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sexta-feira, 18 de julho de 2014

A vida como ela e' (sem pretender ser Nelson Rodrigues): engarrafamentos sem fim - Cora Ronai

Transcrevo, mas comento antes.
Parafraseando (mal) Nelson Rodrigues, a experiência de se dispor de uma "máquina" pessoal de transporte individual é bonitinha, mas muito ordinária, pelo menos nas condições atuais das grandes aglomerações urbanas brasileiras (mas de outros países também).
A jornalista tem saudade dos tempos em que podia circular "impunemente" pelo Rio de Janeiro, uma vez que sua renda lhe permitia integrar a minoria dos proprietários de carro de algumas décadas atrás.
Ela não se dá conta de que outras pessoas, cada vez com renda menor, já podem ter acesso a essas maravilhosas máquinas rodadoras, já que outra das maravilhas do capitalismo é o de baratear sempre (irremediavelmente, e a despeito da inflação) o preço dos bens manufaturados.
Como outros gostariam de gozar do mesmo direito que ela tinha, quase solitária, a vida virou o que ela é, ou parafraseando Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros"...
Qual solução?
Ela não aponta.
Transportes coletivos, apenas isso.
As pessoas precisariam dispor de metro, de ônibus, bicicletas, etc.
Parece que nossos políticos e planejadores governamentais, urbanistas e outros curiosos na matéria ainda não desceram de seus carros individuais para confrontar esse problema inadiável para todas as nossas cidades (e não apenas as brasileiras). Algumas cidades fazem melhor do que as outras.
Quando eu morei em Shanghai, por exemplo, podia dispor de 13 linhas de metro (agora parece que são 16, e cada vez mais longe...). Em SP e RJ quantas são?
Não sei, acho que nunca peguei, pois não vão a nenhum lugar que eu frequento...
Paulo Roberto de Almeida

ENGARRAFAMENTO: "A VIDA FICA MENOR"!
Cora Rónai
O Globo, 17/07/2014

1.  Eu adorava passear de carro! Quando estava sozinha e tinha uma folga no trabalho, saía de casa sem destino definido, e ia aonde o dia me levasse. Explorava ruas que não conhecia, subia ladeiras, rodava por Santa Teresa, pela Muda, pelo Grajaú. Havia sempre uma surpresa interessante pelo caminho, uma casa simpática, uma árvore bonita. O Centro, engarrafado desde sempre, era um dos poucos lugares que não me atraíam: era impossível passear de carro onde o trânsito exigia tanta atenção.
       
2. Na sexta-feira retrasada peguei um táxi em frente de casa, na altura do Corte de Cantagalo, para ir à Fonte da Saudade — uma corrida boba que, normalmente, leva cerca de dez minutos, e custa uns R$ 12 ou R$ 13. Pois levei uma hora e meia e paguei R$ 40. Em vários momentos tive vontade de descer do carro e seguir a pé, mas fazia um calor insuportável, eu estava com uma roupa pouco apropriada para derreter ao sol e, além disso, seria covardia abandonar o motorista sozinho com o prejuízo.
       
3. Na segunda-feira passada tive que ir à Barra. A corrida, se é que se pode chamá-la assim, levou duas horas. O percurso, que antes me dava tanto prazer, há tempos se tornou um suplício; hoje só vou à Barra por absoluta necessidade, e faço o que posso para que essa necessidade seja cada vez menor. Não há comércio, restaurante ou espetáculo que justifique tanto tempo perdido.
       
4. O horrendo trânsito do Rio, que já ultrapassou São Paulo como cidade mais engarrafada do Brasil — e que ostenta o tristíssimo título de terceira cidade mais engarrafada do mundo — acaba com a alegria de qualquer um. Não é só o tempo perdido, o estresse sem fim; ficamos cada vez mais confinados aos nossos bairros, perdemos o prazer de percorrer e de descobrir a nossa cidade. A vida fica menor.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Navios demoram mais de dois meses para carregar nos portos brasileiros...

Seria trágico se não fosse catastrófico para o comércio brasileiro.
Em uma aula, na quarta-feira passada, para alunos de um curso de MBA na Connecticut University Business School, que me perguntavam sobre o agronegócio brasileiro, eu confirmei o que sabia, ou seja: o Brasil realmente é um "killer" em produtividade agrícola e que, pelo menos até a porteira da fazenda a soja brasileira era mais barata do que a soja americana. Depois, acrescentei, os custos de transporte até o porto encareciam a nossa soja.
Não sabia, e não falei, dessa triste realidade dos portos brasileiros. Se soubesse, aliás, teria vergonha em relatar tal descalabro.
Paulo Roberto de Almeida

Mais uma empresa chinesa desiste da soja brasileira

Preocupado com apagão logístico, senador Blairo Maggi negocia na China com importadores, que ameaçam suspender compra do produto 

