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sábado, 19 de julho de 2025

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira - Paulo Roberto de Almeida, Prefácio e Posfácio

Em vista dos desenvolvimentos recentes no âmbito do BRICS+ (cúpula no RJ) e as ameaças do presidente Trump contra o bloco e especificamente contra o Brasil, assim como declarações tempestuosas dele e do presidente Lula sobre os embates em curso entre os dois dirigentes (certamente não entre os dois países, seus empresários e trabalhadores), resolvi transcrever o prefácio e o posfácio de meu livro sobre o bloco, publicado em formato Kindle em meados de 2022, antes, portanto, de sua transmutação em bloco de oposição ao Ocidente, sob pressão da China e da Rússia.


Eis o índice geral, sendo que o livro está disponível neste link da Amazon.com:
https://www.amazon.com/grande-ilus%C3%A3o-%20Brics-diplomacia-brasileira-%20ebook/dp/B0B3WC59F4/ref=sr11?keywords=A+grande+ilus%C3%A3o+do+Brics+e%20+o+universo+paralelo+da+diplomacia+brasileira&qid=1656513882&sr=8-1

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira
Paulo Roberto de Almeida


Índice
Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo
1. O papel dos Brics na economia mundial
2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos
3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil
4. A democracia nos Brics
5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics
6. O Bric e a substituição de hegemonias
7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009
8. O futuro econômico do Brics e dos Brics
9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição
10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil
11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria
Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia
Indicações bibliográficas

O Prefácio pode ser lido aqui:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/a-grande-ilusao-do-brics-e-o-universo_18.html

sexta-feira, 18 de julho de 2025

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira, Posfácio do livro de Paulo Roberto de Almeida

Transcrevo o Posfácio deste livro publicado em formato Kindle, em junho de 2022, ou seja, antes do BRICS+. Em postagem imediatamente anterior, transcrevi o Prefácio.


A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira
Paulo Roberto de Almeida

Índice
Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo
1. O papel dos Brics na economia mundial
2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos
3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil
4. A democracia nos Brics
5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics
6. O Bric e a substituição de hegemonias
7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009
8. O futuro econômico do Brics e dos Brics
9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição
10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil
11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria
Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia
Indicações bibliográficas


Posfácio:
O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia

“Yo soy yo y mi circunstancia, y si no la salvo a ella no me salvo yo.”
Ortega y Gasset, Meditaciones del Quijote (1914)

