A presidente, na Alemanha, se referiu ao tsunami de dinheiro, ou seja, a pletora de recursos financeiros, que estariam, segundo ela, afluindo para o Brasil e causando uma indevida valorização do real.
Daí o governo ser obrigado a tomar medidas de taxação de "aplicações especulativas", de controle de capitais, e ameaçar com "outras medidas cambiais", como sempre aventa certo ministro confuso da área econômica.
Abaixo vou postar um texto extremamente crítico do economista Kleber Pires, que fica, como eu, absolutamente estupefato com o festival de bobagens que costuma emanar de certos meios, que possuem um conhecimento precário de economia, e estão sempre buscando bodes expiatórios nos outros, sobretudo nos estrangeiros, em lugar de olhar para o próprio rabo, e corrigir as mazelas internas do Brasil.
Só vou fazer uma pergunta singela, dessas bem idiotas, para idiotas, e não preciso de nenhuma resposta:
Se os juros no Brasil estivessem sendo arbitrados pelo mercado, como diversos outros preços básicos da economia, em lugar de serem fixados administrativamente pelo governo, e se o governo não se esforçasse tanto para captar recursos privados, os juros seriam tão altos quanto são atualmente?
Pronto, não precisa responder, e não espero um tsunami de comentários disparatados...
Paulo Roberto de Almeida
Por Klauber Cristofen Pires
Libertatum, 08 Mar 2012 11:17 AM PST
Ao ter usado da expressão de efeitocom bons resultados políticos – o tsunami de dólares - DilmaRoussef deve ter dado uma piscadela e um sorrisinho de esgueira àsua colega alemã...
As recentes reclamações junto àchanceler alemã Angela Merkel de que o Brasil está sofrendo umtsunami de moeda estrangeira, proferidas pela “presidenta” DilmaRoussef, e depois papagaiadas para a mídia pelo restante de suaequipe econômica remeteram minha memória quase como queautomaticamente a outro momento histórico semelhante, para ser maispreciso, em 1999, em que os protagonistas no governo eram o entãopresidente Fernando Henrique Cardoso e seu ministro da Fazenda, PedroMalan.
Naquele ano, o Brasil encontrava-seextremamente dependente de recursos externos para fazer face à suagigantesca dívida pública interna e externa, de modo que decretouum aumento da taxa básica de juros para a estratosférica marca de45%! E lá se via o Sr Pedro Malan, com a cara brilhando de tantoóleo de peroba: “- esta medida é uma resposta para osespeculadores!”
Se é incrível como a linguagem políticaconsegue inverter a fama do mocinho e do bandido, mais fantásticoainda é não aprendermos nada com nossa própria e sofrida história.Afirmo isto porque praticamente nada encontrei na imprensa quedesmascarasse tamanho ato de lesa-pátria, qual seja, o enganocoletivo a que o governo submete a nação neste campo. Pelocontrário, esta age como um alegre cachorrinho a correr serelepepara buscar os releases que o governo atira quais fossembiscoitos ou suas bolinhas de estimação.
Muita gente leiga e honesta deve estarpensando como a entrada de moeda no país pode nos fazer mal, e muitagente leiga e desonesta deve estar repetindo as besteiras que assistenos telejornais para seus amigos como se conhecedor do assunto fosse. Vamos as fatos, de forma simples, para que qualquer pessoa entenda:a verdade é somente uma: o governo brasileiro oferece taxas de jurosmuito maiores do que as praticadas por países de economia maissadia, de modo que se torna atrativo emprestar-lhe dinheiro. Emoutras palavras, o governo brasileiro está difamando justamenteaqueles que lhes dão crédito.
Agora, leitor, responda: se um indivíduoque está atolado até o pescoço de dívidas por ter se entregado aojogo de azar se dirige até o agiota e consegue convencê-lo de lheconceder mais um empréstimo – desta vez a uma taxa de juros bemmais alta, justamente por causa do alto risco que o sujeitorepresenta – será moralmente admissível xingar e culpar esteúltimo?
É certo sim, que há em curso umaexpansão monetária mundial, mas neste campo o Brasil se comportacomo o sujeito sujo falando do mal-lavado, vez que o padrão-ouro foiabandonado há muito tempo.
Sob o regime do padrão-ouro e das taxasde juros funcionando pelo próprio mercado para a calibragem dos seusinvestimentos - e não como instrumento de financiamento daprodigalidade estatal e manipulação macroeconômica no consumo,nada destas coisas teria lugar. O ouro poderia entrar ou sair poisseria uma moeda internacional, e seu uso seria destinado aoinvestimento, e não à despesa inflacionária.
Portanto, digníssimos leitores, não sedeixem enrolar pelo economês brasiliense. Tudo isto não passa demalabarismos com a finalidade de aquietar o público. Já passa dahora de formarmos um público mais exigente que não se deixeengabelar, ainda que a mídia tradicional abdique da importância doseu papel.
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