Ernesto Araújo é cobrado em reunião no Alvorada: ‘Itamaraty precisa funcionar’, diz Lira
Valor Econômico | 24/3/2021, 12h04
Sob pressão política crescente, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi cobrado de forma contundente na reunião realizada nesta quinta-feira, no Palácio do Alvorada, para definir a montagem de um comitê de crise contra a pandemia. Segundo apurou o Valor, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse ao chanceler que o Itamaraty “precisa funcionar”.
Lira se referia à tímida atuação da diplomacia brasileira na busca por vacinas pelo mundo. De acordo com participantes da reunião, Araújo foi chamado pelo primeiro nome em duas ocasiões, demonstrou um certo desconforto com a reprimenda e deixou o encontro pouco tempo depois. Ainda nesta quarta-feira, ele é aguardado em audiências virtuais na Câmara e no Senado, ontem também deve ouvir questionamentos.
A cobrança pública durante a reunião só reforçou a percepção de que Araújo está na linha de tiro. Como o titular da Saúde, Marcelo Queiroga, acabou de assumir, o do Itamaraty acabou sendo o principal alvo no encontro entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o presidente do Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o ministro do TCU, Bruno Dantas, e sete governadores: Ratinho Junior (PR), Romeu Zema (MG), Claudio Castro (RJ), Ronaldo Caiado (GO), Renan Calheiros Filho (AL), Wilson Lima (AM) e Marcos Rocha (RO), além dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Fernando Azevedo (Defesa), Augusto Heleno (GSI) e José Levi (AGU).
Mais enfático da reunião, o presidente da Câmara disse que é preciso "correr uma maratona com a velocidade de uma prova de 100 metros". Lira pediu ao governo maior transparência com as informações sobre as vacinas e um levantamento diário sobre os estoques de imunizante e de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA).
Ele afirmou que a Câmara irá votar um projeto de lei para permitir que o setor privado compre cerca de 2 mil leitos de UTI e que, para isso, haja abatimento no Imposto de Renda. Também falou em alteração da lei para que as empresas possam vacinas funcionários e familiares de funcionários.
Confirmado oficialmente no cargo ontem, Queiroga falou na criação de uma secretaria específica para tratar da covid-19. Também defendeu uma aproximação maior da pasta com as comunidades científicas e a ampliação da telemedicina.
Dantas, do TCU, pediu uma definição mais clara das metas e prazos do governo, objetivos mais claros e maior transparência na forma pela qual as políticas serão implementadas.
Fux sugeriu um controle prévio dos atos do comitê de crise, e o procurador-geral Aras defendeu maior centralidade nas decisões relativas à pandemia.
Os presentes receberam uma tabela com o cronograma atualizado para a entrega de vacinas. O documento aponta mais 38 milhões de doses até o final de março; 47,3 milhões até o final de abril e outras 47 milhões até o final de maio.
Ernesto Araújo nega que vá sair do Itamaraty e afirma que relações com China vão muito bem
Yahoo Notícias | 24/3/2021, 16h02
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, negou, nesta quarta-feira, que vá deixar o cargo, ao participar de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Araújo assegurou que as relações do Brasil com a China jamais foram abaladas pelos atritos que teve com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. Para o ministro, o diplomata asiático teve uma reação desproporcional, ao rebater declarações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)em relação a Pequim.
— Em relação a declarações de ex-ministros e comentários de jornalistas, só queria citar, acho que li em algum lugar, que "o opróbio dos ímpios enaltece o homem tanto quanto o louvor dos justos". Quando quero ser bem informado, não leio o que diz a imprensa — afirmou, em referência às notícias de que crescem as pressões para que o presidente Jair Bolsonaro troque o comando do Itamaraty.
— A grande tradição do Itamaraty é saber renovar-se. Na minha interpretação e do presidente da República, era o momento de inovar o Itamaraty, de inovar a diplomacia brasileira. Isso que tentamos fazer e estamos obtendo resultados — completou.
Araújo disse que o Brasil mantém boas relações com os Estados Unidos, a Índia, a China e outros países. Cobrado pelos deputados da oposição que participaram da audiência pública, por causa dos problemas entre o Itamaraty e Yang Wanming, o ministro disse que, hoje, o embaixador chinês tem sido "bastante colaborativo".
Em duas ocasiões, em março e novembro do ano passado, o embaixador da China exigiu retratação do governo brasileiro, devido a declarações do filho do presidente. Na primeira vez, Eduardo Bolsonaro colocou em xeque a transparência de Pequim na divulgação de dados sobre a Covid-19. Em novembro, o filho do presidente insinuou que haveria espionagem no Brasil pelo Partido Comunista da China se o governo brasileiro permitisse a participação da empresa chinesa Huawei nos serviços de 5G de telefonia móvel. Ernesto Araújo reagiu duramente às respostas do embaixador.
