Dossiê
Globalismo: Brasil Paralelo e seu seguimento
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: compilar matérias sobre um
“debate” sobre o globalismo; finalidade:
apenas deixar registro de um material que na verdade não deveria existir]
Introdução
O dossiê a seguir representa uma tentativa de
consolidação do material existente sobre o que eu chamo de “debate que não
houve”, e que me parece totalmente inútil no plano de minhas realizações
intelectuais, sob qualquer critério que se considere a questão. Tudo teve
origem por um convite dos organizadores da série “Brasil Paralelo” (https://www.brasilparalelo.com.br/home/),
na sequência de uma entrevista que realizaram comigo em 2016, julgada
conveniente e que deu motivo a um segundo pedido de entrevista sobre o binômio
“Globalização-globalismo”. Não tinha razões para recusar a entrevista, tanto porque
me permitiria expor, ainda que rapidamente, minhas concepções sobre um e outro
conceito, sendo que deve ficar claro desde o início que eu considero a
globalização um processo real, e o tal de globalismo uma invenção sem qualquer
elaboração mais sofisticada, mas que parece transmitir a ideia de um “governo
mundial” sendo construído por uma coalizão ambígua de poderosos, e que
considero uma ideia estapafúrdia, sem qualquer conexão com os dados da
realidade.
Com base num roteiro previamente encaminhado, preparei
algumas notas rápidas sobre a questão, que estão disponíveis nesta postagem:
Não sabia, até o momento da gravação do vídeo, em 7 de
dezembro, que a entrevista seria na verdade um “diálogo” em paralelo com o
polemista – e defensor do conceito de globalismo, o que eu desconhecia – Olavo
de Carvalho, bastante conhecido por suas múltiplas intervenções nas ferramentas
de comunicação social.
Na gravação, preservei o teor das notas preparadas, mas tive
de responder a uma ou outra intervenção do Sr. Olavo de Carvalho, pois a tal
fui instado pelo entrevistador, sem que eu na verdade pretendesse fazê-lo.
Considerei que o meu recado estava dado, e não pretendia mais voltar ao
assunto. Não contava, porém, com o ânimo polêmico do Sr. Olavo de Carvalho, que
passou a atacar-me com uma fúria que eu desconhecia até então. Este dossiê
comporta, portanto, toda a informação que me foi possível coletar sobre esse
“debate que não houve”, uma vez que debate, para mim, comporta uma exposição
clara de posições – o que procurei fazer em meu primeiro texto – e depois uma
sequência de argumentos substantivos, com poucos adjetivos e sobretudo poucas
intervenções externas. Ora, o que mais ocorreu, desde então, foi uma série
imensa de comentários nas ferramentas sociais de seguidores do Sr. Olavo de
Carvalho, com mensagens extremamente grosseiras a mim dirigidas, que suprimi,
pela maior parte, deste dossiê, pela irrelevância substantiva dessas mensagens
(embora algumas tentassem argumentar em tom moderado).
O dossiê é provavelmente incompleto, mas foi tudo o
que consegui coletar, e vai alinhado abaixo, numa sequência mais ou menos
linear, mas nem sempre na ordem cronológica correta, uma vez que só vim a tomar
conhecimento de algumas postagens posteriormente.
Como sempre faço registro de minhas produções, este
dossiê pode ser integrado ao rol de minhas “realizações”, mas devo dizer
claramente que se trata de uma das coisas mais desagradáveis – com nítida perda
de tempo – que já enfrentei em meu itinerário intelectual. Normalmente escolho
sobre o quê vou escrever, e só discorro sobre temas em relação aos quais possuo
empatia. Não é o caso deste aqui, que me deu imenso desprazer ter de coletar,
para simplesmente expor o que ocorreu.
Só o faço pelos mesmos motivos que me impelem a
escrever e a divulgar alguns desses escritos em minhas ferramentas e em outros
instrumentos de comunicação social: o
sentido pedagógico do debate público, pois entendo que a desinformação e a
própria deformação de conceitos e de entendimento sobre determinados fenômenos
são tão grandes no Brasil que considero ser uma espécie de dever de educação
pública divulgar o que considero relevante em algo que quase não existe no
Brasil: o debate público de qualidade sobre temas relevantes do ambiente
acadêmico e das políticas públicas.
Paulo Roberto de
Almeida
Brasília, 16 de janeiro
de 2018