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sexta-feira, 17 de maio de 2013

A humilhacao do Senado - Merval Pereira


Merval Pereira
O Globo, 17/05/2013

É possível entender tudo de mau que a aprovação da MP dos Portos trouxe para o equilíbrio institucional do país analisando-se os verdadeiros malabarismos, verbais e regimentais, que foram necessários para que a decisão saísse em tempo hábil, antes que a medida provisória perdesse seu efeito.
A começar pelos diversos acordos quebrados, o principal deles a promessa feita pelo então presidente do Senado, José Sarney, e referendada pelas lideranças partidárias, entre elas, o senador Renan Calheiros, que hoje preside aquela Casa.
Sarney prometeu aos senadores que nunca mais eles teriam que se submeter a votações de afogadilho e firmou um compromisso de que no mínimo duas sessões (ou dois dias, sem atropelos) seriam necessárias para que uma medida provisória fosse analisada no Senado. Já seria um exagero, pois, pela lei, o Senado tem pelo menos 42 dias para analisar uma medida provisória. Isso nunca acontece, mas, votar a toque de caixa como aconteceu ontem, nunca havia sido visto.
O acordo ocorreu porque os senadores estavam se sentindo humilhados pela tramitação das medidas provisórias, pois em muitos casos, como no de ontem, eles têm que abrir mão de sua função de Casa revisora para aceitar sem modificações o texto aprovado pela Câmara.
Caso alguma modificação fosse feita na MP dos Portos, por exemplo, a tramitação começaria novamente na Câmara, e o prazo do governo expiraria.
No último dia 8, governo e oposição concordaram em abrir uma exceção ao acordo. Havia uma medida provisória que concedia novos benefícios para os agraciados com o programa Bolsa Família.
Todos os líderes concordaram que o assunto merecia um tratamento especial, mesmo porque não há partido político no mundo que aceitaria ser responsabilizado por ter impedido a distribuição de benesses apenas por questões regimentais.
Oito dias depois dessa exceção, lá vem o presidente do Senado, Renan Calheiros, pedir mais uma exceção, desta vez para a MP dos Portos, que tramita há tempos na Câmara e que o governo deixou para a última hora a decisão de negociação.
Pela lei, texto aprovado pela Câmara teria de ser encaminhado ao Senado com todo o processo, inclusive os pontos rejeitados pela Câmara.
Quando aprovaram simbolicamente o texto que chegara pela manhã, os senadores não sabiam do que se tratava, a não ser pelas notícias dos jornais e pelos comentários de colegas.
O líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira, recusou-se a votar alegando que não conhecia o texto aprovado: “Eu não estou aqui para aprovar o que não conheço. E creio que a maioria dos senadores também não”.
O líder do PSOL constrangeu seus companheiros perguntando coisas tão simples como: “Alguém sabe me dizer, agora, o que esta medida provisória ainda guarda do seu texto original, na Câmara dos Deputados? Alguém aqui, em sã consciência, sabe me dizer desta medida provisória, aprovada, na Câmara dos Deputados, às oito horas desta manhã, o que contém e se o que contém é pelo menos fiel ao texto original encaminhado pela presidente da República?”
O senador Rodrigues disse que o que estava em jogo era a credibilidade do Senado, que não pode ser obrigado pelo Executivo a aprovar qualquer coisa em qualquer tempo, apenas porque o interesse do governo assim o determina.
O líder do DEM, senador José Agripino Maia, concordou e foi fundo na dúvida sobre a MP dos Portos: “(...) Nós estamos sendo levados, ou compelidos, ou obrigados por uma força sobrenatural a votar a coisa que é a salvação da pátria: a MP dos Portos.”
Nem é a salvação da pátria, ressaltou Maia, destacando que o governo não sabia o que queria, pois aceitou emendas que no dia anterior acusara de “imorais”.
O governo mostrou para que serve uma maioria esmagadora no Congresso: para desmoralizá-lo ainda mais, colocando-o como poder subjugado pelo Executivo.
Depois dessa batalha inglória do Congresso, vou descansar um pouco. Volto a escrever a coluna no dia 4 de junho.

