O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador diplomacia americana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador diplomacia americana. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A diplomacia americana e seu passado menos triste - William Burns

A MEMOIR OF AMERICAN DIPLOMACY AND THE CASE FOR ITS RENEWAL
The Back Channel
PREORDER THE BOOK
From America’s “secret diplomatic weapon” (The Atlantic)—a man who served five presidents and ten secretaries of state—comes an impassioned argument for the enduring value of diplomacy in an increasingly volatile world.
AVAILABLE MARCH 12, 2019
play video
Advance Praise
“Bill Burns is simply one of the finest U.S. diplomats of the last half century. The Back Channel demonstrates his rare and precious combination of strategic insight and policy action.”
James A. Baker III

The Back Channel shows how diplomacy works, why it matters, and why its recent demise is so tragic.”
Walter Isaacson, author of Leonardo da Vinci

“A smart, plainspoken account of America’s changing role in the world and the power and purpose of American diplomacy at its best.”
Hillary Clinton

The Back Channel is an incisive and sorely needed case for the revitalization of diplomacy.”
Henry Kissinger

The Back Channel is a masterfully written memoir from one of America’s most accomplished and respected diplomats.”
Madeleine K. Albright

The Back Channel brings all the behind-the-scenes efforts into the light, and brings readers into the room to share the journey of a talented, tough-minded diplomat.”
John Kerry

The Back Channel deserves to be widely read—it’s a great book filled with fascinating stories and the kind of wisdom that is sorely needed these days.”
George P. Shultz

“The best diplomatic memoir of the post-Cold War period.”
John Lewis Gaddis, Robert A. Lovett Professor of Military and Naval History, Yale University

“Burns’s compelling, fast-paced, and witty narrative is necessary reading for America’s next generation of diplomats.”
Condoleezza Rice
PREORDER THE BOOK

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A nova Doutrina Monroe - Rubens Barbosa

RESSUSCITANDO A DOUTRINA MONROE
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 27/02/2018

