Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Difícil dizer que personagens tão rústicas – a começar pelo presidente, seus três filhos aloprados, e o general do GSI – tenham efetivamente um projeto racional para dar um golpe e instaurar um regime autoritário (que eles parecem apreciar e considerar necessário para "governar" o Brasil). Eles simplesmente não têm condições reais de chegar a tanto, não apenas por falta de apoio no sistema político, entre os militares, no Congresso, na sociedade civil (pois ninguém toparia uma aventura dessas), mas também porque eles não tem condições intelectuais de sequer preparar uma coisa dessas. Como já disse várias vezes, e repeti acima, eles são rústicos (evito uma palavra mais ofensiva), e o que parece um grande plano arquitetado para produzir o mal ditatorial, nada mais é do que instintos autoritários primitivos, extremamente desorganizados e improvisado. Resumindo tudo: estamos num governo caótico, tendo à frente um bando de malucos autoritários, mentalmente limitadíssimos, e tudo o que eles podem produzir é mais caos... Acho que os famosos "donos do dinheiro" – ou seja, aqueles que mandam de fato no Brasil – deveriam reconsiderar o seu apoio a essa tribo. Paulo Roberto de Almeida
Maia diz que Heleno virou 'auxiliar do radicalismo de Olavo'
'Acho que a frase dele (sobre novo AI-5) foi grave. Além disso ainda fez críticas ao Parlamento, como se o Parlamento fosse um problema', diz o presidente da Câmara
Mariana Haubert e Camila Turtelli, O Estado de S.Paulo
04 de novembro de 2019 | 13h06
BRASÍLIA - O presidente da Câmara,Rodrigo Maia(DEM-RJ), criticou nesta segunda-feira, 4, o ministroAugusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o acusou de virar "um auxiliar do radicalismo do Olavo [de Carvalho]", escritor considerado o guru do bolsonarismo.
A reação do deputado foi à declaração do militar,em entrevista ao 'Estado', sobre a ideia aventada pelo deputadoEduardo Bolsonaro(PSL-SP) de se editar um "novo AI-5" para conter o radicalismo da esquerda.
Na entrevista, Heleno não repudiou a possibilidade e disse que, se Eduardo propôs, era preciso estudar como fazer, pois iniciativas "para organizar o País" sofrem resistência, em uma crítica indireta ao Congresso. "Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter", afirmou o ministro na quinta-feira.
Para Maia, a fala de Heleno foi "grave". "Infelizmente o general Heleno virou um auxiliar do radicalismo do Olavo. É uma pena que um general da qualidade dele tenha caminhado nessa linha", disse Maia, em Jaboatão dos Guararapes (PE), para onde viajou para receber uma homenagem. O presidente da Casa disse ainda que há um pedido de convocação do ministro em análise na Câmara.
OAto Institucional nº 5foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito ahabeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.
O general é um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro para assuntos militares. Na entrevista ao Estado, o ministro comparou a dificuldade para emplacar uma regra como o AI-5 ao ritmo lento que tramita o pacote anticrime de Sérgio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública.
"Além disso ainda fez críticas ao Parlamento, como se o Parlamento fosse um problema para o Brasil. É uma cabeça ideológica", afirmou o presidente da Câmara.
A declaração de Eduardo sobre o AI-5,dada em entrevista à jornalista Leda Nagle, provocou um terremoto político na semana passada, a ponto de Maia dizer que a apologia à ditadura era passível de punição. Horas depois, o presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, desautorizou o filho, sob o argumento de que quem fala em AI-5 só pode estar “sonhando”.
No fim do dia, o “zero três” de Bolsonaro pediu desculpas, mas o estrago já estava feito. Em nota, Maia classificou as declarações de Eduardo como “repugnantes”.
Procurado, Heleno não havia se manifestado sobre a declaração de Maia até a publicação desta notícia.