O rebaixamento do Congresso: MP dos portos adotada na pressao do Executivo


Gabriel Castro e Marcela Mattos
VEJA.com, 16/05/2013

A agonia do Palácio do Planalto terminou para conseguir aprovar a medida provisória 595, batizada de MP dos Portos, terminou. Horas antes de perder a validade, a MP passou pelo plenário do Senado e agora segue para a presidente Dilma Rousseff, que ainda pode vetar trechos do texto que foi aprovado pelo Congresso. Foram 53 votos a favor, 7 contra e 5 abstenções.
Para conseguir aprovar a MP, que define novas regras para o setor portuário do país, a presidente Dilma Rousseff travou seu mais duro embate com o Congresso desde que chegou ao poder. Na Câmara, a maratona durou mais de quarenta horas e foi cercada por bate-boca entre parlamentares e uma queda de braço com seu principal aliado no Legislativo, o PMDB. No confronto, esbarrou na resistência do líder peemedebista, Eduardo Cunha (RJ).
A conclusão da votação da MP na Câmara só ocorreu na manhã desta quinta. Ao chegar ao Senado, o texto precisaria ser aprovado em questão de horas para não perder a validade, o que provocou novo desgaste entre o governo e o Congresso. Mas, apesar dos protestos dos senadores, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), assegurou a tramitação a jato da MP a pedido do Palácio do Planalto. Para minimizar a imagem de Casa carimbadora, o peemedebista, entretanto, afirmou que não aceitará mais “atropelo institucional”
A oposição ainda tentou sua última cartada: recorreu – sem sucesso – ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a tramitação da MP. Mas a maioria esmagadora da base governista no Senado prevaleceu.
A MP dos Portos foi editada para substituir a Lei 8.630, chamada de Lei dos Portos, de 1993. O novo texto abre o litoral brasileiro para a iniciativa privada construir portos e terminais para movimentar carga própria – em caso de indústria – e de terceiros. A proposta é que agora não seja mais necessário realizar licitações em áreas fora do porto organizado, mas apenas uma chamada pública em que sai vencedor quem oferecer a melhor eficiência (movimentação de carga) pela menor tarifa por tonelada.
Maratona
No Senado, a base governista conseguiu rejeitar, em bloco, todos os nove destaques apresentados ao texto – o que, se aprovados, levariam a medida para nova discussão na Câmara dos Deputados, fazendo com que perdesse a validade. Com a estratégia, os senadores ganharam tempo para que a nova regulação dos portos fosse aprovada cinco horas antes do limite.
Apesar do sucesso na aprovação da MP em prazo exíguo, a tumultuada tramitação da proposta demonstrou que a articulação da base aliada no Congresso não tem funcionado bem. Na Câmara, o governo teve de ceder e aceitou a aprovação de uma emenda defendida por Eduardo Cunha. O peemedebista foi acusado de usar a proposta para fazer negociações escusas. O autor da denúncia foi outro integrante da base aliada: Anthony Garotinho (PR-RJ).
Mesmo após a aprovação do texto pela Câmara, Cunha se queixou da articulação política e afirmou que o PMDB não pode ser tratado como “carimbador de cartório”. Já no Senado, o texto encontrou outro cenário e conseguiu grande adesão dos peemedebistas. Apenas o senador Roberto Requião (PR) votou contra; Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) não votaram. O líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), foi escolhido para a relatoria. 
Por causa do prazo apartado, os senadores governistas sequer puderam apresentar emendas ao texto – qualquer alteração na proposta tornaria necessária uma nova votação da Câmara, o que inviabilizaria a MP.
“Isso não é processo legislativo. Isso é baderna”, queixou-se Pedro Taques (PDT-MT), diante da impossibilidade de a Casa sugerir quaisquer alterações no texto. Outros sinônimos foram dados ao formato de apreciação da medida provisória: Aloysio Nunes (PSDB-SP) o classificou como uma “fábrica de salsichas” a apreciação de todos os requerimentos de destaque em bloco; Agripino Maia (DEM-RN) disse que o texto é uma “caixa de surpresas”. 
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também mostrou insatisfação com a medida.“Só nos resta assumir a postura de autocrítica e afirmar com tristeza que estamos achincalhando o parlamento brasileiro”, disse o tucano. “Estamos permitindo a humilhação, nos agachando perante o Executivo. Estamos banalizando o parlamento.”