        A frase do filósofo espanhol é bastante conhecida, e pode ser interpretada de diversas formas, geralmente no plano individual. Pelo menos dois dos autores citados nos ensaios que compõem este livro, Robert Kagan e Parag Khanna, atribuem forte importância à geografia, que pode ser considerada como a circunstância inevitável no plano das nações ou, mais precisamente, dos Estados e sua geopolítica. Em outros termos, os Estados podem escolher a sua organização interna, na esfera política e econômica, e sobretudo suas relações externas, mas eles não podem escolher a sua geografia. Ela lhes é dada pela história, ou seja, pelo longo desenvolvimento de um povo – ou vários deles – num determinado território, partindo dessa condição primária para constituir uma nação, ou um Estado, ou seja, a representação dessa nação no âmbito regional e internacional.
        Napoleão, por sua vez, reconhecendo a relação muito estreita entre a geografia e a política, teria dito: “Um Estado faz a política de sua geografia”, ou, segundo outras fontes, “A política de um Estado está em sua geografia.” Qualquer que seja a forma exata do aforisma do primeiro cônsul da Revolução francesa, depois Imperador da nação dominante na Europa do século XVIII e início do XIX, ele não conseguiu dominar a geografia europeia, ao tentar estender sua preeminência sobre a Europa continental – que se estendia das penínsulas ibérica e itálica, até praticamente a Prússia oriental, onde vivia Kant – às terras eslavas da Rússia, passando, portanto, sobre territórios que depois conformariam duas repúblicas soviéticas, a Bielorrússia (ou Rússia branca) e a Ucrânia. O pequeno corso, genial estrategista militar, foi vencido não tanto pela geografia, como pela distância, fator que também afligiu as tropas da Wehrmacht, quando tentaram vencer onde Napoleão tinha falhado: as terras longínquas da Rússia europeia, que podia escolher, como fizeram os generais czaristas, recuar até o ponto no qual o “general inverno” se encarregaria de abater tropas francesas e blindados nazistas.
        Voltando à circunstância geográfica do Brasil, sua projeção estratégica – para retomar o vocabulário dos geopolíticos – se estende não muito naturalmente pelos vastos espaços da América do Sul, e não muito além disso. Não naturalmente pois que existem as barreiras naturais da selva amazônica, dos contrafortes andinos, do próprio pantanal e da quase total facilidades de comunicações terrestres ou mesmo fluviais nos vastos ermos de nosso heartland, o cerrado central, penosamente acessados apenas pelos grandes rios da bacia amazônica, ao norte, e da bacia platina, ao sul. Aqui se situava, justamente, o espaço natural de projeção do poder instalado na costa atlântica do Brasil, tanto que a metrópole portuguesa tentou por diversas vezes assenhorear-se da margem superior do Prata, instalando uma colônia em Sacramento e depois lutando contra os castelhanos para tentar manter a província oriental, ou cisplatina, ou pelo menos garantir a livre navegabilidade dos rios da bacia do Prata, como única maneira de alcançar a província do Mato Grosso.
        Como não se pode discutir com a geografia – pois ela existe, simplesmente, como dizia o teórico geopolítico Spykman –, se pode tomar como natural uma política externa do Brasil que buscasse construir um vasto espaço econômico integrado no coração da América do Sul, pela liberalização recíproca dos mercados e pela própria abertura até unilateral dos seus próprios mercados a todos os vizinhos regionais. O que ultrapassasse tais “circunstâncias geográficas” – o hemisfério norte, o Atlântico Sul, o continente africano, terra de origem de grande parte da população, que depois se mesclou aos aborígines e aos colonizadores e aos imigrantes, e as terras mais distantes “para além da Taprobana” – seriam objeto de suas relações exteriores “dentro de lo que cabe”, como poderia também dizer Ortega y Gasset. Ou seja, construído o espaço natural de projeção econômica, política e cultural do Brasil no seu entorno imediato, garantindo paz, segurança e prosperidade na América do Sul, os espaços “externos” seriam alcançados para fins de desenvolvimento econômico e social, mobilizando capitais, tecnologia, recursos de todos os tipos para conectar nossa economia, e a do espaço de integração liderado pelo Brasil, à dos grandes centros dinâmicos da economia global.
Tal seria a conformação de um relacionamento exterior, regional, continental e alhures, totalmente compatível com nossa dotação de fatores, nossas vantagens comparativas, nossa capacidade competitiva e nossas ambições diplomáticas de desempenhar um papel positivo em nosso “ambiente natural” – as circunstâncias geográficas – e mais além, em outros quadrantes de um planeta ainda muito desigual, mas vocacionado ao crescimento e à prosperidade, desde que as grandes potências, as economias avançadas, mas também as potências médias, como o Brasil, se concertassem em garantir paz e segurança – como rezam os primeiros artigos da Carta da ONU – e, a partir daí, traçar um vasto plano de eliminação da miséria, de redução da pobreza, e de cooperação ampliada visando elevar os indicadores de bem-estar de imensos contingentes dos povos e nações do planeta.

