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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Triste fim de Policarpo Araujo; finalmente na lata de lixo de uma fase que se encerra na patetice - Paulo Roberto de Almeida, Ereto da Brocha

 Agora que chega ao fim, do modo mais patético possível, o desgoverno do boçal que afundou a imagem do Brasil no mundo, cabe retomar um aspecto da luta de resistência levada a cabo por um desconhecido diplomata que trouxe um pouco de graça (mas também de desespero) ao período mais sombrio do Itamaraty, sob a gestão do desequilibrado chanceler acidental, que ajudou o boçal a desmantelar a autoestima dos diplomatas. Esse desconhecido atendia pelo nome de Ereto da Brocha, e dele não procurei saber mais do que as crônicas publicadas quase que clandestinamente, e artesanalmente, circulando como os samizdats da época dos dissidentes na finada União Soviética. 

Ajudei quanto pude na divulgação, de que são testemunho os trabalhos que introduziram e fecharam a brochura que eu produzi para uma publicação consolidada, como revelada por estas três fichas sequenciais de trabalhos:

3939. “Introdução às crônicas do diplomata anônimo”, Brasília, 29 junho 2021, 4 p. Prólogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2022, 91 p.). 

3940. “Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty”, Brasília, 29 junho 2021, 3 p. Epílogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). 

3941. Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). Brochura montada com 58 crônicas do cronista misterioso do Itamaraty, mais meus trabalhos 3939 (Introdução) e 3940 (Epílogo). Publicado digitalmente, disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_). Relação de Publicados n. 1401bis.


Ereto da Brocha permanece, talvez para sempre, desconhecido, e não me preocupei em desvendar sua verdadeira identidade, e sim em reproduzir suas crônicas desabusadas. Agora que o objeto principal de suas zombarias parece soçobrar num desequilíbrio mental evidente, permito-me reproduzir minha Introdução e o  meu Posfácio que preparei especialmente para a brochura que editei para divulgação do material representativo de uma época pouco memorável. A brochura encontra-se disponível no link acima (trabalho 3941). 


Introdução às crônicas do diplomata anônimo

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Aproximadamente em meados de agosto de 2020, e para minha completa surpresa, fui apresentado com certo ar de mistério, e uma defasagem temporal de três meses, a uma dúzia de crônicas desabusadas sobre nosso desprezível chanceler acidental e sua obra destruidora no Itamaraty, deprimente para o seu corpo profissional. Até então, eu me julgava o único dos diplomatas da ativa que ousava criticar, e destratar, aquele que eu sempre chamei de “chanceler acidental”, não só pelo fato do patético chefinho da majestosa Casa de Rio Branco ser uma espécie de servo de gleba, retirado do bolso do colete para servir de capacho voluntário dos novos donos do poder em Brasília, mas também por que o próprio fazia questão de sublinhar sua beata devoção aos ignaros que começaram a conspurcar não só a política externa brasileira, mas também sua diplomacia profissional. O submisso burocrata não só confirmava, a cada vez, sua total sujeição ao bando de novos bárbaros que passaram a rebaixar, terrivelmente, o status do Brasil no plano internacional, como fazia questão, ele mesmo, de expor toda a sua cretinice por meio de postagens estapafúrdias num blog tresloucado, alucinado e alucinante, chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”. 

Eu já tinha publicado em meados do ano anterior, três meses depois de minha exoneração do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, numa segunda-feira de Carnaval, um primeiro livro sintomaticamente chamado Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, que expressava exatamente a minha opinião – fundamentada exatamente nas loucuras que li, vi e ouvi, saídas da boca balbuciante do patético chanceler acidental –, mas que imaginava que seria o único registro de meu horror ante o espetáculo grotesco que o desequilibrado personagem representava em desfavor de nossa diplomacia cada vez que decidia gaguejar em defesa do antiglobalismo de seus amos e patrões. Mal eu imaginava que aquele seria o primeiro de um ciclo tratando do que apelidei de bolsolavismo diplomático, uma série de quatro brochuras de autor – todas disponíveis em minhas ferramentas de comunicação social – com os sugestivos títulos de: O Itamaraty num labirinto de sombrasUma certa ideia do Itamaraty e O Itamaraty Sequestrado (ver no meu blog Diplomatizzando).

Estava eu, portanto, entregue às minhas exegeses acadêmicas sobre o fenômeno mais bizarro que já tinha acontecido nos duzentos anos de história de nossa política externa, quando me deparei – remetidos por interposto colega – com a primeira dúzia de petardos entre o humor e o escárnio, que vinham assinados por esse nome também bizarro de Ereto da Brocha, autonomeado Ombudsman do Itamaraty. Nunca fui um apreciador desse nom de plume – tanto que o chamava de Cronista Misterioso ou de Batman do Itamaraty –, mas encantei-me imediatamente com a verve saborosa, picante e escrachada, do colega obscuro que sabia, com muito maior impacto que tinham minhas críticas pretensamente intelectuais, zombar do infeliz mequetrefe que insistia em diminuir o prestígio do Itamaraty dentro e fora do Brasil.

Desde Aristófanes que a melhor crítica aos demagogos, aos populistas ignorantes, mas donos do poder, é aquela representada pela crítica mordaz das sátiras, dos enredos absurdos, das descrições humorísticas, que destroem toda a pompa vazia desses chefetes ridículos e seus criados amestrados, como era o caso daquele que pode ser classificado como o pior chanceler da história da diplomacia brasileira. Perdão: corrijo-me. Falar em “pior” pode dar a impressão de que tivemos alguns menos ruins do que o sabujo que desgraçou o Itamaraty durante toda a sua desastrosa gestão de dois anos e três meses. Não, isso é impossível: o infeliz chanceler acidental não tem quem lhe possa ser, de perto ou de longe comparado; ele foi um desvio-padrão absoluto na história de nossa chancelaria, nunca teve precedentes e (espera-se) não terá sucedâneos no futuro previsível de nossa instituição. Ele merece todo o desprezo que lhe devotam, pelos meus cálculos, 99,9% do corpo funcional do Itamaraty, tendo sido apenas seguido de modo muito envergonhado pelos oportunistas sacripantas que o seguiram mais por obrigação do que por convicção.