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A degradacao das instituicoes no Brasil: deterioracao do parlamento - Noblat, Azevedo


POLÍTICA: A MEDIDA PROVISÓRIA DOS PORTOS
Blog do Noblat, 15/05/2013

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB – SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, eu acabei de protocolar um pedido de retirada de pauta desta matéria, porque a Câmara, como todos sabem, acabou de deliberar há cerca de meia hora. Meia hora atrás!
Eu considero um desrespeito absoluto, inominável e sem precedente à atividade deliberativa do Senado que esta matéria seja imediatamente colocada em discussão, quando os Senadores sequer tiveram oportunidade de compulsar esse xerox que nós recebemos.
Eu recebi agora, por uma gentileza especial, uma deferência especial do Líder Pimentel, um quadro comparativo entre aquilo que foi a medida provisória, o projeto que saiu da Comissão Mista, sob a relatoria do Senador Eduardo Braga, e o que foi aprovado ontem na Câmara.
Eu não tive sequer ocasião de ler a primeira página desse quadro comparativo. V. Exªs vão querer que eu discuta algo que eu não li? Eu não estou aqui para isso e creio que nenhum Senador está aqui para isso.
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Reinaldo Azevedo, 15/05/2013

O texto original da MP dos Portos era bom. Vamos ver que bicho vai sair do Congresso. Uma coisa é certa: o caso expôs, mais uma vez, a espantosa ruindade da articulação política do governo Dilma. Como, no Brasil, quase todo mundo é governo — e a oposição é raquítica demais para criar embaraços —, o Planalto acaba tendo de enfrentar a rebelião dos próprios aliados. O grande “oposicionista” no caso da MP dos Portos foi o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). O governo bem que tentou mobilizar Michel Temer, vice-presidente da República, mas isso, no peemedebismo, tem peso relativo. O partido exerce uma forma muito própria de democracia interna: cada parlamentar é livre para defender os interesses de seu feudo. A legenda nunca fecha questão sobre nada; ao contrário: só abre. Todo mundo é livre para dissentir.
Mas esse é, há muito tempo, o preço a pagar para ter o PMDB na base. Sempre foi assim, com todos os governos. Então não há o que estranhar. O que espanta, aí sim, é a ruindade da articulação política. Os líderes do governo na Câmara e no Senado não lideram. Ninguém lhes dá a menor bola. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mantém alguma interlocução no Congresso, mas não tem a atribuição de fazer o corpo a corpo. Essa seria a tarefa de Ideli Salvatti, a ministra das Relações Institucionais. Mas onde ela está?
Observem que, nessa votação da MP dos Portos, a mulher sumiu. Nunca antes na história destepaiz um governante teve uma base tão grande para conseguir tão pouco. Abaixo, reproduzo um texto do Estadão Online. Dilma já se organiza para os vetos caso a proposta original seja muito desfigurada — e será. Essa, diga-se, tem sido a rotina dessa estranha relação. Reparem que se repete a mesma trapalhada da Lei dos Royalties do petróleo. O governo quer uma coisa, os parlamentares fazem outra, e Dilma veta. Vetos, como ficou claro, podem ser derrubados. No limite, termina todo mundo no Supremo. E aí reclamam que a Corte se mete demais em assuntos legislativos…
Leiam texto do Estadão Onine
Confiante em aprovação, governo já prepara vetos à MP dos Portos
Após mais um dia de sessão tumultuada, a Câmara dos Deputados concluiu ontem a apreciação das emendas à medida provisória que aumenta a competição no setor portuário e pode deslanchar investimentos no País. O lento avanço do texto, que caduca ao fim do dia de hoje e ainda precisa ser votado no Senado, não impediu o governo de manter a confiança de que caberá à presidente Dilma Rousseff a palavra final sobre as normas. O Palácio do Planalto já prepara os vetos a itens com os quais não concorda.
Ontem a secretária-geral da Mesa Diretora do Senado, Cláudia Lyra, afirmou que não há impedimento regimental para que os senadores recebam e votem no mesmo dia a MP 595. Em entrevista exclusiva ao Estado, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann sinalizou que o governo manterá a mesma postura adotada desde o início da tramitação da MP. O que estiver em desacordo com as propostas do Planalto será vetado. “Emenda de prorrogação automática não passa. Será vetada”, chegou a dizer a ministra. Temendo complicar a já turbulenta sessão da Câmara, Gleisi esclareceu logo em seguida que os vetos são prerrogativa da presidente. De acordo com a ministra, Dilma passou o dia acompanhando a votação “com serenidade” e “confiança” de que o texto seria aprovado.
Após meses de discussão no Senado, a MP chegou ao plenário da Câmara na semana passada. Discussões acaloradas e acusações interromperam a votação, que foi retomada na segunda-feira. Novo adiamento levou os deputados a terminarem a sessão de terça-feira às 4h55 de ontem. O texto-base foi aprovado, mas faltavam as emendas. A discussão consumiu todo o dia de ontem, sem conclusão até o fechamento desta edição.
Emendas
Durante a madrugada, foram derrubados pontos polêmicos e temidos pelo governo, como a emenda do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que compilava diversas mudanças. Outra emenda rejeitada pelo Planalto exigia a contratação de funcionários no porto por meio do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), possibilidade que engessaria e encareceria as operações, para o governo. No início da noite de ontem, foi a vez de a base aliada contra-atacar. Após sete horas de manobras do PSDB e do DEM para atrasar a votação, uma emenda do PT furou a fila, derrubou cinco emendas da oposição e acelerou a tramitação.
Com aval do Planalto, a emenda de Sibá Machado (PT-AC) mantém no Executivo o poder de renovar ou não os contratos de arrendamento após 1993. O lobby do setor queria assegurar a prorrogação do uso dos terminais pelo mesmo prazo máximo previsto no contrato original e a oposição apresentou emendas nesse sentido. Além dessa mudança, a Câmara aprovou emenda do PSB que estabelece que a vigilância e a segurança do porto organizado serão exercidas pela Guarda Portuária, e não por serviços terceirizados. Mandado de segurança.
A oposição, liderada pelos senador José Agripino (DEM-RN) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), já tem um mandado de segurança preventivo para encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso o Senado aprecie na manhã de hoje a MP dos Portos. Eles argumentam que o Senado só pode apreciar a matéria 24 horas após a aprovação na Câmara. O presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), marcou sessão para votar o tema às 11h.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Navios demoram mais de dois meses para carregar nos portos brasileiros...