        Os argumentos acima podem ajudar a explicar os motivos pelos quais eu falei de uma “miragem do Brics” e de um “universo paralelo da diplomacia brasileira”, pois estas duas expressões me parecem resumir o desvario da política externa do lulopetismo ao pretender construir uma aliança não natural com duas superpotências nucleares, autocráticas, e uma outra potência nuclear, mas de dimensão média, embora afligida pelos mesmos problemas de subdesenvolvimento de parte de sua população, mas dotada de instituições democráticas de tão baixa qualidade quanto as do Brasil, os quatro Estados originais não exatamente isentos dos males da corrupção, da desigualdade e de um excesso de intervencionismo estatal. A adição de mais um parceiro, africano, não mudou quase nada a conformação inicial do novo grupo, e de toda forma não resultou de uma decisão diplomática do Brasil, e sim de uma decisão tomada praticamente de forma monocrática pelo principal membro do grupo. Que o Brics tenha sido uma miragem – talvez imaginada como sendo capaz de criar uma ordem mundial alternativa àquela dominada pelos arrogantes ocidentais – e que ela tenha sido promovida por uma espécie de diplomacia paralela à normalmente existente na instituição bicentenária de nossas relações exteriores, as justificativas desse julgamento, talvez severo, se encontram na dezena de textos compilados nesta coletânea que teve por único objetivo oferecer à curiosidade dos interessados meus argumentos dotados de ceticismo sadio quanto à propriedade da iniciativa e sua adequação aos requisitos do desenvolvimento brasileiro, que se estenderam desde antes que esse “animal diplomático” fosse criado até certa ruptura do padrão diplomático seguido durante três mandatos e meios do assim chamado lulopetismo. Os governos ulteriores receberam essa herança e a mantiveram num ritmo mais incerto, sem o entusiasmo dos amadores que comandaram a política externa por quase três lustros.
        Nunca tive nenhuma hesitação em classificar de erro de percepção, até de concepção, a iniciativa, tomada entre as duas nações que figuram em primeiro lugar no acrônimo do Brics, de operar a transmutação de um mero exercício de “carteira de investimentos” de um economista de banco de negócios internacionais em um grupo diplomático, como toda a parafernália habitual nesse tipo de empreendimento: reuniões de sherpas, conferências de ministros e, culminando, os encontros de cúpula, com o diplomatês também habitual garantido pelos diplomatas profissionais, e o entusiasmo pouco refletido da maior parte da academia e do jornalismo. Uma das coisas que me surpreenderam sobremaneira, em mais de quatro décadas de exercício profissional da diplomacia – mas combinada a uma atividade acadêmica também constante, assim como a estudos e pesquisas regulares ao longo de todo esse período –, foi a pouca capacidade de meus colegas, tanto na diplomacia quanto na academia, de refletirem criticamente sobre a aventura proposta por dirigentes políticos e diplomáticos, em meados da segunda década deste século e de avançarem estudos técnicos, reflexões ponderadas, exercícios e simulações fundamentadas em dados empíricos, no tocante às possibilidades praticamente inexequíveis de tal grupo heterogêneo, separado pela cultura, pela história e pela geografia, resultar em algum arranjo racional e instrumental para os objetivos nacionais de desenvolvimento, vale dizer para os interesses da nação.
        O que ocorreu foi que uma decisão oportunista, movida unicamente pelo apelo ocasional de uma sigla construída com objetivos totalmente distintos, acabou transformada em um empreendimento de Estado, em total ligeireza de avaliação e com falta completa de senso crítico. Surpreendeu-me a submissão de diplomatas – geralmente tido por burocratas de altíssima qualidade intelectual – a uma ideia sem qualquer consistência efetiva, sem apoio numa tradição de relacionamentos mais profundos – como os existentes entre os países da América do Sul, por exemplo – e sem o cuidado de buscar, na densidade já adquirida de nossas interfaces externas (geralmente no próprio hemisfério, e com os continentes de origem de nossa população mestiça), a rationale fundamental que justificasse tal objetivo grandioso: a união diplomática, num novo grupo, de quatro grandes economias emergentes, pensadas originalmente como fonte de retornos ampliados a investidores, repentinamente consideradas como iniciadoras de um projeto de mudança da “ordem internacional” existente, tida talvez como não compatível com os interesses nacionais dos quatro paladinos (mas esses interesses eram compatíveis entre si?). Não, não estou condenando ou censurando os diplomatas: eles apenas cultivam os dois princípios que lhes foram inculcados desde o Instituto Rio Branco e depois em discursos regulares da direção quando falando para a tropa reunida: hierarquia e disciplina (coisa que eu considero válidas para soldados de linha, mas não para diplomatas).

        Meus artigos e ensaios, espaçados por toda a “vida útil” do Brics, visavam tão somente chamar a atenção para as discrepâncias entre os países, para o lócus único de cada um no sistema internacional – se sistema existe – e discutir as dificuldades em construir uma agenda coerente a partir dessas diferenças estruturais entre eles, o que eu já havia feito, aliás, para o primeiro exercício de voluntarismo internacional do lulopetismo diplomático, o grupo IBAS, congregando três dos futuros cinco integrantes do Brics, Brasil, Índia e África do Sul. Não considerava, tampouco, desde o início de 2003, que os três países tivessem problemas comuns, a não ser a pobreza, a desigualdade e até a miséria de boa parte das populações respectivas, e jamais admiti que esses problemas pudessem ser solucionados por uma agenda comum de trabalhos, que necessariamente seria reduzida ao mínimo denominador comum e acabaria se traduzindo em viagens de diplomatas e outros burocratas, num esforço insano de produzir declarações que se alimentam delas próprias, entre uma e outra reunião de consulta e coordenação. Assim, quando foi aventada a ideia de mais um grupo diplomático a partir de ideias mal concebidas e, de toda forma, pensadas para objetivos mais prosaicos – retornos de investimentos financeiros –, considerei que o novo empreendimento também padecia de “males de origem”, como classificou Manoel Bonfim as dores do subdesenvolvimento do Brasil e da América Latina.
        Mas, o que eram apenas reflexões de natureza basicamente econômica, sociológica, com alguns toques amadores de geopolítica para aprendizes, não pretendiam de forma alguma mudar as posições do governo brasileiro ou de sua diplomacia, pois eu tinha plena consciência de que o pacote partidário da diplomacia lulopetista seria aplicado de forma fiel pelos apparatchiks da presidência e pelos servidores do corpo diplomático. Essas reflexões adquirem agora, no momento em que decido coletar as mais importantes – apenas 10, entre duas dúzias, aproximadamente – para uma publicação consolidada, uma outra conotação, que é mais de caráter propriamente político, ou talvez essencialmente moral: o governo daquele momento decidiu unir alguns dos movimentos diplomáticos do Brasil aos de dois outros países já bastante conhecidos pelo caráter autocrático de seus governos. O que parecia uma simples oportunidade de ganhos econômicos, diplomáticos e de prestígio internacional, no momento em que uma dessas autocracia viola flagrantemente a Carta das Nações Unidos, afronta todos os capítulos dos manuais de Direito Internacional e pratica crimes de guerra – e possivelmente crimes contra a humanidade – meus textos críticos ao Brics aparecem numa nova luz, a de uma recusa prévia de uma aventura que eu já achava antinatural e contrária ao espírito e à letra de nossas tradições diplomáticas mais arraigadas, o respeito irrestrito ao Direito Internacional, ou às mais elementares regras de boa conduta nas relações externas, todas elas condenadas pela Carta da ONU e pela Convenção de Viena de 1961 sobre relações diplomáticas. Não é possível o Brasil permanecer indiferente à agressão e aos crimes.
        Eppur si muove, como diria Galileu, no entanto, o Brasil do atual governo não apenas permanece indiferente ao terrível suplício de um povo e de uma nação, como, pelo seu mais alto dirigente demonstra uma ativa solidariedade e um apoio objetivo a esses crimes. Daí, que resolvi – depois de já ter coletados os artigos e ensaios aqui compilados – escrever este posfácio para declarar, em alto e bom som, que como acadêmico, como diplomata e como cidadão, repudio e condeno a postura do governo atual, o dessa gestão absolutamente prejudicial à diplomacia profissional, ao conceito e à imagem do Brasil no plano externo, ao nosso prestígio internacional tão duramente construído e mantido, a despeito de percalços, nos anos que se sucederam à ditadura militar (que também nos envergonhou como cidadãos e diplomatas). Parte da postura do governo atual em relação aos crimes que estão sendo perpetrados contra o povo ucraniano se devem, justamente, à nossa condição de membros desse grupo anômalo que se chama Brics, que na verdade se tornou um instrumento a mais de atuação de duas autocracias bastante poderosas. Isso já era verdade, quando um governo anterior permaneceu igualmente indiferente em face de uma primeira violação da soberania da Ucrânia, o sequestro e a anexação de parte do seu território – a península da Crimeia – e a promoção do separatismo armado em suas províncias orientais, de ocupação russa.

        Meu posfácio tinha sido concebido primariamente para explicar os conceitos de “miragem do Brics” e de “universo paralelo” da diplomacia lulopetista, mas agora está sendo escrito para declarar minha postura em face da miséria diplomática atual, uma fase indigna de nossa política exterior que espero possa ser corrigida num futuro próximo. Um dos escolhos a uma reversão nesse sentido se chama justamente Brics: o quadro atual materializa temores que eu já mantinha desde o início, apenas por uma rejeição natural a ditaduras.
Espero que esta coletânea possa servir para despertar certo espírito crítico entre meus colegas, acadêmicos, jornalistas, cidadãos interessados na diplomacia brasileira: ela teve apenas esse modesto objetivo, que aliás se coaduna com um dos objetivos declarados do editor Monteiro Lobato, que era originalmente o de Castro Alves:

        Livros à mão cheia,
        E manda o povo pensar!
        É germe – que faz a palma,
        É chuva – que faz o mar!

