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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Conheca o keynesiano de botequim que esta' afundando as contas publicas

Contas públicas

Contabilidade criativa de Augustin no Sul deu origem a rombo de R$ 7 bi

Secretário do Tesouro institucionalizou o uso de manobra contábil na administração gaúcha quando foi secretário da Fazenda, entre 1999 e 2002

Arno Augustin, secretário do Tesouro
Arno Augustin, secretário do Tesouro (José Cruz/ABr)
O uso de subterfúgios para maquiar as contas públicas e deixar transparecer um resultado fiscal melhor do que ele é — a chamada contabilidade criativa — não é prática exclusiva do governo federal, mais especificamente da Secretaria do Tesouro Nacional, comandada pelo petista Arno Augustin.
O secretário, encarado com 'pai' das manobras usadas para ajudar no cumprimento do superávit primário (a economia do governo para pagar os juros da dívida), constantemente lançava mão do expediente quando chefiava a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, entre o final da década de 1990 e o início de 2000. 
Por isso que as atípicas operações praticadas na esfera federal não surpreenderam pessoas como o economista gaúcho Darcy Francisco Carvalho dos Santos. Em parceria com outros colegas, Santos produziu vários textos em que trata sobre o que chama de desacertos na política fiscal gaúcha no período em que Augustin foi secretário estadual de Fazenda.
Segundo os autores, Augustin recorreu a vários expedientes para melhorar a gestão e a imagem das contas públicas locais. Houve a utilização de recursos do chamada caixa único (que reúne as contas públicas) para financiar o déficit estadual, sem que os saques fossem efetivamente repostos. Em 2002, faltavam 1,7 bilhão de reais no caixa. A prática passou a ser copiada pelos governos seguintes e hoje o buraco beira os 7 bilhões de reais. Recursos liberados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento para a pavimentação de estradas cobriram despesas correntes e o organismo por pouco não cancelou o contrato no governo seguinte. Numa operação triangular, valores em dinheiro que deveriam ir para a Agência de Fomento cobriram gastos do Estado e foram repostos com créditos a receber do Banrisul, mas no longo prazo.
A gestão e a contabilização do caixa único foi questionada pelo economista Roberto Calazans no final da passagem de Augustin pelo Estado e rendeu muita discussão na Assembleia Legislativa gaúcha. O Tribunal de Contas do Estado também estranhou algumas das operações e as chamou na época de "anomalias fiscais". "O que víamos no Estado naquele tempo é o que hoje chamam de contabilidade criativa na esfera nacional", diz Santos. "Para nós, a impressão que ficou é que o Estado precisava de recursos para cumprir a agenda de governo e coube a Arno a tarefa de melhorar a imagem dos resultados."
O problema é que as manobras produzem efeitos colaterais. "A política financeira de Arno Augustin é baseada no abandono da responsabilidade fiscal adotada em 1999 e causa incerteza", diz o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, que se dedica a destrinchar a contabilidade pública. "Se você perguntar hoje para cinco especialistas qual é a política fiscal do governo, terá cinco respostas diferentes, e todas vão divergir da resposta do ministro da Fazenda."
Augustin garante que não é assim: "Não houve operações que mascaram o resultado, nem no governo gaúcho, nem agora. Eu respeito a interpretação de Darcy, mas ela é feita a partir de um determinado viés. E o Brasil segue a estatística internacional feita pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em todos os seus elementos", diz ele. "Eu respeito que esse e aquele setor façam críticas: às vezes mesmo quando as coisas vão bem - e felizmente vão bem no Brasil - surge quem diga que não está tão bem assim, mas o fato é que hoje o Brasil tem fundamentos muito mais sólidos quando se olha para trás."
Confiança - Apesar das polêmicas contábeis, Augustin segue firme como o mais longevo secretário do Tesouro. Está há seis anos e meio no posto, bem longe do segundo colocado, Murilo Portugal, que ficou quatro. Também não há lembrança entre os especialistas de política econômica de outro secretário do Tesouro que tenha tido a mesma influência. "Arno é tão respeitado no governo que só sairá se pedir, porque cansou ou sentiu que pode prejudicar o PT ou a presidente", diz um técnico do alto escalão do governo que prefere ficar no anonimato. Segundo pessoas que conhecem sua trajetória, a posição é fruto da dedicação à carreira técnica e à política no PT.
Augustin é capaz de ficar horas sem arredar o pé do gabinete movido a doses de café. Relaxa praticando corrida, um de seus raros lazeres. Vive sem férias - uma das poucas que tirou foi por ordem de Dilma, quando começou a ter problemas para dormir e se atrasar a reuniões matinais. E controla a saudade que sente da família. Neste ano, sinalizou que pode se ausentar das festas no Sul pois há trabalho em Brasília.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Keynesianismo de botequim chega ao seu limite no Tesouro

Parece que até mesmo os tecnocratas do botequim keynesiano do Tesouro já não aguentam mais tanta feitiçaria, embromação, enganação, improvisação e outros "çãos" do mesmo quilate. Os mandarins têm certas regras corporativas: uma delas é a de só contar mentiras credíveis, como as do Keynesianismo clássico, por exemplo, que não tem nada a ver com seu travestimento rústico posto em vigor no Brasil dos companheiros.
E o fato da 'presidenta' ter ficado irritada não é novidade: ela sempre se revolta contra os fatos, quando estes se comportam de maneira contrária ao que ela espera de... fatos...
Paulo Roberto de Almeida 

Técnicos do Tesouro querem esclarecimento sobre operações do órgão
Por Sheila D’Amorim e Natuza Nery, na Folha Online, 5/12/2013

Insatisfeitos com os ataques à dificuldade do governo de equilibrar gastos e receitas, técnicos do Tesouro passaram a cobrar do secretário Arno Augustin uma definição mais clara sobre até onde o governo pretende ir na área fiscal. Ou seja: qual é o teto de endividamento para bancar a política atual. Segundo a Folha apurou, há dez dias ele reuniu sua equipe para “lavar roupa suja”. Pouco afeito a debates com seus assessores, Arno foi obrigado, dessa vez, a ouvir reclamações e cobranças. Técnicos quiseram saber, por exemplo, se há limites para as operações do BNDES, principal financiador da agenda econômica.

O encontro ocorreu antes da mais nova manobra atribuída ao petista: um empréstimo da Caixa para a Eletrobras pagar dívidas com o setor elétrico. A operação teve de ser abortada diante da repercussão negativa, embora tenha sido decidida em reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda) e a própria presidente Dilma.
Desde o ano passado, Arno é apontado como o principal responsável pela perda da credibilidade de Dilma na área fiscal. Em 2012, lançou mão do que foi chamado de “contabilidade criativa” para engordar o caixa do governo sem, de fato, economizar. A prática consiste em tirar da conta dos gastos despesas como as feitas com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e em inflar as receitas antecipando, por exemplo, a entrada de dividendos de estatais. Arno também foi atacado por falta de transparência nas estatísticas oficiais.
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Dilma cobra Mantega sobre revolta no Tesouro
Presidente ficou irritada por saber apenas pelo 'Estado' de atritos entre secretário Arno Augustin e auxiliares

05 de dezembro de 2013 | 16h 33
Marcelo Moraes, João Villaverde e Adriana Fernandes, da Agência Estado


