O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador USP. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador USP. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pela falencia da USP, imediata, total, restauradora...

A USP foi a minha alma mater, nos tempos do AI-5. Depois eu a deixei, para estudar no exterior. Quando voltei, sete anos depois, encontrei-a acomodada ao dinheiro fácil que jorrava tanto do governo federal -- para o fomento à pesquisa -- quanto do governo estadual, para sua manutenção.
Ao longo dos anos, fui à USP dezenas de vezes, para seminários, para palestras, para bancas, para diversos tipos de atividades, e a despeito de estar sempre classificada nos primeiros lugares do Brasil e da região, sentia que alguma coisa não andava bem.
Claro, a sua administração. Ela gasta o dobro, por aluno, do que a Universidade Católica do Chile, que acaba de roubar o seu lugar como primeira da região.
Espero que sua decadência seja rápida, e a catástrofe definidora.
Infelizmente, as máfias sindicais de professores e funcionários não permitirão sua recuperação em condições normais.
É apenas por isso que eu desejo a completa falência da universidade.
Para que ela possa ser recuperada em novas bases...
Mas vai demorar...
Paulo Roberto de Almeida
A Universidade, por má gestão, gasta 106% dos seus recursos em salários. Se fosse uma instituição privada, teria falido. O modelo de governança precisa ser debatido
Editorial O Globo, 3/06/2015

Pela dimensão e importância estratégica, o ensino público básico monopoliza as atenções de especialistas e domina os debates sobre Educação. Mas, quando a Universidade de São Paulo (USP), a melhor instituição de ensino superior do país, mapeada em rankings internacionais, entra em crise, é como se fosse ligado um estridente sinal de alerta. Afinal, os centros de excelência no ensino universitário estão, em maior número, nos estabelecimentos públicos. Qualquer maior problema em seu modelo, baseado na quase total autonomia, justifica sérias preocupações.
A USP já indicava alguma perda de substância acadêmica em rankings mundiais. Em 2012, até então única universidade brasileira a aparecer entre as duzentas melhores do mundo, no levantamento da Times Higher Education (THE), a USP, ligada à estrutura do Estado de São Paulo, caiu do 158º lugar para o grupo de escolas que se distribuem entre a 226ª e a 250a posições, cujos nomes não são divulgados. Já no ranking dos melhores estabelecimentos latino-americanos, levantado pelo grupo Quacquerelli Symonds (QS), a USP, este ano, perdeu o posto de melhor universidade do continente para a Católica do Chile. Esta, por sinal, exige uma prova de proficiência em inglês. Quem vai mal, precisa estudar a língua. E assim a universidade chilena consegue produzir metade de seus artigos científicos em parceria com centros internacionais de estudo e pesquisa. A USP, apenas de 25% a 30%, um fator negativo nas avaliações internacionais.
A USP enfrenta graves problemas financeiros: tendo seguido, desde o final da década de 80, uma norma prudente, mas não escrita, de destinar 80% dos recursos, oriundos do ICMS paulista, para salários e os 20% restantes para investimentos e outras despesas de custeio, a universidade, por má administração, gasta hoje 106% em salários. Ou seja, se fosse uma instituição privada, estaria falida. O atual reitor, recém-empossado, Marco Antônio Zago, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, propõe medidas administrativas duras. Por exemplo, nenhum reajuste salarial este ano. O resultado foi a decretação de greve de professores, funcionários e alunos. A pior solução será se o Palácio dos Bandeirantes aceitar colocar mais dinheiro na universidade, sem qualquer contrapartida, ampliando a parcela dos cerca de 5% do ICMS do maior estado da Federação recebidos pela USP. Se a autonomia foi mal usada — no caso, pelo reitor anterior, João Grandino Rodas, da Faculdade de Direito (Largo de São Francisco) —, ela precisa ser exercida agora para a própria universidade fazer um ajuste.
Será um processo doloroso, pois o campus, nos últimos anos, foi politizado e partidarizado, com a atuação de grupos radicais e sindicatos. Entende-se, por este aspecto, a crise acadêmica da USP. Em ambientes como este, a meritocracia deixa de ter valor. A questão é saber se a autonomia como tem sido praticada é o melhor sistema de governança para instituições que vivem do dinheiro da contribuinte, ao qual precisam dar retorno na forma de conhecimento, pesquisas, e assim por diante. O momento da USP põe em debate o modelo de gestão das universidades públicas.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Professores e funcionários da USP, Unicamp e Unesp pretendem afundar de vez suas universidades

Professores e funcionários da USP, Unicamp e Unesp fazem paralisação

Sindicatos decidirão se categorias entram em greve em resposta à decisão de reitores de congelar salários neste ano

Veja.com, 21/05/2014
Universidade de São Paulo, Cidade Universitária
Universidade de São Paulo, Cidade Universitária (Marcos Santos/USP Imagens)
Professores e funcionários das universidades estaduais paulistas - Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) - decidiram suspender as atividades nesta quarta-feira em resposta à decisão dos reitores das três instituições de congelar os salários neste ano. Segundo as universidades, o comprometimento de orçamento com folha de pagamento atinge 94,47% na Unesp e 96,52% na Unicamp. Já na USP, o número atinge 105%: só nos três primeiros meses de 2014, a instituição desembolsou 250 milhões de reais de suas reservas financeiras para pagamentos a funcionários.
Na terça-feira, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, declarou após reunião com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) que a decisão de não aumentar os salários neste ano será mantida, e que só há possibilidade de revisão do congelamento de remunerações dentro de seis meses. O órgão volta a se reunir nesta quarta-feira para discutir o assunto.

