloria Perez. É bom desapegar dessas coisas. Durante Avenida Brasil não consegui governar e deu no tal Pibinho.
15 DE JANEIRO ─ Falei grosso com o Eduardo Paes e com o menino Haddad: nada de aumentar a passagem de ônibus. Não estou podendo. Canguru que é despejado dá valor à própria bolsa. De tarde, fui ao Senado brincar de esconde-esconde com o Gabrielzinho. Tentei entrar debaixo da mesa diretora, mas bati com o topete e lasquei um pouco a madeira.
17 DE JANEIRO ─ O Eike veio aqui em Brasília. Estava louca para conferir aquele aplique ridículo dele. Ia até dar um toque, mas meu dia estava tão corrido que nem deu tempo. Como a ministrada estava meio sem fazer nada, pus todo mundo pra falar com ele. O Eike sempre rende alguma coisa. Quem ficou uma arara por não ter sido avisada foi a Ideli. Ela acha o Eike parecido com o Romney e já deu a entender que não se importaria em mudar o nome para Idelix.
18 DE JANEIRO ─ Botei o bloco na rua! O Lula já devia saber que quem foi ao vento perdeu o assento. Sou candidatíssima de mim mesma. Para não deixar dúvidas, viajei para o Piauí e me vesti de cangaceira. Foi difícil o chapéu por causa do laquê, mas o recado está dado. Pena que na hora em que saquei a peixeira acabou a luz.
19 DE JANEIRO ─ Meu São Mateus dos Mercados Perpétuos! Não é que vou ter de tomar uma atitude contra aquela revista inglesa ou americana que vive me cornetando? Não nego que o Guido esteja mais por fora do que surdo em bingo, mas pegar no pé do governo só por causa dessa bobagem das contas? Quem não dá uma ajeitadinha? É que nem no cheque especial. Ninguém precisa saber que você está no vermelho. Na primeira folguinha você vai lá e cobre.
20 DE JANEIRO ─ Não aguento essa Marcha dos Prefeitos. É tanta gente para botar em hotel, providenciar transporte, comida. Malandro era o FHC, que ignorava solenemente patente abaixo de governador.
21 DE JANEIRO ─ Liguei para o Kamura e fui firme: “Se franja é a nova tendência e você deixou a Michelle sair na frente, considere sua carreira em Brasília encerrada. Na melhor das hipóteses, você ganhará a vida cortando o cabelo da Ideli”. O homem começou a chorar e jurou que a franja não pega. Durante o discurso, Michelle usou aquele vestido azulão com saia trapézio evasê. É para acomodar o pacová, que, convenhamos, no caso dela é quase um aleijão. Não precisava daquele cinto de motoqueiro. No meio da fala, a Malia deu um bocejadão espantoso. O Gabrielzinho nunca faria isso.
22 DE JANEIRO ─ Só hoje pude acompanhar a cobertura dos bailes. De vestido vermelho eu entendo. O da Michelle ficou o ó. Aquele veludo molhado parecia uma cortina de cabaré. Agora, como dançam bem, ela e o Obama. Que o Demétrio Magnoli não me ouça, mas acho que tem a ver com a raça. Vai pôr um búlgaro para valsar…
23 DE JANEIRO ─ Ao contrário do que me garantiu a Abin, na terceira temporada de The Killing a Sarah Lund não aposentou aqueles suéteres de matar. Não espanta que a fama internacional da moda dinamarquesa seja tão grande quanto a dos nossos serviços de inteligência.
24 de JANEIRO ─ Derrubei no grito as tarifas de energia. O Lula não quer voltar? Que lide com as consequências. Aproveitei para reduzir na maciota a alíquota de importação daquele aparelho nir que delineia a mandíbula. Tentei comprar um no shopping e quase caí para trás. Ideli pediu para eu incluir no pacote a redução de IPI dos shakes dietéticos.
26 DE JANEIRO ─ Renan e Henrique Alves. Não vão sobrar nem as cúpulas do Niemeyer.
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Addendum, pouco íntimo:
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
NEM SEGURANÇAS AGUENTAM O HUMOR DE DILMAConhecida por seus acessos de fúria, a presidente Dilma não deixa apenas os ministros à beira de um ataque de nervos. Segundo fontes palacianas, o Gabinete de Segurança Institucional tem dificuldades de encontrar oficiais do Exército que aceitem chefiar o serviço de segurança presidencial. Entre os mais estressados estaria o coronel Artur José Solon Neto, que por breve período cobriu as férias do titular.
QUERIA
O coronel Neto, hoje secretário adjunto do Gabinete de Segurança Institucional, queria sair do cargo burocrático e ir mais a campo.
HUMILHAÇÃO PÚBLICA
Habituada ao perfil discreto do general Amaro, seu chefe de segurança, Dilma não poupou puxões de orelha públicos em quem o substituiu.
CHUTANDO O BALDE
Em junho de 2011, a capitã de fragata E.H., oficial brilhante, cansou dos esculachos presidenciais e foi embora. Quase deixou a Marinha.
INCLUA-ME FORA DESSA
O Palácio do Planalto também demorou a encontrar quem aceitasse substituir a capitã E.H. como ajudante de ordens.