— O embaixador da China reagiu de forma desproporcional. Retuitou [compartilhou no Twitter] uma reportagem ofendendo o presidente da República e sua família em março do ano passado. Em novembro, o embaixador falava em tom ameaçador. Hoje, temos uma relação melhor com a China do que qualquer outro país do mundo — afirmou, acrescentando que o embaixador se achou no direito de questionar a liberdade de expressão de personalidades brasileiras.
O chanceler leu um trecho de uma carta enviada a ele pelo chanceler chinês, Wang Yi, em resposta ao pedido de ajuda do governo brasileiro para que fossem liberadas mais rapidamente as exportações de insumos para a fabricação de vacinas para o Brasil. No documento, Wang Yi disse que as autoridades de seu país fariam o possível para ajudar o país.
Durante meses, em 2020, Bolsonaro criticou a China e a vacina do laboratório chinês Sinovac, que vem sendo produzida pelo Instituto Butantan e representa hoje a ampla maioria das doses aplicadas no país.
https://br.financas.yahoo.com/noticias/ernesto-ara%C3%BAjo-nega-que-v%C3%A1-190226814.html
Após 300 mil mortes, Araújo elogia trabalho de Pazuello: “Magnífico”
Ministro das Relações Exteriores participa de sessão no Senado Federal para discutir aquisição de vacinas contra a Covid-19
Metrópoles | 24/3/2021, 17h07
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, elogiou nesta quarta-feira (24/3), em sessão remota do Senado Federal, o trabalho do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello no combate à pandemia do novo coronavírus. “Trabalho magnífico”, resumiu o chanceler.
Ernesto Araújo iniciou sua fala ressaltando o “maravilhoso clima” da reunião entre o governo federal e demais poderes realizada na manhã desta quarta. No encontro, ficou definida a criação de um comitê nacional de enfrentamento à pandemia. “Maravilhoso clima que vivemos hoje nessa reunião desta manhã”, disse.
De acordo com o chanceler, os esforços do governo federal “permitem a vacinação da totalidade da população brasileira até o fim do ano”. “Já existe o planejamento, que é resultado de uma estratégia que começou a ser montada no ano passado. Ministro Eduardo Pazuello realizou trabalho magnífico na montagem dessa estratégia”, defendeu.
O ministro defendeu que o país já obteve, com governos estrangeiros, mais de 30 milhões de doses para aplicação, das quais 14 milhões de imunizantes já foram aplicados. Do total, são 25 milhões de unidades Covaxx e cinco milhões da AstraZeneca, conforme informado por Araújo.
“Desses cinco milhões, quatro chegaram de duas levas da Índia e um milhão foi produzido pela Fiocruz a partir do ingrediente farmacêutico ativo importado da China”, explicou o ministro, afirmando que o IFA importado será usado na produção de outras duas milhões de doses.
Ele negou que o processo de produção de imunizantes no Brasil sofra de retaliações externas e falta de insumos. “Nenhuma questão política está impedindo nenhum tipo de importação, seja de vacinas, seja de insumos”, enfatizou.
Chanceler pressionado
Na abertura da reunião de debates temáticos, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), questionou a atuação da pasta chefiada por Araújo na aquisição de vacinas.
“O fornecimento das vacinas no Brasil está aquém do esperado. [A escassez de imunizantes] Nos colocou em situação de extrema vulnerabilidade”, disse.
Pacheco afirmou que a Casa estará disposta a participar de “todos os esforços no sentido de buscar soluções para o enfrentamento do difícil momento que o país apresenta”. Segundo o presidente, o país enfrenta cenário caótico e “de sofrimento”.
Pacheco também mandou um recado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Presidente da República não pode se furtar a esta obrigação nacional republicana e constitucional de conduzir os destinos da nação de grave crise social, política, econômica e sobretudo humanitária.”
Na Câmara
Na Câmara dos Deputados, o chanceler afirmou, mais cedo, que conversa com os Estados Unidos para a aquisição de excedentes da vacina contra a Covid-19 e de “kit intubação”, sem dar detalhes sobre negociações ou eventuais prazos de recebimento.
O movimento de Araújo ocorre após alguns atores brasileiros articularem com norte-americanos para adquirir imunizantes.
O presidente Joe Biden anunciou que doaria os excedentes após imunizar a população do país. “Há boa perspectiva de que tenhamos isso [insumos de intubação e máquinas de oxigênios] proximamente. Também há perspectiva de que tenhamos vacinas dos EUA, mas isso pode demorar por causa dos excedentes”, afirmou Araújo, durante reunião na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
Na última semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez aceno a Biden, em entrevista à CNN, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), enviou carta à vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, por excedentes de vacinas.