Após o encontro dos reitores, os sindicatos das categorias planejam assembleia para debater a possibilidade de greve. Os sindicalistas pedem aumento de 9,78% para todos os servidores, o que corresponde à inflação e à reposição parcial de perdas salariais. Além dos funcionários, parte dos estudantes da USP também deve aderir à paralisação em protesto contra a redução de verba destinada à pesquisa.
As universidades estaduais têm autonomia financeira e recebem repasse anual de 9,57% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Assim, as transferências variam de acordo com a arrecadação estadual. Nos últimos anos, esses valores seguiram crescendo, mas em ritmo menor desde 2012.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A politica externa brasileira: uma visao critica - Bernardo Sorj (IEA-USP)


O discurso diplomático brasileiro, "que enfatiza as relações Sul-Sul, apresenta excessos retóricos e o sobreinvestimento na busca de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU é questionável e deveria ser mais amplamente discutido". O diagnóstico é do sociólogo Bernardo Sorj, em entrevista ao site do IEA. Sorj desenvolve no IEA o projeto "O Conflito no Oriente Médio: Alcances e Limites da Política Exterior do Brasil".
Boletim do Instituto de Estudos Avançados, USP (3/02/2014)

A política externa brasileira sob o olhar crítico de Bernardo Sorj

por Mauro Bellesa 
Bernardo Sorj
Boletim do Instituto de Estudos Avançados da USP, publicado 10/01/2014 

