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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Semana 56 e derradeira do Cronista Misterioso do Itamaraty: um ano de desabusadas crônicas antibolsolavistas

[Nota PRA: Acabou-se o que era doce (por vezes amargo): nosso cronista misterioso, o Batman do Itamaraty, aquele que se chamava pelo estranho nome de Ereto da Brocha, e se classificava como Ombudsman (foi mais do que isso) se despede de seus inúmeros leitores, a maior parte diplomatas, que se sentiram vingados pelas suas ferinas diatribes contra aquele que já ganhou o galardão de "PIOR CHANCELER" de toda a história do Itamaraty (impossível que tenha havido alguém tão ruim no passado, improvável que um idiota semelhante se apresente novamente (ainda que o Brasil tenha o péssimo costume de nos surpreender para tudo o que é ruim).

Vamos dar adeus a nosso impoluto guerreiro de capa e espada (neste caso uma pluma acerada, embora o mais provável seja um computador anódino), nosso vingador mascarado, nunca revelado e até hoje procurado incessantemente pelos esbirros da ABIN, daquele escritório ridículo que é feito para a segurança de um energúmeno, cercado de novos bárbaros, que não conseguiram ainda se vingar do nosso Pimpinela Escarlate, nosso Arsène Lupin, nosso Zorro (sem o Tonto), um Lone Ranger dos bons, que nos divertiu durante um ano inteiro, e que sempre li defasado e perdido numa cronologia não explícita.

Mixed feelings nesta despedida: por um lado, aliviado que o objeto obscuro e medíocre destas crônicas desabusadas já não forneça matéria-prima gratuita para os lances mais ousados do cronista misterioso; por outro lado, preocupado em que ainda tenhamos motivos para requisitar os serviços do nosso Chapolim diplomático.

Adieu Batman, o que posso prometer é que farei um volume sintético com todas as suas crônicas, coisa para ficar na memória dos viventes e dos infelizes diplomatas destes tempos ainda mais infelizes, pois é preciso registrar para as futuras gerações que nem todos foram passivos e indiferentes; a chama da resistência aliviou nossas agruras de dois anos e três meses de recuerdos miseráveis.

Paulo Roberto de Almeida, um resistente de primeira hora.


 56 O fim (Semana 56 - a derradeira)

 

Nestas 56 semanas, pouco mais de um ano completo, pelas quais submeti você, companheiro leitor, às minhas 61 lamúrias e ressentimentos (56 semanais e mais 5 desaforos adicionais), tive a honra de receber elogios de irmãs e irmãos diplomatas e o escárnio de parasitas da casa de Rio Branco. Juntos, leitora e leitor, reclamamos, choramigamos, rimos e lamentamos. Pusemos uma pedra, ainda que pequeníssima, no sapato, quiçá ferradura, de Ernesto. É pouco, mas acalenta a alma.

 

Só posso agradecer aos que me acompanharam até aqui e pedir perdão pelas por vezes porcas linhas que escrevi. É nesse tom que digo, é chegada a hora de parar. É chegada a minha hora de repousar e lamentar os amigos que perdi nesta pandemia. É chegada a hora de relegar Ernesto e sua corja à lata de lixo da história. É chegada a hora de abraçar a esperança de que nosso povo não reeleja Bolsonaro. É chegada a hora de propor ao invés de reclamar. 

 

Sei que alguns jovens, bravas e bravos colegas, têm preparado uma série de propostas interessantes para uma política externa pós-Bolsonaro e, por esta razão, não adentrarei nessas questões, já que os jovens sabem melhor como lidar com elas. Farei apenas três sugestões, quiçá três conselhos, mais ao sabor da tradição do Itamaraty, que, embora singelos, acredito indispensáveis para a reconstrução que se faz imprescindível. A eles.

 

1 - Parece óbvio, mas devemos cumprir os Princípios de Relações Internacionais elencados no artigo 4º de nossa carta magna. Os 10 princípios neste artigo elencados foram defenestrados por Ernesto e devem ser recuperados com a força da lei.

 

2 -  Não deve mais haver a possibilidade de que o Chanceler de turno tome decisões evidentemente deletérias ao interesse nacional. Assim, deve tornar-se regra que as posições tomadas na política externa tenham embasamento em estudos substantivos realizados por diplomatas especializados em cada tema e coordenados por uma análise holística das áreas geográficas (novamente uma obviedade, mas que vem sendo desrespeitada). Para isso, será necessário abandonar a ideia do “craque” do Itamaraty que mata tudo o peito e que, com tacadas de suposto “brilhantismo” e pouquíssimo trabalho, tem epifanias geniais, pois isso, meus caros amigos, não existe. Será necessário criar áreas analítica de inteligência comercial, social, política e etc… Embasadas, sempre, por aálises estatísticas, qualitativas e qualitativas. Além do fim do “craquismo”, incompatível com o mundo atual, aproximações moralísticas a governos (como ao trumpismo) e a ideologias (como o olavismo) não podem mais serem aceitas como premissas válidas para a elaboração de políticas.

