Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista:
as armas da crítica sarcástica
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: publicação de “crônicas secretas”; finalidade: disseminar divertimento]
Introdução pessoal às “crônicas” listadas abaixo
Fui apresentado, nesta quinta-feira 20 de agosto de 2020, a uma série de “crônicas” da mais fina qualidade literária, ainda que no gênero sarcasmo, as quais eu desconhecia completamente. Segundo me relatou o “expedidor”, essas saborosas crônicas têm circulado desde algumas semanas, e estão sendo distribuídas metodicamente a seus felizes destinatários, entre os quais eu não me incluo (daí ter sido contemplado, apenas tardiamente, e indiretamente, com a remessa de uma dúzia completa, que devorei imediatamente, com grande prazer, aliás).
Segundo depreendo das palavras do autor, trata-se de um diplomata aposentado, grande conhecedor não apenas da cultura do Itamaraty, mas da cultura tout court, capaz de finas alusões literárias, musicais, históricas e de uma grande dose de ironia, para não dizer de sarcasmo, puro e direto. Mas tem muito mais do que isso. Pelo que me ensinam os dicionários, os sinônimos de sarcasmo podem ser os seguintes: zombaria, brincadeira, burla, caçoada, chacota, deboche, derrisão, escárnio, galhofa, gozação, ironia, malhação, mangação, sátira, troça, apupo, gracejo, jocosidade (entre vários outros). Tem tudo isso nestas crônicas, mas sempre com muita elegância, típica de um diplomata de la vielle école, desses que praticamente já não existem mais.
Em todo caso, as tiradas do nosso cronista misterioso são muito bem vindas no atual estado depressivo no qual vivem o Itamaraty e os itamaratecas, uma vez que ele revive o espírito gozador do nosso povo, não os humoristas de ocasião, estilo Casseta e Planeta, mas os maiores e os mais inteligentes, desde Lima Barreto e Mendes Fradique, passando pelo Barão de Itararé e por Stanislaw Ponte Preta, até chegar no inesquecível Millôr Fernandes (também conhecido como “Vão Gogo, um escritor sem estilo”).
O cronista aqui descoberto – êpa!; ainda não: desconheço sua identidade por completo, nem quero conhecer – ainda tem uma longa carreira pela frente, tanto quanto durar o besteirol governamental, e mais precisamente aquilo que eu já denominei de “miséria do Itamaraty”. O personagem aqui visado, merecidamente digamos assim, vai ficar muito desconfortável ao ler estas saborosas crônicas, se ainda não as leu. Suponho que ele vai pedir aos arapongas do regime bolsonarista, aos esbirros do Gabinete do Ódio (que já lhe forneceram farto material para atacar seus antecessores e supostos adversários políticos) que lhe façam a busca, e não será uma grande surpresa se ele descobrir quem se esconde atrás desse nome bizarro escolhido pelo “cronista dos absurdos” da diplomacia bolsolavista.
Não importa agora quem seja o Batman, o Fantasma, o herói temporário de tantos diplomatas discretamente satisfeitos com estas crônicas de tempos miseráveis. O objeto destas crônicas vai tentar identificar quem ele considera um êmulo do Fantômas, ou do Arsène Lupin, mas o nosso cronista é na verdade um grande diplomata, um defensor das melhores tradições do Itamaraty, apenas que armado da mais fina ironia que é possível a um experiente cultor da literatura, da música, da cultura brasileira.
Vou postar, sistematicamente, a dúzia de crônicas a que tive acesso nesta quinta-feira, 20 de agosto (mês de cachorro louco, segundo velhos mitos políticos), e postarei outras mais, se por acaso for contemplado com mais peças de refinado sabor sarcástico.
Índice das “crônicas”:
01) O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)
02) Gusmão rendido (semana 02)
03) Pela restauração! (Semana 03)
04) Franjas lunáticas (semana 4)
05) O Anti-Barão (semana 05)
06) Alienáveis alienígenas (semana 06)
07) Nobel (semana 07)
08) Sussurram os Corredores (Semana 08)
08bis) Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)
09) Meu caro amigo (semana 09)
10) Aos fatos (Semana 10)
11) Kejserens nye Klæder (semana 11) [As Roupas Novas do Rei]
12) A Era do Rádio (semana 12)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3736, 20 de agosto de 2020
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