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de junho de 2022

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Triste fim de Policarpo Araujo; finalmente na lata de lixo de uma fase que se encerra na patetice - Paulo Roberto de Almeida, Ereto da Brocha

 Agora que chega ao fim, do modo mais patético possível, o desgoverno do boçal que afundou a imagem do Brasil no mundo, cabe retomar um aspecto da luta de resistência levada a cabo por um desconhecido diplomata que trouxe um pouco de graça (mas também de desespero) ao período mais sombrio do Itamaraty, sob a gestão do desequilibrado chanceler acidental, que ajudou o boçal a desmantelar a autoestima dos diplomatas. Esse desconhecido atendia pelo nome de Ereto da Brocha, e dele não procurei saber mais do que as crônicas publicadas quase que clandestinamente, e artesanalmente, circulando como os samizdats da época dos dissidentes na finada União Soviética. 

Ajudei quanto pude na divulgação, de que são testemunho os trabalhos que introduziram e fecharam a brochura que eu produzi para uma publicação consolidada, como revelada por estas três fichas sequenciais de trabalhos:

3939. “Introdução às crônicas do diplomata anônimo”, Brasília, 29 junho 2021, 4 p. Prólogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2022, 91 p.). 

3940. “Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty”, Brasília, 29 junho 2021, 3 p. Epílogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). 

3941. Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). Brochura montada com 58 crônicas do cronista misterioso do Itamaraty, mais meus trabalhos 3939 (Introdução) e 3940 (Epílogo). Publicado digitalmente, disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_). Relação de Publicados n. 1401bis.


Ereto da Brocha permanece, talvez para sempre, desconhecido, e não me preocupei em desvendar sua verdadeira identidade, e sim em reproduzir suas crônicas desabusadas. Agora que o objeto principal de suas zombarias parece soçobrar num desequilíbrio mental evidente, permito-me reproduzir minha Introdução e o  meu Posfácio que preparei especialmente para a brochura que editei para divulgação do material representativo de uma época pouco memorável. A brochura encontra-se disponível no link acima (trabalho 3941). 


Introdução às crônicas do diplomata anônimo

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Aproximadamente em meados de agosto de 2020, e para minha completa surpresa, fui apresentado com certo ar de mistério, e uma defasagem temporal de três meses, a uma dúzia de crônicas desabusadas sobre nosso desprezível chanceler acidental e sua obra destruidora no Itamaraty, deprimente para o seu corpo profissional. Até então, eu me julgava o único dos diplomatas da ativa que ousava criticar, e destratar, aquele que eu sempre chamei de “chanceler acidental”, não só pelo fato do patético chefinho da majestosa Casa de Rio Branco ser uma espécie de servo de gleba, retirado do bolso do colete para servir de capacho voluntário dos novos donos do poder em Brasília, mas também por que o próprio fazia questão de sublinhar sua beata devoção aos ignaros que começaram a conspurcar não só a política externa brasileira, mas também sua diplomacia profissional. O submisso burocrata não só confirmava, a cada vez, sua total sujeição ao bando de novos bárbaros que passaram a rebaixar, terrivelmente, o status do Brasil no plano internacional, como fazia questão, ele mesmo, de expor toda a sua cretinice por meio de postagens estapafúrdias num blog tresloucado, alucinado e alucinante, chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”. 

Eu já tinha publicado em meados do ano anterior, três meses depois de minha exoneração do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, numa segunda-feira de Carnaval, um primeiro livro sintomaticamente chamado Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, que expressava exatamente a minha opinião – fundamentada exatamente nas loucuras que li, vi e ouvi, saídas da boca balbuciante do patético chanceler acidental –, mas que imaginava que seria o único registro de meu horror ante o espetáculo grotesco que o desequilibrado personagem representava em desfavor de nossa diplomacia cada vez que decidia gaguejar em defesa do antiglobalismo de seus amos e patrões. Mal eu imaginava que aquele seria o primeiro de um ciclo tratando do que apelidei de bolsolavismo diplomático, uma série de quatro brochuras de autor – todas disponíveis em minhas ferramentas de comunicação social – com os sugestivos títulos de: O Itamaraty num labirinto de sombrasUma certa ideia do Itamaraty e O Itamaraty Sequestrado (ver no meu blog Diplomatizzando).

Estava eu, portanto, entregue às minhas exegeses acadêmicas sobre o fenômeno mais bizarro que já tinha acontecido nos duzentos anos de história de nossa política externa, quando me deparei – remetidos por interposto colega – com a primeira dúzia de petardos entre o humor e o escárnio, que vinham assinados por esse nome também bizarro de Ereto da Brocha, autonomeado Ombudsman do Itamaraty. Nunca fui um apreciador desse nom de plume – tanto que o chamava de Cronista Misterioso ou de Batman do Itamaraty –, mas encantei-me imediatamente com a verve saborosa, picante e escrachada, do colega obscuro que sabia, com muito maior impacto que tinham minhas críticas pretensamente intelectuais, zombar do infeliz mequetrefe que insistia em diminuir o prestígio do Itamaraty dentro e fora do Brasil.