BRASÍLIA - A revolta do corpo técnico do Tesouro Nacional com a condução da política fiscal comandada pelo secretário Arno Augustin foi um dos assuntos tratados pela presidente Dilma Rousseff com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião na manhã desta quinta-feira, 5, no Palácio da Alvorada.
Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, com um auxiliar presidencial, Dilma abordou o assunto e mostrou grande incômodo com o fato de ter sido informada sobre a revolta no Tesouro pela imprensa. A informação foi divulgada pelo Estadão.
De acordo com fonte graduada do Palácio do Planalto, a presidente não gostou de descobrir uma crise numa área sensível e crucial do governo federal e cobrou que deveria ter sido informada da reunião que ocorreu no dia 22 de novembro no Ministério da Fazenda entre o secretário do Tesouro, Arno Augustin, todos os subsecretários da instituição e todos os 11 coordenadores-gerais, onde a insatisfação é mais forte. Na ocasião, os técnicos fizeram uma apresentação ao secretário sobre a condução da política econômica e da política fiscal, em especial, e apontaram dificuldades crescentes para a rolagem de títulos no mercado - por conta do mau humor de investidores, o Tesouro tem sido obrigado a pagar taxas de juros cada vez maiores nos títulos que oferece. Esse movimento encarece o perfil da dívida pública brasileira, e os técnicos temem que isso se retroalimente.
Internamente, o movimento de revolta dos técnicos do Tesouro tem sido chamado de "motim" por outros servidores. Uma fonte qualificada da área econômica afirmou ao Broadcast que "o clima está pesado" nos corredores do Ministério da Fazenda. Dilma cobrou de Mantega explicações sobre o fato de subordinados de Augustin estarem incomodados com a gestão dele.
Oficialmente, o Tesouro afirma que não enfrenta dificuldades para rolar os títulos no mercado, e que as metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) serão cumpridas com folga.

sábado, 23 de novembro de 2013

O colunista de humor Paul Krugman - William L. Anderson


Krugman’s Adventures in Fairyland
by William L. Anderson 
Mise Daily, November 23, 2013

After studying and teaching Keynesian economics for 30 years, I conclude that the “sophisticated” Keynes­ians really do believe in magic and fairy dust. Lots of fairy dust. It may seem odd that this Aus­trian economist refers to fairies, but I got the term from Paul Krugman.
According to Krugman, too many people place false hopes in what he calls the “Confidence Fairy,” a creature created as a retort to economist Robert Higgs’s concept of “regime uncertainty.” Higgs coined that expression in a 1997 paper on the Great Depression in which he claimed that uncertainty caused by the policies of Franklin Roosevelt’s New Deal was a major factor in the Great Depression being so very, very long.
Nonsense, writes Krugman. Investors are not waiting for governments to “get their financial houses in order” and protect private property. Instead, he claims, investors are waiting for governments to spend in order to create enough “aggregate demand” in the economy to bring about new investments and, one hopes, full employment.
According to Higgs, the “humor columnist for the New York Times, Paul Krugman, has recently taken to defending his vulgar Keynesianism against its critics by accusing them of making arguments that rely on the existence of a ‘confidence fairy.’ By this mockery,” Higgs says, “Krugman seeks to dismiss the critics as unscientific blockheads, in contrast to his own supreme status as a Nobel Prize-winning economic scientist.”
It seems, however, that Krugman and the Keynesians have manufactured some fairies of their own: the Debt Fairy and the Inflation Fairy. These two creatures may not carry bags of fairy dust, but they might as well, given that their “tools” of using government debt and printing money to “revitalize” the economy have the same scientific credibility.
Let us first examine the Debt Fairy. According to the Keynesians, the U.S. economy (as well as the economies of Europe and Japan) languishes in a “liquidity trap.” This is a condition in which interest rates are near-zero and people hoard money instead of spending it. Lowering interest rates obviously won’t spur more business borrowing, so it is up to the government to take advantage of the low rates and borrow (and borrow).
If governments issue enough debt, argue Debt Fairy True Believers, the econ­omy will gain “traction” as government spending, through the power of pixie dust, fuels a recovery. Governments spend, businesses magically gain confidence, and then they spend and invest. (At this point, we are apparently supposed to just overlook the fact that the Keynesians are saying that we need the Debt Fairy to resurrect the Keynesian version of the Confidence Fairy.)
The Inflation Fairy also plays an important role, according to Keynesians, for if bona fide inflation can take hold in the econ­omy and people watch their money lose value, then they will spend more of their savings. In turn, this destruction of savings will, through the power of Keynesian sorcery, revive the econ­omy. Thus inflation undermines what Keynesians call the “Para­dox of Thrift,” a theory that says if a lot of people withhold some present consumption in order to save for future con­sumption, the economy quickly will implode and ultimately will slip into a Liquidity Trap in which no one will spend anything.
These fairies can work their magic if (and only if) one condition exists: factors of production are homogeneous, which means that government spending will enable all lines of production simultaneously. The actual record of the boom-and-bust cycle, however, tells a different story. It seems that the Debt and Inflation Fairies enable booms along certain lines of production (such as housing during the past decade), but as everyone knows, the fairy dust lost its magical powers and the booms collapsed into recessions.
Austrians such as Mises and Rothbard have well under­stood what Keynesians do not: the structures of produc­tion within an economy are heterogeneous and can be distorted by government intervention through inflation and massive borrowing. Far from being creatures that can “save” an economy, the Debt Fairy and the Inflation Fairy are the architects of economic disaster.
Despite Keynesian protestations that the U.S. and European governments are engaged in “austerity,” the twin fairies are active on both continents. The fairy dust they are sprinkling on the economy, however, is more akin to sprinkling ricin on humans. In the end, the good fairies turn into witches.
Note: The views expressed in Daily Articles on Mises.org are not necessarily those of the Mises Institute.
Comment on this article. When commenting, please post a concise, civil, and informative comment.

William Anderson, an adjunct scholar of the Mises Institute, teaches economics at Frostburg State University. Send him mail. See William L. Anderson's article archives.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Brasil esta doente, diz o FMI (e nao e' so' da cabeca...) - Editorial Estadao

Há muito tempo, desde Noé, mais ou menos, que este blog vem colocando o dedo na ferida dos principais problemas brasileiros, mesmo quando a maior parte dos observadores -- The Economist, inclusive -- achava que o Brasil estava decolando, ou navegando em mar de brigadeiro.
Inflação inaceitavelmente alta, para qualquer padrão que se tenha; contas públicas acumulando desequilíbrios crescentes, sendo maquiadas vergonhosamente pelo governo; balanço de pagamentos acumulando déficits crescentes de transações correntes, e investimentos se retraindo, insuficientes para cobrir os buracos que vão se acumulando.
O governo pretende que seu endividamento público é menor do que o de países ricos. Mas quem paga juros de 10% na média? Quem depende dos famosos capitais especulativos para fechar suas contas como o Brasil?
O governo só faz... (vocês completem com o que acharem mais indicado).
Mas essa é apenas a parte econômica, que, finalmente, pode ser corrigida entre 3 e 6 meses, bastando mudar as políticas econômicas e esperar o resultado entre um ano e dois. Essa é a parte fácil.
A parte difícil seria corrigir as mentalidades deformadas, que são as responsáveis por esses erros de políticas econômicas. Sim, porque os keynesianos de botequim do governo, do mais baixo ao mais alto escalão, estão convencidos de que estão fazendo tudo certo, e ainda estimulando a economia com as medidas anti-cíclicas.
A outra parte ainda mais difícil é inverter a deterioração das instituições, já que o Executivo abastardou os outros poderes, e corrompe abertamente o processo legislativo, inclusive aprovando leis ilegais (pois é) e medidas inconstitucionais. O governo, como sempre digo, é o principal fora-da-lei neste país: não sou eu quem diz: basta ver os casos no STF.
Uma outra, finalmente, é praticamente impossível corrigir, pois está entranhada de tal forma na cultura brasileira que vai demorar muitos anos antes de revertermos o desastre. Se trata da miséria educacional do Brasil, sob a influência das saúvas freireanas, os pedagogos que acham o idiota do Paulo Freire o máximo e que continuam imbecilizando crianças e adultos com um ensino muito pior do que sequer ousaríamos imaginar (com a cumplicidade das máfias sindicais de professores).
Sou pessimista?
Acho que não, apenas realista...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma e a imagem do Brasil