De fato, é praticamente impossível imaginar quem poderia apreciar tão ridículo personagem, aqui “imortalizado” nestas crônicas entre o amargo e o histriônico, entre o risível e o desprezível, entre a troça e a desgraça, em torno do serviçal caninamente fiel aos ineptos que mandavam e desmandavam no visivelmente desequilibrado funcionário. O cronista misterioso do Itamaraty foi muito mais feliz, e eficiente, do que eu fui, com minhas análises supostamente sérias sobre o que foi, de fato, uma experiência grotesca, burlesca, deplorável, na trajetória de uma Casa tida por séria e respeitada. O Itamaraty, sob o tacão dos novos bárbaros e do seu capataz submisso, tornou-se o objeto das troças das chancelarias vizinhas, dos nossos amigos europeus, e até dos americanos que não rezavam pelo credo trumpista que também infernizou a vida dos colegas do Departamento de Estado. Fomos, durante mais de dois anos, o alvo das zombarias de toda a imprensa nacional e internacional, e das lamúrias dos profissionais da diplomacia que não encontravam vazão para expressar o seu horror pelo circo dos novos bárbaros.

Através das crônicas semanais do Cronista Misterioso – insisto no apelativo, pois que até hoje não se conhece a identidade do nosso vingativo Lone Ranger, e eu mesmo nunca fiz questão de inquirir meu intermediário – a Casa toda se sentiu vingada, pois que cada novo petardo circulava febrilmente nas redes restritas de grupos de diplomatas conectados por relações de amizade e de confiança. A mim, essa crônicas sempre chegaram com certo atraso temporal – dificultando, aliás, o estabelecimento de uma cronologia correta, pois elas eram apenas identificadas pela numeração serial de cada semana, não por uma data do calendário –, mas a cada vez transcrevia cada uma em meu blog Diplomatizzando, com pequenas notas introdutórias para contextualizar o seu teor para eventuais leitores “paisanos” – aqueles não pertencentes à carreira – e depois tratava de reunir o conjunto recebido num determinado período, colocando a brochura à disposição dos interessados. 

Ao longo do ano que quase transcorreu desde que tomei conhecimento destas crônicas desabusadas, compus algumas brochuras improvisadas, em sucessivas edições que responderam a títulos como estes: Crônicas do Itamaraty bolsolavistaUm ornitorrinco no Itamaraty O Brasil virou um pária internacional? (cujo autor era legendado como “um diplomata desconhecido” ou “o cronista misterioso do Itamaraty”). A série fez tanto sucesso, mesmo entre o público externo, que a Associação dos Funcionários do Ipea (Afipea) preparou sua própria brochura, recolhendo as 40 primeiras crônicas então disponíveis, acompanhadas de minhas notas introdutórias e respectivos prefácios, colocando o conjunto à disposição de todos em seu site, sob o título de Crônicas Tragicômicas de um Diplomata Resistente, por Ereto da Brocha, Ombudsman (disponível neste link: https://afipeasindical.org.br/content/uploads/2021/03/Pilulas_de_Bom_Senso_Caderno_06.pdf).

Eu estava me preparando para compor uma edição definitiva das crônicas, uma espécie de Gesamtkunstwerke, para honrar o trabalho do nosso cronista misterioso, quando tive a ideia de oferecer ao Batman, via meu colega intermediário, a chance dele mesmo assinar uma brochura, coroando sua obra enfim concluída, logo após a demissão do infeliz e patético objeto de seus petardos bem assestados contra a gestão certamente a tresloucada em quase duzentos anos de história. Tendo ele aceito a ideia, propus que ele fizesse o prefácio, cabendo-me, pelo esforço de organização, uma introdução sintética com o único fito de contar um pouco esta historieta inédita nos anais do Itamaraty. Ela o é, há mais de um título, pois nunca antes nessa trajetória bissecular tínhamos enfrentado um tão patético personagem de desventuras temporárias, mas certamente marcantes em termos de ridículo e horror. Agora que a agonia passou, o ex-chanceler acidental deveria desaparecer em escaninhos obscuros da galeria dos ex-chanceleres, um seleto clube no qual ele nunca deveria ter sido normalmente chamado a integrar. 

Os comentários mordazes, inteligentes e divertidos do Cronista Misterioso – alguns deles amargos, ao contemplar o espetáculo histriônico que nos oferecia quase todos os dias o farsante que servia caninamente a um bando de palhaços – já integram a história “secreta” do Itamaraty, independentemente de que venhamos a descobrir, ou não, a identidade de seu autor, o que é menos importante do que a obra de resistência que ele conduziu solitariamente, e clandestinamente, durante um ano inteiro. Se ouso me associar ao esforço, mais como editor e comentarista superficial, é porque também me considero parte desse pequeno grupo de dissidentes declarados da barbárie que presidiu aos destinos do Itamaraty durante a gestão do ex-chanceler acidental. 

Meu trabalho foi conduzido diuturnamente, persistentemente, denodadamente, por meio do quilombo de resistência intelectual que sempre foi o Diplomatizzando, esforço representado pelos quatro títulos já informados a acima e que será complementado por um último livro desse infeliz ciclo do bolsolavismo diplomático – ainda que contendo um espectro mais amplo de análises de nossas relações exteriores –, cujo título é Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira. 

Quero, por fim, deixar meu registro de admiração, reconhecimento e agradecimento ao “cronista misterioso”, que manteve a chama de nossa resistência à ignorância torpe, ao servilismo abjeto, à subserviência desastrosa ao prestígio anterior da diplomacia brasileira, temporariamente colocada sob os tacões dos novos bárbaros. Ereto da Brocha cumpriu um papel que se apresentou sob a forma de crônicas improvisadas, mas que devem e podem legitimamente integrar o histórico de resistência política do Itamaraty ao desgoverno sob o qual o Brasil vive desde 2019. Esta pequena brochura rende uma homenagem de todo o Serviço Exterior brasileiro ao resistente anônimo de uma época que logo passará para a lata de lixo da história. 

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

Brasília, 29 de junho de 2021


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Epílogo:

 

Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty

 

 

Paulo Roberto de Almeida

 

 

Acabou-se o que era doce (algumas vezes amargo): nosso cronista misterioso, o Batman do Itamaraty, aquele que se chamava pelo estranho nome de Ereto da Brocha, e que se classificava como Ombudsman (foi bem mais do que isso) se despediu de seus inúmeros leitores, a maior parte diplomatas, que se sentiram vingados pelas suas ferinas diatribes contra aquele que já ganhou o galardão de “pior chanceler” de toda a história do Itamaraty. Creio que é impossível que tenha havido alguém tão ruim quanto ele, mesmo no passado remoto, e é improvável que um paspalho semelhante se apresente novamente em nosso futuro, ainda que o Brasil tenha o péssimo costume de sempre nos surpreender com coisas peculiarmente bizarras (e bizarro certamente ele foi, o ex-chanceler acidental). 