Desde Aristófanes que a melhor crítica aos demagogos, aos populistas ignorantes, mas donos do poder, é aquela representada pela crítica mordaz das sátiras, dos enredos absurdos, das descrições humorísticas, que destroem toda a pompa vazia desses chefetes ridículos e seus criados amestrados, como era o caso daquele que pode ser classificado como o pior chanceler da história da diplomacia brasileira. Perdão: corrijo-me. Falar em “pior” pode dar a impressão de que tivemos alguns menos ruins do que o sabujo que desgraçou o Itamaraty durante toda a sua desastrosa gestão de dois anos e três meses. Não, isso é impossível: o infeliz chanceler acidental não tem quem lhe possa ser, de perto ou de longe comparado; ele foi um desvio-padrão absoluto na história de nossa chancelaria, nunca teve precedentes e (espera-se) não terá sucedâneos no futuro previsível de nossa instituição. Ele merece todo o desprezo que lhe devotam, pelos meus cálculos, 99,9% do corpo funcional do Itamaraty, tendo sido apenas seguido de modo muito envergonhado pelos oportunistas sacripantas que o seguiram mais por obrigação do que por convicção.

De fato, é praticamente impossível imaginar quem poderia apreciar tão ridículo personagem, aqui “imortalizado” nestas crônicas entre o amargo e o histriônico, entre o risível e o desprezível, entre a troça e a desgraça, em torno do serviçal caninamente fiel aos ineptos que mandavam e desmandavam no visivelmente desequilibrado funcionário. O cronista misterioso do Itamaraty foi muito mais feliz, e eficiente, do que eu fui, com minhas análises supostamente sérias sobre o que foi, de fato, uma experiência grotesca, burlesca, deplorável, na trajetória de uma Casa tida por séria e respeitada. O Itamaraty, sob o tacão dos novos bárbaros e do seu capataz submisso, tornou-se o objeto das troças das chancelarias vizinhas, dos nossos amigos europeus, e até dos americanos que não rezavam pelo credo trumpista que também infernizou a vida dos colegas do Departamento de Estado. Fomos, durante mais de dois anos, o alvo das zombarias de toda a imprensa nacional e internacional, e das lamúrias dos profissionais da diplomacia que não encontravam vazão para expressar o seu horror pelo circo dos novos bárbaros.

Através das crônicas semanais do Cronista Misterioso – insisto no apelativo, pois que até hoje não se conhece a identidade do nosso vingativo Lone Ranger, e eu mesmo nunca fiz questão de inquirir meu intermediário – a Casa toda se sentiu vingada, pois que cada novo petardo circulava febrilmente nas redes restritas de grupos de diplomatas conectados por relações de amizade e de confiança. A mim, essa crônicas sempre chegaram com certo atraso temporal – dificultando, aliás, o estabelecimento de uma cronologia correta, pois elas eram apenas identificadas pela numeração serial de cada semana, não por uma data do calendário –, mas a cada vez transcrevia cada uma em meu blog Diplomatizzando, com pequenas notas introdutórias para contextualizar o seu teor para eventuais leitores “paisanos” – aqueles não pertencentes à carreira – e depois tratava de reunir o conjunto recebido num determinado período, colocando a brochura à disposição dos interessados. 

Ao longo do ano que quase transcorreu desde que tomei conhecimento destas crônicas desabusadas, compus algumas brochuras improvisadas, em sucessivas edições que responderam a títulos como estes: Crônicas do Itamaraty bolsolavistaUm ornitorrinco no Itamaraty O Brasil virou um pária internacional? (cujo autor era legendado como “um diplomata desconhecido” ou “o cronista misterioso do Itamaraty”). A série fez tanto sucesso, mesmo entre o público externo, que a Associação dos Funcionários do Ipea (Afipea) preparou sua própria brochura, recolhendo as 40 primeiras crônicas então disponíveis, acompanhadas de minhas notas introdutórias e respectivos prefácios, colocando o conjunto à disposição de todos em seu site, sob o título de Crônicas Tragicômicas de um Diplomata Resistente, por Ereto da Brocha, Ombudsman (disponível neste link: https://afipeasindical.org.br/content/uploads/2021/03/Pilulas_de_Bom_Senso_Caderno_06.pdf).

