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domingo, 14 de abril de 2024

Amores incompreensíveis dos petistas - Paulo Roberto de Almeida

Amores incompreensíveis dos companheiros

 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Comentários sobre as preferências dos petistas por ditaduras antiamericanas.

 

 

Fica muito difícil compreender por que os petistas só defendem regimes completamente fracassados, que só trouxeram miséria e opressão a seus povos.

Vejam os casos de Cuba, uma ilha miserável que acaba de pedir ajuda ao Programa Mundial de Alimentos, ou o da Venezuela, outrora o país mais rico da América Latina: ambos “conseguiram exportar” milhões de seus nacionais, que fugiram da pobreza, da escassez de alimentos e de medicamentos, da opressão política, da perseguição aos simples dissidentes.

O caso da Nicarágua é único no mundo, pois seu ditador simplesmente retira a nacionalidade dos cidadãos não submetidos ao regime e os impede de trabalhar normalmente. Prenderam padres e ofenderam até o papa.

E a ditadura teocrática misógina dos aiatolás do Irã? Trata as mulheres a chibatadas, chega a matá-las, pela simples falta de uma cobertura sobre os cabelos. Como é possivel defender um regime totalmente contrário ao que eles proclamam aqui sobre direitos da mulher, das minorias e também no terreno das liberdades religiosas?

O caso de amor com a Rússia é ainda mais esquizofrênico e dificilmente compreensível. Trata-se de uma ditadura de direita, declaradamente anti-LGBTQI+, que massacra um povo vizinho que era considerado irmão, apenas pela vontade expansionista do seu ditador. Existe alguma defesa possível quanto aos crimes de guerra e contra a humanidade que estão sendo cometidos diariamente na Ucrânia? Tem alguma razão especial, minimamente aceitável para os petistas serem lenientes com, e até defenderem um regime opressor e criminoso?

Mas o caso mais estranho é mesmo o amor incompreensível para com a China. Os petistas se enganam completamente quanto aos motivos do único regime supostamente socialista ter tido êxito na melhoria das condições sociais do povo chinês, que sob o maoismo era um dos mais pobres do mundo. Eles não se deram conta de que a construção do socialismo foi bem mais superficial na China, comparativamente aos 70 anos de terra arrasada na finada União Soviética. Não perceberam que Deng, um antigo operário no Ocidente, abandonou os antigos dogmas marxistas e passou a construir um capitalismo com características chinesas. Do antigo regime, eles só guardaram a ditadura do partido leninista, ainda assim muito mais pragmático do que certos petistas, pois que seus novos mandarins se guiam mais por Peter Drucker do que por Karl Marx. A China se inseriu com ardor nos mercados globais, postura temida pelos companheiros petistas.

Existe alguma explicação para esses amores incompreensíveis dos petistas? Pode ser alguma deficiência de compreensão sobre a eficiência econômica dos regimes de mercado, de uma difícil aceitação das liberdades democráticas, e o que dizer quanto aos direitos das mulheres ou dos gays, em vários desses casos? Seria porque o antiamericanismo deles é muito mais forte do que a adesão a certos valores humanistas? O anti-ocidentalismo deles tem alguma explicação racional?

Busco incessantemente as razões que explicariam certas amizades, ou até mesmo amor, dos petistas por regimes pouco compatíveis com o que eles pregam aqui mesmo no Brasil.

Devem existir alguns motivos, talvez até psiquiátricos. Ainda não descobri exatamente quais…


Brasília, 14 abril 2024

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