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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Putin continua sua campanha terrorista contra a Ucrânia: o mundo assiste impassivelmente? - Notícia e Paulo Roberto de Almeida

Putin continua sua campanha terrorista contra a Ucrânia: o mundo assiste impassivelmente?

Notícia e Paulo Roberto de Almeida  

Primeiro a notícia:

“Update: Centerenergo loses 100% of generation capacity after Russian attack on Kyiv Oblast plant.

Ukraine's state energy company Centerenergo lost 100% of its generation capacity after the April 11 strike that destroyed the Trypillia Thermal Power Plant in Ukrainka, Kyiv Oblast, the company said.”

Agora meu comentário:

Se isso não é um Estado terrorista, o que seria? Impossibilitado de conquistar militarmente a Ucrânia como pretendeu fazer desde fevereiro de 2022, o tirano de Moscou continua em sua campanha terrorista de destruir sistematicamente a infraestrutura do país e a atacar indiscriminadamente alvos civis, matando o maior número possível de civis. 

 A Ucrânia precisaria dispor de maiores meios de defesa antimísseis, o que só os países ocidentais poderiam fornecer. A outra maneira de contra-arrestar a continuidade desse tipo de massacre sistemático seria estrangular economicamente a Rússia, para impedi-la de prosseguir em sua campanha terrorista. Contra tiranos não funcionam apelos de paz ou negociações diplomáticas: as únicas maneiras são uma força maior ou o constrangimento de sanções paralisantes.

Lideranças esclarecidas do Sul Global poderiam tomar essa iniciativa. Mas onde estão as lideranças democráticas desse fantasmagórico Sul Global? O presidente do Brasil, que pretende ser uma das lideranças dessa diáfano Sul Global, poderia se prestar a esse papel, se não fosse totalmente indiferente aos sofrimentos do povo ucraniano e se não estivesse totalmente comprometido com seu projeto de constituir uma aliança antiocidental em prol de uma fantástica “nova ordem global”, supostamente “multipolar” (o que é uma redundância absoluta), cuja principal característica é a de ter à sua frente duas grandes autocracias voltadas para o objetivo maior de retirar os EUA de sua atual condição hegemônica. 

Esta é, expressa e deliberadamente, a meta da atual política externa brasileira, a pretexto de criar uma ordem global “mais democrática” desde que “multipolar”, como se a ordem de Bretton Woods, caracteristicamente ocidental (pois que baseada em democracias de mercado e em DH e em vários outros princípios iluministas) fosse contrária ou nefasta aos interesses nacionais brasileiros de crescimento econômico com desenvolvimento social, num regime político de plenas liberdades democráticas, como se tal existisse na “ordem global alternativa” prometida pelas duas grandes autocracias da atualidade. É esse projeto insano de colocar a diplomacia do Brasil como caudatária de dois regimes autoritários que move a postura de Lula e seus apparatchiks do PT. 

Eu me pergunto o que passaria pela cabeça de meus colegas diplomatas — a maior parte sendo formada por pessoas esclarecidas, de formação humanista e de índole democrática— ao serem levados a colaborar passivamente com tal tipo de projeto, em tudo e por tudo profundamente contrário e prejudicial aos interesses nacionais brasileiros e violentamente oposto a qualquer sentido humanitário e democrático que eles possam exibir individualmente. 

Pessoalmente, sinto-me profundamente consternado ao assistir a tal DEGRADAÇÃO dos princípios e valores de nossas tradições diplomáticas e até opostos às cláusulas constitucionais de relações internacionais, tal como inscritas no Art. 4 da Carta Magna.

Assim como se faz na carreira médica, em relação ao compromisso hipocrático de “salvaguardar a vida humana”, na carreira diplomática deveria haver o compromisso de defender os princípios constitucionais pelos quais a geração anterior batalhou desde a resistência contra o regime ditatorial que prevaleceu no Brasil dos anos 1960 aos 80. Seria o mínimo a esperar de diplomatas dotadas de alguma consciência humanista. O atual projeto diplomático do partido no poder é antidemocrático e contrário aos interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11 de abril de 2024