Seria trágico se não fosse catastrófico para o comércio brasileiro.
Em uma aula, na quarta-feira passada, para alunos de um curso de MBA na Connecticut University Business School, que me perguntavam sobre o agronegócio brasileiro, eu confirmei o que sabia, ou seja: o Brasil realmente é um "killer" em produtividade agrícola e que, pelo menos até a porteira da fazenda a soja brasileira era mais barata do que a soja americana. Depois, acrescentei, os custos de transporte até o porto encareciam a nossa soja.
Não sabia, e não falei, dessa triste realidade dos portos brasileiros. Se soubesse, aliás, teria vergonha em relatar tal descalabro.
Paulo Roberto de Almeida

Mais uma empresa chinesa desiste da soja brasileira

Preocupado com apagão logístico, senador Blairo Maggi negocia na China com importadores, que ameaçam suspender compra do produto 

19 de abril de 2013 | 22h 14
Cláudia Trevisan, correspondente
 
PEQUIM - Mais uma empresa chinesa cancelou a compra de soja do Brasil por atrasos na entrega do produto, afirmou nesta sexta-feira em Pequim o senador Blairo Maggi (PPS-MT), que se reuniu com vários importadores para avaliar o impacto do apagão logístico nacional sobre o humor de seu principal cliente agrícola. 
Maggi não revelou o nome da companhia chinesa nem o tamanho da carga, mas disse que são "vários navios" destinados a uma esmagadora de soja que importa o produto por meio de uma trading do Japão.
Esse é o segundo caso em um mês de cancelamento causado por atrasos dos embarques no Brasil, onde navios estão esperando em média 65 dias para ser carregados nos portos - cada dia parado custa US$ 25 mil.
"É o fim do mundo", disse Maggi, que está entre os maiores produtores de soja do Brasil. Segundo ele, "é muito ruim" a percepção dos importadores chineses em relação aos problemas logísticos brasileiros.
Concorrência. O setor teme que os atrasos nos embarques levem os clientes chineses a optar pelo produto americano quando houver excesso de oferta no mercado - neste ano, os estoques mundiais estão em níveis historicamente baixos em razão da quebra da safra de soja nos Estados Unidos. "Estamos perdendo a credibilidade", disse Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), que acompanhou Maggi na visita à China.
Segundo o senador, eles ouviram a mesma mensagem de todos os importadores com quem se reuniram: "Eles nos disseram que darão preferência à soja americana em detrimento da brasileira, por causa da previsibilidade no embarque".
Neste ano, essa opção é limitada pela restrição da oferta nos EUA. Mas, se não houver problema na próxima safra, Silveira prevê mais 15 milhões a 20 milhões de toneladas no chamado "estoque de passagem". Em sua opinião, a maior parte dessa "sobra" poderá ficar encalhada no Brasil.
Há um mês, a maior importadora chinesa de soja, Sunrise, cancelou a compra de quase 2 milhões de toneladas do produto por causa de atrasos nos embarques em portos brasileiros.
Na época, o gerente de grãos e óleos da empresa, Shao Guorui, disse ao Estado que a Sunrise analisava a possibilidade de compensar o cancelamento dos contratos com a aquisição de soja na Argentina a partir de abril.
Segundo ele, a companhia deveria ter recebido seis navios em fevereiro e seis em março, mas a chegada dos carregamentos foi adiada para abril, em razão do apagão logístico que atinge os portos nacionais. A China é o principal consumidor da soja brasileira e adquiriu quase 70% dos US$ 17,5 bilhões exportados no ano passado.
Maggi ressaltou que a demora nos embarques gera prejuízos às processadoras de soja chinesas, que enfrentam dificuldades para cumprir os contratos com os clientes. O senador deu o exemplo da esmagadora Cofco, que paralisou a operação de uma fábrica por não ter recebido o produto comprado do Brasil no prazo previsto. "O navio está há 65 dias parado no Porto de Santos. Depois que for carregado, vai demorar mais 30 dias para chegar à China", observou.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O custo da mafia sindical: portos parados

