Kejserens nye Klæder
(semana 11)
Em 1837, o dinamarquês Hans Christian Andersen publicou Kejserens nye Klæder, em bom português, A roupa Nova do Rei. No conto, um tratante se muda para pequeno reino e decide se passar por um famoso alfaiate. Hábil manipulador, espalha a notícia que inventou uma forma de tecer vestes mágicas que apenas os inteligentes e sábios conseguem ver!
O rei, muito vaidoso, ao saber dos supostos dons do famoso xastre, nomeia o malandro para alfaiate real e pede que teça seu novo manto. Para tanto, o malandro solicita baús cheios de riquezas, sedas chinesas e linhas de ouro, que serviriam para a confecção. Passa então meses a abusar dos divertimentos carnais do reino, sempre às custas do rei.
Acontece que, certo dia, o rei, cansado de esperar, chama seus ministros e vai ter com o alfaiate. Conhecendo a vaidade do rei, o malandro mostra um manequim sem vestimenta, apresentando, assim, as supostas vestes mágicas. O rei, sem nada ver, mas não querendo ser provado burro na frente de seus ministros, brada: “Que lindas vestes! Fizeste um trabalho magnífico!”.
Os ministros aduladores, sem pestanejar, brindam também à beleza das vestes inexistentes. E o mais sábio, para se insinuar, chama atenta para a precisão da costura. Mesmo sábio que sugere festividades para apresentar as novas vestes. Proposta imediatamente aceita pelo vaidoso monarca.
Fora do palácio, na cerimônia de exibição das “novas vestes”, uma criança tão sincera quanto plebeia grita: “O Rei está nu!”. Rapidamente a plebe se une ao coro de gritos, risadas e escárnios. O rei, negando-se a admitir que foi estafado, insulta a todos de ignorantes e tenta condená-los a masmorras.
Sim, foi uma longa digressão, mas a esta altura, o amigo-leitor já conhece este humilde servo de Rio Branco e já perdoa minhas manias. O amigo-leitor também já reconhece quem é o rei asno do Itamaraty, seus sicofantas e a plebe, a gargalhar.
Pelo retorno de um rei com roupas, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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