48. Antes que seja tarde (semana 48)
[Nota PRA: Não tão tarde quanto das vezes anteriores, mas ainda assim me chegando quando o drama já se encerrou – pelo menos uma parte dele –, nosso Cronista Misterioso do Itamaraty escreveu uma simples recomendação ao infeliz, patético, idiota chanceler acidental, mas refletindo a grotesca “inquisição” (perdão pelo termo) desse personagem risível e lamentável pelos senadores na fatídica sessão que selou seu destino já traçado por ele mesmo: ser um pária, mas fora do Itamaraty. Não sei se a partir de agora nosso Batman do Itamaraty vai continuar sua obra memorável, já que o espantalho e o estropício já se foi, mas suponho que teremos pelo menos mais uma crônica para saudar sua saída. Pronto: a loucura terminou, pelo menos dentro da Casa de Rio Branco. EA poderá continuar suas loucuras por aí, provavelmente dentro de algum bunker bolsolavista, mas pelo menos os diplomatas, 99,9% deles, já não terão o desprazer, o desgosto, a infelicidade de serem representados por criatura tão canhestra, tão bizarra, tão desvio-padrão, no itinerário bissecular de nossa instituição. Nas tabelas estatísticas, a falta de dados é sinalizada por ... ou (...), ou ainda –. Pois é isso que EA, o chanceler acidental, o PIOR ministro de toda a nossa história, deve merecer na lista ou na galeria dos chanceleres; ele foi o buraco negro que quase tragou todo o serviço exterior. Mas atenção, o inepto que comandou o circo ainda continua no poder e pretende continuar infelicitando o Brasil e os brasileiros. Aguardo o próximo petardo, talvez o definitivo, do nosso Cronista Misterioso, a quem saúdo pela sua obra de desconstrução – com a minha contribuição – desse ser bizarro que o levou a conceber um nom de plume ainda mais bizarro. Até a próxima.]
Peço vênia, camarada leitor, para fazer uma breve digressão, talvez um desabafo, no relato de hoje. Depois, abordarei sem falta o descalabro que foi a sabatina do chanceler do horror em nosso Senado Federal.
Lutamos durante décadas, desde os tempos do Silveirinha, quiçá desde antes, para consolidar uma diplomacia pragmática, realista, responsável, independente, justa, alinhada com o desevolvimento do país, etc… Seja lá qual alcunha cada um queira dar, nossa diplomacia gerou frutos indiscutivelmente positivos para o país e tornou o Itamaraty um pináculo ante as casas diplomáticas. Obviamente tivemos discordâncias ao longo do caminho… Discordamos sobre rumos a serem tomados, sobre regiões a serem enfocadas e sobre picuinhas menores, mas operávamos com base na razão, na razoabilidade e na continuidade positiva e propositiva.
ANOS de uma lenta e indiscutivelmente correta caminhada rumo ao desenvolvimento nacional. Quando de repente, não mais que de repente, Ernesto e sua récua de acéfalos, em dois anos e pico, destruiram tudo aquilo que construímos… Até me corre um arrepio de ódio e desespero pela espinha ao escrever estas linhas, mas o terrível dever é continuar. NUNCA, e eu repito, NUNCA, nos deparamos com tamanha loucura na política externa. Aproveito para me desculpar de antemão com os loucos, mas me falta vocabulário para tudo que vivemos. E a era da loucura no Itamaraty precisa acabar.
Ernesto é, antes de tudo, um bobo. E entrou em um lodaçal com nosso Senado. Foi o mais humilhante episódio de um diplomata no Senado. Não se tratou, porém, de uma humilhação injusta ou de uma armadilha, tratou-se de um correto esculacho aplicado pelos senadores a um homem que envergonha a diplomacia, o Itamaraty, a cadeira de Rio Branco, o Brasil e, principalmente, a inteligência como instituição.
Vivenciamos cinco horas excruciantes de balbuciantes ataques irracionais de Ernesto, desculpas esfarrapadas e birras chorosas de uma criança mal-criada e descompensada. Amigos, Ernesto chorou com a pressão (justa) dos senadores. Não soube justificar sua louca política de ataques à China e de lealdade incondicional a Trump. Ouviu da unanimidade dos senadores que deveria renunciar para o bem do Brasil e do mundo. Como se não bastasse, levou a tiracolo o menino Filipe Martins, representante do olavismo no planalto. Este, como uma criança que esconde travessuras, julgando-se genial, acenou a supremacistas brancos, enquanto fingia, quase corado, que ajeitava seu paletó.
Mas os senadores ecoaram a voz do interesse nacional, que, em meio a 300 mil cadáveres, não pode mais tolerar brincadeiras de criança no Gabinete do Barão. Ernesto, saia antes que seja tarde.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN