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quinta-feira, 14 de maio de 2020
Diplomatas sem notícias do Brasil - O Globo
Lisandra Paraguassu
O Estado de S. Paulo, 14/05/2020
O Itamaraty suspendeu, por determinação do ministro Ernesto Araújo, o envio de notícias veiculadas na imprensa nacional aos postos diplomáticos no exterior para subsidiar o trabalho dos diplomatas brasileiros, afirmaram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto. O trabalho, feito diariamente pela assessoria de imprensa do órgão, servia para auxiliar os diplomatas no exterior com as informações sobre o que ocorre no Brasil. Desde a semana passada, o chamado clipping só é feito com notícias de veículos internacionais que trabalham no Brasil. De acordo com uma das fontes, não foi dada qualquer explicação aos diplomatas quando o material deixou de chegar aos postos no exterior. — Agora temos que trabalhar sem as informações publicadas pela imprensa brasileira. Só nos chega o clipping de publicações estrangeiras — afirmou. Os postos diplomáticos têm verba específica para assinatura de jornais do local onde estão localizados, mas não de jornais brasileiros. A razão por trás da decisão, segundo uma das fontes, seria a insatisfação do chanceler Ernesto Araújo com a cobertura dos veículos brasileiros sobre a política externa encabeçada pelo ministro. A gota d'água teria sido o artigo assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os ex-chanceleres Aloysio Nunes Ferreira, Celso Amorim, Celso Lafer, Francisco Rezek e José Serra, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Hussein Kalou, publicado pelos grandes jornais brasileiros. No texto, os autores dizem estar preocupados com "a sistemática violação pela atual política externa dos princípios orientadores das relações internacionais do Brasil" definidos na Constituição, a subserviência aos Estados Unidos e o que chamam de custos de difícil reparação à imagem brasileira, com "desmoronamento da credibilidade externa, perdas de mercados e fuga de investimentos." Araújo foi às redes sociais para responder o artigo, mostrando estar irritado. Em duas séries de mais de uma dezena de posts, chamou o ex-presidente e os ex-ministros de "paladinos da hipocrisia" e "figuras menores" que deveriam aprender com o atual governo como se defende a Constituição. De acordo com uma segunda fonte, o clipping interno do Itamaraty já havia sido modificado desde o ano passado. Quando o presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão da assinatura da Folha de S.Paulo, o jornal — que tem a maior circulação do país — foi retirado da seleção de notícias.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Itamaraty restringe distribuicao de seus boletins de noticias ao publico "externo"
AIG – Difusão de Clippings de Notícias
Perguntar não ofende:
1) As matérias veiculadas nos clippings do Itamaraty possuem copyright?
2) O Itamaraty paga por essas matérias e se comprometeu a não distribuí-las em geral?
3) A divulgação restrita, não pública, também estaria vedada por essa "recomendação"?
4) Diplomatas que o fizerem serão passíveis de sanção?
5) O que incomodaria tanto o Itamaraty nessa difusão?: a difusão em si, ou as matérias?
6) Quais seriam os problemas advindos do conhecimento mais amplo de matérias que estão no clipping, mas que não foram produzidas pelo Itamaraty, e que poderiam ser acessadas por outros canais, vias e meios?
7) Como distinguir entre matérias do clipping e outras matérias, distribuídas ao "público em geral", que provenham diretamente da fonte produtora?
8) O Itamaraty vai instituir um sistema de controle sobre os seus clippings, identificando os destinatários, e verificando depois que uso estes fazem daqueles?
9) Passará a haver uma prévia seleção das matérias "clippáveis" e não "clippáveis"?
10) Por que tudo isto, afinal?
Paulo Roberto de Almeida