O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador dinossauros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador dinossauros. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O besteirol da semana: ONU reitera que o homem aquece o planeta

ONU reitera que o homem aquece o planeta 

O novo estudo que o IPCC, o braço científico das Nações Unidas, divulga hoje mundialmente irá confirmar que o planeta está se aquecendo, que o nível do mar está subindo e subirá mais ao longo deste século, que as geleiras continuam diminuindo, que as secas e grandes chuvas serão mais frequentes - e que os cientistas têm ainda mais convicção que a responsabilidade por tudo isso é do homem. Os céticos a este argumento, porém, mal esperaram o documento ser lançado para criticar o trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, mais conhecido pela sigla em inglês IPCC. 

Comentário PRA: 
A solução é simplérrima: elimine-se o homem...
Pela sugestão: 
Paulo Roberto de Almeida 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

ONU, um parque de dinossauros? - Fernando Rodrigues (Folha SP)

A baboseira na ONU
Fernando Rodrigues
Folha de S.Paulo, 25/09/2013

Adolescente e trotskista, um dia já enxerguei beleza na Declaração Universal dos Direitos Humanos, um dos pilares da ONU. Foi quando um amigo mais velho do partidão, cheio de sarcasmo, disse: "Não seja ingênuo. A ONU é uma ficção. Não serve para nada. Quem manda lá são os EUA e seus satélites".

Anos depois, já como correspondente da Folha em Nova York, em 1988, trabalhei em uma pequena sala que servia de escritório para o jornal dentro do prédio principal da ONU. Convivi com diplomatas e funcionários públicos mundiais por algum tempo. Ineficiência e inutilidade são as duas palavras que me ocorrem para definir o que presenciei de perto.

Paulo Francis, meu chefe à época em Nova York, desdenhava a ONU de maneira ferina. "É um cabide de empregos para vagabundos desfilarem de sarongue para cima e para baixo", dizia ele. Descontado o preconceito, Francis tinha uma certa razão.

Lembrei-me disso ontem ao assistir ao discurso da presidente Dilma Rousseff na ONU. Ela falou contra a espionagem dos EUA no Brasil. Anunciou "propostas para o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet" em nível mundial visando a "uma efetiva proteção dos dados".

Quase tive um ataque de narcolepsia só de pensar em como tramitaria tal ideia dentro da ONU. A chance de algo efetivo prosperar ali dentro é menor do que zero.

Dilma faria melhor se buscasse equipar o Brasil contra ataques cibernéticos. A presidente faz o oposto. Engavetou um projeto de Política Nacional de Inteligência, que cria diretrizes para o Estado brasileiro se prevenir contra ações de espionagem. O texto está pronto e parado, no Planalto, desde novembro de 2010.

É mais fácil ler um discurso feito pelo marqueteiro no teleprompter na ONU do que trabalhar duro em casa. Para azar de Dilma, é possível perceber a distância entre o que ela fala e o que, de fato, faz.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

E por falar em Cuba: passando ferias no parque dos dinossauros...


CLÃ DOS GENRO TIRA FÉRIAS NA DISNEYLÂNDIA DAS ESQUERDAS
Janer Cristaldo, Segunda-feira, Janeiro 02, 2012

Há décadas, amigos me convidam para visitar Cuba. Não são comunistas. São pessoas que vêem algo de exótico no socialismo. Tenho um amigo francês, que nada tem a ver com o castrismo, que vai lá pelo menos uma vez por ano. Gosta de sentir-se em um museu. Carros dos anos cinqüenta, arquitetura degradada, mais o calor dos trópicos. Y las jineteras, por supuesto.
De minha parte, jamais irei a Cuba. Para ver miséria, não preciso viajar. Países socialistas, já conheço. Na Romênia, anos 80, tive uma experiência brutal do socialismo. Me consta que hoje os romenos vivem melhor. Pode ser. Mas sair do comunismo é algo que leva décadas. Sem falar que não pretendo contribuir com divisas para uma ditadura.
Nada como um dia depois do outro para rirmos um pouco. Mentira alguma foi mais prejudicial à América Latina que o mito da revolução cubana. Instalou-se na ilha uma ditadura comunista que levou os cubanos a um nível de miséria desconhecido nos dias de Fulgencio Batista. Castro alegava na época que a Cuba de Batista era um bordel dos Estados Unidos. Com Castro, o bordel internacionalizou-se. Virou bordel do mundo todo. A tal ponto que, interrogado porque as universitárias se prostituíam em Cuba, defendeu-se: “Nada disso. É que em Cuba até as prostitutas têm nível universitário”. Não estou fazendo piada. Isto foi dito pelo ditador.
Em 59, intelectuais do mundo deram apoio logístico e de mídia a Fidel e Che, para instalar a mais longa ditadura da América Latina. De Paris, um filósofo feio, baixinho e confuso veio dar seu aval ao tirano do Caribe. Uma foto da época é das mais emblemáticas: Sartre, de pescoço espichado para o alto, adorando Castro como um Deus. Em La Lune et le Caudillo (Gallimard, 1989), Jeannine Verdès Leroux nos relembra este momento de extraordinária poesia.
- Todos os homens têm direito a tudo que eles pedem - pontifica Castro. - E se eles pedem a lua? - pergunta Sartre. O ditador retoma seu charuto e se volta para o filósofo baixinho: - Se eles pedem a lua, é porque têm necessidade dela.
Pediam a lua no bestunto do ditador e do filósofo. Em verdade, os cubanos queriam dólares, pão e liberdade. Da mesma forma que a Espanha, em 36, foi um campo de treinamento para a Segunda Guerra, a América Latina era laboratório de experimentos sociais para os filosofadores europeus que, no dizer de Camus, assestavam suas poltronas no sentido da História.
Em março do ano passado, Luciana Genro convidava, via Twitter, para curso sobre a atualidade do marxismo em Porto Alegre. Comentei na ocasião:
Pode? Em pleno século XXI? Será que as notícias sobre a queda do Muro ainda não chegaram a Porto Alegre? Nem sobre o desmoronamento da União Soviética? Essa gente ainda não se deu conta do ridículo de ser marxista nestes dias? Nunca ouviram falar de Kravchenko? Das denúncias de Nikita Kruschov no XX Congresso do PCUS, de 1956? Trotskista, Luciana nunca ouviu falar de Kronstadt?
Que o pai da Genro continue stalinista, se entende. Árvore velha não se dobra. Sempre defendeu o comunismo e o stalinismo e renunciar ao obscurantismo seria negar tudo o que escreveu. Esclerose é isso mesmo, enrijecimento do cérebro. Mas Luciana Genro tinha 18 anos quando caiu o Muro. Tinha 20 quando a União Soviética esfacelou-se. Terá tapado a cabeça com um travesseiro para não ouvir o rumor do mar?
Hoje, às duas horas da matina, o clã dos Genro partiu para merecidas férias na Disneylândia das Esquerdas: Tarso e consorte, suas duas filhas e mais um neto. “Vai ser ótimo, sempre quis conhecer Cuba! – twitou Luciana -. Quando voltar conto as minhas impressões. Até!”
Serei todo ouvidos. Seu pai será certamente recebido com todas as honras pelos irmãos Castro. Em 2007, o capitão-de-mato Tarso Genro – então ministro da Justiça – mandou como regalo ao tiranete do Caribe dois pugilistas que haviam fugido da delegação cubana durante os Jogos Pan-americanos. Foram deportados para o gulag caribenho sem que tivessem cometido crime algum, a menos que fugir de uma ditadura seja considerado crime.
Mas Tarso é generoso quando se trata de proteger companheiros de ideologia. Em 2009, quando ministro da Justiça, concedeu asilo político a um terrorista foragido da justiça italiana, Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos entre 1978 e 1979. Ex-militante comunista das Brigadas Vermelhas, ele foi preso no Rio em março de 2007 e hoje vive no Rio livre como um passarinho.
Battisti viveu por mais de uma década na França, abrigado inicialmente pelo governo de François Mitterrand, sob a condição de ter renunciado à luta armada. Na Itália, foi condenado à prisão perpétua à revelia, a partir de provas fornecidas pelo depoimento de Pietro Mutti, fundador do Proletários Armados pelo Comunismo, do qual Battisti fez parte.
"A sua potencial impossibilidade de ampla defesa face à radicalização da situação política na Itália, no mínimo, geram uma profunda dúvida sobre se o recorrente teve direito ao devido processo legal", diz o texto assinado por Tarso ao justificar a concessão do refúgio. Como se a Itália contemporânea fosse uma ditadura onde um réu não tem direito à defesa. Battisti foi condenado à revelia porque estava refugiado na França, sob as asas protetoras do colaborador nazista François Mitterrand.
Tarso tem tudo para ser bem recebido em Cuba. Devolveu aos Castro dois dissidentes e deu sombra e água fresca a um terrorista italiano. Luciana também. Uma das últimas almas penadas do marxismo, a ex-deputada pelo PSOL certamente vai se sentir bem na ilha dos Castro.
Estou esperando as impressões da moça na volta da Disneylândia das esquerdas. Vai render crônica. As esquerdas tupiniquins até admitem criticar Moscou. Mas Havana continua intocável.