19 de abril de 2013 | 22h 14
Cláudia Trevisan, correspondente
 
PEQUIM - Mais uma empresa chinesa cancelou a compra de soja do Brasil por atrasos na entrega do produto, afirmou nesta sexta-feira em Pequim o senador Blairo Maggi (PPS-MT), que se reuniu com vários importadores para avaliar o impacto do apagão logístico nacional sobre o humor de seu principal cliente agrícola. 
Maggi não revelou o nome da companhia chinesa nem o tamanho da carga, mas disse que são "vários navios" destinados a uma esmagadora de soja que importa o produto por meio de uma trading do Japão.
Esse é o segundo caso em um mês de cancelamento causado por atrasos dos embarques no Brasil, onde navios estão esperando em média 65 dias para ser carregados nos portos - cada dia parado custa US$ 25 mil.
"É o fim do mundo", disse Maggi, que está entre os maiores produtores de soja do Brasil. Segundo ele, "é muito ruim" a percepção dos importadores chineses em relação aos problemas logísticos brasileiros.
Concorrência. O setor teme que os atrasos nos embarques levem os clientes chineses a optar pelo produto americano quando houver excesso de oferta no mercado - neste ano, os estoques mundiais estão em níveis historicamente baixos em razão da quebra da safra de soja nos Estados Unidos. "Estamos perdendo a credibilidade", disse Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), que acompanhou Maggi na visita à China.
Segundo o senador, eles ouviram a mesma mensagem de todos os importadores com quem se reuniram: "Eles nos disseram que darão preferência à soja americana em detrimento da brasileira, por causa da previsibilidade no embarque".
Neste ano, essa opção é limitada pela restrição da oferta nos EUA. Mas, se não houver problema na próxima safra, Silveira prevê mais 15 milhões a 20 milhões de toneladas no chamado "estoque de passagem". Em sua opinião, a maior parte dessa "sobra" poderá ficar encalhada no Brasil.
Há um mês, a maior importadora chinesa de soja, Sunrise, cancelou a compra de quase 2 milhões de toneladas do produto por causa de atrasos nos embarques em portos brasileiros.
Na época, o gerente de grãos e óleos da empresa, Shao Guorui, disse ao Estado que a Sunrise analisava a possibilidade de compensar o cancelamento dos contratos com a aquisição de soja na Argentina a partir de abril.
Segundo ele, a companhia deveria ter recebido seis navios em fevereiro e seis em março, mas a chegada dos carregamentos foi adiada para abril, em razão do apagão logístico que atinge os portos nacionais. A China é o principal consumidor da soja brasileira e adquiriu quase 70% dos US$ 17,5 bilhões exportados no ano passado.
Maggi ressaltou que a demora nos embarques gera prejuízos às processadoras de soja chinesas, que enfrentam dificuldades para cumprir os contratos com os clientes. O senador deu o exemplo da esmagadora Cofco, que paralisou a operação de uma fábrica por não ter recebido o produto comprado do Brasil no prazo previsto. "O navio está há 65 dias parado no Porto de Santos. Depois que for carregado, vai demorar mais 30 dias para chegar à China", observou.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Vai um engarrafamento ai, doutor? E que tal o preco dos hoteis?

Este é o Brasil que pretende fazer uma copa do mundo de futebol e depois as Olimpíadas.
Será que vai ser assim também?
Os grandes jornais do mundo não estão sendo bondosos com o Brasil.
Et pour cause...

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Financial Times, June 21, 2012 6:44 pm

Snarl-ups deal blow to success of Rio+20

For a city preparing to host the 2016 Olympics and some of the 2014 World Cup games, this week’s UN Rio+20 earth summit has shone a sometimes unflattering light on its hotel and transport networks.
Traffic jams have snarled up the city in spite of the government’s declaration of a school holiday during the event.
Lisa Jackson, one of the most senior members of the US delegation, was due to speak on Tuesday at a conference in Copacabana co-hosted by Eduardo Paes, Rio mayor, and Michael Bloomberg, New York City mayor. Ms Jackson, administrator of the Environmental Protection Agency, got so stuck in the city’s chronic traffic that she missed the event. Her speech was read out by another EPA official.
But the problems began well before the start of the summit. When official delegations went to book rooms for Rio+20 – named because it comes 20 years after Rio hosted the 1992 UN earth summit – they were confronted with hotel price-gouging.
A government-appointed travel agent in charge of bookings told delegations they not only had to pay rates of $600 and more per night but they had to stay for at least 10 days.
A European Parliament delegation decided to cancel, some poorer country leaders shied away and media organisations downscaled their planned coverage.
“They blocked the rooms and started charging outrageous prices,” one summit official with knowledge of the preparations said of the official travel agent. He said bad press eventually forced the Brazilian government to order the travel agent and hotels to lower their prices and promise to reimburse those who had been overcharged.
Such problems may have hurt attendance. Just five weeks ago, the guest list was looking good. The names of 83 heads of state, 44 heads of government and four vice presidents were down for the three-day conference, which ends on Friday.
But internal UN figures seen by the Financial Times show that by Wednesday, that list of 131 leaders had shrunk to just 95, fewer than some had expected for what has been billed as the biggest summit the UN has ever held.
There are no doubt many reasons for why the numbers fell, from the eurozone crisis that kept many European leaders at home, to the US presidential election, to the stalled negotiations on what the conference would actually produce.
Brazilian officials say they are confident the traffic and accommodation problems surrounding Rio+20 will be solved by the time of the Olympics.
“None of the infrastructure plans in Rio were planned for this conference,” said Ambassador André Corrêa do Lago of the foreign ministry, Brazil’s chief negotiator at Rio+20. “It is all planned for 2014 and 2016, so nothing is in place yet.”
No World Cup football games will be played near the RioCentro, an aide added. And Brazil plans to increase the supply of rooms in the hotel industry, which has suffered from a lack of investment in recent decades.
But others warned the government needed to learn from this event. “If this is a kind of learning curve, that’s OK, but they keep saying everything is perfect when it isn`t,” said the senior summit official.
Still, some of the summit’s minor logistical snafus have been entertaining. When Zimbabwe’s Robert Mugabe began to speak at the opening session of the conference, the sometimes erratic English translation on convention centre screens briefly described him as the president of the “Republic of OJ Simpson”.
Copyright The Financial Times Limited 2012.