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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os idiotas vao herdar o mundo? - Luiz Felipe Ponde

Quem herdará a Terra?
LUIZ FELIPE PONDÉ
Folha de S.Paulo, 10/02/2014
A emancipação feminina tornou as mulheres inférteis por escolha. Estranho? Nem tanto
A sociedade secular moderna está condenada. E por quê? Por uma razão muito simples: as mulheres seculares (sem prática religiosa cotidiana) não querem ter filhos. Quando têm, têm um ou dois no máximo.
A emancipação feminina tornou as mulheres inférteis por escolha. Estranho? Nem tanto, vejamos.
Quem herdará a Terra? Os religiosos fundamentalistas cristãos, judeus e muçulmanos. Suas mulheres têm muitos filhos, e as nossas não. Para as nossas mulheres, filhos só depois dos 35, depois da pós, com maternagem terceirizada caríssima. O individualismo moderno nos deixou a todos estéreis e histéricos.
Não, não estou criticando a vida secular nem defendendo a vida religiosa radical. Parafraseando o dito popular, "não é política, imbecil, é demografia".
Nós, seculares, que em grande parte temos simpatia pela teoria evolucionista, esquecemos que seleção natural é demografia. Podemos ter muitas ideias de como o mundo deve ser, mas os fundamentalistas têm mais bebês. E quem decide no final das contas é a população de bebês. Mulheres férteis implicam civilização poderosa.
Essa é a hipótese do livro escrito pelo canadense Eric Kaufmann, professor de política da Universidade de Londres. Claro que os "progressistas" o criticam e acusam a ideia de ser propaganda fundamentalista --como é comum em nosso mundo em que a inteligência cedeu lugar às políticas da difamação.
As suspeitas de que riquezas e conforto (causas culturais e econômicas, e não biológicas) diminuem a fertilidade feminina estão presentes desde a Grécia e Roma (Cícero já falava disso). Adam Smith, no século 18, chamava a atenção para o fato de que o "luxo e a moda" tornam o sexo frágil desinteressado na maternidade.
Já por volta do ano 300 da Era Cristã, os cristãos somavam 6 milhões, enquanto no ano 40 eles eram uns poucos hereges coitados. Logo conquistaram o Império Romano. E não só por conta das mulheres romanas serem vaidosas, ricas e interessadas em sexo, mas não em filhos (exatamente como as nossas). Os homens pagãos eram mais violentos e menos atentos a mulheres e filhos enquanto os cristãos eram do tipo família.
O fator fertilidade não é o único, claro, mas é um fator que em nossos debates inteligentinhos não tem sido levado em conta com a devida reverência.
Enquanto as mulheres seculares hoje têm cerca de 0,5 filho por mulher pronta para maternidade (a partir dos 15 anos), as religiosas (no caso aqui específico de grupos como evangélicos fundamentalistas, amish, menonitas, huteritas e judeus haredi ou ortodoxos) variam de 2,1 a 2,4.
No caso do Estado de Israel, por exemplo, a cada três crianças matriculadas no jardim da infância, uma é haredi. Depois do Holocausto, os haredi eram uma população quase insignificante. Em países do leste do mundo, como Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia, o quadro é muito próximo do Ocidente moderno.
A medicina, o saneamento, a tecnologia e Estados mais organizados diminuíram a mortalidade tanto das parturientes quanto das crianças. O efeito imediato foi o crescimento populacional na geração dos "baby boomers". Mas, já no final dos anos 60, as mulheres americanas, canadenses e europeias ocidentais começavam e declinar em fertilidade.
Por quê? A causa são os "valores" seculares. Nós investimos na vida aqui e agora e na realização de desejos imediatos. E, para piorar, as universidades ficam publicando pesquisas dizendo que casais sem filhos são mais felizes. Além de não termos filhos, ainda fazemos passeatas para matá-los no ventre das mães com ares de "direitos humanos".
Família cansa, filho dá trabalho, custa caro, dura muito. Os seculares escolhem não ter filhos, os religiosos escolhem tê-los.
Mas não é só a fertilidade que coloca os religiosos em vantagem. Os grupos mais fechados detêm uma alta retenção da sua prole: colégios comunitários, shoppings, redes sociais, colônias de férias, casamentos endógenos, calendários festivos, baladinhas de Jesus (ou similares). Sempre juntos.
Enfim, a pílula vai destruir a civilização que a criou. Risadas?
Comentário recebido:
Giselle deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Os idiotas vao herdar o mundo? - Luiz Felipe Ponde...": 

