À espera dos bárbaros?
Paulo Roberto de Almeida
Um poeta grego expressou certa vez sua surpresa pelo fato de seus concidadãos ainda estarem à espera dos bárbaros: eles teriam sido a solução ante à irresolução.
E no caso dos bárbaros já estarem entre nós? Resolveram alguma coisa? Diminuiu o grau de irresolução em face de problemas concretos? Ainda vivemos em tempos homéricos, nos quais pessoas acreditam sinceramente que são os deuses que guiam os seus passos e suas ações?
Progredimos alguma coisa desde a guerra de Troia no “Ocidente”, desde as guerras entre os reinos no “Oriente”?
A humanidade avançou realmente alguma coisa nos últimos seis ou sete mil anos?
Geologicamente é um tempo muito curto para certas acomodações de terreno.
Mas intelectualmente se poderia esperar algo mais avançado desde o Aufklarung.
E, no entanto, depois disso, ainda tivemos o racismo, a intolerância religiosa, os Gulags, o Holocausto, os diversos genocídios voluntários e involuntários, o terrorismo sempre presente, a corrupção política e as desigualdades sociais evitáveis.
A humanidade me decepciona, mas os bárbaros não são a solução…
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19/06/2021