 

3 - O prefeito do palácio, nosso calado SG, mostrou que não podemos mais contar com a sabedoria do Chanceler da vez para garantir o bom funcionamento desses dois pilares que sustentam nossa casa. Me parece que é chegada a hora de mudarmos. Devemos aprender com alguns dos outros órgãos da República e propor tanto mandato determinado quanto ampla votação da casa para a formação de lista tríplice para o cargo de SG. Trata-se de um cargo técnico que exige confiança da casa e que deve ter a força para contornar possíveis ingerências estapafúrdias dos governos. Obviamente o Chanceler é um cargo político e deve continuar de livre indicação da presidência, mas o SG deveria ter mandato fixo (quiçá dois anos com possível recondução para mais dois) e ser escolhido por meio de lista tríplice elaborada por meio de votação da casa.

 

É assim que me despeço, companheiro leitor, com os parcos e óbvios conselhos de um velho. 

 

Adeus e ao futuro.

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

26) "É bom ser pária" (semana 26) - Ereto da Brocha (Cronista Misterioso) - O Batman do Itamaraty está de volta!

 O Batman do Itamaraty está de volta!

Ou melhor: meus agentes secretos, 005 e 006, voltaram de férias ou do descanso, e conseguiram me desovar as saborosas — algumas angustiantes — crônicas do Cronista Misterioso das últimas semanas do ano miserável de 2020 e as primeiras de um ano, 2021, que promete ser mais miserável ainda.
Em todo caso, preciso preparar uma terceira edição destes petardos anti-EA, para ampla disseminação e circulação entre o público interessado.
Começo pela primeira desta terceira safra e depois vou alinhando paulatinamente as 14 seguintes, aproveitando para desejar ao Cronista Misterioso meus melhores votos de felicidades em 2021 (só desejo um ano pior, desgraçado, a quem vcs sabem quem).
Brasília, 29/01/2021

É bom ser pária (semana 26)
Escreveu o poeta que devemos ter nossos corações palpitantes de amor patriótico para enfrentar o dragão da mal. Não me refiro a nenhum conto infantil, mas a recente discurso de nosso chefe, que, falando para os formandos da turma João Cabral, convocou-os para uma “aventura nacional e mundial de proporções históricas”! “No sentido medieval” mesmo, como esclareceu.
Não estou plenamente seguro de que os jovens formandos tinham a consciência de que ingressavam não em uma tradicional carreira de estado, mas em uma “aventura épica”, em um “combate de gigantes pela essência humana”! Pensando cá com meus botões, lutar contra dragões… Não tenho certeza se estava nos planos desses jovens.
No romance heroico de nosso chanceler, o globalismo e o politicamente correto, a mando “sabe-se lá de quem” - pois há de ter um toque conspiratório nisso tudo - construíram um ser humano artificial, sem sexo. Pois é, sem sexo - não atribua a mim esse recalque, leitor, foi ele quem disse. A propósito, todas essas referências lascivas a “orgias” e “acasalamento” podem até ser uma forma de agradar o chefe, é verdade, ou de “libertar a linguagem”, mas tenho cá pra mim que… Bom, tirem suas próprias conclusões; ainda me apego a esse incômodo “politicamente correto”.
A saudosa Ms. Walker, professora de inglês de todos nós, proferiu, na mesma ocasião, discurso a um só tempo sóbrio e grandioso. Multilateralismo, democracia e redução das desigualdades sociais. Ah, que saudades que tenho de nossa real diplomacia, em que conceitos racionais estavam também na palavra do Ministro, em lugar de críticas fantasiosas a inimigos imaginários.
Mas a ele uma coisa não se lhe pode negar. Sabe que somos párias, objeto de desconfiança, descrédito e piada. Chacota mesmo. Chalaça. Sabe que cada vez mais nosso trabalho é dificultado no exterior e torna-se por vezes até perigoso. Reconhece, e com orgulho. Diz que é bom ser pária. Acredita que somos heróis virtuosos, lutando sozinhos para libertar o mundo “sabe-se lá de quem”. Só mesmo em seu mundo lírico e confuso, cheio de vilões, aventura e magia.
Se ser pária é tão bom, senhor Ministro, Vossa Excelência poderá ser pária dentro de seu próprio Ministério, recolhendo-se a sua aventura imaginária contra moinhos, orgias comunistas e dragões do mal. Poderá dedicar-se a sua poesia épica e deixar que os assuntos atinentes à realidade sejam conduzidos por embaixadores respeitáveis, enquanto ainda há tempo de salvar a dignidade de nossa Casa.
Para acordarmos desse romance épico de baixa qualidade, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

Batman returns: o Cronista Misterioso do Itamaraty está de volta...