Eu estava me preparando para compor uma edição definitiva das crônicas, uma espécie de Gesamtkunstwerke, para honrar o trabalho do nosso cronista misterioso, quando tive a ideia de oferecer ao Batman, via meu colega intermediário, a chance dele mesmo assinar uma brochura, coroando sua obra enfim concluída, logo após a demissão do infeliz e patético objeto de seus petardos bem assestados contra a gestão certamente a tresloucada em quase duzentos anos de história. Tendo ele aceito a ideia, propus que ele fizesse o prefácio, cabendo-me, pelo esforço de organização, uma introdução sintética com o único fito de contar um pouco esta historieta inédita nos anais do Itamaraty. Ela o é, há mais de um título, pois nunca antes nessa trajetória bissecular tínhamos enfrentado um tão patético personagem de desventuras temporárias, mas certamente marcantes em termos de ridículo e horror. Agora que a agonia passou, o ex-chanceler acidental deveria desaparecer em escaninhos obscuros da galeria dos ex-chanceleres, um seleto clube no qual ele nunca deveria ter sido normalmente chamado a integrar. 

Os comentários mordazes, inteligentes e divertidos do Cronista Misterioso – alguns deles amargos, ao contemplar o espetáculo histriônico que nos oferecia quase todos os dias o farsante que servia caninamente a um bando de palhaços – já integram a história “secreta” do Itamaraty, independentemente de que venhamos a descobrir, ou não, a identidade de seu autor, o que é menos importante do que a obra de resistência que ele conduziu solitariamente, e clandestinamente, durante um ano inteiro. Se ouso me associar ao esforço, mais como editor e comentarista superficial, é porque também me considero parte desse pequeno grupo de dissidentes declarados da barbárie que presidiu aos destinos do Itamaraty durante a gestão do ex-chanceler acidental. 

Meu trabalho foi conduzido diuturnamente, persistentemente, denodadamente, por meio do quilombo de resistência intelectual que sempre foi o Diplomatizzando, esforço representado pelos quatro títulos já informados a acima e que será complementado por um último livro desse infeliz ciclo do bolsolavismo diplomático – ainda que contendo um espectro mais amplo de análises de nossas relações exteriores –, cujo título é Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira. 

Quero, por fim, deixar meu registro de admiração, reconhecimento e agradecimento ao “cronista misterioso”, que manteve a chama de nossa resistência à ignorância torpe, ao servilismo abjeto, à subserviência desastrosa ao prestígio anterior da diplomacia brasileira, temporariamente colocada sob os tacões dos novos bárbaros. Ereto da Brocha cumpriu um papel que se apresentou sob a forma de crônicas improvisadas, mas que devem e podem legitimamente integrar o histórico de resistência política do Itamaraty ao desgoverno sob o qual o Brasil vive desde 2019. Esta pequena brochura rende uma homenagem de todo o Serviço Exterior brasileiro ao resistente anônimo de uma época que logo passará para a lata de lixo da história. 

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

Brasília, 29 de junho de 2021


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Epílogo:

 

Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty

 

 

Paulo Roberto de Almeida

 

 

Acabou-se o que era doce (algumas vezes amargo): nosso cronista misterioso, o Batman do Itamaraty, aquele que se chamava pelo estranho nome de Ereto da Brocha, e que se classificava como Ombudsman (foi bem mais do que isso) se despediu de seus inúmeros leitores, a maior parte diplomatas, que se sentiram vingados pelas suas ferinas diatribes contra aquele que já ganhou o galardão de “pior chanceler” de toda a história do Itamaraty. Creio que é impossível que tenha havido alguém tão ruim quanto ele, mesmo no passado remoto, e é improvável que um paspalho semelhante se apresente novamente em nosso futuro, ainda que o Brasil tenha o péssimo costume de sempre nos surpreender com coisas peculiarmente bizarras (e bizarro certamente ele foi, o ex-chanceler acidental). 

Damos assim adeus ao nosso impoluto guerreiro de capa e espada (neste caso uma pluma acerada, embora o mais provável seja um computador pessoal), ele que foi o nosso vingador mascarado, nunca revelado, até hoje procurado pelos arapongas da ABIN, aquele escritório feito para a segurança do Estado, mas que foi colocado a serviço dos novos bárbaros, que não conseguiram ainda se vingar do nosso Pimpinela Escarlate, nosso Arsène Lupin, nosso Zorro (sem o Tonto), um Lone Ranger dos bons, que nos divertiu durante um ano inteiro, mas que sempre li defasado no tempo e perdido numa cronologia não explícita.

