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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Doutorado Honoris Causa da humildade: os melhores elogios sao sempre em causa propria...

Honni soit qui mal y pense...
Imaginem se fosse proibido falar de seus próprios méritos num evento como esse: o novo doutor teria de ficar calado, por não poder falar bem de si mesmo e de tudo de bom que ele fez por Garanhuns, pelo Brasil, pela humanidade?
Seria terrível...
Ainda bem que os franceses, sendo egocêntricos eles mesmos, são condescendentes com os muito egocêntricos: como eles inventaram tudo de bom que existe no mundo desde que Paris é Paris, eles devem saber que esse tipo de exercício pode ser permitido, inclusive pelo politicamente correto que representa: não é todo dia que a Europa se curva ante um personagem do Terceiro Mundo, embora isso seja mais comum na França...
Paulo Roberto de Almeida

Aclamado por estudantes, Lula recebe honoris causa em Paris

Recebido como pop-star, ex-presidente elogia o próprio mandato e dá conselhos à Europa em crise durante cerimônia

27 de setembro de 2011 | 18h 19
Andrei Netto, correspondente de O Estado em Paris
PARIS - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma recepção de pop star neta terça-feira, 27, em Paris, durante a cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa pelo Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po), o maior da França. Em seu discurso, o ex-chefe de Estado enalteceu o próprio mandato e multiplicou os conselhos aos líderes políticos da Europa, que atravessa uma forte crise econômica. Antes, durante e depois, Lula foi ovacionado por estudantes brasileiros, na mais calorosa recepção da escola desde Mikhail Gorbachev.
Ex-presidente recebeu o prêmio e fez discurso de 40 minutos - Divulgação
Divulgação
Ex-presidente recebeu o prêmio e fez discurso de 40 minutos
A cerimônia foi realizada do auditório do instituto, com a presença de acadêmicos franceses e de quatro ex-ministros de seu governo: José Dirceu, Luiz Dulci, Márcio Thomaz Bastos e Carlos Lupi. Vestido de toga, o ex-presidente chegou à sala por volta de 17h30min, acompanhado de uma batucada promovida por estudantes. Ao entrar no auditório, foi aplaudido em pé pela plateia, aos gritos de "Olé, Lula".
Em seguida, tornou-se o primeiro latino-americano a receber o título da Sciences-Po, já concedido a líderes políticos como o tcheco Vaclav Havel. Em seu discurso, o diretor do instituto, Richard Descoings, se disse "entusiasta" das conquistas obtidas pelo Brasil no mandato do petista. "O senhor lutou para que o Brasil alcançasse um novo patamar internacional", disse, completando: "Não é mais possível tratar de um assunto global sem que as autoridades brasileiras sejam consultadas".
Autor do "elogio" a Lula - o discurso em homenagem ao novo doutor -, o economista Jean-Claude Casanova, presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, lamentou que a Europa não tenha um líder "de trajetória política tão iluminada". Casanova pediu ainda que Lula aproveitasse "sua viagem para dar conselhos aos europeus" sobre gestão de dívida, déficit e crescimento econômico.
Lula aceitou o desafio e encarnou o conselheiro. Em um discurso de 40 minutos, citou avanços de seu governo, citando a criação de empregos, a redução da miséria, o aumento do salário mínimo e a criação do bolsa família e elogiou sua sucessora, Dilma Rousseff. "Não conheço um governo que tenha exercido a democracia como nós exercemos", afirmou, no tom ufanista que lhe é característico.
Então, lançou-se aos conselhos. Primeiro criticou "uma geração de líderes" mundiais que "passou muito tempo acreditando no mercado, em Reagan e Tatcher", e recomendou aos líderes da União Europeia que assumam as rédeas da crise com intervenções políticas, e não mais decisões econômicas. "Não é a hora de negar a política. A União Europeia é um patrimônio da humanidade", reiterou.
Na saída, estudantes cantaram a música Para não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré, e se acotovelaram aos gritos por fotos e autógrafos do ex-presidente, que não falou à imprensa. Impressionado com a euforia dos estudantes, Descoings comparou, em conversa com o Estado: "A última vez que vi isso foi com Gorbachev, há cinco ou seis anos. Mas com Lula foi ainda mais caloroso."
Veja também:
link Lula recebe título de doutor honoris causa da UFBA
link Lula receberá seu sexto título de Doutor Honoris Causa
link
Lula dedica título 'honoris causa' a José Alencar

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Terminando, sem terminar:

Bem, depois desses conselhos, a Grécia está com todos os seus problemas resolvidos, não é?
Ou não?
Será que o economista Jean-Claude Casanova não vai transmitir esses conselhos aos gregos, ao BCE, ao Conselho Europeu, ao G20, ao FMI?
Não há que perder tempo...
Paulo Roberto de Almeida

Doutorado honoris causa em humildade: nunca antes...