20 Aug 2012 08:40 AM PDT
A combinação de greves e operação-padrão de servidores federais nos portos brasileiros afeta o volume do comércio exterior e também traz prejuízo para as empresas que exportam ou importam mercadorias. Várias delas já correm o risco de terem cancelados os pedidos de encomendas que permanecem retidas nos terminais. Além disso, o custo de armazenagem sobe diariamente.
É o caso, por exemplo, da Brasil Máquinas de Construção (BMC), uma das principais distribuidoras de máquinas do país. A empresa já gastou cerca de R$ 1,5 milhão em custos de armazenagem de uma carga, com 154 máquinas, que está parada há quase um mês no porto do Rio, esperando liberação.
"A gente acaba pagando uma armazenagem absurda e deixando de entregar, deixando de vender", reclama o presidente da BMC, Felipe Cavalieri. Segundo ele, a encomenda vale R$ 46 milhões para a empresa, que distribui máquinas de marcas como Hyundai, XCMG e Zoomlion. Por enquanto, diz, os clientes não cancelaram encomendas, mas ele admite que o risco existe.
No porto de Santos (SP), o acúmulo de cargas paradas chegou ontem a 17 mil contêineres, quase 4,5 vezes mais que o volume verificado uma semana atrás. Mesmo com o retorno ao trabalho dos fiscais ligados ao Ministério da Agricultura, nesta semana, as operações devem levar dez dias para se normalizar, avalia o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp).
Segundo o presidente do Sopesp, Querginaldo Camargo, os terminais estão operando com taxas de ocupação entre 80% e 85%, muito acima do considerado ideal. O percentual ótimo é até 65%. "Só não travou de vez, porque estamos trabalhando com os Redex [terminais alfandegados localizados na retaguarda do cais] e conseguindo pulverizar a carga", disse. "Tudo o que podemos fazer é tentar agilizar o posicionamento da carga".
A situação é complicada também no complexo portuário de Itajaí, em Santa Catarina, que ontem tinha 14.801 contêineres parados nas áreas de armazenagem dos terminais. Desses, 7.441 eram de produtos importados, 5.640 para exportações e o restante estava em transbordo.
O diretor-executivo do Sindicato das Agências Marítimas do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, afirmou que houve atrasos, mas nenhuma embarcação deixou de atracar em Santos devido à greve. Ontem, havia 74 navios na fila para atracação, sendo 54 de granéis sólidos. "Estamos em uma época sazonal, com safra de milho, açúcar, soja. E não há berços suficientes para toda a demanda", disse Roque.
Sem desfecho à vista para a greve dos servidores federais, cresce também a preocupação das indústrias farmacêuticas e de laboratórios de diagnósticos em relação ao abastecimento de medicamentos e principais insumos farmacêuticos. "Estamos em estado de alerta", afirmou Nelson Mussolini, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). A indústria farmacêutica é dependente de importação de insumos e medicamentos biológicos.
Mesmo com a liminar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) garantindo o retorno de 70% de seus funcionários ao trabalho, o setor não está seguro de que o abastecimento poderá ser garantido. De acordo com Mussolini, os pontos mais críticos continuam sendo o porto de Santos e o aeroporto do Galeão (RJ).
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), informou que, das 400 empresas ligadas à entidade, 110 já foram afetadas, considerando que cerca de 50% do material usado pelo setor é importado. Em levantamento feito pela entidade, 87% dos associados declararam enfrentar problemas em aeroportos e 46% em portos. Se a greve fosse encerrada hoje, seriam necessárias de três a cinco semanas para o fornecimento ser normalizado, avalia a entidade.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Brasil governamental: o pior adversario do Brasil produtivo

São os portuários e exportadores a reclamar:

22/05/2012 07:08
Brasil patina e acreditar em competitividade é acreditar em Papai Noel
Apesar do discurso ressaltando que o Governo Federal continuará investindo em obras de transportes que impulsionem o desenvolvimento nacional, a presidenta Dilma Rousseff parece continuar sem entender que o Brasil não conseguirá enfrentar a concorrência de produtos estrangeiros no exterior com os portos ineficientesque temos ao longo da costa brasileira. O tema foi alvo de postagem neste blog Dia-a-Dia no final de 2011, com o título “Dilma acredita em Papai Noel”, e permanece atual.

Ilustração: Betto Cordeiro
Nesta segunda-feira, Dilma inaugurou as obras na Ponte de Cabeçudas, em Laguna, Santa Catarina, investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que mesmo com readequação do orçamento devem sair mais caras do que se previa. Pior: segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Corte, a obra está solitária para viabilizar a duplicação do trecho Sul da BR-101. Ele prevê que a duplicação não será finalizadaantes de 2016, conforme previsto pelo Governo Federal, se os trâmites para a realização de obras de arte não forem agilizados.
Assim, ganha força o cenário de que acreditar em um Brasil competitivo seria “acreditar em Papai Noel”, já que os investimentos realizados para melhorar a infraestrutura de transportes, mesmo com a aplicação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), têm como resultado baixa qualidade de obras, pouca agilidade e muitas denúncias junto ao Ministério Público e ao TCU.

Projeto da Ponte de Cabeçudas é primordial para Imbituba
No setor logístico, o Brasil ainda patina em erros primários.

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Os mesmos: 
22/05/2012 00:28
Logística cega, surda e muda
Os colunistas Frederico Bussinger e Jorge Hori, doPortogente, destacaram, em artigos recentes, que o Brasil carece de planejamento portuário e logístico. Ponto destacado, aliás, no 7º Encontro de Logística e Transportes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que começou nesta segunda-feira (21/05), na capital paulista.
Em seu discurso no evento, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que muitas vezes, as áreas estadual e federal não se falam como deveriam. “Na construção do último trecho do Rodoanel em São Paulo era a oportunidade de fazer também um ferroanel. Faltou diálogo com o governo estadual e o federal na época.”
O Brasil patina, sem dúvida nenhuma, na sua logística por problemas e erros primários. Coisa impensável em países como a Holanda e até a China. Por essas e outras, alçarmos à sexta economia mundial é um verdadeiro milagre. Deus é brasileiro, diriam alguns.