            O renascimento da doutrina Monroe é a grande inovação do governo Trump na recém anunciada política externa para a América Latina.
O presidente James Monroe, nos idos de 1823, anunciou que os EUA iriam proteger os países sul-americanos de ameaças de colonização vindas de países europeus: "A América para os americanos". Posteriormente, em 1904, Theodore Roosevelt ampliou essa política para incluir a defesa de direitos de empresas norte-americanas na América Latina. Essas ações ficaram conhecidas como a Doutrina Monroe e seu corolário. No governo Obama, em pronunciamento feito na sede da Organização dos Estados Americanos, John Kerry, então Secretário de Estado, afirmou, com grande ênfase, que a era da Doutrina Monroe tinha chegado ao fim.
Recentemente, em discurso na Universidade do Texas, (“US engagement in the Western Hemisphere), antes de seu passeio este mês pela América Latina, o secretário de Estado, Rex Tillerson, anunciou que "tinhamos esquecido  a importância da Doutrina Monroe e o que ela significou para o Hemisfério". Em nome dessa Doutrina, os EUA, na medida em que seu poder aumentava, assumiram o papel de policia da região e posteriormente do mundo. Na América Latina, houve mais de dez intervenções sob a justificativa de defesa dos interesses das empresas norte-americanas e das ameaças aos valores, nem sempre coerentes com a democracia, defendidos por Washington. O retorno dessa percepção no atual governo não pode deixar de ser preocupante.
            Sem outras inovações, como nos governos republicanos e democráticos de Clinton, Bush e Obama das últimas décadas, essa política está fundada nos mesmos três pilares: economia, segurança e democracia. Na atualização trumpista, o crescimento econômico e o comércio na região devem estar associados ao aproveitamento dos recursos energéticos (petróleo, gás, eletricidade) e de infraestrutura. A prioridade com segurança está relacionada com o desmantelamento das organizações transnacionais do crime organizado (em especial, no México), redução do cultivo da coca na Colômbia, combate à corrupção (em toda parte) e melhorar a capacidade de defesa dos pequenos países da América Central e Caribe (Caribbean Initiative 2020) contra criminosos melhor armados e financiados, inclusive do Estado Islâmico (ISIS). No tocante à democracia, em todos os países visitados, a ênfase foi a situação política e econômica na Venezuela e a advertência para que o modelo da China não seja seguido. O resultado da eleição presidencial em Honduras, com fortes indícios de fraude eleitoral, foi rapidamente reconhecido por Washington.
            A intenção de voltar aos tempos da Doutrina Monroe fica transparente nas referências feitas por Trump à intervenção dos EUA e o estimulo a um golpe militar na Venezuela, mencionado por Tillerson. A exemplo da guerra fria, a preocupação com a crescente presença da China, primeira parceira comercial do Brasil, Peru, Chile e financeira, junto com a Rússia, da Venezuela. Um alto funcionário do Tesouro chegou a ressaltar que “em vez de ajudar na melhora da governança e das politicas macroeconômicas, o investimento da China frequentemente deu força a governos fracos e corruptos”.  
            O anúncio da politica em relação a região é coerente com a idéia dos Estados Unidos em primeiro lugar e com a defesa dos interesses de empresas norte-americanas, relegadas a um segundo plano nos últimos anos. Os formuladores de decisão no Departamento de Estado não parecem estar acompanhando a dinâmica das transformações politicas, econômicas e sociais no continente e o grau de penetração que a China ganhou recentemente.
            Nos três pilares definidos pelo Departamento de Estado, o Brasil ocupa um lugar de relevo, embora aparentemente minimizado pelo governo Trump. Não está clara a mensagem que foi passada não só ao Brasil, mas para a região, quando o secretário de estado e o subsecretário Shannon, em visitas recentes, literalmente pularam Brasília. Somos hoje o pais na região com a maior dependência econômica da China e, além disso, membro do BRICS. Por outro lado, como reagiriam os EUA em um eventual ato agressivo da Venezuela em relação ao território contestado na Guiana? E qual a reação dos países da região à aplicação da Doutrina Monroe em uma eventualidade desse tipo?
No caso do México, além do problema de segurança, dependendo de como for concluída a renegociação do acordo de comércio com os EUA (NAFTA), o relacionamento bilateral pode ganhar contornos inusitados a partir da próxima eleição presidencial em junho próximo, hoje liderada nas pesquisas por Lopes Obrador, candidato de esquerda com claras posições restritivas aos EUA.
            Em meados de abril, o Peru deverá organizar a Cúpula das Américas com a presença de todos os chefes de estado, menos Maduro, da Venezuela, desconvidado com o apoio do Grupo de Lima (inclusive o Brasil), mas  ameaçando comparecer de qualquer maneira. Será interessante acompanhar o encontro presidencial, especialmente se Trump comparecer, alguns dias antes da contestada eleição antecipada na Venezuela, e como reagirão os países face a eventual retomada do clima de guerra fria, em vista da crescente presença da China em nossa região.
O ministro do exterior, Aloysio Nunes Ferreira disse que “os EUA não sabem o que fazer na America Latina.” No tocante ao Brasil, as relações nunca estiveram em um nível politico-diplomático tão baixo e desgastado. Superado o clima da guerra fria, a supremacia de Washington na região deixou de ser automática. 
Como resultado das atitudes recentes, não restará outra alternativa ao Brasil senão definir políticas claras para ampliar o espaço e a presença na região e buscar encontrar seu lugar no mundo compatível com uma das dez maiores economias globais na defesa de nossos interesses.

Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

US Diplomacy: just six millions to get Embassy in Paris...

A França está desvalorizada, bem sabemos, e os americanos só gostam mesmo de French fries, mas não desses arrogantes franceses, que vivem querendo afirmar independência frente ao grande império universal. Mas uma embaixadazinha em Paris não é de se desprezar, não é mesmo?
Basta pagar um pouco, e ela cai no seu colo, pelo menos para os padrões de campanhas presidenciais americanas. Que tal seis milhões de dólares (eu disse US$ 6.000,000.-).
Mas, para conquistar a representação junto à Corte de St. James a contribuição para a campanha presidencial pode ser um pouco mais baixa, na faixa de 2 milhões de dólares.
Essa decadência inglesa acabou desvalorizando o país, embora o candidato não precise falar qualqeur outra língua... 
O que é isso para um bilionário? Nada, quase uma gorgeta, só que para o Partido Republicano ou o Democrata, depende de quem você está apostando para a presidência.
Enfim, se você der qualquer cem mil dólares, pode ir para a América Central...
E assim o Departamento de Estado é loteado...
Paulo Roberto de Almeida

Study Puts ‘Cost’ to Landing Embassy Post
By NICHOLAS CONFESSORE
The New York Times, January 31, 2013

It is the unspoken question on every big donor’s lips: How much do I have to give — really — to get appointed to a desirable diplomatic post by the president?