Bernardo Sorj, professor visitante
Nascido no Uruguai e naturalizado brasileiro, o sociólogo Bernardo Sorj tem interesse particular por temas ligados à América Latina. Diretor do Centro Edelstein de Pesquisa Social, voltado para o fortalecimento das democracias latino-americanas, atualmente ele se dedica também ao estudo "O Conflito no Oriente Médio: Alcances e Limites da Política Exterior do Brasil", projeto que está desenvolvendo como professor visitante do IEA.
Além de abranger esse foco de investigação dos últimos anos, a pesquisa guarda relação com sua formação acadêmica inicial: Sorj é graduado em história e sociologia pela Universidade de Haifa, Israel, onde também cursou o mestrado. É doutor pela Manchester University, Inglaterra, e pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, França.
Na seguinte entrevista, concedida à jornalista Flávia Dourado, o sociólogo, que é professor titular aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre o estudo que vem conduzindo no IEA, com foco na política externa brasileira durante o governo Lula. De acordo com ele, "o discurso que enfatiza as relações Sul-Sul apresenta excessos retóricos e o sobreinvestimento na busca de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU é questionável e deveria ser mais amplamente discutido".
Em seu projeto de pesquisa, o senhor diz que uma nova ordem internacional vem se estabelecendo, marcada pela multipolaridade, pelo aumento da autonomia de países em desenvolvimento e pela perda relativa da influência dos Estados Unidos no cenário global. Que fatores estão levando a essa mudança?
A nova ordem internacional, do ponto de vista geopolítico, se caracteriza pelo lugar central que os Estados Unidos ainda ocupam, único país com capacidade militar global. No entanto, esse poder militar não é infinito e os Estados Unidos precisam de aliados locais para assegurar sua hegemonia. Neste sentido, mais do que um mundo multipolar, trata-se de um mundo com hegemonia negociada, que exige uma maior flexibilidade na política exterior americana. No horizonte se perfila o surgimento de uma nova superpotência, a China, que no futuro poderá fazer frente aos Estados Unidos, embora ela enfrente uma situação muito complexa, rodeada de países com os quais tem problemas fronteiriços e rivalidades históricas. Um degrau atrás se encontram países que são centros de poder regional. Entre eles, vários países europeus e a Rússia — pelo seu poderio militar —, mas também a Índia, a Turquia e o Brasil. Do ponto de vista econômico, a multipolaridade é maior, e além dos polos representados pelos Estados Unidos e a Europa, a China passou a ocupar um lugar central, como principal parceiro comercial de um grande número de países.
Qual o lugar das "potências emergentes" como o Brasil nesse mundo multipolar?
O fim do comunismo aumentou a autonomia das elites locais, que deixaram de temer revoluções comunistas e não precisam mais do guarda-chuva dos Estados Unidos. Isso vale para todos os países latino-americanos. O Brasil, pelo seu peso territorial, demográfico e econômico, é o principal referente da política exterior na região, mas sua estratégia internacional ainda não chegou a se consolidar numa proposta coerente. Na América do Sul, o modelo econômico brasileiro, altamente protecionista, limita seu papel como atrator das economias vizinhas e sua capacidade de produzir cadeias industriais interligadas com a economia regional e global. O discurso que enfatiza as relações Sul-Sul apresenta excessos retóricos e o sobreinvestimento na busca de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU é questionável e deveria ser mais amplamente discutido.
O senhor fala na configuração de uma hegemonia negociada. Quais as implicações disso para a regulação da nova ordem internacional?
Como mencionei anteriormente, a hegemonia negociada é uma exigência crescente de um sistema internacional que não possui a clareza do período da guerra fria e onde a principal potência, os Estados Unidos, perdeu peso relativo. Nesse contexto, países com poder médio procuram ampliar suas áreas de influência e seu papel nos fóruns e instituições internacionais.
Sua pesquisa concentra-se na política exterior brasileira durante o governo Lula. Como o senhor caracteriza essa política e em que medida ela representou uma ruptura com a política anterior?
Chamar de ruptura seria um exagero, inclusive porque o governo Lula teve que lidar com novas realidades que inexistiam no período Fernando Henrique Cardoso, como a política exterior de Hugo Chávez e os Brics. No caso da política exterior bolivariana, o governo Lula soube navegar de forma adequada, freando suas iniciativas mais radicais e/ou canalizando-as no sentido de criação de instituições sem maiores poderes, como a Unasur ou o Conselho de Defesa Sul-Americano. A principal distinção do governo Lula foi a mudança no sentido de um discurso mais radical, denunciador do Norte, a explicitação de apoio a candidatos em eleições de países vizinhos — o que significou um rompimento com a tradição de respeito à soberania nacional de cada país —, a ênfase nas relações Sul-Sul e um distanciamento nos fóruns internacionais em relação à defesa dos direitos humanos, que foi revertida no governo Dilma.
Há continuidade dessa política externa no governo Dilma?
Em geral o governo Dilma manteve as linhas básicas da política externa do governo precedente, mas com um ativismo internacional pessoal muito menor e sem as declarações controversas que caracterizaram o presidente Lula.
A política externa do governo Lula foi marcada pela defesa da estratégia de cooperação Sul-Sul, ou seja, da aproximação com países em desenvolvimento, como os latino-americanos e os africanos. Quais foram as principais transformações nesse âmbito e que efeitos políticos e econômicos essa estratégia ocasionou?
As relações comerciais do Brasil com a América Latina não aumentaram durante o governo Lula e o Mercosul aprofundou sua crise, por causa das dificuldades da Argentina. Apesar da retórica integracionista, o principal fenômeno dos últimos anos foi a criação da Aliança para o Pacífico — da qual o Brasil não faz parte —, que  inclui o México, país que o Brasil marginalizou com sua ênfase na América do Sul. A suspensão do Paraguai quando da deposição do presidente Fernando Lugo ignorou os procedimentos definidos no tratado de Ushuaia. Parte dos investimentos do setor privado brasileiro na região, como o bancário, por exemplo, integram um processo natural de expansão de empresas na procura de novos mercados. A promoção de grandes empreiteiras em países vizinhos, como Bolívia e Equador, produziu duas crises quando os governos denunciaram as obras em construção. Os projetos de cooperação com a Venezuela na área energética não decolaram e ainda é cedo para avaliar a sensatez dos investimentos realizados por empresários brasileiros naquele país, que contaram com o apoio ativo do governo brasileiro. Na prática, o Brasil está enfrentando cada vez mais a concorrência de produtos chineses na região, e a elaboração de uma estratégia capaz de limitar os estragos ainda está por ser elaborada.
Durante o governo Lula, o Brasil reivindicou, sem sucesso, o ingresso no Conselho de Segurança da ONU. Como o senhor vê as perspectivas para que isso se concretize e quais seriam os principais benefícios para o país?
Durante muito tempo se argumentou que o principal empecilho para mudar a estrutura do Conselho de Segurança são os Estados Unidos, quando na prática o problema é mais complexo. A China não tem nenhum interesse nessa mudança, que levaria ao conselho países como o Japão e a Índia, com os quais mantém sérios contenciosos. Os gestos do Brasil para agradar a China na expectativa que ela apoiasse a demanda brasileira se mostraram infrutíferos. Pessoalmente, acredito que o Brasil não deveria investir tanto nesse tema, que ademais divide a América Latina, pois países como o México reivindicam que a vaga seja rotativa entre os países de região.
O objetivo central da sua pesquisa é analisar a atuação do Brasil na tentativa, com a Turquia, de negociação de um acordo em 2010 que resolvesse os impasses do programa nuclear iraniano. Como o senhor analisa aquela tentativa e o que ela representou para imagem do Brasil perante a opinião pública internacional?
Ainda não possuo os elementos para realizar uma avaliação ponderada. O quanto o passo em falso deveu-se a uma leitura errada dos sinais enviados pelos Estados Unidos e o quanto foi produto do açodamento da equipe que assessorou o presidente, isso ainda é uma questão em aberto. O resultado foi penoso para o Brasil, que entrou numa mesa para a qual não tinha cacife suficiente.
Qual sua opinião sobre o posicionamento do Brasil durante o governo Lula em relação à questão palestina?
A postura do governo Lula foi equilibrada, defendendo a criação de um Estado Palestino convivendo com o Estado de Israel.
E quanto às iniciativas comerciais brasileiras voltadas para os países árabes?
Com a Primavera Árabe, caíram vários governos com os quais o presidente Lula procurou se aproximar. O Brasil deverá reavaliar sua política em relação aos países árabes, procurando parceiros que apresentem maior estabilidade política, como o Marrocos, por exemplo.
Foto: Arquivo de Bernardo Sorj

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Economia da USP seleciona professores: almas academicas, animai-vos...

