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sábado, 13 de novembro de 2021

Mini-reflexão sobre os desafios de uma nova conjuntura histórica de transformação - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre os desafios de uma nova conjuntura histórica de transformação

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

  

A decisão de unir os democratas contra o fascismo, as oligarquias e os privilégios chega muito tarde: deveria ter sido feita desde a redemocratização, mas o sectarismo de certas forças o impediu. Esperamos que seja sincera desta vez, e não apenas uma manobra política oportunista.

O personalismo e o salvacionismo ainda estão muito presentes na vida política e no mores social do Brasil. Esperamos que a próxima etapa seja a da construção de consensos programáticos em torno de projetos de reconstrução democrática do Brasil e de um vasto empreendimento de crescimento sustentado, com mudanças estruturais e distribuição social dos benefícios desse crescimento. 

Com isso, virá o desenvolvimento social inclusivo, focando exclusivamente nos mais pobres. Sem isso, teremos a continuidade da dominação oligárquica que sempre caracterizou o Brasil, inclusive quando as esquerdas estiveram no poder, com a divisão dos democratas racionais e a intrusão das forças do atraso a pretexto de “governabilidade”. 

A união dos democratas tem de ser feita em torno de propostas e projetos, não em torno de pessoas, e com base na sociedade civil, não no estamento político, sob o risco de mais uma vez nos desviarmos da rota da mudança transformadora, se os líderes desse processo insistirem na união pelo topo, onde estão os oportunistas que querem mudar só um pouco para que nada mude de fato, nas esquerdas e na direita.

O Brasil já perdeu tempo demais, com seus empreendimentos oligárquicos, aliás desde 1822, em 1889, 1930, 1964 e depois (não vou me estender, pois os sectarismos afloram). 

Se falharmos novamente, serão mais uma ou duas gerações perdidas, na opção pelo atraso e pelo declínio: basta olharmos o mundo para constatar que a involução política e cultural é sim possível, como ocorre há muito tempo com certos vizinhos, como já ocorreu com uma grande civilização do passado, e como está justamente ocorrendo com a maior potência planetária. 

A seleção darwiniana nunca significou um itinerário retilíneo em direção ao progresso, mas pode conduzir a impasses e acidentes históricos. Também tem aqueles que sequer aceitam a perspectiva darwiniana e acabam se unindo às forças do atraso, que sempre são as velhas oligarquias. 

O Brasil terá estadistas capazes de conduzi-lo pela via do progresso social, com coragem e tirocínio suficientes para empreender reformas estruturais em favor dos mais pobres? Não tenho muita certeza disso, mas é preciso mais uma vez renovar nossas apostas na racionalidade das pessoas de bom-senso e naquelas dotadas de responsabilidade social. 

As eleições são uma boa oportunidade de fazê-lo. Vamos engajar um debate aberto, desprovido de a-prioris e de exclusivismos.

É a minha aposta e esperança.

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4015: 13 novembro 2021, 2 p.