Damos assim adeus ao nosso impoluto guerreiro de capa e espada (neste caso uma pluma acerada, embora o mais provável seja um computador pessoal), ele que foi o nosso vingador mascarado, nunca revelado, até hoje procurado pelos arapongas da ABIN, aquele escritório feito para a segurança do Estado, mas que foi colocado a serviço dos novos bárbaros, que não conseguiram ainda se vingar do nosso Pimpinela Escarlate, nosso Arsène Lupin, nosso Zorro (sem o Tonto), um Lone Ranger dos bons, que nos divertiu durante um ano inteiro, mas que sempre li defasado no tempo e perdido numa cronologia não explícita.

Confesso meus mixed feelings nesta despedida: por um lado, aliviado que o objeto obscuro e medíocre destas crônicas desabusadas já não forneça matéria-prima gratuita para os lances mais ousados do cronista misterioso; por outro lado, preocupado em que ainda tenhamos motivos para requisitar os serviços do nosso Chapolim diplomático (pois tudo é bizarro no reino dos novos bárbaros).

Adieu Batman. Confirmo por esta última nota em uma brochura que é da sua lavra, que tive o prazer de oferecer a um número um pouco mais vasto de leitores a coleção completa de suas crônicas, dirigidas originalmente ao público mais seleto e mais circunspecto composto por nossos colegas diplomatas. Sua obra, imortalizada nestas crônicas desabusadas, é coisa para ficar na memória dos viventes e dos sobreviventes de uma fase das mais infelizes em nossa trajetória diplomática, ainda que ainda estejamos em tempos um pouco mais infelizes, com a contagem das vítimas dos novos bárbaros ultrapassando a marca do meio milhão de mortos no país. Mas é preciso registrar para as futuras gerações que nem todos foram passivos e indiferentes; a chama da resistência, como aquela que alimentou suas crônicas semanais, aliviou nossas agruras de dois anos e três meses inteiros de recuerdos miseráveis.

O infeliz e desastroso ciclo bolsolavista de nossa diplomacia não ficou impune nesse período, graças em grande medida às suas crônicas implacáveis, esforço para o qual eu também concorri, embora modestamente, nessa vertente aborrecida dos ensaios de cunho acadêmico. Creio que a maioria dos nossos colegas – eu até diria que a quase totalidade, mesmo aqueles que tinham de servir de perto o patético chanceler acidental – se divertiu amplamente ao ler, na calada de suas ferramentas de comunicação, estas crônicas desabusadas, e certamente passou discretamente adiante os petardos semanais.

Fomos, eu e você, dois diplomatas dissidentes que nos dedicamos a desancar o patético personagem, que insistia em diminuir o Itamaraty e o seu corpo profissional, como se ele não tivesse servido fielmente todos os governos e regimes anteriores. Ele conseguiu ofender a inteligência do Itamaraty, mas não diminuiu nossa capacidade de resistência, pelo menos no que dependeu de você, clandestinamente, e de mim, de modo totalmente aberto. Cabe-nos agora empreender um projeto de reconstrução da política externa e de restauração da diplomacia profissional, pois que a isso nos obriga nossa condição e consciência de diplomatas dissidentes do atual desgoverno. Em sua última crônica já constam algumas recomendações aos jovens, que darão continuidade a esse trabalho de soerguimento da diplomacia profissional. Pois foi um jovem diplomata que me abasteceu, embora com certo retardo, com seus petardos sempre esperados, que eu ia postando sequencialmente em meu quilombo de resistência intelectual, para depois reunir alguns blocos em brochuras improvisadas que fui publicando por minha conta e risco, e sem autorização explícita de seu autor. 

Creio que a maioria dentre nós muito se divertiu com seus petardos, embora alguns fossem mais propriamente desoladores. Mas esse é o retrato do governo atual, assim como ele foi da administração bolsolavista no Itamaraty, felizmente interrompida pela metade. Não espero receber mais crônicas do nosso cronista misterioso, ainda que eu pressinta que esse diplomata ainda não identificado continuará atento às idas e vindas do desgoverno agônico, pronto para voltar ao combate se as circunstâncias assim o exigirem. Quando estes tempos obscuros passarem, ele talvez apareça com seu nome próprio (talvez para reivindicar seu justo copyright, sendo que ele já tem os moral rights pela produção) e será devidamente saudado como o iniciador do processo de resistência, um bravo entre muitos outros bravos (talvez mais discretos).

Eu servi apenas como um assistente de editoração, digamos assim, sendo que meus comentários pontuais a cada uma das crônicas figuraram nas postagens do meu blog Diplomatizzando; elas também serão objeto de uma nova brochura, para registro de um outro tipo de resistência nestes tempos obscuros. Em todo caso, como diriam os companheiros, a luta continua...

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

29 de junho de 2021

 

 

 




sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Crônicas de um Itamaraty como nunca se viu nos últimos 200 anos: livro sobre o bolsolavismo diplomático...

 Está faltando, quem sabe, um novo Machado, para fazer as memórias póstumas de EA, o patético ex-chanceler acidental, contemplativo e submisso servidor do falecido Rasputin de Subúrbio, que começou a enterrar o Itamaraty. Bozo e sua família de aloprados estão ativamente engajados na indigna tarefa de completar o serviço e parece que pretendem entregar terra arrasada.

Mas, pensando bem, nenhum machadiano decente da atualidade se animaria a escrever as crônicas destes tempos obscuros dos novos bárbaros.

Já bastam as crônicas do irônico cronista misterioso do Itamaraty, que ainda vamos lançar proximamente, mas vcs já podem degustar o conjunto nesta edição livremente disponível:

Ereto da Brocha, Ombudsman do Itamaraty:

Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus Dragões no País de Bolsonaro

Brasília: Ombudsman, 2021, 180 p.