Like all modern presidents before him, President Obama has appointed friends and donors to about 30 percent of diplomatic posts, often in glamorous and safe locales in Europe and Asia. Donors and advisers involved in the diplomatic selection process say that competition for these posts is so tight this year, and Mr. Obama’s network of big donors and bundlers so vast, that those who have raised less than a million dollars are for the most part unlikely to be considered.

Officially, of course, there are no such requirements for would-be ambassadors. But in a recent study, two researchers — Johannes W. Fedderke and Dennis C. Jett, both professors of international relations at Pennsylvania State University — computed theoretical prices for different postings.

Titled “What Price the Court of St. James’s? Political Influences on Ambassadorial Postings of the United States of America,” the paper looks at diplomatic appointments in the Obama administration through January 2011. Dr. Fedderke and Dr. Jett theorize that the most desirable postings are those to countries “that are not obscure, dangerous, poor or of low interest to tourists.” Where “political campaign contributions (financial or otherwise) exercise an influence on the nature of posting received,” the desirability of a posting should correspond to the size of the campaign contribution.

The researchers compared available information on donors’ direct political contributions and “bundling” — money raised on behalf of Mr. Obama by supporters — with data on the national income of host countries, their relative level of safety, and the robustness of their tourist industries.

Not surprisingly, the authors found that politically connected ambassadors, including former aides as well as donors, were statistically more likely to be posted to countries in the Caribbean, North America and Central America. But those whose political connections to Mr. Obama were measured in dollars, rather than administration service, had an increased chance of representing the United States in Western Europe, and a markedly smaller chance of serving in, say, Central Asia or sub-Saharan Africa. The study found that political ambassadors who had made campaign donations of $550,000, or bundled contributions of $750,000, had a 90 percent chance of being posted to a country in Western Europe.

And what do these postings “cost?” Ambassadorial appointments do not, of course, come with price tags. But by combining information on what current ambassadors contributed along with data on the desirability of the ambassadors’ host countries, Dr. Fedderke and Dr. Jett arrived at “implied prices” for a selection of highly sought positions. The figures did not represent how much donors actually gave or raised to get the jobs, the researchers said, but rather their theoretical value in fund-raising terms. Those numbers in turn give a sense, Dr. Fedderke said, of how attractive each posting is in relation to the others.

“What we can observe is data on contributions and postings,” Dr. Fedderke said in an interview. “And on the basis of that, we can infer an implicit valuation on postings in monetary terms — even if they haven’t contributed that much.”

When isolating a country’s wealth over other factors, Luxembourg came in at the top of the chart, with a posting there valued at $3.1 million in direct contributions, while an appointment to Portugal was predicted to have a value of $602,686 in personal contributions. The model suggests that bundlers can get the same posts for less: Portugal was valued at about $341,160 in bundled contributions, Luxembourg at $1.8 million.

When factoring in a country’s tourist trade, however, France and Monaco top the list, with the level of personal contributions at $6.2 million and bundled contributions at $4.4 million.

The prices, authors note, vary considerably depending on which factors to emphasize. And in some cases, the actual nominees appeared to “overpay” for their positions — raising or giving more than the model would suggest was necessary — and in some cases “underpay.” That is because some donors bargain poorly for their positions, the authors suggest, while others may possess attributes (business experience, a personal connection to the president) that aid their case. But regardless of the model, Dr. Fedderke and Dr. Jett found, political ambassadors are more likely to be appointed to those countries that are wealthy, popular tourist destinations and safe.

And what price is the Court of St. James’s — diplomatic-speak for Britain, the nation’s most prestigious post? “The price for the Court of St. James’s,” the authors find, “appears to lie between $650,000 and $2.3 million.”
Related
Well-Trod Path: Political Donor to Ambassador (January 19, 2013)