Três impérios, dois imperadores e um candidato ao cargo
A pior coisa que pode ocorrer a um Estado nacional, ou a um império regional — nunca houve um império mundial, e a única coisa universal é a burrice, distribuída de forma muito generosa por todo o planeta, sem distinção entre etnias, religiões e nacionalidades — é a concentração de poder, precisamente de forma excessiva, nos três impérios atuais e em muitos outros Estados, países grandes, médios ou pequenos, embora também exista um poder quase totalmente fraturado no caso do meio império da UE.
Os dois imperadores das duas grandes autocracias exibem uma concentração absoluta de poder, a despeito de instituições formais atendendo à tripartição clássica de inspiração montesquiana (mas eles preferem um “poder moderador” fantasmático, embora impositivo).
Grandes concentradores de poder costumam trazer malefícios a seus respectivos Estados, por atuar de forma arbitrária e imprevisível.
Um monarca absoluto provocou uma “fronda aristocrática”, que abriu o caminho a uma grande revolução. Uma outra “Revolução Gloriosa” derrocou uma dinastia nacional e importou uma outra estrangeira.
Napoleão alcançou o máximo de poder, em quase toda a Europa, mas deixou a França exausta e a lançou na Restauração. Bismarck logrou seu objetivo de fazer da Alemanha a maior potência bélica da Europa continental, o que fez dela a protagonista principal da “segunda Guerra de Trinta Anos", na primeira metade do século XX.
Stalin e Mao foram tiranos absolutos, e conseguiram elimiminar, direta ou indiretamente, dezenas de milhões de seus próprios “súditos”.
Atualmente, dois imperadores que concentram o poder a perder de vista já exibem fragilidades no domínio econômico e podem aprofundar crises em seus respectivos países.
Um terceiro, apenas candidato, também aprofundou um processo de declínio econômico da maior potência militar e tecnológica do planeta e estremeceu como nunca antes as instituições públicas de seu país.
O efeito desestruturante é nítido sobre a evolução política e sobre a corrupção em cada um deles.
Como disse Lorde Acton, “o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19/12/2025