ISBN: 978-65-00-26865-2

 

Índice completo nesta postagem do meu Diplomatizzando:

https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/02/memorial-do-sanatorio-ou-ernesto-e-seus.html?m=1



O livro, que será lançado oportunamente com a participação de outros colegas e, possivelmente, do próprio "cronista misterioso" (provavelmente sem imagem) está disponível nos seguintes links:

 

Academia.edu: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_

 

Research Gate: https://www.researchgate.net/publication/358657917_Memorial_do_Sanatorio_ou_Ernesto_e_seus_dragoes_no_pais_de_Bolsonaro_by_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_Brasilia_Ombudsman_2021_180_p_ISBN_978-65-00-26865-2

 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus Dragões no País de Bolsonaro - por Ereto da Brocha, Ombudsman do Itamaraty (Apresentação Paulo Roberto de Almeida)

Memorial do Sanatório 

apresentação de Paulo Roberto de Almeida

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com; pralmeida@me.com) 

 

Durante vários meses, em 2020-2021, eu publiquei, neste mesmo espaço, vários dos petardos de um cronista misterioso do Itamaraty, autointitulado Ereto da Brocha, que escondia (ainda esconde) um diplomata aposentado que teve a feliz ideia de atazanar a vida do infeliz e patético ex-chanceler acidental, aquele da Era dos Absurdos.

Os petardos circulavam em peças semanais entre os diplomatas e outros iniciados. Eu apenas os recebia tardiamente e indiretamente, e também nunca me preocupei em saber quem se escondia atrás desse nom de plume tão bizarro quanto sugestivo.

Os que me seguem talvez se lembrem dessas minhas postagens, depois coletadas parcialmente em brochuras que eu mesmo editei e divulguei, neste mesmo blog Diplomatizzando, que eu sempre defini como um "quilombo de resistência intelectual" (contra a burrice, a estupidez, a má-fé, a desonestidade intelectual), tanto mais necessária, a resistência quanto tínhamos ingressado, desde o final de 2018, no domínio daqueles a quem eu denominei de "novos bárbaros" (e bárbaros eles eram, e muitos ainda continuam sendo).

O fato é que eu e meu colega, o cronista misterioso, fomos os únicos que resistimos, par la plume et la dérision, ao avanço da estupidez na diplomacia e em outras áreas. Pois bem, depois de ter publicado várias brochuras parciais e depois do cronista misterioso ter alcançado seus objetivos maiores, que eu entendo que era ver o Itamaraty enfim liberto daquela praga bisonha que lutava como um cruzado brancaleônico contra o globalismo e o tecnototalitarismo (e também o climatismo e outros ismos que só ele percebia no mundo), eis que eu preparei um livro inteiro, desde meados de 2021, quando a série findou, mas que ficou parado esperando capa e alguns outros detalhes. Posso agora divulgar esta obra que eu vejo como um manifesto de rejeição do bolsolavismo diplomático e todas as suas loucuras. 

Apresento abaixo sua capa, o índice do livro, e uma informação final sobre as brochuras publicadas anteriormente, pois todas elas contêm prefácios explicativos que talvez possam auxiliar na reconstrução desta fabulosa história.

O livro, que será lançado oportunamente com a participação de outros colegas e, possivelmente, do próprio "cronista misterioso" (provavelmente sem imagem) está disponível nos seguintes links:

 

Academia.edu: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_

 

Research Gate: https://www.researchgate.net/publication/358657917_Memorial_do_Sanatorio_ou_Ernesto_e_seus_dragoes_no_pais_de_Bolsonaro_by_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_Brasilia_Ombudsman_2021_180_p_ISBN_978-65-00-26865-2

 

 

Paulo Roberto de Almeida

 

 


 

Ereto da Brocha, Ombudsman do Itamaraty:

Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus Dragões no País de Bolsonaro

Brasília: Ombudsman, 2021, 180 p.

ISBN: 978-65-00-26865-2

 

Índice

 

Prefácio de Ereto da Brocha, Ombudsman do Itamaraty

Introdução às crônicas do diplomata anônimo

            Paulo Roberto de Almeida

 

Crônicas semanais do Ombudsman do Itamaraty, 2020-2021

1. O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)

2. Gusmão rendido (semana 02)

3. Pela restauração! (semana 03)

4. Franjas lunáticas (semana 4)

5. O Anti-Barão (semana 05)

6. Alienáveis alienígenas (semana 06)

7. Nobel (semana 07)

8. Sussurram os Corredores (semana 08)

8bis. Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)

9. Meu caro amigo (semana 09)

10. Aos fatos (semana 10)

11. Kejserens nye Klæder (semana 11) [As Roupas Novas do Rei]

12. A Era do Rádio (semana 12)

13. Era uma vez na Arábia um homem chamado Abu (semana 13 - Parte 01)

14. ABU V, o heterônimo (semana 14 - Parte 02)

15. O estranho caso de Abu (semana 15)

16. A jornada do herói (semana 16)

17. Rumo à Idade Média (semana 17) 

18. Patriotas (semana 18) 

18bis. Carta ao Paulo Roberto (Semana 18-bis)

19. Os leitões de Niemöeller (semana 19)

20. Receita contra o globalismo (semana 20) 

21. O Ig Nobel (semana 21) 

22. O Discurso [na ONU] (semana 22)

22bis. Neologismos (semana 22-bis) 

23. As cinzas de Pompeia (semana 23) 

24. Réquiem para um povo (semana 24)

25. A Estagnação Freudiana do Bolsonarismo (semana 25)

26. É bom ser pária (semana 26)

27. O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (semana 27)

28. E agora, José? (semana 28)

29. Sozinho (semana 29)

30. Xarab Fica? (semana 30)

31. Banana Split (semana 31) 

32. Tecito de Moringa (semana 32)

33. A família Bean (semana 33)

34. Retorno a Asa Branca (semana 34)

34bis. Eu nem sei quem sou? (semana 34-bis)

35. Presente de Natal (semana 35)

36. Feliz Ano Velho (semana 36)

37. Volume II, Capítulo 01 (semana 37)

38. Os Destruidores de Mundos (semana 38)

39. Ministro em Fuga (semana 39)

40. Batendo palma para maluco dançar (semana 40)

40bis. O Passado (semana 40-bis)

41. Sobre lobos e progressistas (semana 41)

42. Façam as Contas (semana 42)

43. O Estandarte do Sanatório Geral (semana 43)

44. 250 mil mortos (semana 44)

45. O extraordinariamente estarrecedor capitão Bolsonaro e seus miquinhos adestrados (semana 45)

46. Deus nos Acuda (semana 46)

47. Moléstia Brasileira (semana 47)

48. Antes que seja tarde (semana 48)

49. Xarab Sai (semana 49)

50. Operetta Ritorta (semana 50)

51. O Trumpismo erótico e obsceno de Ernesto (semana 51) - parte 01 de 05

52. O Meio Ambiente e a Máfia (semana 52) - parte 2 de 5

53. I want to go back to Bahia (semana 53) - parte 3 de 5

54. Cambaluque e o Brasil (semana 54) - parte 04 de 05

55. Amado Batista, a Vacina e o Negacionismo (semana 55) - parte 05 de 05

56. O fim (semana 56 - a derradeira)

 