Concordo com a conclusão do Pondé, mas não com as premissas. Se a sociedade secular precisa de filhos, deve assumir o custo (ou parte dele). Da maneira como está hoje, o custo está todo com a mulher e nenhuma mulher inteligente o quer assumir.
Terei filhos no dia em que a sociedade me der:
a) creche, próxima à minha casa ou trabalho, com horário suficiente para cobrir o meu tempo de trabalho, o meu horário de almoço e o meu tempo de deslocamento casa-trabalho-casa (de 8hs às 17hs não me serve, este é o meu horário de trabalho);
b) escola com o mesmo horário da creche, já que crianças de até 16 anos não podem ficar sozinhas em casa de acordo com o ECA sob pena de abandono de incapaz;
c)alguém pode me dizer por que cargas d´agua as escolas fecham nas férias por 2 meses no verão e 15 dias no inverno? Eu só tenho 30 dias de férias! Vou fazer o que com as crianças no período? Pagar colônia de férias? Ou deixar com a empregada? (aqui, sou absolutamente favorável aos direitos das domésticas, muitas tratadas como se fossem móveis, mas para fornecer esses direitos, é preciso que a sociedade forneça alternativas);
d) licença maternidade suficiente para educar um filho com seriedade sem ficar atabalhoada de tarefas e colocar o meu casamento em risco tentando dar conta do filho, do trabalho e do sono - não são os filhos que acabam com o casamento, é contexto da vida moderna e corrida atual, em que a mulher simplesmente não tempo para o marido. Aliás,por que conceder às mulheres aposentadoria 5 anos mais cedo se a gente precisa desse tempo para educar meus filhos antes? E no mais, nossa expectativa de vida é maior.
d) saúde. Nem digo gratuita. Digo disponível. A falta de pediatras é crônica até para quem pode pagar. Pediatra não faz exame caro, é só consulta mesma. O que eles ganham não compensa. Os médicos preferem outras especialidades. 

Enfim, do jeito que está hoje, as mudanças que eu teria que fazer na minha vida. O custo, financeiro e de oportunidade - deixando de viajar, de estudar e de tocar projetos profissionais - simplesmente não comporta filhos. 
Minha mãe me criou com ajuda de vó, de tias, de empregada, de amigas, gente que podia ficar comigo? Como o trânsito de hoje, não posso contar com ninguém!
Se a sociedade quer filhos, que dê às mulheres condições. 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Republica Misogina do Taliban: onde estao as feministas e os progressistas?

Eu sempre me pergunto onde estão todos os progressistas, humanistas e feministas que nunca empreendem uma campanha contra os países e movimentos que discriminam, por vezes violentamente, como no exemplo abaixo, as mulheres e outras minorias religiosas perseguidas...
Paulo Roberto de Almeida 

Taliban says it shot Pakistani teen for advocating girls’ rights

ISLAMABAD, Pakistan — A 14-year-old Pakistani student who won international acclaim for speaking out for girls barred from school by the Taliban was critically wounded Tuesday by a gunman who boarded her school bus, asked for her by name, aimed his pistol at her head and fired, officials said.
The Pakistani Taliban asserted responsibility for the attack on ninth-grader Malala Yousafzai, who gained notice in early 2009 when she wrote a diary about Taliban atrocities under a pen name for the BBC’s Urdu service. Yousafzai lives in Mingora, a city in the scenic northwestern Swat Valley, where Taliban insurgents imposed harsh Islamic law for two years before being routed by a major military operation in May 2009.
Today, the army promotes Swat as a tourist destination — it sponsored a festival there in July, trying to restore its reputation as the Switzerland of Pakistan. Residents say militants rarely strike, but Tuesday’s daylight attack demonstrated the Taliban’s continued ability to infiltrate the area, which adjoins Pakistan’s insurgency-plagued tribal belt.
Two months ago, Taliban gunmen shot and seriously injured the president of Swat’s hotel association in Mingora and vowed further attacks on those it considers pro-government.
Many Pakistanis view Yousafzai, who also promoted literacy and peace, as a symbol of hope in a country long beset by violence and despair. In 2011, the Pakistani government awarded her a national peace prize and 1 million rupees ($10,500).
She also was a finalist last year for the International Children’s Peace Prize, awarded by a Dutch organization that lauded her bravery in standing up for girls’ education rights amid rising fundamentalism when few others in Pakistan would do so.
Yousafzai was flown by helicopter to a military hospital in Peshawar, where doctors on Wednesday said they removed a bullet lodged near her spine. The girl’s condition was improving, but officials said she had not yet regained consciousness. President Asif Ali Zardari directed that Yousafzai be sent abroad for further medical care if needed; the Interior Ministry arranged documents for her to enter Britain or the United Arab Emirates.
While school children throughout the nation held prayer vigils for Yousafza, and many Pakistanis and politicans expressed revulsion over the shooting, major religious parties and mosque leaders were largely silent. Clerics frequently do not rebuke suicide bombings or sectarian attacks for fear of alienating their increasingly conservative congregants or provoking the Taliban.
On Wednesday morning, Pakistan’s top military official, Chief of Army Staff Gen. Ashfaq Parvez Kayani,, became was the first national leader to visit the victim. He called the shooting “inhuman” and a “heinous act of terrorism,” the military’s information office said.
Kayani, arguably Pakistan’s most powerful man, quoted the words of the Prophet Muhammad: “The one who is not kind to children, is not amongst us,” the statement said.
The army has lost thousands of soliders and officers in its war with the Pakistani Taliban, which has stepped up its attacks and now frequently beheads captured troops.