Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Não se faz política sem coragem. Segundo Winston Churchill, “é a primeira das qualidades do ser humano, por assegurar todas as demais”. Sem coragem não vamos à esquina, ninguém ganha eleições, não se governa. A intrepidez deve estar presente em todos os instantes. Alguns, apesar de corajosos ao lançar um projeto político, quando chegam lá se mostram inseguros para enfrentar os problemas da governabilidade ou a presença de amigos e familiares ao redor do poder. O marechal francês Pétain foi herói na I Guerra Mundial. Terminou como um covarde por se render à Alemanha na II Guerra.
Podemos indagar, contudo, se a rendição foi de fato um ato de covardia ou de coragem da parte do velho marechal. Ele sabia que não tinha como resistir à força avassaladora dos alemães e se rendeu salvando um pedaço da França. Às vezes, o que parece covardia é um ato de coragem. A questão é complexa.
John Kennedy, quando senador por Massachusetts, escreveu “Política e Coragem”, onde relatava grandes atos de oito senadores americanos em diferentes momentos da história. Adiante, pagou com a própria vida pelos desafios que enfrentou como presidente. Kennedy teve a coragem de encarar os Falcões do Pentágono na Crise dos Mísseis de Cuba, em outubro de 1962, que poderia ter jogado o mundo em uma guerra nuclear. E ainda proferiu uma das frases mais épicas de sua época: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.” Na prática, a antítese do populismo que vigorou no Brasil por décadas.
Voltando a Churchill, “atitude é uma pequena coisa que pode fazer a diferença”. Foi demonstrando coragem e tomando atitudes firmes que Churchill enfrentou os nazistas e, contra todas as expectativas, liderou os Aliados à vitória final. Na política do dia a dia, os testes de intrepidez são imensos. E, nos dias de hoje, de intenso patrulhamento por parte da mídia e do mundo politicamente correto, ter atitudes e opiniões fortes pode parecer um contrassenso.
Ingrediente essencial, a coragem também move os movimentos subversivos e anti-establishment, assim como posicionamentos contrários ao senso comum. Algumas vezes, a bravura avança sobre os limites do aceitável e vira insanidade. Porém, nunca se ausenta dos momentos críticos de uma nação e da vida de qualquer político que se preze.
A coragem se revela não apenas nos atos que levam às vitórias. Na derrota, ela é tão ou mais importante, pois quase sempre anda sozinha. Bem diferente de sua contraparte, que costuma se mostrar coletiva.
Encarar os desafios sempreé necessário, por mais insanos que pareçam. A alternativa é a derrota, que também exige bravura