Epílogo: 

O cronista misterioso que animou a resistência no Itamaraty

            Paulo Roberto de Almeida

 

 

Postagens parciais divulgadas em 2020 e 2021 no blog Diplomatizzando

 

Apresento aqui a minha “crônica” de todas as postagens que efetuei desde o momento em que recebi um bloco inicial da primeira dúzia de “crônicas” do cronista misterioso do Itamaraty, (defasadas no tempo, portanto), sem saber quem fosse, e nunca procurei saber, mas que contou com minha solidariedade imediata, pois que finalmente eu encontrava um “companheiro” na resistência às loucuras da Era dos Absurdos no Itamaraty e na política externa brasileira.

Reconstituo a série de postagens para que tenha um registro pleno de todas as crônicas que circulavam, até então, em circuito fechado – geralmente por WhatsApp apenas entre os diplomatas e poucos conhecidos, mas eu não estava entre eles, nunca estive – e que só se tornaram públicas com a minha iniciativa. As crônicas foram inclusive objeto de uma publicação da Associação dos Funcionários do Ipea, com uma seleção parcial das crônicas (apenas as primeiras 40 semanas, faltando, portanto, dezesseis crônicas para a finalização) em fevereiro de 2021: brochura Crônicas tragicômicas de um diplomata resistente, por Ereto da Brocha (Brasília: Afipea, 2021, p. 53-62; disponível no seguinte link da Afipea: http://afipeasindical.org.br/content/uploads/2021/03/Pilulas_de_Bom_Senso_Caderno_06.pdf

 

 

Listagem sequencial de minhas postagens sobre as crônicas:

 

3736. “Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista: as armas da crítica sarcástica”, Brasília, 20 agosto 2020, 2 p. Introdução às crônicas de um diplomata desconhecido sobre o Itamaraty atual. Em postagem sistemática no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-secreto-do-itamaraty.html). Postagens: 01 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/01-o-papel-do-asno-na-sociedade.html); 02 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/02-gusmao-rendido-um-cronista-secreto.html); 03 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/03-pela-restauracao-um-cronista-secreto.html); 04 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/04-franjas-lunaticas-um-cronista.html); 05 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/05-o-anti-barao-um-cronista-secreto-do.html); 06 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/06-alienaveis-alienigenas-um-cronista.html); 07 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/07-nobel-um-cronista-secreto-do.html); 08 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/08-sussurram-os-corredores-um-cronista.html); 08bis (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/08bis-bolo-de-laranjalima-um-cronista.html); 09 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/09-meu-caro-amigo-um-cronista-secreto.html); 10 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/10-aosfatos-um-cronista-secreto-do.html); 11 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/11-kejserens-nye-klder-andersen-roupa.html); 12 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/12-era-do-radio-um-cronista-secreto-do.html). Postadas novamente no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/as-cronicas-secretas-do-batman-do.html).

 

3737. “Crônicas do Itamaraty bolsolavista”, Brasília, 21 agosto 2020, 17 p. Consolidação das crônicas de um diplomata desconhecido sobre o Itamaraty atual, com minha Introdução geral e as introduções parciais a cada uma das crônicas. Feita postagem resumo no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-misterioso-anima.html) e postagem em arquivo pdf na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43909791/Cronicas_do_Itamaraty_bolsolavista_Cronista_misterioso_2020_). Estatísticas de acesso às postagens nas duas plataformas, postadas (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/o-cronista-misterioso-do-itamaraty-teve.html).

 

3762. “Novas crônicas do Itamaraty bolsolavista – Cronista Misterioso”, Brasília, 25 setembro, 1 p. Postagem agrupada das novas crônicas recebidas recentemente. Postadas individualmente, depois agrupadas nesta postagem do Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_76.html).

 

3789. “Um Ornitorrinco no Itamaraty: crônicas do Itamaraty bolsolavista”, Brasília, 5 novembro 2020, 35 p. Compilação de 24 crônicas do cronista misterioso, um diplomata aposentado que se apresenta como “ministro Ereto da Brocha”, publicadas individualmente no blog Diplomatizzando, e agora reunidas em uma brochura. Postado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44437505/Um_Ornitorrinco_no_Itamaraty_cronicas_do_Itamaraty_bolsolavista_Ereto_da_Brocha_2020_); disseminado via Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/11/um-ornitorrinco-no-itamaraty-cronicas.html).

 

3865. “Nota liminar à 3ª. edição dos petardos do cronista misterioso do Itamaraty”, Brasília, 11 março 2021, 4 p. Apresentação da 3ª. edição da brochura dedicada ao cronista misterioso do Itamaraty, contendo 45 crônicas (duas com mesmo número) e vários prefácios e introduções da minha parte. Incorporada ao volume de n. 3866.

 

3866. O Brasil virou um pária internacional? Brasília, 11 março 2021, 73 p. Coletânea de todas as crônicas recebidas indiretamente do cronista misterioso do Itamaraty, assinando Ereto da Brocha. Divulgação online na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/45478771/O_Brasil_virou_um_paria_internacional_Ereto_da_Brocha_o_cronista_misterioso_do_Itamaraty_2021_), Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/350004590_O_Brasil_virou_um_paria_internacional_-_Ereto_da_Brocha_o_cronista_misterioso_do_Itamaraty) e divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/03/o-brasil-virou-um-paria-internacional.html); DOI:10.13140/RG.2.2.21253.47840.

 

3872. “O Brasil virou um pária internacional? 4ª edição, Brasília, 19 março 2021, 81 p. Coletânea de todas as crônicas recebidas indiretamente do cronista misterioso do Itamaraty até 19/03, assinado Ereto da Brocha, recebidas até a data, com quatro novas inclusões. Divulgação online na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/45583715/O_Brasil_Virou_Paria_Internacional_Ereto_da_Brocha_4a_edicao_), Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/350004590_O_Brasil_virou_um_paria_internacional_-_Ereto_da_Brocha_o_cronista_misterioso_do_Itamaraty) e divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/03/o-brasil-virou-paria-internacional-4a.html).


3939. “Introdução às crônicas do diplomata anônimo”, Brasília, 29 junho 2021, 4 p. Prólogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2022, 91 p.). 


3940. “Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty”, Brasília, 29 junho 2021, 3 p. Epílogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). 

 

3941. Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). Brochura montada com 58 crônicas do cronista misterioso do Itamaraty, mais meus trabalhos 3939 (Introdução) e 3940 (Epílogo). Em editoração. 

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4082: 17 fevereiro 2022, 6 p.

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Ereto da Brocha: o cronista misterioso do Itamaraty - Luigi Mazza (revista Piauí)

Revista Piauí

esquina

O CRONISTA MISTERIOSO DO ITAMARATY

O diplomata anônimo que zomba de Ernesto Araújo e sua trupe


LUIGI MAZZA 

Andrés Sandoval, 2020

Quando Joe Biden virou o jogo no estado da Geórgia e a derrota de Donald Trump ficou evidente, uma crônica começou a circular no WhatsApp de diplomatas brasileiros. O texto, intitulado E agora, José?, se dirigia ao chanceler Ernesto Araújo. “E depois de dias de agonia, chefe, a festa da democracia acabou no país em que tanto te espelhas”, dizia a mensagem, parafraseando o poema de Carlos Drummond de Andrade. “Mundo, mundo, vasto mundo, você que acredita em uma predestinação medieval pré-iluminista, viu esse mundo girar. Não digo que teu Deus esteja morto, mas estará, em breve, sem mandato.”

A crônica de seis parágrafos foi assinada por um pseudônimo satírico: ministro Ereto da Brocha. Desde o começo da pandemia, esse cronista misterioso – ao que tudo indica, um diplomata – vem produzindo um burburinho entre aqueles que se opõem a Ernesto Araújo dentro do Itamaraty. Ele escreve textos semanais, geralmente ridicularizando o chanceler e, por tabela, o governo Bolsonaro. O primeiro deles começou a circular em meados de abril. Na ocasião, Da Brocha se apresentou como “ombudsman da psicose de Ernesto” e anunciou que escreveria textos periódicos “sobre esta nova idade das trevas acéfala”. Pediu desculpas antecipadamente aos jumentos, burros e asnos – “nobres bestas” – porque teria que usar seus epítetos para descrever o governo e seu “chanceler-esquizofrênico”.

Como numa espécie de diário, as crônicas são sempre numeradas – “semana 1”, “semana 2” e assim por diante. O texto sobre Trump foi o da 28ª semana. Pouco antes, em outubro, Ereto da Brocha havia feito galhofa com o discurso que Araújo proferiu durante a formatura de novos diplomatas no Instituto Rio Branco. No evento em Brasília, ao lado de Bolsonaro, o ministro afirmou que, “se falar em liberdade nos faz um pária internacional, então que sejamos um pária”.

“Se ser pária é tão bom”, retrucou seu ombudsman dias depois, “vossa excelência poderá ser pária dentro de seu próprio ministério, recolhendo-se a sua aventura imaginária contra moinhos, orgias comunistas e dragões do mal”. Cobrou que Araújo se atenha a seu mundinho e deixe para os embaixadores os “assuntos atinentes à realidade”. E terminou o texto como sempre termina: convidando os diplomatas a refletir. “Para acordarmos desse romance épico de baixa qualidade, reflitam”, assinalou Da Brocha.

As crônicas circulam rapidamente pelos grupos de mensagens dos diplomatas. “Eu recebo de um amigo e repasso para todo mundo. O pessoal adora. A gente só evita passar os textos para a turma alinhada ao Ernesto, por pudor”, conta um diplomata com poucos anos de carreira, que prefere não se identificar para não sofrer retaliações no trabalho. “Tudo que é crítica ao Ernesto tem grande receptividade entre nós”, afirma outro diplomata.

Ninguém sabe ao certo quem está por trás do pseudônimo. Suspeita-se de que seja um diplomata aposentado, por causa do vasto repertório cultural e das referências à velha guarda do Itamaraty. Além do mais, tem um jeito meio resmungão. “Queria eu ignorar os obtusos e voltar ao meu Homero”, reclamou, em um de seus primeiros textos, ao espinafrar os “terroristas do intelecto” que acreditam em globalismo.

Em abril, uma das crônicas foi escrita em forma de carta a Rubens Ricupero, embaixador aposentado e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. “Veja você, Rubens, por esses dias senti uma pontada nas costas, e das fortes. Bem na lombar, como comentávamos outro dia. Achei que fosse a hérnia. Mas era só o texto que lia no celular. Tratava de um ‘comunavírus’.” Dias antes, Araújo usara esse neologismo para alertar que a pandemia poderia servir como porta de entrada para o “pesadelo comunista” – já que, segundo ele, o vírus faz parte de uma conspiração marxista em escala planetária. Ricupero diz não fazer ideia de quem está por trás de Ereto da Brocha.

O embaixador Paulo Roberto de Almeida, empolgado com a sátira, compilou todos os textos de Ereto da Brocha em seu blog pessoal, o Diplomatizzando. Em março de 2019, ele foi demitido do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), órgão vinculado ao Itamaraty, após publicar no blog críticas a Olavo de Carvalho, a Eduardo Bolsonaro e aos ideólogos da política externa bolsonarista.

Hoje, Almeida trabalha no arquivo do Ministério das Relações Exteriores e continua a ser o adversário mais barulhento de Araújo dentro do Itamaraty. “O Ernesto Araújo é tão ridículo que merece ser objeto de riso mesmo, de gozação. Mas as pessoas circulam os textos de maneira discreta”, diz. “O pessoal tem medo do gabinete do ódio. Um embaixador com quem eu troco mensagens já me pediu para apagar toda a nossa conversa no WhatsApp. Ele acha que podem invadir o aplicativo.” Segundo Almeida, os diplomatas mais velhos têm se divertido com as tiradas de Ereto da Brocha.

Ele nega os boatos de que seria o autor das crônicas, como supõem alguns. Almeida diz ter tomado conhecimento dos textos por intermédio de um ex-aluno. “Dá para ver que a pessoa que escreveu é muito culta, das antigas, e que tem uma bagagem muito grande. Mas não procurei saber quem era. É bom que ele seja misterioso”, diz o embaixador. Em seu blog, Almeida se refere ao cronista como o Batman do Itamaraty. O apelido vem a calhar, já que ele não gosta do pseudônimo escolhido pelo cronista. “O ‘Ereto’ eu entendo, é um trocadilho com Ernesto. Mas ‘Da Brocha’ é horrível, dá ideia de impotente”, reclama o embaixador.

Outros diplomatas mais antigos compartilham do mesmo incômodo. Mas há quem veja um significado mais profundo por trás do nome. “Acho que essa escolha foi de caso pensado. Com esse pseudônimo, ele quis dizer que o Ernesto, como chefe do Itamaraty, é ao mesmo tempo vulgar e impotente”, interpreta um jovem diplomata. Fã incondicional de Ereto da Brocha, ele sempre salva as crônicas no computador para não perdê-las. “São documentos históricos”, afirma.


LUIGI MAZZA

Repórter da piauí

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Semana 56 e derradeira do Cronista Misterioso do Itamaraty: um ano de desabusadas crônicas antibolsolavistas

[Nota PRA: Acabou-se o que era doce (por vezes amargo): nosso cronista misterioso, o Batman do Itamaraty, aquele que se chamava pelo estranho nome de Ereto da Brocha, e se classificava como Ombudsman (foi mais do que isso) se despede de seus inúmeros leitores, a maior parte diplomatas, que se sentiram vingados pelas suas ferinas diatribes contra aquele que já ganhou o galardão de "PIOR CHANCELER" de toda a história do Itamaraty (impossível que tenha havido alguém tão ruim no passado, improvável que um idiota semelhante se apresente novamente (ainda que o Brasil tenha o péssimo costume de nos surpreender para tudo o que é ruim).

Vamos dar adeus a nosso impoluto guerreiro de capa e espada (neste caso uma pluma acerada, embora o mais provável seja um computador anódino), nosso vingador mascarado, nunca revelado e até hoje procurado incessantemente pelos esbirros da ABIN, daquele escritório ridículo que é feito para a segurança de um energúmeno, cercado de novos bárbaros, que não conseguiram ainda se vingar do nosso Pimpinela Escarlate, nosso Arsène Lupin, nosso Zorro (sem o Tonto), um Lone Ranger dos bons, que nos divertiu durante um ano inteiro, e que sempre li defasado e perdido numa cronologia não explícita.

Mixed feelings nesta despedida: por um lado, aliviado que o objeto obscuro e medíocre destas crônicas desabusadas já não forneça matéria-prima gratuita para os lances mais ousados do cronista misterioso; por outro lado, preocupado em que ainda tenhamos motivos para requisitar os serviços do nosso Chapolim diplomático.

Adieu Batman, o que posso prometer é que farei um volume sintético com todas as suas crônicas, coisa para ficar na memória dos viventes e dos infelizes diplomatas destes tempos ainda mais infelizes, pois é preciso registrar para as futuras gerações que nem todos foram passivos e indiferentes; a chama da resistência aliviou nossas agruras de dois anos e três meses de recuerdos miseráveis.

Paulo Roberto de Almeida, um resistente de primeira hora.


 56 O fim (Semana 56 - a derradeira)

 

Nestas 56 semanas, pouco mais de um ano completo, pelas quais submeti você, companheiro leitor, às minhas 61 lamúrias e ressentimentos (56 semanais e mais 5 desaforos adicionais), tive a honra de receber elogios de irmãs e irmãos diplomatas e o escárnio de parasitas da casa de Rio Branco. Juntos, leitora e leitor, reclamamos, choramigamos, rimos e lamentamos. Pusemos uma pedra, ainda que pequeníssima, no sapato, quiçá ferradura, de Ernesto. É pouco, mas acalenta a alma.

 

Só posso agradecer aos que me acompanharam até aqui e pedir perdão pelas por vezes porcas linhas que escrevi. É nesse tom que digo, é chegada a hora de parar. É chegada a minha hora de repousar e lamentar os amigos que perdi nesta pandemia. É chegada a hora de relegar Ernesto e sua corja à lata de lixo da história. É chegada a hora de abraçar a esperança de que nosso povo não reeleja Bolsonaro. É chegada a hora de propor ao invés de reclamar. 

 

Sei que alguns jovens, bravas e bravos colegas, têm preparado uma série de propostas interessantes para uma política externa pós-Bolsonaro e, por esta razão, não adentrarei nessas questões, já que os jovens sabem melhor como lidar com elas. Farei apenas três sugestões, quiçá três conselhos, mais ao sabor da tradição do Itamaraty, que, embora singelos, acredito indispensáveis para a reconstrução que se faz imprescindível. A eles.

 

1 - Parece óbvio, mas devemos cumprir os Princípios de Relações Internacionais elencados no artigo 4º de nossa carta magna. Os 10 princípios neste artigo elencados foram defenestrados por Ernesto e devem ser recuperados com a força da lei.

 

2 -  Não deve mais haver a possibilidade de que o Chanceler de turno tome decisões evidentemente deletérias ao interesse nacional. Assim, deve tornar-se regra que as posições tomadas na política externa tenham embasamento em estudos substantivos realizados por diplomatas especializados em cada tema e coordenados por uma análise holística das áreas geográficas (novamente uma obviedade, mas que vem sendo desrespeitada). Para isso, será necessário abandonar a ideia do “craque” do Itamaraty que mata tudo o peito e que, com tacadas de suposto “brilhantismo” e pouquíssimo trabalho, tem epifanias geniais, pois isso, meus caros amigos, não existe. Será necessário criar áreas analítica de inteligência comercial, social, política e etc… Embasadas, sempre, por aálises estatísticas, qualitativas e qualitativas. Além do fim do “craquismo”, incompatível com o mundo atual, aproximações moralísticas a governos (como ao trumpismo) e a ideologias (como o olavismo) não podem mais serem aceitas como premissas válidas para a elaboração de políticas.

 

3 - O prefeito do palácio, nosso calado SG, mostrou que não podemos mais contar com a sabedoria do Chanceler da vez para garantir o bom funcionamento desses dois pilares que sustentam nossa casa. Me parece que é chegada a hora de mudarmos. Devemos aprender com alguns dos outros órgãos da República e propor tanto mandato determinado quanto ampla votação da casa para a formação de lista tríplice para o cargo de SG. Trata-se de um cargo técnico que exige confiança da casa e que deve ter a força para contornar possíveis ingerências estapafúrdias dos governos. Obviamente o Chanceler é um cargo político e deve continuar de livre indicação da presidência, mas o SG deveria ter mandato fixo (quiçá dois anos com possível recondução para mais dois) e ser escolhido por meio de lista tríplice elaborada por meio de votação da casa.

 

É assim que me despeço, companheiro leitor, com os parcos e óbvios conselhos de um velho. 