Estão abertas por 60 dias, a contar de 20/01/2014 (prazo final 21/03/2014), as inscrições para Professor Doutor no Departamento de Economia, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. 
As vagas estão distribuídas entre as seguintes áreas: 
Economia Brasileira e História Econômica Geral e do Brasil; Microeconomia; Macroeconomia e Desenvolvimento Econômico; Introdução à Economia e Economia Financeira.

Informamos, ainda, que estarão abertas de 03/02 a 18/02/2014 as inscrições para Livre Docente nas seguintes áreas do conhecimento:
Microeconomia; Macroeconomia; Teoria do Valor e História do Pensamento Econômico; Métodos Quantitativos; História Econômica Geral; Economia Internacional; Economia Agrícola; Economia do Trabalho; Economia Industrial – Organização Industrial; Economia do Setor Público – Finanças Públicas; Sociologia Econômica; Economia Regional e Urbana; Desenvolvimento Econômico e Social e Crescimento Econômico; Metodologia da
Economia; Economia Brasileira Contemporânea – Economia Brasileira; Formação Econômica e Social do Brasil; Economia dos Mercados de Capitais: Derivativos e Renda Fixa; Macroeconomia Keynesiana; Economia Institucional; História do Pensamento Econômico Recente; Tópicos em Economia Financeira e Economia Financeira.

Acesse o link http://www.fea.usp.br/feaecon/departamento.php?i=5 e leia os editais de abertura.
________________________________________________________________________
Estudos Econômicos (São Paulo)

domingo, 26 de janeiro de 2014

A USP, agora uma velha senhora, com algumas ideias emboloradas...

Provavelmente não pela parte propriamente científica, sempre vibrante, mas no que concerne as humanidades, acho que a Fefelech anda precisando de algum xarope que elimine todas aquelas coisas inuteis, praticamente podres, que andam dificultando a sua respiração.
Tendo sido aluno da dita cuja, posso confirmar que os ares por lá são dificilmente respiráveis, tanto da parte de alguns professores aloprados, quanto de alunos que já são dinossauros sem o saber.
Paulo Roberto de Almeida 

Os 80 anos da USP

25 de janeiro de 2014 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
Ao completar 80 anos, hoje, a Universidade de São Paulo (USP) precisa voltar às origens para compreender melhor seu papel no futuro. Não se trata de saudosismo e, sim, de reafirmar os princípios que nortearam a fundação dessa instituição que tão bem simboliza o potencial intelectual e científico brasileiro.
Para manter-se na vanguarda da produção nacional de conhecimento e ampliar sua internacionalização, a USP precisa resistir, a todo custo, ao apelo populista que visa a afrouxar suas exigências técnicas para facilitar o ingresso de estudantes. A inclusão social é decerto uma das missões da universidade, mas está longe de ser a única, tampouco a principal. Não é pelo número de alunos que se mede o sucesso de uma universidade e sua capacidade de influenciar os rumos do País e, sim, pelo seu grau de compromisso com os mais altos padrões científicos. Era essa excelência que os fundadores da USP tinham em mente em 25 de janeiro de 1934.
Até aqui, diga-se, a expansão da USP tem se dado em razão da ampliação de seus departamentos e da multiplicação de sua atuação. Mesmo assim, já há alguns anos se registra um desconfortável aumento da quantidade de alunos em relação ao número de professores. Há 20 anos, essa proporção era de 10 estudantes por professor; em 2012, chegou a quase 15. Ou seja: enquanto abria as portas para receber mais e mais alunos, a USP foi lenta em recompor seu quadro docente e de funcionários para atender a essa demanda, com prejuízo para o desempenho acadêmico.
O resultado é que os professores fazem longas jornadas - muitas vezes às voltas não com as exigências de sala de aula e, sim, com tarefas burocráticas que deveriam ser desempenhadas por funcionários - e mal conseguem realizar pesquisas ou atender seus alunos. A evasão da graduação, em torno de 25%, ilustra o problema.
Enquanto a graduação sofre com diversos entraves, no entanto, há empenho em produzir pesquisas de ponta, importantes o bastante para serem reconhecidas no exterior, em razão do estímulo das agências de fomento. Consolida-se assim um desequilíbrio entre os objetivos dos fundadores da USP - enquanto a produção de conhecimento novo se sofistica, prejudicam-se a formação de profissionais qualificados e a relação com a iniciativa privada.
Essa situação leva ao problema da identidade da USP. Há 80 anos, a universidade participou diretamente das mudanças econômicas de São Paulo, com reflexos nacionais, e sua estrutura cresceu proporcionalmente à sua importância. No entanto, permaneceu por muito tempo - e ainda hoje é assim - com uma administração excessivamente centralizada na Reitoria, algo que não condiz com o espraiamento das diversas atividades da universidade.
O debate sobre a descentralização na USP é antigo. Como se sabe, a universidade teve como eixo fundador a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, responsável por formar o corpo docente cuja tarefa era dar o salto cultural desejado por seus idealizadores, Julio de Mesquita Filho e Armando de Sales Oliveira. Sem experiência acadêmica para tal empreitada, os fundadores trouxeram professores estrangeiros, todos expoentes em suas áreas de atuação, que fizeram da Faculdade de Ciências e Letras o centro histórico do desenvolvimento da USP. No entanto, com o passar do tempo, as necessidades se diversificaram, com o surgimento de novos campos de pesquisa, tornando urgente a concessão de autonomia às instituições neles envolvidas.
Essa autonomia foi conquistada, ao longo de décadas, não sem ranger de dentes, mas o resultado é uma universidade mais dinâmica, com capacidade para enfrentar os desafios atuais do País. Falta ainda - conforme se espera do novo reitor, Marco Antonio Zago, que toma posse hoje - que a administração desse complexo acadêmico seja conduzida de modo a aliviar a brutal carga burocrática de seus processos decisórios.
Tudo isso deve ser feito, acrescente-se, sem transigir com modismos ou apelos demagógicos, tendo em vista que o objetivo da universidade é selecionar os alunos, professores e pesquisadores mais capazes e estimulá-los a cumprir a missão inscrita em sua história.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Curso de RI da USP seleciona professor doutor em Economia Internacional

CONCURSO PARA PROFESSOR DOUTOR EM ECONOMIA INTERNACIONAL

O Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo abriu concurso para a contratação de um Professor Doutor, em regime de dedicação integral, na área de Economia Internacional. O IRI é responsável pelo Bacharelado em Relações Internacionais e pela Pós-Graduação em Relações Internacionais (Mestrado e Doutorado). As inscrições serão recebidas de 21.01.2014 a 21.03.2014. Mais informações sobre a inscrição (prazos e documentação) podem ser obtidas em www.iri.usp.br, pelo e-mail: atac.iri@usp.br ou pelo telefone 11-3091-1899.


Edital e formulário de inscrição no site.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A USP aos setenta anos: uma velha senhora? - Shozo Motoyama (review-article)

Uma venerável, mas ainda jovem, senhora: a USP aos 70 anos

Paulo Roberto de Almeida

Resenha de:
Shozo Motoyama (org.):
USP 70 anos: Imagens de uma história vivida
(São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006, 704 p.; ISBN: 85-314-0953-5; demais autores: Ana Maria Pinho Leite Gordon, Edson Emanuel Simões, Fernando Camelier, Marilda Nagamini, Pedro de Luna e Renato Teixeira Vargas)

A USP é, inquestionavelmente, a única universidade brasileira em condições de figurar em boa posição nas listas das melhores universidades do mundo. Segundo um tipo de classificação (da universidade Shanghai Jiao Tong, da China), ela ocupa o 71º lugar no ranking das universidades das Américas, mas duplica esse número quando inserida em uma lista mundial. Trata-se, sem dúvida, de um ótimo desempenho no plano regional e internacional, ainda que ela figure entre as universidades “médias” americanas. A USP é, em todo caso, responsável por pelo menos um quarto da produção científica brasileira, por mais de um quarto dos doutores formados anualmente e por quase um quinto do volume de mestrandos titulados.
Pode-se, em qualquer hipótese, considerar estes números como um resultado mais do que significativo para uma instituição universitária que recém completou setenta anos, se aproximando, portanto, da idade média do brasileiro. Sua “esperança de vida” era, porém, incerta, quando foi criada em 1934, na vaga de um notável esforço dispendido pelas elites paulistas para compensar o fato da derrota e da intervenção federal como conseqüência da derrota imposta na revolução constitucionalista de 1932. Naquela momento, a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras teve de se fazer com base na importação de cérebros (e braços), à falta de capital humano em volume suficiente para sustentar as atividades de ensino, de pesquisa e de disseminação do conhecimento na sociedade, como estipulavam os dispositivos do decreto que a criou. Como relatam alguns entrevistados, no início ela carecia dos mais simples equipamentos, devendo os alunos e professores trazer de casa, por exemplo, vidros e tubos para suas experiências. Com o surgimento das instituições de fomento e pesquisa, nos níveis federal e estadual, ela pôde se firmar e crescer ao que é, hoje, uma instituição exemplar.
Este livro, coordenado por Shozo Motoyama, incansável pesquisador e divulgador da história das ciências e da tecnologia no Brasil, publicado no momento em que essa venerável senhora completa 70 anos, apresenta-se, basicamente, como uma coletânea de entrevistas e depoimentos, colhidos entre 2004 e 2005. Trata-se da segunda e mais importante parte do volume: ela ocupa cerca de 500 páginas de entrevistas, em meio a dezenas de fotos, constituindo um pesado álbum, cuja “massa atômica” é provavelmente proporcional à contribuição da USP à formação do espírito científico no Brasil. São entrevistados oito ex-reitores (de Miguel Reale, no cargo duas vezes, em 1949-50 e 1969-73, a Adolpho José Melphi, que terminou sua gestão em novembro de 2005), vários vice-reitores e os pró-reitores de graduação, de pós-graduação, de pesquisa e de cultura e extensão nas últimas décadas, num total de 32 personalidades uspianas. O critério seletivo foi o desempenho de cargos depois da reforma dos Estatutos da USP, em 1989, estendendo-se, porém, as entrevistas com os reitores vivos antes desse período.
Das entrevistas e posterior organização do material para o livro participaram seis outros pesquisadores, a maior parte colaboradores veteranos de outros empreendimentos do Centro Interunidade de História da Ciência da USP. Esta parte interessará certamente aos pesquisadores e historiadores que retirarão desses depoimentos um precioso material para reconstituir a trajetória da mais bem sucedida instituição universitária brasileira. Mas, as entrevistas também podem ser lidas como uma história coletiva, com saborosas passagens sobre a vida pessoal de cada um dos professores e pesquisadores, grande parte deles filhos de imigrantes pobres, que tiveram sucesso graças a um extraordinário esforço pessoal e familiar, às oportunidades abertas pelo estado empreendedor que é São Paulo e, certamente, alguma sorte também. Os itinerários pessoais, relatados de viva voz (na maior parte dos casos pela primeira vez), são fascinantes e mereceriam, provavelmente, aprofundamentos em livros de memórias de cada um dos protagonistas. A leitura desses relatos confirma, se ainda preciso fosse, que a maior riqueza de uma nação está em seu próprio povo, que também faz a força de uma instituição de pesquisa e ensino de primeira qualidade como a USP.
A primeira parte trata da história da USP e esta vai muito além dos setenta anos de sua existência oficial, alcançando perto de 180 anos da vida nacional, desde a primeira faculdade de direito criada em São Paulo em 1827. A introdução, assinada por Shozo Motoyama, começa por um sobrevôo do papel da universidade na sociedade moderna, refaz sua difícil trajetória no Brasil, detendo-se, em seguida, sobre a inserção da USP na história econômica, científica e política nacional. A USP foi constituída a partir de escolas e faculdades isoladas, juntamente com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que deveria fazer a junção das entidades existentes: a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a Escola Politécnica (do final do século XIX), a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Farmácia e Odontologia e a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, de Piracicaba. Foram contratados, ainda em 1934, 13 professores estrangeiros e mais quatro brasileiros para a nova FFCL, cuja luta se deu, durante anos, pela sua integração com os institutos isolados, cuja perspectiva era bem mais profissionalizante do que propriamente acadêmica. Segundo um desses mestres estrangeiros, Lévy-Strauss, o papel mais importante deles não foi propriamente o ensino, mas a disciplina: os brasileiros já eram muito bons, mas indisciplinados cientificamente.
Criada em 1934, apenas dez anos depois ela se torna, de fato, um ente autônomo, sob a forma de autarquia, passando a receber do Estado uma dotação orçamentária global, que ela administrava livremente, à exceção dos vencimentos dos professores. Graças ao papel de Miguel Reale no Conselho Administrativo do Estado – órgão de intervenção do Estado Novo –, o Reitor da USP passou a ter status de secretário de Estado, passando a despachar diretamente com o chefe do executivo paulista. Como demonstra Motoyama, a USP foi internacionalizada desde o início, não apenas pela contribuição de professores e pesquisadores estrangeiros, mas também pelo envio precoce de seus melhores alunos para continuarem pesquisas no exterior, numa época em que eram inexistentes as instituições de fomento. O regime de tempo integral, criado em 1946 sob iniciativa de José Reis, foi essencial para a integração do ensino e da pesquisa.
A USP acompanhou todas as vissicitudes da história política nacional desde os anos de crescimento otimista, na era Vargas e Kubitschek, passando pelo cerceamento do pensamento contestador, nos anos da ditadura, até o renascimento democrático, em 1985, que trouxe outros problemas de ordem econômica e administrativa. Alguns dos cientistas expulsos durante a fase anterior voltaram e propuseram a criação do Instituto de Estudos Avançados, durante a reitoria de José Goldemberg. Paralelamente surgiu o Centro Interunidade de História da Ciência, que veio a ter importante papel na memória da produção científica e tecnológica brasileira, cujo trabalho está refletido neste mesmo volume de história. A nova constituição, em 1988, determinou a revisão das constituições estaduais e, no mesmo movimento, a elaboração de novos estatutos para a USP, já que o existentes, de 1969, refletiam o autoritarismo vigente na época. Data dessa época, a criação dos cargos de pró-reitores, que se por um lado burocratizaram os procedimentos, por outro descentralizaram as atividades, o que parece ter sido positivo. Mais recentemente, a USP caminhou no sentido de sua maior integração com a comunidade, tendo inaugurado, em 2005, um novo campus na cidade de São Paulo, a USP-Leste, com expansão das vagas e abertura de novos cursos, inovadores.
O núcleo da primeira parte é constituído por três capítulos, nos quais os autores tratam, sucessivamente, do “longo antecedente” (ou seja, o percurso de 1827 a 1934), da “construção da universidade” (dos anos trinta à repressão sob a ditadura, em 1969) e da “universidade resistente”, isto é, os vinte anos até 1989, quando são aprovados os novos estatutos. A história posterior está relativamente fragmentada e dispersa nos depoimentos recolhidos e deve constituir a base indispensável de uma história institucional a partir de 1989, talvez sob responsabilidade dos mesmos autores que tão bem conduziram a coleta do material primário. Esses três longos capítulos, apoiados em fontes documentais e em sólida bibliografia secundária, constituem um belo racconto storico sobre a emergência e afirmação da USP, no contexto mais amplo da história brasileira e da evolução científica e tecnológica mundial.
História institucional não quer necessariamente dizer desprovida de avaliações: ao lado do relato das ações e iniciativas dos reitores, a história politica e econômica do país é seguida com bastante detalhe. Alguns episódios são particularmente dolorosos na vida da USP, como as cassações de professores ocorridas depois do AI-5, de dezembro de 1968: ao todo, no decorrer de 1969, foram afastados 70 profesores de várias unidades da USP. A trajetória de resistência e de acomodação ao regime autoritário é relatada com minúcias, paralelamente ao relato da gestão de cada um dos reitores, até a administração de José Goldemberg (1986-1990), que preside a uma fase de intensas reformas, com mudanças substanciais no campo institucional, até hoje subsistentes. Sua maior vitória, com as demais universidades paulistas, foi a conquista da autonomia orçamentária, com a destinação vinculada de parte da arrecadação do imposto indireto estadual, o ICMS. Outra iniciativa sua, altamente controversa à época, foi a introdução da avaliação dos professores, objeto de grandes debates, hoje corriqueira e responsável, na verdade, pelo enorme salto alcançado na produção científica e tecnológica da USP.
No conjunto, os ensaios históricos dos sete autores, cobrindo praticamente toda a história educacional brasileira até 1989, bem como os depoimentos tomados das três dezenas de personalidades, sob a coordenação de Shozo Motoyama, e que alcançam os nossos dias, constituem o mais amplo relato que se conhece, no cenário universitário brasileiro, sobre uma instituição exemplar de ensino e pesquisa, verdadeiramente única em sua categoria pela qualidade da produção científica, dentre as melhores do mundo. O livro combina história oral com a reconstituição cuidadosa do processo histórico que explica as razões desse sucesso acadêmico e científico. Ele deveria servir de modelo a diversas outras histórias institucionais das grandes instituições de ensino no Brasil.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 novembro 2006

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Brasil: universidades padrao companheiros? A queda da USP era esperada- Editorial Estadao

A USP sai da elite mundial

Editorial/OESP/08out13
Dois anos depois de ter ficado entre as 200 melhores universidades do mundo, no levantamento comparativo que a Times Higher Education vem realizando desde 2004, a USP despencou no ranking. Em 2012, a instituição foi classificada no 158.º lugar. Na pesquisa de 2013, ela figura entre as 226 e 250 melhores (o estudo não revela a posição de cada universidade depois do 200.º lugar).
A segunda melhor instituição brasileira no ranking - a Unicamp - nem sequer aparece entre as 300 primeiras. A classificação leva em conta o orçamento de cada universidade, o nível de ensino, a reputação do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, a quantidade de pesquisas e o volume de receitas delas decorrente, citações de artigos em periódicos de prestígio mundial, a influência das pesquisas na inovação industrial e o grau de internacionalização. Para o ranking de 2013, a Times Higher Education entrevistou mais de 10 mil acadêmicos e analisou cerca de 50 milhões de menções em revistas científicas.
Dos países que tinham ao menos uma universidade entre as 200 melhores nas edições anteriores da Times Higher Education, o Brasil é o único que não está mais na lista. No levantamento de 2013, há 26 nações com universidades bem avaliadas - e nenhuma delas é da América Latina. Os Estados Unidos, com 77 instituições, lideram o ranking, seguidos do Reino Unido, com 31. Apesar das dificuldades financeiras e políticas por que passam, Espanha e Turquia entraram para o grupo de elite.
Para os especialistas em educação, a saída do Brasil da elite universitária mundial afetará negativamente a imagem externa do País. "Com seu tamanho e poder econômico, o Brasil precisa de universidades competitivas internacionalmente. É um golpe perder a única entre as 200 no topo do ranking", diz o editor da Times Higher Education, Phil Baty. "Um país do porte do Brasil precisa ter mais universidades de nível global para o crescimento com base em inovação científica", afirma a especialista que analisou o sistema educacional brasileiro, Elizabeth Gibney.
A queda da USP no ranking da Times Higher Education se deve a vários fatores. A instituição apresenta problemas na proporção entre doutores e alunos da graduação. Tem um número baixo de doutorados premiados por mérito acadêmico. E o desempenho nos indicadores de reputação internacional caiu, apesar dos programas de internacionalização adotados pela instituição. A reputação é medida por questionários enviados a milhares de acadêmicos em todo o mundo.
Segundo os especialistas, se os professores e pesquisadores da USP e das demais universidades brasileiras publicassem mais artigos em revistas internacionais com conselho de arbitragem, a imagem melhoraria. Nos últimos anos, nossas universidades aumentaram a produção de artigos, em termos absolutos, mas a qualidade - medida pelo total de citações nos periódicos mais respeitados - deixa a desejar. Além disso, as atividades de intercâmbio internacional de nossas instituições de ensino superior são muito baixas - só nos últimos dois anos é que o País ampliou seus investimentos na área, com a criação do Ciência sem Fronteiras. E, mesmo assim, muitos bolsistas desse programa não têm o domínio de outros idiomas, o que compromete seu aprendizado numa instituição estrangeira. O inglês é apontado como um dos principais obstáculos para pesquisadores brasileiros em trabalhos e publicações científicas no exterior.
Uma parte dos problemas que afligem nossas universidades resulta de dificuldades burocráticas e falta de foco na definição de prioridades. Outra parte resulta do viés ideológico das autoridades educacionais - desde a ascensão do PT ao poder, elas desqualificam os órgãos responsáveis pelos levantamentos comparativos e insistem em aumentar a quantidade de universidades federais, abrindo campi onde não há demanda, admitindo alunos antes de existirem instalações adequadas, criando cursos noturnos sem preocupação com a qualidade e aumentando os custos do ensino superior sem modificar seus objetivos e formas de atuação.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Shanghai Ranking das top universities: onde estão as brasileiras?