Confesso meus mixed feelings nesta despedida: por um lado, aliviado que o objeto obscuro e medíocre destas crônicas desabusadas já não forneça matéria-prima gratuita para os lances mais ousados do cronista misterioso; por outro lado, preocupado em que ainda tenhamos motivos para requisitar os serviços do nosso Chapolim diplomático (pois tudo é bizarro no reino dos novos bárbaros).

Adieu Batman. Confirmo por esta última nota em uma brochura que é da sua lavra, que tive o prazer de oferecer a um número um pouco mais vasto de leitores a coleção completa de suas crônicas, dirigidas originalmente ao público mais seleto e mais circunspecto composto por nossos colegas diplomatas. Sua obra, imortalizada nestas crônicas desabusadas, é coisa para ficar na memória dos viventes e dos sobreviventes de uma fase das mais infelizes em nossa trajetória diplomática, ainda que ainda estejamos em tempos um pouco mais infelizes, com a contagem das vítimas dos novos bárbaros ultrapassando a marca do meio milhão de mortos no país. Mas é preciso registrar para as futuras gerações que nem todos foram passivos e indiferentes; a chama da resistência, como aquela que alimentou suas crônicas semanais, aliviou nossas agruras de dois anos e três meses inteiros de recuerdos miseráveis.

O infeliz e desastroso ciclo bolsolavista de nossa diplomacia não ficou impune nesse período, graças em grande medida às suas crônicas implacáveis, esforço para o qual eu também concorri, embora modestamente, nessa vertente aborrecida dos ensaios de cunho acadêmico. Creio que a maioria dos nossos colegas – eu até diria que a quase totalidade, mesmo aqueles que tinham de servir de perto o patético chanceler acidental – se divertiu amplamente ao ler, na calada de suas ferramentas de comunicação, estas crônicas desabusadas, e certamente passou discretamente adiante os petardos semanais.

Fomos, eu e você, dois diplomatas dissidentes que nos dedicamos a desancar o patético personagem, que insistia em diminuir o Itamaraty e o seu corpo profissional, como se ele não tivesse servido fielmente todos os governos e regimes anteriores. Ele conseguiu ofender a inteligência do Itamaraty, mas não diminuiu nossa capacidade de resistência, pelo menos no que dependeu de você, clandestinamente, e de mim, de modo totalmente aberto. Cabe-nos agora empreender um projeto de reconstrução da política externa e de restauração da diplomacia profissional, pois que a isso nos obriga nossa condição e consciência de diplomatas dissidentes do atual desgoverno. Em sua última crônica já constam algumas recomendações aos jovens, que darão continuidade a esse trabalho de soerguimento da diplomacia profissional. Pois foi um jovem diplomata que me abasteceu, embora com certo retardo, com seus petardos sempre esperados, que eu ia postando sequencialmente em meu quilombo de resistência intelectual, para depois reunir alguns blocos em brochuras improvisadas que fui publicando por minha conta e risco, e sem autorização explícita de seu autor. 

Creio que a maioria dentre nós muito se divertiu com seus petardos, embora alguns fossem mais propriamente desoladores. Mas esse é o retrato do governo atual, assim como ele foi da administração bolsolavista no Itamaraty, felizmente interrompida pela metade. Não espero receber mais crônicas do nosso cronista misterioso, ainda que eu pressinta que esse diplomata ainda não identificado continuará atento às idas e vindas do desgoverno agônico, pronto para voltar ao combate se as circunstâncias assim o exigirem. Quando estes tempos obscuros passarem, ele talvez apareça com seu nome próprio (talvez para reivindicar seu justo copyright, sendo que ele já tem os moral rights pela produção) e será devidamente saudado como o iniciador do processo de resistência, um bravo entre muitos outros bravos (talvez mais discretos).

Eu servi apenas como um assistente de editoração, digamos assim, sendo que meus comentários pontuais a cada uma das crônicas figuraram nas postagens do meu blog Diplomatizzando; elas também serão objeto de uma nova brochura, para registro de um outro tipo de resistência nestes tempos obscuros. Em todo caso, como diriam os companheiros, a luta continua...

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

29 de junho de 2021