O Batman do Itamaraty está de volta!

Ou melhor: meus agentes secretos, 005 e 006, voltaram de férias ou do descanso, e conseguiram me desovar as saborosas — algumas angustiantes — crônicas do Cronista Misterioso das últimas semanas do ano miserável de 2020 e as primeiras de um ano, 2021, que promete ser mais miserável ainda.

Em todo caso, preciso preparar uma terceira edição destes petardos anti-EA, para ampla disseminação e circulação entre o público interessado. 

Começo pela primeira desta terceira safra e depois vou alinhando paulatinamente as 14 seguintes, aproveitando para desejar ao Cronista Misterioso meus melhores votos de felicidades em 2021 (só desejo um ano pior, desgraçado, a quem vcs sabem quem).

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 29/01/2021


É bom ser pária (semana 26)

Escreveu o poeta que devemos ter nossos corações palpitantes de amor patriótico para enfrentar o dragão da mal. Não me refiro a nenhum conto infantil, mas a recente discurso de nosso chefe, que, falando para os formandos da turma João Cabral, convocou-os para uma “aventura nacional e mundial de proporções históricas”! “No sentido medieval” mesmo, como esclareceu. 

Não estou plenamente seguro de que os jovens formandos tinham a consciência de que ingressavam não em uma tradicional carreira de estado, mas em uma “aventura épica”, em um “combate de gigantes pela essência humana”! Pensando cá com meus botões, lutar contra dragões… Não tenho certeza se estava nos planos desses jovens.

No romance heroico de nosso chanceler, o globalismo e o politicamente correto, a mando “sabe-se lá de quem” - pois há de ter um toque conspiratório nisso tudo - construíram um ser humano artificial, sem sexo. Pois é, sem sexo - não atribua a mim esse recalque, leitor, foi ele quem disse. A propósito, todas essas referências lascivas a “orgias” e “acasalamento” podem até ser uma forma de agradar o chefe, é verdade, ou de “libertar a linguagem”, mas tenho cá pra mim que… Bom, tirem suas próprias conclusões; ainda me apego a esse incômodo “politicamente correto”. 

A saudosa Ms. Walker, professora de inglês de todos nós, proferiu, na mesma ocasião, discurso a um só tempo sóbrio e grandioso. Multilateralismo, democracia e redução das desigualdades sociais. Ah, que saudades que tenho de nossa real diplomacia, em que conceitos racionais estavam também na palavra do Ministro, em lugar de críticas fantasiosas a inimigos imaginários.

Mas a ele uma coisa não se lhe pode negar. Sabe que somos párias, objeto de desconfiança, descrédito e piada. Chacota mesmo. Chalaça. Sabe que cada vez mais nosso trabalho é dificultado no exterior e torna-se por vezes até perigoso. Reconhece, e com orgulho. Diz que é bom ser pária. Acredita que somos heróis virtuosos, lutando sozinhos para libertar o mundo “sabe-se lá de quem”. Só mesmo em seu mundo lírico e confuso, cheio de vilões, aventura e magia.

Se ser pária é tão bom, senhor Ministro, Vossa Excelência poderá ser pária dentro de seu próprio Ministério, recolhendo-se a sua aventura imaginária contra moinhos, orgias comunistas e dragões do mal. Poderá dedicar-se a sua poesia épica e deixar que os assuntos atinentes à realidade sejam conduzidos por embaixadores respeitáveis, enquanto ainda há tempo de salvar a dignidade de nossa Casa.

Para acordarmos desse romance épico de baixa qualidade, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.


quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O cronista misterioso quebra todos os recordes de acesso - Academia.edu e Diplomatizzando

Se ele ganhasse royalties por acessos, já estaria rico (e poderia me dar pelo menos 5% da renda). Nunca vi isso: em três dias as crônicas do Batman do Itamaraty saltaram na frente de todos os demais textos disponíveis nestas duas plataformas: 

Academia.edu:


Title
30 Day Views
30 Day Uniques
30 Day Downloads
257
187
75
150
112
49
112
79
25
79
59
30
64
51
37
61
48
20


Diplomatizzando: recorde absoluto em apenas três dias, de 21 a 25/08: 

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