Consolem-se: ainda dá para melhorar, não exatamente com a ajuda das Humanidades, que no Brasil parecem estar recuando para desumanidades...
Paulo Roberto de Almeida

Acabo de receber, da ShanghaiRanking Consultancy & Center for World-Class Universities at SJTU esta mensagem:

Academic Ranking of World Universities 2013 Press Release
Shanghai, People's Republic of China
Thursday, August 15, 2013

The 2013 Academic Ranking of World Universities (ARWU) is released today by the Center for World-Class Universities at Shanghai Jiao Tong University. Starting from a decade ago, ARWU has been presenting the world Top 500 universities annually based on transparent methodology and reliable data. It has been recognized as the precursor of global university rankings and the most trustworthy one.
Harvard University continues to take the first place in the 2013 list. The Top 10 universities are: Harvard, Stanford, Berkeley, MIT, Cambridge, Caltech, Princeton, Columbia, Chicago and Oxford. In Continental Europe, ETH Zurich (20th) in Switzerland takes first place and it becomes the first university in this region listed among the world Top 20 in the history of ARWU. Pierre & Marie Curie (37th) in France overtakes Paris-Sud (39th) as the second best university in Continental Europe. The best ranked universities in the Asia-Pacific region are the University of Tokyo (21st) and Kyoto University (26th) in Japan, and the University of Melbourne (56th) in Australia.

Escusado dizer, nenhuma brasileira está entre as 50 primeiras do mundo.
Vamos ter de buscar aqui:

The complete lists and detailed methodologies can be found at the Academic Ranking of World Universities website at: http://www.ShanghaiRanking.com/

Bem, o Brasil só aparece depois das cem primeiras, assim:
101-150University of Sao Paulo
Na verdade, todas as cinquenta depois do cem, vêm agrupadas, sendo a última das cem primeiras é esta aqui:
100University of Freiburg
A USP aparece no 146. lugar, mais exatamente. Outras brasileiras são: a UFMG, em 314. lugar, e a UFRJ, logo em seguida, em 315. lugar. A Unesp só aparece no lugar 146 e a Unicamp em 349. lugar.


Estas são as 50 primeiras, para quem deseja se habilitar:
1Harvard University
1
100
100
2Stanford University
2
72.6
40
3University of California, Berkeley
3
71.3
67.8
4Massachusetts Institute of Technology (MIT)
4
71.1
68
5University of Cambridge
1
69.6
79.1
6California Institute of Technology
5
62.9
47.8
7Princeton University
6
61.9
52.9
8Columbia University
7
59.8
66.1
9University of Chicago
8
57.1
60.9
10University of Oxford
2
55.9
51.8
11Yale University
9
55.4
47.5
12University of California, Los Angeles
10
52.9
27.3
13Cornell University
11
50
38.2
14University of California, San Diego
12
49.9
20
15University of Pennsylvania
13
49.6
33
16University of Washington
14
48.3
22
17The Johns Hopkins University
15
46.9
39.3
18University of California, San Francisco
16
46.2
0
19University of Wisconsin - Madison
17
44.9
32.1
20Swiss Federal Institute of Technology Zurich
1
43.5
30.7
21The University of Tokyo
1
43
32.1
21University College London
3
43
29.3
23University of Michigan - Ann Arbor
18
42.6
33.4
24The Imperial College of Science, Technology and Medicine
4
41.6
15.1
25University of Illinois at Urbana-Champaign
19
41.1
31.2
26Kyoto University
2
40.8
30.7
27New York University
20
40.5
29.3
28University of Toronto
1
40.3
20.7
29University of Minnesota, Twin Cities
21
39.7
27.3
30Northwestern University
22
38.9
16
31Duke University
23
38.1
16
32Washington University in St. Louis
24
37.5
19.3
33University of Colorado at Boulder
25
37.3
13.1
34Rockefeller University
26
37.1
17.7
35University of California, Santa Barbara
27
35.9
15.1
36The University of Texas at Austin
28
35.4
16.9
37Pierre and Marie Curie University - Paris 6
1
35.3
35.1
38University of Maryland, College Park
29
34.7
20
39University of Paris Sud (Paris 11)
2
34.5
31.6
40University of British Columbia
2
34.2
16
41The University of Manchester
5
34
19.3
42University of Copenhagen
1
33.8
22.7
43University of North Carolina at Chapel Hill
30
33.7
9.3
44Karolinska Institute
1
32.7
23.3
45University of California, Irvine
31
32.4
0
46The University of Texas Southwestern Medical Center at Dallas
32
31.4
19.3
47University of California, Davis
33
31.3
0
47University of Southern California
33
31.3
0
49Vanderbilt University
35
31
16
50Technical University Munich
1
30.6
36.3