15 de outubro de 2013 | 3h 15
O Estado de S.Paulo
A mistura de baixo crescimento, inflação alta e contas públicas em deterioração, resumo da obra econômica da presidente Dilma Rousseff, começa a prejudicar a imagem do País, como se viu na semana passada, na reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. Ninguém chamou o governo de irresponsável ou incompetente, mesmo porque funcionários de organizações multilaterais são normalmente polidos e diplomáticos. Mas os danos causados à economia brasileira pelos erros acumulados nos últimos anos foram citados mais de uma vez, e da maneira mais contundente: apenas como fatos claros e bem estabelecidos, sem retórica política e sem juízos de valor. Nem as expectativas de melhora chegam a ser entusiasmantes. Se forem retomados de fato os investimentos em infraestrutura, o País crescerá, em média, 3,5% nos próximos cinco anos, bem menos e de modo menos equilibrado que os vizinhos sul-americanos mais dinâmicos.
Todos os países emergentes perderam um pouco do encanto dos últimos anos e para todos sobrou alguma recomendação, poderiam lembrar as autoridades brasileiras. Mas nem esse consolo vale muito. Vasculhando as tabelas, comentários e projeções, é difícil de encontrar uma conjunção de problemas tão perigosa quanto no caso brasileiro. O Brasil é citado três vezes na agenda política apresentada pela diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, ao Comitê Monetário e Financeiro, o órgão político mais importante da instituição. As três citações são negativas.
O País é mencionado pelas pressões inflacionárias preocupantes, pelo alto endividamento do setor público e pela necessidade urgente de investimentos em infraestrutura. As pressões inflacionárias deixam pouco ou nenhum espaço para estímulos monetários ao crescimento - um recurso disponível em países com inflação contida em níveis toleráveis.
Todas as sugestões e análises vão no sentido oposto ao da política formulada em Brasília nos últimos anos. Seria um erro, já haviam indicado outros documentos do FMI, recorrer a novos estímulos ao consumo, porque os limites ao crescimento estão do lado da oferta. Analistas vinham chamando a atenção para isso, no Brasil, pelo menos desde o ano passado. Agora o problema é discutido no mais importante foro internacional.
Os problemas fiscais são igualmente visíveis, num ambiente marcado pelo crescimento constante do custeio público, pela transferência de grandes volumes de recursos do Tesouro para bancos federais e pelo endividamento crescente.
Pelas contas do Fundo, a dívida pública brasileira equivaleu a 68% do PIB no ano passado, deve chegar a 68,3% neste ano, atingir 69% em 2014 e, a partir daí, declinar lentamente. A dívida projetada para 2018 corresponderá a 66,7% do PIB. A dívida bruta média dos emergentes foi estimada em 35,2% do PIB no ano passado e deve ficar em 34% em 2013. A dos latino-americanos ficou em 52% em 2012.
O governo brasileiro calcula sua dívida por um critério diferente do usado pelos economistas do FMI, mas, ainda assim, os números encontrados são muito maiores que a média dos emergentes. A dívida bruta no fim do ano passado, segundo as contas de Brasília, foi de 58,7%. Em agosto, chegou a 59,1%.
A presidente Dilma Rousseff e seus ministros costumam confrontar a dívida brasileira com os níveis encontrados no mundo rico, em média superiores a 100% do PIB. Mas a comparação só pode convencer os desinformados. O Brasil é um país emergente e convém comparar seus números com os de outros países da mesma categoria. Além disso, bastaria confrontar as classificações de risco para avaliar com mais realismo as condições do Brasil e as dos países mais avançados.
A recuperação da imagem do Brasil foi conseguida com ajustes muito trabalhosos nos anos 90, completados com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000. A imagem de seriedade permaneceu durante a maior parte dos últimos dez anos, mas a erosão é evidente. Retórica populista pode funcionar no País e para um público determinado. O público externo - e isso inclui os investidores - é muito mais exigente.

domingo, 22 de setembro de 2013

Austeridade: uma simples questão de bom senso, nao de capitalismo

Você aí leitor: quando não tem mais dinheiro sobrando, continua gastando sem contar, pois tem alguma tia rica para quem mandar a conta?
Pois é: contrariamente a Keynes, em Bretton Woods, os Estados Unidos se recusaram a ser a tia rica da Grã-Bretanha, no que fizeram muito bem, do contrário o capitalismo ocidental não teria conhecido as três décadas de prosperidade, dos anos 40 aos 70. O keynesianismo destruiu isso, razão da volta a políticas de austeridade, que os beócios chamam de neoliberalismo.
E contrariamente aos que recomendam mais facilidades, hoje, a Alemanha se recusa a ser a tia rica de Grécia, Portugal e outros, no que ela faz muito bem: do contrário, eles continuariam a viver acima de seus meios, como aconteceu durante muito tempo com os americanos.
O título da matéria, portanto, está errado, mas não o sentido, caro leitor, e não se trata de uma idéia perversa do capitalismo, e sim de simples bom-senso, aplicável a qualquer sistema econômico, em qualquer tempo e lugar, no setor público, ou privado, coletivamente ou individualmente.
Quem pode viver acima dos seus meios? Ninguém, nem Deus...
Paulo Roberto de Almeida

Cenário

Austeridade: a ideia poderosa que dá vida ao capitalismo

Veja, 21/09/2013

Às vésperas das eleições na Alemanha, modelo econômico defendido por Angela Merkel se mostra certeiro — apesar de doloroso; sua intensidade é colocada em xeque, mas não sua eficácia

Silhueta da chanceler alemã Angela Merkel durante uma declaração na Chancelaria em Berlim, em 2007
Angela Merkel: eleições devem consagrá-la pela terceira vez no comando do país (Hannibal Hanschke/AP/Pool)
Quando um indivíduo cheio de dívidas e inadimplente se vê forçado a reduzir seus gastos e vender bens para saldar débitos e ‘limpar o nome’, pode-se dizer que ele se torna austero – que passa a mostrar rigor e disciplina. Convertida em doutrina econômica, a austeridade talvez não tenha muito charme, mas é uma ideia poderosa. A adoção dessa doutrina é o que tem garantido que nações como Grécia e Irlanda consigam reduzir seu endividamento público para retomar, no futuro, uma trajetória de crescimento sustentável. A Alemanha é encarnação da austeridade. E a chanceler Angela Merkel, que deverá ser reconduzida ao poder neste domingo, é sua maior defensora. A provável vitória de Merkel – com o aplauso de outros países europeus – evidencia a consciência europeia de que ‘cortar na carne’, por vezes, é um mal necessário.
Apesar de se mostrar uma alternativa dolorosa, especialmente para os países guiados pelo modelo de bem-estar social, a austeridade se faz necessária para manter o mundo – onde as economias estão cada vez mais interligadas – em certo equilíbrio. Ela tem defensores e críticos eloquentes, sobretudo porque os países que implementaram os cortes para reduzir a dívida ainda não deram sinais de crescimento. O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, Mark Blyth, em seu livro Austerity – The History of a Dangerous Idea(Austeridade – A História de uma Ideia Perigosa), cita o economista britânico John Maynard Keynes para embasar suas restrições ao modelo. “Keynes estava certo ao dizer que a austeridade é, sim, necessária. Porém, em períodos de crescimento acelerado da economia, e não quando há crise”, diz Blyth.
O surgimento - O professor de origem escocesa fez uma ampla pesquisa sobre as origens do modelo de austeridade e constatou que suas raízes estão fincadas na Grã-Bretanha do século XVII, nas mãos do filósofo John Locke, o pai do estado liberal. “Locke era um revolucionário econômico. Ele fundamentou no direito à propriedade privada toda a sua noção do que constitui uma regra legítima. Sem isso não haveria liberalismo econômico, separação entre mercado e estado e o capitalismo como o conhecemos hoje”, escreve o professor. Blyth explica que Locke foi o primeiro a atentar para o fato de que os gastos da realeza criavam uma dívida que era paga pelos impostos da população e que isso impedia os mercadores de prosperar, não importasse a ‘vontade de Deus’. “Ele era contra os ganhos do estado a todo custo e acreditava que era preciso diminuir a capacidade de o estado de extrair mais recursos da  população”, afirma o autor. A redução do papel do estado na economia é um dos principais pilares da doutrina que hoje é aplicada aos países europeus em crise.
Além de Locke, dois escoceses  tiveram papel primordial no desenho do que viria a ser a austeridade. Primeiro, o filósofo e economista David Hume, a quem o endividamento público causava repulsa. Hume era contra a emissão de dívida não só porque, para ele, se tratava de um artifício arriscado, mas também porque era politicamente hipócrita, já que permitia que governos se endividassem para agradar aos eleitores, quando, na verdade, a real necessidade era de aumento de impostos. O segundo, contemporâneo de Hume, foi Adam Smith — que não apenas criticou o endividamento público, como também encontrou uma solução para ele. “Para Smith, o dinheiro fácil conseguido por meio da rentabilidade de títulos da dívida subvertia a parcimônia, que, para ele, era o motor do crescimento e do progresso. É por isso que ele defendia que a dívida pública fosse combatida e que a austeridade, na forma de parcimônia, fosse adotada”, escreve o autor.
A prática - A doutrina só saiu do papel e foi, de fato, aplicada na década de 1930, durante a Grande Depressão que sucedeu a crise de 1929, nos Estados Unidos. Por uma década, a economia americana e se contraiu como resultado de intensos cortes de gastos e a taxa de desemprego chegou a 25%. Na segunda metade da década, o Congresso americano aprovou novos cortes, aumentou impostos e conseguiu eliminar um déficit de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Como resultado, a economia recuou 11% entre 1937 e 1938. A retomada só aconteceu na década de 1940, período em que o keynesianismo ganhou força, tendo como oponente a escola austríaca, cujo principal nome foi Friedrich Hayek.
A Alemanha também foi uma das primeiras a colocar em prática a política de austeridade para tentar conter a hiperinflação e uma década de política anticíclica estimulada pelo governo. O então líder do partido de centro, Heinrich Bruning, escolhido como chanceler em 1930, implementou uma série de reformas e cortes de gastos que pegaram de surpresa uma população acostumada com o expansionismo econômico desde o final da Primeira Guerra. Para Blyth, foi essa austeridade abrupta e desmedida que permitiu a chegada ao poder do Partido Social Democrata de Adolf Hitler. “Eles eram os únicos que não defendiam a austeridade e tinham alguma chance de ganhar”, escreve o autor.
Após a Segunda Guerra, a Europa escondeu e enterrou qualquer vestígio de aperto fiscal. Parcimônia, como previa Adam Smith, foi um conceito esquecido até a chegada da crise financeira de 2008. Durante a segunda metade do século XX, países como França, Alemanha e Grã-Bretanha tiveram de ampliar o déficit fiscal para arcar com os benefícios previdenciários de uma população envelhecida. No caso da Grécia, houve outro tipo de agravante: maquiagem nas contas públicas e a entrada para a zona do euro, o que impedia o país de desvalorizar sua moeda para aumentar sua competitividade. Segundo o economista Otaviano Canuto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Banco Mundial, diante do cenário pós-crise de 2008, depois que todos os erros já haviam sido cometidos, a única saída para os países – sobretudo os periféricos – era cortar gastos, estivesse Keynes de acordo ou não. “Quando o crédito bancário secou, toda uma estrutura de financiamento do consumo que estava pautada no ingresso de dinheiro deixou de existir. Diante disso, não havia outra saída a não ser passar pela austeridade. O que cabe discutir é se o processo de ajuste poderia ser menos doloroso”, afirma.
A intensidade - As críticas sobre o quão intensos foram os cortes recaem, em especial, sobre a Alemanha de Merkel. Ela foi a responsável por orquestrar, junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), as contrapartidas que os países resgatados seriam obrigados a cumprir para receber os aportes financeiros para sanar suas contas. Com o desemprego na Grécia atingindo 27%, e na Espanha 30%, além de uma previsão de contração de 0,6% para a zona do euro em 2013, muitos economistas que outrora levantavam a bandeira da austeridade acima de todas as outras, como o pesquisador de Harvard Kenneth Rogoff, começam a questionar não o modelo, mas sua intensidade. O ponto crucial é a crença de que a política de austeridade alemã foi implementada de maneira tão truculenta nos países periféricos para que a própria Alemanha receba deles o pagamento pelos títulos públicos que detêm. “A Alemanha precisa aceitar e desistir de receber pelos títulos. Ela nunca vai conseguir receber tudo. Se a situação fosse oposta e a Alemanha fosse o devedor, a filosofia em torno da austeridade seria outra”, afirma Rogoff.
No início de 2013, Rogoff foi alvo de um bombardeio no mundo econômico (ao lado da também economista Carmen Reinhart) justamente devido ao tema da austeridade. Em janeiro de 2010, Rogoff e Reinhart produziram um estudo intitulado Crescimento em Tempos de Dívida, que afirmava que um endividamento público superior a 90% do Produto Interno Bruto (PIB) era nocivo para as economias. O texto foi amplamente utilizado pelos governantes europeus e pelo partido Republicano nos Estados Unidos para justificar políticas de aperto fiscal num ano em que o mundo ainda sofria os efeitos recessivos da crise. Mas um novo artigo publicado no início deste ano pelo economista Thomas Herndon apontava erros no estudo da dupla Rogoff e Reinhart. Assim, muitos defensores de políticas de estímulo aproveitaram o novo texto para desqualificar não só a teoria da austeridade, como também os renomados economistas. “Foi um ataque sem fundamentos e usado politicamente, cheio de omissão seletiva de informações, má interpretação e declarações falsas”, disse Rogoff ao site de VEJA.
A questão envolvendo os economistas norte-americanos evidencia o entusiasmo que o tema evoca em tempos de economia cambaleante. Em Austerity, Mark Blyth escolhe claramente um lado da discussão: ao valer-se de argumentos técnicos e históricos, mostra, de maneira até mesmo passional, que a austeridade nem sempre é o melhor caminho em momentos de crise. Contudo, recai no clichê ao afirmar que a escolha pela austeridade sempre está nas mãos de governantes que dificilmente terão suas vidas modificadas pela piora dos serviços públicos decorrente de um aperto fiscal. Assim, Blyth reduz a discussão à retórica da luta de classes. Como alternativa, sugere que a austeridade seja substituída pelo aumento de impostos. Mas não explica como, sem cortes de gastos, é possível impedir que um país minúsculo como a Grécia dê o calote em sua dívida e arraste consigo um continente inteiro, numa espiral de pânico e derretimento da economia mundial.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O fracasso previsivel da "nova matriz economica"- Alexandre Schwartsman

Alexandre Schwatsman
Blog Mão Visível, 15/07/2013

“Se minha Teoria da Relatividade estiver correta, a Alemanha dirá que sou alemão e a França me declarará um cidadão do mundo. Mas, se não estiver, a França dirá que sou alemão e os alemães dirão que sou judeu”. Enorme (astronômica mesmo) é a distância que vai de Guido Mantega a Albert Einstein, mas não pude deixar de me lembrar desta frase ao ler a tentativa patética de ilustres representantes do “keynesianismo de quermesse” de renegar modelo econômico adotado recentemente no país, buscando também se distanciar do falante ministro da Fazenda.

Durante os anos que o país adotou o chamado “tripé macroeconômico”, caracterizado pelo câmbio flutuante, o compromisso com as metas de inflação e o cumprimento das metas do superávit primário, autodenominados “desenvolvimentistas” não se vexaram de prometer um desempenho melhor caso sua estratégia fosse adotada. Segundo este pessoal, seria possível crescer muito mais caso a taxa de câmbio fosse administrada, a taxa de juros reduzida, o grau de intervenção do governo na economia aumentasse (via políticas setoriais) e a política fiscal fosse relaxada.

Não é necessário nenhum grande salto de imaginação para notar que estas têm sido as vigas mestras do que se convencionou chamar de “nova matriz econômica”, que entrou paulatinamente em vigor nos anos finais do governo Lula, ganhando força considerável nestes dois anos e meio da administração Dilma. Diga-se, aliás, que a transição foi aplaudida entusiasticamente por todos os que defendiam esta alternativa ao “tripé”.

Os resultados desta política estão nas manchetes de todos os jornais: crescimento pífio, inflação acima do topo da meta, déficits externos crescentes e desarticulação do investimento. Por qualquer ângulo que se olhe, a “nova matriz econômica” tem sido um fiasco retumbante.

Sob condições ideais, nem tudo estaria perdido. Conhecidas as conseqüências da experimentação “desenvolvimentista”, pesquisadores sérios tentariam entender o que estava errado em sua formulação original e, no processo, ganhariam algum conhecimento. Nada que economistas melhor treinados não soubessem, posso assegurar, mas certamente novidades para os que não tiveram este privilégio.

No entanto, como diria um amigo, de onde menos se espera é que não vem nada mesmo. Ao invés de reconhecer os erros e buscar entendê-los, testemunhamos a abjuração deslavada, como se a política governamental fosse mesmo distinta daquela preconizada por este grupo.

O problema do governo, afirmam, foi não ter percebido que a desaceleração corrente seria distinta da observada na crise de 2008/09. O argumento, porém, pena com sua suposta justificativa para a diferente natureza da fraqueza atual, já que – por formação ou ignorância mesmo – deixam de lado o fato mais óbvio: a economia operando próxima ao pleno emprego, em contraste com o período da crise, e insistem na tese do anêmico desempenho nacional resultar do baixo crescimento mundial.

É duro de engolir. À parte a desaceleração global ser uma pálida sombra do enfarte econômico de 2008/09, não se pode ignorar o desempenho dos demais países emergentes, em  particular os latino-americanos, cujo crescimento tem sido bem mais vigoroso que o brasileiro e sem os nossos desequilíbrios, como mostra a inflação muito mais baixa nestes países.

Partindo de um diagnóstico equivocado, tentam se diferenciar das políticas adotadas como se estas tivessem atuado na direção correta, apenas em intensidade insuficiente. Em outras palavras, defendem gastos ainda maiores, sem aparentemente levar em conta que o dispêndio federal está no nível mais alto da história, muito menos perceber as conseqüências deste tipo de política sobre a inflação e as contas externas.


Nada esqueceram e nada aprenderam; exceto talvez que a derrota é uma órfã que precisa ser abandonada no primeiro artigo que se tenha chance.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Marx contra os marquissistas e os keynesianos de botequim (e os de clube de ricos também)

Quando Marx refutou Keynes e os atuais marxistas
por , Instituto Von Mises Brasil, segunda-feira, 27 de maio de 2013

 

marx1.pngMarxistas, social-democratas e demais defensores do intervencionismo estatal sempre afirmaram que determinados setores da economia — principalmente saúde, educação e segurança, mas também o setor elétrico e de telecomunicações — não podem ficar por conta do livre mercado e da livre concorrência porque a ganância e a busca pelo lucro não apenas são incompatíveis com tais setores, como também levariam a preços absurdamente caros, o que prejudicaria principalmente os mais pobres.
Já os economistas seguidores da Escola Austríaca sempre afirmaram categoricamente que é justamente a busca pelo lucro em um ambiente sem protecionismos, sem privilégios, sem agências reguladoras e sem subsídios o que gera serviços da alta qualidade e preços baixos.
E a explicação é simples: como empresários, no geral, não gostam de concorrência, eles sempre se mostram ávidos por fazer lobby e utilizar o poder estatal em seu próprio interesse com o intuito de banir a concorrência e solidificar sua posição de domínio.  Eles conseguem isso por meio de tarifas protecionistas, subsídios e agências reguladoras que cartelizam o mercado e impedem a entrada de concorrentes.
Já o livre mercado, arranjo em que não há protecionismo, subsídio e agências reguladoras, é um sistema em que são os consumidores que controlam os empresários.  No livre mercado, as empresas não têm opção: ou elas servem o consumidor de maneira eficaz ou elas fecham as portas.  E servir o consumidor de maneira eficaz significa estar sempre ofertando bens e serviços de qualidade crescente a preços cada vez menores.
É justamente o governo — com seus subsídios, privilégios especiais (como tarifas protecionistas e execução de obras públicas com empreiteiras privadas) e restrições à concorrência (por meio de agências reguladoras e exigências burocráticas) — quem promove monopólios e oligopólios, e consequentemente preços altos e serviços de baixa qualidade.  Sendo assim, se você quiser serviços de qualidade a preços cada vez menores, você tem de defender o livre mercado.
Sabe quem concorda com tudo isso?  Ninguém menos que Karl Marx.  Não deixa de ser curioso constatar que Marx entendeu perfeitamente essa realidade.  Mais ainda: ele foi explícito em demonstrar isso.  No quesito "efeitos benéficos da livre concorrência", Marx concorda com os austríacos e discorda de todos os atuais marxistas e demais intervencionistas.  Veja o que ele escreveu logo nas páginas iniciais do Manifesto Comunista:
A burguesia, pelo rápido melhoramento de todos os instrumentos de produção, pelas comunicações infinitamente facilitadas, arrasta todas as nações, mesmo as mais bárbaras, para a civilização. Os preços baratos das suas mercadorias são a artilharia pesada com que deita por terra todas as muralhas da China, com que força à capitulação o mais obstinado ódio dos bárbaros ao estrangeiro. Compele todas as nações a apropriarem o modo de produção da burguesia, se não quiserem arruinar-se; compele-as a introduzirem no seu seio a chamada civilização, i. é, a tornarem-se burguesas. Numa palavra, ela cria para si um mundo à sua própria imagem.
Em suma: além de creditar à burguesia e aos seus instrumentos de produção — isto é, ao sistema de lucros e prejuízos — a façanha de retirar nações da barbárie e levá-las à civilização, Marx afirma categoricamente que o modo de produção burguês — que nada mais é do que a busca pelo lucro — gera mercadorias a preços baratos.  E não apenas isso: ele afirma que o sistema de lucros e prejuízos compele todas as nações a adotarem este modo de produção, sob pena de se arruinarem por completo caso não o façam.
Ou seja, o real problema dos atuais marxistas e demais intervencionistas que se dizem contrários a serviços de saúde, educação, segurança, energia e telecomunicações serem ofertados em um ambiente de livre concorrência, pois seriam caros e inacessíveis para os pobres, é que eles certamente não leram Marx.  Se leram, não entenderam.  Marx entendeu perfeitamente que a busca pelo lucro sob um arranjo de livre concorrência leva ao barateamento dos produtos e serviços, e que tal barateamento é "a artilharia pesada com que [o sistema de lucros] ... compele todas as nações a apropriarem o modo de produção da burguesia [e se tornarem civilizadas], se não quiserem arruinar-se."
Ao contrário dos marxistas atuais que defendem a estatização de vários serviços sob o argumento de que isso reduziria seus preços, Marx entendeu que é a busca pelo lucro o que realmente derruba os preços, e não a estatização destes serviços.
Como se não bastasse, Marx também disparou um petardo contra keynesianos defensores de estímulos fiscais e de políticas de endividamento estatal.  Marx zombou o keynesianismo antes mesmo de este sistema ter sido criado — algo possível porque não havia absolutamente nada de original nas ideias de Keynes.
Eis o que escreveu Marx em O Capital, capítulo 24, seção 6, "A Gênese do Capitalista Industrial":
A única parte da chamada riqueza nacional que realmente está na posse coletiva dos povos modernos é a sua dívida pública.  Daí ... a doutrina moderna de que um povo se torna tanto mais rico quanto mais profundamente se endividar.  A dívida pública torna-se o credo do capital.  E, com o surgir do endividamento do Estado, vai para o lugar dos pecados contra o Espírito Santo — para os quais não há qualquer perdão — o perjúrio contra a dívida do Estado.
Como com o toque da varinha mágica, [a dívida pública] reveste o dinheiro improdutivo de poder procriador e transforma-o assim em capital.  ... [Mas] a moderna política fiscal... traz em si própria o germe da progressão automática. A sobretaxação não é um acidente, mas sim um princípio.
Conclusão
Eis, portanto, as duas crenças que um genuíno seguidor de Karl Marx deve apresentar: a busca pelo lucro em um ambiente de livre mercado gera redução de preços, e políticas fiscais keynesianas, além de serem um método de escravização, fazem com que dinheiro improdutivo seja ilusoriamente visto como capital gerador de riqueza.  Mais ainda: segundo Marx, criticar o endividamento do estado passou a ser visto pelos defensores da gastança estatal como um ato equivalente a uma blasfêmia contra o Espírito Santo.
Logo, se você é um marxista defensor dos pobres e quer que eles tenham acesso a bens e serviços de qualidade a preços baixos, você tem de defender o livre mercado.  Se você defende que o povo tenha poder sobre as empresas, você tem de defender o livre mercado.  E se você é contra a escravização do povo pelas elites financeiras, você tem de defender que os gastos do governo sejam restringidos ao máximo. 
Agora, se você defende que o governo regule o mercado e gaste demasiadamente, você estará defendendo os interesses das grandes empresas e das elites financeiras, e estará defendendo que elas tenham privilégios sobre os pobres e que elas os oprimam com a abolição da concorrência, com preços altos e com serviços precários.
Palavras de Marx.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Economia brasileira e eleicoes: a conta da gastanca chegou - Cristiano Romero (Valor)

Tinha de chegar, um dia. Essa coisa de viver da bonança do crédito fácil e da demanda internacional um dia tinha de acabar. Acabou. Duras realidades para nossos keynesianos de botequim: vão ter agora de aplicar as mesmas políticas que antes criticavam nos seus "adversários" políticos, que na verdade consideravam como seus inimigos e inimigos do Brasil. Nunca antes a inconsciência foi tão grande; nunca antes tantos erros foram cometidos por tantos em tão pouco tempo. Nunca antes saímos de boas perspectivas, para afundar na mesmice da estagnação, ou talvez sim.
Como diria o Roberto Campos, o Brasil é um país que não perde oportunidade de perder oportunidades.
Paulo Roberto de Almeida


A conta chegou


Cristiano Romero
Valor Econômico, 12/06/2013
O nervosismo do mercado nos últimos dias, com reflexos nos segmentos de juros, câmbio e ações, mostra que chegou ao fim, pelo menos para os países emergentes, a era de experimentalismos em matéria de política econômica. Começa a se fechar a janela de oportunidade, propiciada pelo excesso de liquidez no mundo, para realização de reformas estruturais. O Brasil está saindo do ciclo internacional de liquidez com inflação mais alta, crescimento menor, baixa taxa de investimento, déficit externo crescente, deterioração das contas públicas e credibilidade abalada.
Nos últimos dois anos, o governo Dilma Rousseff abandonou o tripé de política econômica que regia o país havia 12 anos, sob a justificativa de que a crise nas economias avançadas teria efeito desinflacionário no restante do planeta e abriria, assim, uma oportunidade para o Brasil mudar seu equilíbrio macroeconômico. O país substituiria o binômio juro alto-câmbio apreciado por um bem mais vantajoso: juro baixo-câmbio competitivo.
Numa apresentação feita em novembro de 2011 e intitulada "Além do Consenso de Washington", o então secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, deu a senha das mudanças. Segundo ele, "uma política pró-crescimento é consistente com a estabilidade macro, desde que se evitem escolhas extremas". Por escolhas extremas, ele denominava aquelas que prevaleceram durante a maior parte do governo Lula, a quem também serviu - em livro publicado pela Fundação Perseu Abramo em 2010, Barbosa tachara a gestão Antonio Palocci na Fazenda (2003-2006) de "neoliberal".
Sem reforço fiscal, ajuste recairá sobre consumo das famílias
O fato é que o secretário, gozando então de grande prestígio junto à presidente Dilma, disse que, dali em diante, o tripé funcionaria da seguinte maneira: "Metas de inflação com redução na taxa real de juro e aceleração do crescimento; câmbio flutuante com acumulação de reservas internacionais e regulação dos fluxos de capital; metas fiscais com aumento nas transferências de renda e no investimento público".
A rigor, a taxa de câmbio passou a ser administrada, a conta de capitais foi parcialmente fechada, o superávit primário foi reduzido drasticamente e o Copom perdeu autonomia para fixar a taxa de juro, passando a viver sob forte cerco da Fazenda e do Palácio do Planalto. A primeira perna do tripé flexibilizado já mostrava que se tratava de um manifesto político, mais do que de uma decisão econômica, afinal, quem não quer reduzir juros e acelerar o PIB?
À medida que o "novo" equilíbrio macroeconômico foi resultando inútil do ponto de vista do crescimento econômico - o PIB médio anual do período Dilma é o menor desde a gestão Collor (1990-1992) -, o governo passou a adotar uma série de medidas pontuais para estimular o consumo. Mais uma vez, os estímulos não funcionaram. Diante da alta da inflação e da perda de credibilidade e previsibilidade da política, sem dúvida um desincentivo ao investimento privado, a Fazenda lançou mão de um sem-número de medidas fiscais para segurar os preços - o objetivo era impedir que o BC elevasse os juros.
Essa gestão macro contaminou o que o governo Dilma tem de melhor: uma agenda para estimular o setor privado a liderar os investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Em que pese uma clara má vontade dos mercados em relação aos propósitos da presidente nessas áreas, além das idas e vindas do governo na definição das regras do jogo, trata-se de algo inédito - Dilma reconheceu, contra a vontade de seu partido, a incapacidade do Estado de tocar investimentos em infraestrutura e anunciou que o país não será socialmente justo se não tiver uma economia competitiva.
É impressionante como esse ímpeto liberalizante não combina com a gestão macroeconômica. Esta tem sido marcada por improvisos, pacotes a toda hora, malabarismos contábeis, desorganização do que estava organizado (o controle do endividamento dos entes federativos, por exemplo). Claramente, a presidente não teve sangue-frio para implantar sua agenda micro, cujos efeitos vão se dar no médio e longo prazo, enquanto assistia a um período, provavelmente temporário, de crescimento mais baixo da economia.
A conta chegou e veio puxada pela expectativa de investidores nacionais e estrangeiros de que o banco central americano acabará, antes do esperado, com a política de afrouxamento monetário iniciada em 2008. Ao respaldar o início de um novo ciclo de alta dos juros e a decisão do BC de deixar o câmbio flutuar, o governo Dilma reconheceu que o momento é difícil e que suas políticas precisavam de correção de rumo. É o que está ocorrendo.
Falta, agora, colocar de pé uma política fiscal que dê respaldo às políticas cambial e monetária. Não faz sentido o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentar a taxa básica de juros (Selic), enquanto o governo segue expandindo os gastos públicos. A dúvida está posta: o Comitê está subindo os juros para frear a demanda agregada ou apenas o consumo das famílias?
Em entrevista ao Valor, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo não aumentará os juros dos empréstimos com fundos públicos. Isto significa que o BC terá que aplicar uma dose mais forte de juros para conter o consumo das famílias e das pequenas e médias empresas, que têm acesso reduzido ao dinheiro subsidiado do BNDES. Para realizar a tarefa, portanto, o Copom terá que gerar mais desemprego para que as famílias consumam menos. É isso o que a presidente quer?
As últimas pesquisas de opinião mostram que Dilma já está começando a pagar, com perda de popularidade, a conta dos equívocos da política econômica. Com mais de 50% de aprovação, ela ainda é favorita à reeleição em 2014. Mas seu eleitorado está começando a encolher.
Cristiano Romero é editor-executivo e escreve às quartas-feiras
E-mail: cristiano.romero@valor.com.br

domingo, 9 de junho de 2013

Keynesianos de botequim e seus mata-burros ideologicos - Celso Ming

Boa expressão a deste colunista: mata-burros ideológicos. São as travas mentais dos companheiros keynesianos, que não conseguem ir além dos rudimentos de medidas "sociais" que supostamente defendem e que praticam essa política econômica caolha, limitada e simplória, e que relutam em enfrentar os problemas reais, esperando que a salvação venha da China,dos consumidores, do acaso, de qualquer coisa...
Vamos ver...
Paulo Roberto de Almeida

No teto da meta

CELSO MING - O Estado de S. Paulo, 08 de junho de 2013
Se prosseguir na venda de ilusões, o governo Dilma dirá, como tem dito, que a inflação de maio (0,37%) foi mais baixa do que a de abril (0,55%); que a alta dos alimentos desacelerou com força e que, por isso, estamos melhorando e tal.
No entanto, a inflação em 12 meses (6,5%) está no gargalo da garrafa e vai saltar para cima desse nível pelo menos nos próximos três meses. Os efeitos da desoneração da cesta básica já não atuarão sobre a inflação e há os reajustes da condução que começam a pesar.
Embora um pouco mais contida, a alta continua espalhada demais, na medida em que 63% dos itens que compõem a cesta do custo de vida apresentaram elevação em maio. Enfim, como aponta o Banco Central, a inflação segue resistente, dizimando o poder aquisitivo.
Se estiver realmente empenhado em virar esse jogo agora adverso, o primeiro passo é admitir a deterioração da economia e tratar de colocar a composição nos trilhos.
Sempre há aqueles que argumentam que o setor fiscal (contas públicas) está melhor do que em tantos países modelos do mundo; que os juros básicos estão elevados demais quando se comparam com os praticados lá fora e, por isso, teriam de cair; que o Brasil estoca respeitável volume em reservas, de US$ 374 bilhões; e que, embora venha decepcionando, a atividade econômica avança mais do que na maioria dos países ricos, há cinco anos mergulhados na estagnação.
A atual combinação de políticas vem produzindo fiascos sucessivos quando comparados com os objetivos propostos: crescimento do PIB provavelmente na casa de 2% neste ano, em vez de 4% a 4,5% ao ano; inflação para além dos 6% ao ano, em vez do limite de 4,5%; derrubada do superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) em vez dos 3,1% do PIB; e rombo crescente nas contas externas (saldo nas Transações Correntes) em vez da relativa estabilidade.
As depredações de quinta-feira na Avenida Paulista em protestos contra a alta das tarifas da condução e o anúncio da perspectiva de rebaixamento da qualidade dos títulos de dívida do Brasil pela Standard & Poor's são parte do mesmo quadro deteriorado que, felizmente, está longe do que acontece na Argentina, mas que, infelizmente, por lá começou também assim.
Por enquanto, apenas o Banco Central mudou de comportamento, antes complacente demais. O resto da administração Dilma parece paralisado, em parte porque não aprendeu a livrar-se dos mata-burros ideológicos e, pelos quatro cantos, vê a ação conspiratória dos neoliberais e "da finança internacional" e, em parte, porque não sabe ainda o que fazer.
Até que ponto o aperto da política monetária (política de juros) será capaz de conter a inflação? Se o Banco Central ficar sozinho na empreitada, poderá alcançar algum sucesso, mas terá de puxar os juros sabe-se lá para que alturas. Falta saber se o governo está disposto a calibrar sua política fiscal nessa direção.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Keynesianos ja' nao entendem mais nada...


Se é que algum dia eles entenderam alguma coisa...
Cada vez que leio as colunas do Paul Krugman no New York Times fico me perguntando se eles realmente pensaram e sabem de onde vem o dinheiro que dizem que o governo deve colocar na economia "para estimular o emprego e a atividade". 
Eles deveriam saber que cada dólar, ou real, que o governo supostamente injeta na economia ou vem de mais impostos, ou de mais déficit orçamentário (e portanto de mais dívida pública), o que terá de ser resolvido mais adiante (ou quase ao mesmo tempo) ou com calote ou com mais inflação, já que os juros (independentemente de seu nível nominal) vão consumir cada vez mais recursos públicos.
O que será que eles vão achar como justificativa desta vez?
Paulo Roberto de Almeida 

Inflação e pleno emprego


30 de abril de 2013 | 2h 04
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
Já havia na área econômica do governo Dilma Rousseff confusão entre objetivos estratégicos. Nunca havia ficado claro, por exemplo, o que é mais importante: se o crescimento da atividade econômica ou se o avanço do emprego. Imaginava-se vagamente que eram a mesma coisa.
Quando a expansão do PIB ficou travada, mesmo no ambiente de pleno emprego, o governo e seus economistas não conseguiram esconder a perplexidade: tiveram e seguem tendo dificuldades para explicar como as duas situações podem coexistir.
Outro desdobramento do mesmo tema é a relação entre pleno emprego e inflação. O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman foi duramente atacado por excesso de ortodoxia quando advertiu, há dois meses, ser preciso segurar a oferta de emprego para conter a inflação.
Na semana passada, um economista comprometido de longa data com o desenvolvimento econômico, o professor da Fundação Getúlio Vargas Yoshiaki Nakano (foto), também avisou que o atual nível de inflação somente recuará se o governo aplicar à economia boa dose de desemprego.
Não são vozes isoladas. Tanto no Relatório de Inflação como nas atas do Copom, o Banco Central também vem advertindo para os efeitos inflacionários provocados pelo excessivo aquecimento do mercado de trabalho.
Em princípio, inflação alta é fator que corrói o poder aquisitivo e, nessas condições, contribui para reduzir a demanda por bens e serviços. No entanto, como estão aumentando acima da inflação e da produtividade, fato para o qual também adverte o Banco Central, os salários contribuem decisivamente para a alta dos custos do setor produtivo e para o aumento da demanda por bens e serviços além da capacidade de oferta da economia.
A questão não se esgota aí e é mais complexa do que sugerem certos debates. Tanto Schwartsman como Nakano defendem elevação mais forte dos juros básicos do que a admitida pelo Banco Central. E eles não estão sozinhos. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, também advoga mais aperto monetário para enfrentar a inflação.
O diagnóstico é de que o volume de dinheiro no mercado (aquele que impõe o preço, em juros básicos, de 7,5% ao ano) está elevado demais para o conjunto dos problemas enfrentados pela economia: demanda mais alta do que a oferta; custos altos demais do setor produtivo, a começar pelos do fator trabalho; baixa propensão ao investimento; e, muito especialmente, a gastança do setor público, que cria renda e demanda.
O núcleo da administração econômica do governo Dilma prefere fechar os olhos à natureza monetária da inflação, sobretudo a causada pelas excessivas despesas públicas. Ontem, por exemplo, em entrevista ao jornal Valor, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, anunciou que o governo já não assume nenhuma meta de austeridade fiscal. As despesas públicas serão aquelas que forem necessárias para garantir o crescimento econômico forte, disse ele. Para definição do volume de estímulos fiscais, Augustin não julga necessário levar em conta o nível do emprego da economia. E essa desconsideração pode sair cara para o governo.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Krugman: um keynesiano insolvente, 2 - onde a porca torce o rabo...

...e onde todas as fraudes se revelam.
O keynesianismo, realmente, é uma fraude, e encontra-se insolvente intelectualmente, mas ainda tem muitos adeptos de par le monde, sobretudo no Brasil, onde existem keynesianos até em botequins, ou sobretudo de botequim, onde eles bebem para esquecer que a teoria, na prática, é outra, e onde uma Associação Keynesiana tem menos de dez anos de criação.
O que não deixa de representar uma nova confirmação da teorida de Millor Fernandes que dizia que quando as ideias ficam bem velhinhas elas se mudam para o Brasi...
Gostaram?
Mas essa história da falência do Krugman é muito melhor.
Os austríacos devem estar rolando de rir, o pessoal de Chicago, então, deve estar dizendo:
"Bem feito, bem feito! Que mandou acreditar nas baboseiras do feiticeiro de Cambridge?"
Também acho: Keynes, desde os anos 1920, percebeu que a sua velha Inglaterra estava falida, e começou a conceber -- conspirar seria um verbo mais exato -- uma teoria para que seu país não fosse completamente à falência e tivesse de passar a viver de caridade pública, ou seja, da ajuda dos americanos.
Em Bretton Woods, por exemplo, ele estava desesperado atrás de uma tia rica, que pagasse o cartão de crédito da Inglaterra, e achava ter encontrado nos EUA. Mas, essa tia rica simplesmente cortou o cartão de crédito do sobrinho falimentar, e obrigou-o a passar a pão e água (e limitado unicamente a comida inglesa, argh!). Foi assim que a Inglaterra, desafiando o próprio FMI, desvalorizou a libra ilegalmente, em mais de 25% logo depois.
Pois o Paul Krugman está desesperado atrás de uma tia rica.
Quem será que vai vir em seu soccorro? Não será o Chapolim, com certeza.
Tem de ser alguém capaz de movimentar a máquina de dinheiro, como o Ben Bernanke, os cheiques do petróleo, algum cartel da cocaína...
Enfim, alguma solução tem de ser encontrada.
Vamos ver o que dizem da matéria do Daily Currant.
Paulo Roberto de Almeida 

Paul Krugman’s phony bankruptcy: a history

Krugman
Economist and New York Times columnist Paul Krugman. (Scott Eells/Bloomberg)
Toni Straka lives in Vienna, Austria. He’s the 48-year-old founder and publisher of the Prudent Investor blog, the subtitle of which reads, “CHRONICLING THE GLOBAL DEBT EXCESS SINCE 2005.” A recent piece from the Austrian magazine Format caught Straka’s attention — it spoke of New York Times columnist Paul Krugman’s filing for Chapter 13 bankruptcy.
That’s a slam-dunk post for Straka. “This is the birthplace of Austrian economics,” says Straka. “It was just too good of a story that the prototypical Keynesian follower, Krugman, had declared bankruptcy. That was just too saucy a story for us.”
That’s not to say Straka didn’t check Google. He did, and found not a lot of hits for the story. “They have a scoop,” he concluded, before putting the story on Prudent Investor.
Prudent Investor — “one of the early and few warners about the U.S. housing bubble,” Straka says — has some reach. “I’m being syndicated and aggregated in more feeds than I could remember,” Straka says. One of the feeds that pulls in the Prudent Investor is knit together by a California company named Financial Content, which delivers stock quotes and financial information and news to its clients’ websites. And one of those clients is Boston.com, a portal that presents content from the Boston Globe.
Wing Yu, the CEO of Financial Content, says that his people generate absolutely no news, no content. They merely grab it, wrangle it and push it onto websites. “We’re strictly a tech company,” Yu says. “We don’t have any editorial oversight.”
No editorial oversight, sure. Editorial impact? Absolutely: The Prudent Investor posting on Krugman made its way through the Financial Content feed and onto Boston.com. Once there, it sucked in all the juices of integrity and credibility stored up over the decades by the Boston Globe. So people believed the posting that indicated Krugman had gone bankrupt.
Or, at the very least, Breitbart.com believed the posting that Krugman had gone bankrupt. It swallowed the story and republished it, laughing the whole way. “Apparently this Keynesian thing doesn’t really work on the micro level.” This, from the duped Breitbart.com writer:

Larry O'Connor @LarryOConnor
I trusted http://Boston.com  as the source for that Krugman piece, but they were duped by Daily Currant, therefore, so was I!

The notion that some automated news feed, unregulated by local editorial brains, would just filter onto Boston.com appeared to offend Boston Globe Editor Brian McGrory, who earlier today told the Erik Wemple Blog: “The idea that we’d have a partner on our site is actually news to me,” referring to Financial Content. He pledged to “address our relationship with that vendor.”
The Krugman-bankrupt thing, of course, is a joke that comes courtesy of the Daily Currant, a satire site. Not long ago, the Daily Currant made headlines for similar reasons with a different story, as the Washington Post passed along a satirical post that Sarah Palin had signed on as a commentator with Al Jazeera.
Is hoodwinking some sap at a media organization the reigning objective at Daily Currant? Nah, says founder Daniel Barkeley. “The goal is to write satire that’s close to the truth,” says Barkeley, noting that he models his stuff after mockumentaries such as “The Office.” “They hew very close to reality yet they’re supposed to be funny.”
Barkeley, 28, produces the Daily Currant with the help of just a single freelancer. Material for his riffs, he says, comes from his reading diet, which consists of the New York Times, The Washington Post, the Financial Times, the Economist and the like. “I just try to satirize the things that I read,” says Barkeley, which results in joke-posts that are a bit higher brow than the offerings from The Onion, he says.
The elevated-brow content in the Krugman piece comes right here:
The filing says that Krugman got into credit card trouble in 2004 after racking up $84,000 in a single month on his American Express black card in pursuit of rare Portuguese wines and 19th century English cloth.
References to Portuguese wine and English cloth weren’t plucked from a comedic riff. David Ricardo, the great English political economist, cited those two products in laying out the theory of comparative advantage, which would become a philosophical pillar of free trade. Krugman’s bio is thick on the economics of international trade.
“The idea that he would rack up a bill on Portuguese wine and English cloth is the giveaway,” says Barkeley. A giveaway that the folks at Breitbart.com and Prudent Investor somehow failed to spot, to the eternal embarrassment of their university economics professors.
Journos’ failure to pick up on a nicely threaded comparative-advantage joke resulted in all kinds of Internet violence: Straka reports having pulled his piece within an hour of its posting; Boston.com went nuts trying to track down people who could actually take the Krugman thing off of its site; and Breitbart.com took down its piece. And! Format magazine published this stunning notice in red ink at the top of its aggregated story:
Österreich steht noch, den Euro gibt’s auch noch – doch der Ökonom und Euro-Schwarzmaler Paul Krugman schlittert in den Privatkonkurs, nachdem der Versuch, einen Ausweg aus den Schulden zu finden, gescheitert ist, berichtet “The Daily Currant”.
UPDATE: It’s the footer of the Format story that actually attempts to correct things. It reads:
Die Quelle dieser “Nachricht” ist das Satire-Magazin “The Daily Currant”, der Wahrheitsgehalt der Meldung entsprechend gering.