Destaco desta nota laudatória da representação do maior partido do Ocidente -- como se dizia nos velhos tempos da Arena, de saudosa memória para alguns -- o conceito de humildade.
Sim, humildade.
Ele aparece quatro vezes no texto abaixo, o que talvez recomendaria à Sciences Pô criar um doutorado em humildade, que é, como diriam os franceses, "le caractère d'être humble".
De fato, é o que mais distingue, caracteriza, define a personalidade do novo doutor honoris causa pela rue Saint Guillaume, onde estarei dentro de poucos meses e onde certamente me perguntarão o que eu acho disso.
Poderei dizer: "Je n'ai pas de mots, je suis sans parole...".
Ou então, direi isso mesmo: ele recebeu a distinção exatamente por ser humilde. 
Nunca antes, na história deste país, na da França, ou na de qualquer outro lugar deste nosso humilde planetinha redondo, e tão sujeito a poluição que vai de um lado a outro -- se ele fosse quadrado, isso não aconteceria, certamente -- um dirigente político foi tão (como é mesmo?) humilde.
C'est ça: humble...
Os franceses é que são... -- comment dirais-je? -- arrogantes.
Ils sont fous, ces gaulois...
Paulo Roberto de Almeida

Líder homenageia Lula por mais um título doutor honoris causa
Informe da Liderança do PT na Câmara dos Deputados, 28/09/2011

Em artigo, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), líder do PT na Câmara, enaltece o título de doutor honoris causa concedido ontem ao ex-presidente Lula pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris e ressalta uma das principais qualidades do ex-mandatário: a humildade. Lula é o primeiro latino-americano a receber tal honraria.

De Garanhuns a Paris
Nascido na pequena Caetés, distrito do município de Garanhuns, o pequeno Luiz Inácio da Silva deixou o agreste pernambucano para se tornar, décadas depois, o Lula que o Brasil e o mundo aprenderam a admirar e a respeitar.
 
Não apenas por suas qualidades de líder político, mas também pela sua capacidade de captar, traduzir e expressar os sentimentos do povo que o elegeu duas vezes presidente da República e o consagrou como o mandatário mais popular que o Brasil já teve na sua árdua e sinuosa história que ultrapassa o meio milênio.
 
A humildade, como bem registrou o genial poeta e dramaturgo T.S. Eliot, é uma forma especial de sabedoria. É o tipo de qualidade que inspira a humanidade, mas, via de regra, alcança menos as pessoas quanto mais degraus na escada do poder elas galgam.
 
O título de doutor “honoris causa” que Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences Po, por sua “contribuição ao desenvolvimento econômico e social de seu país”, ainda que indiretamente, premia também a humildade enquanto virtude, tão bem personificada pelo nosso ex-presidente.
 
Em 140 anos de existência da instituição, Lula é o 16º agraciado com o título, sendo o primeiro latino-americano a receber a honraria.
Em seu discurso de agradecimento, se disse “orgulhoso de ter criado 14 universidades, 126 campi universitários e 214 escolas técnicas”, demonstrando que “um metalúrgico sem diploma universitário podia fazer mais do que a elite política do Brasil”, embora o preconceito de classe lhe seja uma sombra constante, despertado inclusive pelo anúncio da entrega deste título por parte do Sciences Po.
Os 2.400Km que separam Garanhuns de Santos – e os 59 anos passados após a viagem do menino Lula rumo ao litoral de São Paulo – são ínfimos diante da grandeza à qual as duas gestões do presidente Lula alçaram o Brasil.
Por seus feitos à frente da nossa imensa Nação, que cansou de se conformar em ser “o país do futuro” para transformar o seu presente e tomar para si a condução dos seus rumos, Lula já havia conquistado o seu lugar cativo na história dos grandes vultos do Brasil.
Agora, percorrendo os quatro cantos do globo para partilhar – sempre com a humildade que caracteriza a sua prática e o seu discurso – suas experiências e lições de estadista, Lula caminha para se tornar um personagem dos mais notáveis do nosso tempo.