 

Adeus e ao futuro.

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

 

sábado, 22 de maio de 2021

O resistente Ereto da Brocha homenageia o resistente Paulo Roberto de Almeida (Semana 18bis)

[ Nota preliminar PRA: Incrível: apenas nesta data — 21/05/2021, quando redijo esta curta introdução a mais uma crônica do nosso herói desconhecido da casta dos diplomatas, o autointitulado Ombudsman Ereto da Brocha, a quem eu carinhosamente apelidei de “Batman do Itamaraty” —, me dou conta que ele a fez na 18a. semana de grande combate contra a estupidez ideológica que se abateu sobre a Casa de Rio Branco desde os primeiros dias de janeiro de 2019, e que aparentemente se encerrou no dia 29 de março de 2021. Como eu sempre recebi estas crônicas da resistência clandestina por vias traversas, e de maneira muito errática, havendo sempre um descompasso, uma decalagem temporal entre sua redação, nunca datada, e minhas reproduções neste quilombo de resistência intelectual, depois assembladas numa brochura, só agora me dou ao cuidado de publicá-la, ousando fazê-lo com uma introdução um pouco mais longa, pois esta crônica foi a mim dirigida, no título e na substância. O fato é que esta “pièce de résistence” leva a numeração “18bis”, o que indica que ela foi produzida ainda na primeira leva de petardos bem humorados contra o destruidor do Itamaraty e que eu reuni no primeiro conjunto de crônicas do nosso Cronista Misterioso do Itamaraty, uma pequena brochura divulgada em meados do segundo semestre de 2020, quase duas dúzias completas destas peças corrosivas contra o nosso verdugo finalmente defenestrado de uma cadeira na qual nunca deveria ter sido autorizado a sentar, e de onde nos envergonhou a todos, nós os diplomatas profissionais, nestes dois anos e três meses em que durou um indizível e inimaginável sofrimento diplomático. Ora, o cronista misterioso já se aproxima do final de sua obra mais que meritória de Defensor Geral da Diplomacia e dos Diplomatas Profissionais, tendo eu recebido já a 53a. crônica, que preciso ainda divulgar, e eu recém posso acusar recebimento desta peça que leva a ordem cronológica 18bis, embora não datada pelo calendário, cabendo-me, portanto, somente agora respondecer e agradecer com atraso aos elogios que o mosso Cronista Misterioso me faz. Sim ele esclarece que estivemos em campos opistos no passado — pois que dado meu caráter contrarianista eu nunca me deixei seduzir pelas bobagens ideológicas, ainda que memais amenas do que o horror esquizofrênico do bolsolavismo diplomático, representadas pelo que eu chamei de lulopetismo diplomático, uma moderada distorção de nossa política externa, comparada à destruição a que assistimos a partir de janeiro de 2019. Tanto é assim que eu intitulei meu livro de 2014 sobre o lulopetismo diplomático de “Nunca Antes na Diplomacia”, ao passo que minha mais recente peça de resistência contra os despautérios contra a nossa diplomacia leva o titulo de “O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021”. Reforço ainda a diferença abissal entre as duas “eras” pelo fato de que meu próximo livro sobre os itinerários diplomáticos das últimas três décadas deverá se chamar “Apogeu e Demolição da Política Externa”, e que o lulopetismo diplomático integra antes a primeira fase do que o infeliz ciclo bolsolavista na diplomacia e que agora parece perto de se encerrar. Agradeço pois ao Cronista Misterioso, já antecipando que recolherei suas derradeiras “pièces de résistence” numa quinta e última brochura de síntese abrangente de toda a sua defesa da nossa instituição, cujo título ainda vou definir. Somos ambos resistentes ao trabalho  de sapa do ex-chanceler acidental e de seu inepto chefe, o Cronista de modo “misterioso”, eu de peito aberto, sofrendo todas as retaliações que o infeliz e desequilibrado ex-chanceler e seu nefando capataz de gabinete me impuseram. Continuaremos atentos aos desenvolvimentos desta aventura e prometo acelerar a produção de uma última brochura, assim que receber as duas ou três crônicas finais.]


Carta ao Paulo Roberto (Semana 18-bis)

O amigo leitor deve já ter percebido que, muito em função da idade, não sou lá muito afeito ao mundo digital. Conto, assim, com a ajuda indispensável de alguns fiéis colaboradores que repassam estas insólitas crônicas pelos corredores virtuais de nosso Ministério, quase como item de contrabando intelectual. Afinal, como que caçados pelo Ministério da Verdade, há perigo por todos os lados e nos sentimos sempre vigiados.

Qual não foi minha surpresa quando um amigo querido, com quem trabalhei por duas vezes, uma no exterior e outra na Secretaria de Estado, perguntou se eu conhecia o autor de umas tais crônicas que o Paulo Roberto estava divulgando. Fiquei pasmo. Meus contrabandistas do intelecto haviam, depois de certo tempo, conseguido fazer chegar meus solilóquios às mãos de nosso Enfant Terrible, quiçá, hoje, nosso Aîné Terrible (perdoe a troça Paulo Roberto, trata-se, sim, de um elogio, pois estamos todos velhos de corpo e temos que aceitar a velhice com leveza para permanecermos jovens de espírito, algo que você soube fazer como poucos).

Ainda maior que a surpresa deste velho, foi o brio de que me imbuí com as elogiosas linhas que você, Paulo Roberto, a mim dedicou. Acariciou-me, em especial, o ego o apelido que me destes: O Batman do Ministério (só ressalvo que, apesar de rir-me do apelido, renego qualquer ligação aos Batmans togados de nosso país). Malgrado as carícias a minha vaidade, fiquei especialmente tocado de perceber que meus desabafos encontravam ecos nos ouvidos de ilustres colegas com os quais muitas vezes discordei. 

Muitas vezes discordamos, Paulo Roberto, e nos colocamos em campos opostos no âmbito de nossa política externa, embora sempre com respeito. Hoje, contudo, estamos juntos em oposição às ignóbeis asneiras que escorrem como pus das feridas abertas do gabinete. Trata-se de uma união óbvia, pois sempre estivemos contra à barbárie. Ainda que tenhamos discordado ao longo da carreira, estamos juntos contra as trevas.

Não me resta nada, senão agradecê-lo pelos elogios e pela propaganda que fizeste das balbuciantes baboseiras deste velho.

Juntos contra as trevas, reflitam a luz do pensamento.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN