O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador obituário. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador obituário. Mostrar todas as postagens

domingo, 17 de dezembro de 2023

Alberto da Costa e Silva (1931-2023) - Celso Lafer (OESP)

Grande Alberto da Costa e Silva, homenageado por um outro grande.

 

Carmen Lícia

ESPAÇO ABERTO

Celso Lafer

Professor emérito da USP, ex-ministro das Relações Exteriores (1992 e 2001-2002) e presidente da Fapesp, Celso Lafer escreve mensalmente na seção Espaço Aberto


Alberto da Costa e Silva (1931-2023)

O diplomata alargou os horizontes da política externa brasileira ao elaborar na sua prática e na sua reflexão o papel de uma diplomacia de cultura e de conhecimento

Por Celso Lafer

17/12/2023 | 03h00

 

A perspectiva é um dos componentes organizadores da realidade, indicativa da circunstância do lugar em que estamos e nele nos localizamos para adquirir a mobilidade transformadora da razão e da sensibilidade.

Recordo essa lição de Ortega y Gasset porque ela tem grande pertinência para pensar a política externa como um ponto de vista sobre o funcionamento do mundo e a sua incidência num país. Um país operacionaliza seu ponto de vista no trato oficial com outros países por meio de seu corpo diplomático.

Alberto da Costa e Silva, na sua condição de diplomata na operacionalização deste ponto de vista, foi um paradigma de tato, inteligência e zelo, que o tornaram um dos grandes quadros do Itamaraty.

Alberto observou que “o diplomata, como o poeta, trabalha com as palavras”. No seu caso, verificou-se uma dialética de fecunda complementaridade entre as duas palavras, pois a sua experiência diplomática alentou, sem cisões, a criatividade da sua grande obra de intelectual. Por isso, integrou com alta envergadura a Academia Brasileira de Letras.

Alberto organizou o volume O Itamaraty na Cultura Brasileira, publicado em 2001 na minha gestão no Ministério das Relações Exteriores. Como ele diz na apresentação do volume, na prática do ofício o diplomata “é o que se representa”.

A representação não se circunscreve à articulação e à negociação de interesses. Tem um componente de exprimir o potencial da vis atractiva do que um país pode significar para os demais numa dada conjuntura histórica. Por isso, um diplomata deve conhecer bem o seu país para poder bem representá-lo. Cabe, também, a um diplomata promover relações amistosas com o país no qual está acreditado e, assim, na medida do possível, transformar fronteiras-separação em fronteiras-cooperação.

O tato e a inteligência com que Alberto exerceu o ofício a que se dedicou acabaram sendo poderoso estímulo para a criatividade de sua obra de grande intelectual. Adensou, para o benefício de todos, o seu entendimento do nosso país. Alargou os horizontes da política externa brasileira ao elaborar na sua prática e na sua reflexão o papel de uma diplomacia de cultura e de conhecimento.

A dedicação à África foi um tema recorrente do seu percurso de diplomata.

Da experiência de embaixador na Nigéria e no Benin, não só guardou, como dizia, “gratidão enternecida”. Foi um estímulo para aprofundar o seu interesse pela África e a sua percepção de que era necessário conhecer os africanos para melhor entender o Brasil, nas palavras da historiadora Marina de Mello e Souza.

Do que ele chamou “o vício da África” resultou uma excepcional obra de historiador que descortinou com rigor e paixão a história da África, a África no Brasil, o Brasil na África e a dinâmica do circuito da escravidão. Alberto, com o impacto de sua obra, trouxe a África como campo próprio de estudo em nosso país.

A obra de Alberto abre a nossa sensibilidade às memórias provenientes da África, que se somam, como ele diz, a outros enredos da vida brasileira – aos europeus que sempre estiveram nos currículos de nossas escolas e aos ameríndios que nelas deveriam estar.

Alberto dominava igualmente o papel do enredo europeu na vida brasileira.

“Temos a Europa dentro de nós.” É nossa herança, mas, como ele diz, “somos livres para escolher dela o que se ajusta à nossa geografia e o que responde à nossa intuição de destino”.

Serviu em Portugal, país que “de certa forma e ao seu jeito inventou para a Europa os oceanos”. A sua diplomacia de cultura intensificou e ampliou o diálogo Portugal-Brasil. Nesta empreitada, esclareceu com larga visada as características da herança e da presença de Portugal no Brasil e do significado dos fluxos migratórios lusitanos para a construção da múltipla identidade do nosso país. Soube destacar a relevância do idioma comum e do papel da Língua Portuguesa em Portugal e no Brasil, que nos singulariza e aproxima.

Alargou este horizonte para alcançar cinco países africanos que vivem as realidades das suas especificidades para descortinar o potencial de concertação diplomático-cultural que amplia, com um toque próprio, o espaço do Brasil e de Portugal no mundo.

As limitações de espaço não me permitem aflorar a amplitude dos caminhos intelectuais de Alberto. Não posso, no entanto, finalizar sem realçar que as suas memórias são um dos pontos mais altos da memorialística brasileira que de maneira discreta revela a sua estatura humana.

Espelho do Príncipe, cujo subtítulo é ficções da memória, não é propriamente uma autobiografia. Refaz liricamente as vivas lembranças do seu passado de criança. É, como o qualificou Da. Gilda de Mello e Souza, “um solilóquio da infância” que ela toma como um ritual de passagem, uma travessia da infância à idade adulta na qual Alberto, com pequenos toques, de maneira única, vai “impondo uma visão nova das coisas, da sensibilidade da relação com as pessoas, do escoar do tempo”.

Corresponde ao que disse na abertura de seu poema Hoje: gaiola sem paisagem: “Nada quis ser, senão menino. Por dentro e por fora, menino”.

*

PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (1992; 2001-2002)

 

sexta-feira, 19 de maio de 2023

"On May 27th Mr Kissinger will turn 100" - Meu "obituário" feito muitos anos atrás, mas ele não morreu ainda - Paulo Roberto de Almeida

Henry Kissinger – CartaCapital

 Ja tinha feito um "requiem" ao metternichiano cínico, muitos anos anos atrás, mas ele ainda não morreu. Minhas saudações ao realista genial.

1894. “O legado de Henry Kissinger”, Brasília, 1 junho 2008, 5 p. Comentários sobre a obra prática e intelectual do estadista americano. Publicado em Mundorama (Brasília, 31/05/2008); em Meridiano 47 (n. 94, maio de 2008, p. 29-31); divulgado no blog Diplomatizzando (11/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-legado-de-henry-kissinger-paulo.html). Reproduzido em Via Política (08.06.2008). Ensaio incorporado ao livro: Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford, 2015). Relação de Publicados n. 838.


O legado de Henry Kissinger

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Não, o velho adepto da realpolitik ainda não morreu. Mas tendo completado 85 anos em maio de 2008, o ex-secretário de Estado e ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Henry Kissinger aproxima-se das etapas finais de sua vida. Seus obituários – não pretendendo aqui ser uma ave de mau agouro – devem estar prontos nas principais redações de jornais e revistas do mundo inteiro, e os comentaristas de suas obras preparam, certamente, revisões de análises anteriores para reedições mais ou menos imediatas, tão pronto este “Metternich” americano passe deste mundo terreno para qualquer outro que se possa imaginar (na minha concepção, deverá ser o mundo das ideias aplicadas às relações de poder). 

 Talvez seja esta a oportunidade para um pequeno balanço de seu legado, que alguns – por exemplo Cristopher Hitchens, em The Trial of Henry Kissinger  querem ver por um lado unicamente negativo, ou até criminoso, como se ele tivesse sido apenas o inimigo dos regimes “progressistas” e um transgressor consciente dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos. Ele certamente tem suas mãos manchadas de sangue, mas também foi o arquiteto dos acordos de redução de armas estratégicas e da própria tensão nuclear com a extinta União Soviética, além de um mediador relativamente realista nos diversos conflitos entre Israel e os países árabes, no Oriente Médio. Sua obra “vietnamita” é discutível, assim como foi altamente discutível – ou francamente condenável – o prêmio Nobel da Paz concedido por um simplesmente desengajamento americano, que visava bem mais a resolver questões domésticas do que realmente pacificar a região da ex-Indochina francesa. 

Pode-se, no entanto, fazer uma espécie de avaliação crítica de sua obra prática e intelectual, como reflexão puramente pessoal sobre o que, finalmente, reter de uma vida rica em peripécias intelectuais e aventuras políticas. Sua principal obra de “vulgarização” diplomática, intitulada de maneira pouco imaginativa Diplomacia simplesmente, deve constituir leitura obrigatória em muitas academias diplomáticas de par le monde. Seu trabalho mais importante, uma análise do Congresso de Viena (1815), é mais conhecido pelos especialistas do que pelo grande público, mas ainda assim merece ser percorrido pelos que desejam conhecer o “sentido da História”.

 O legado de Henry Kissinger é multifacético e não pode ser julgado apenas pelos seus atos como Conselheiro de Segurança Nacional de Richard Nixon, ou como Secretário de Estado desse presidente e do seguinte, Gerald Ford, quando ele esteve profundamente envolvido em todas as ações do governo americano no quadro da luta anticomunista que constituía um dos princípios fundamentais da política externa e da política de segurança nacional dos EUA. Esse legado alcança, necessariamente, suas atividades como professor de política internacional, como pensador do equilíbrio nuclear na era do terror – doutrina MAD, ou Mutually Assured Destruction –, como consultor do Pentágono em matéria de segurança estratégica, e também, posteriormente a seu trabalho no governo, como articulista, memorialista e teórico das relações internacionais.

A rigor, ele começou sua vida pública justamente como teórico das relações internacionais, ou, mais exatamente, como historiador do equilíbrio europeu numa época revolucionária, isto é, de reconfiguração do sistema de poder no seguimento da derrocada de Napoleão e de restauração do panorama diplomático na Europa central e ocidental a partir do Congresso de Viena (1815). Sua tese sobre Castlereagh e Metternich naquele congresso (A World Restored, 1954) é um marco acadêmico na história diplomática e de análise das realidades do poder num contexto de mudanças nos velhos equilíbrios militares anteriormente prevalecentes. Depois ele foi um fino analista dessas mesmas realidades no contexto bipolar e do equilíbrio de terror trazido pelas novas realidades da arma atômica. Ele se deu rapidamente conta de que não era possível aos EUA manter sua supremacia militar exclusiva, baseada na hegemonia econômica e militar e no seu poderio atômico, sem chegar a algum tipo de entendimento com o outro poder nuclear então existente, a União Soviética, uma vez que, a partir de certo ponto, a destruição assegurada pela multiplicação de ogivas nucleares torna ilusória qualquer tentativa de first strike ou mesmo de sobrevivência física, após os primeiros lançamentos.

Daí sua preocupação em reconfigurar a equação dos poderes – aproximando-se da China, por exemplo – e em chegar a um entendimento mínimo com a URSS, através dos vários acordos de limitações de armas estratégicas. O controle da proliferação nuclear também era essencial, assim como evitar que mais países se passassem para o lado do inimigo principal, a URSS (o que justifica seu apoio a movimentos e golpes que afastassem do poder os mais comprometidos com o lado soviético do equilíbrio de poder). Numa época de relativa ascensão da URSS, com governos declarando-se socialistas na África, Ásia e América Latina, a resposta americana só poderia ser brutal, em sua opinião, o que justificava seu apoio a políticos corruptos e a generais comprometidos com a causa anticomunista. Não havia muita restrição moral, aqui, e todos os golpes eram permitidos, pois a segurança dos EUA poderia estar em jogo, aos seus olhos. 

Ou seja, todas as acusações de Christopher Hitchens estão corretas – embora este exagere um pouco no maquiavelismo kissingeriano – mas a única justificativa de Henry Kissinger é a de que ele fez tudo aquilo baseado em decisões do Conselho de Segurança Nacional e sob instruções dos presidentes aos quais serviu. Não sei se ele deveria estar preso, uma vez que sua responsabilidade é compartilhada com quem estava acima dele, mas certamente algum julgamento da história ele terá, se não o dos homens, em tribunais sobre crimes contra a humanidade. Acredito, pessoalmente, que ele considerava as “vítimas” de seus muitos golpes contra a democracia e os direitos humanos como simples “desgastes colaterais” na luta mais importante contra o poder comunista da URSS, que para ele seria o mal absoluto.

O julgamento de alguém situado num plano puramente teórico, ou “humanista” – como, por exemplo, intelectuais de academia ou mesmo jornalistas, para nada dizer de juízes empenhados na causa dos direitos humanos ou de “filósofos morais” devotados à “causa democrática” no mundo –, tem de ser necessariamente diferente do julgamento daqueles que se sentaram na cadeira onde são tomadas as decisões e tem, portanto, de julgar com base no complexo jogo de xadrez que é o equilíbrio nuclear numa era de terror, ou mesmo no contexto mais pueril dos pequenos golpes baixos que grandes potências sempre estão aplicando nas outras concorrentes, por motivos puramente táticos, antes que respondendo a alguma “grande estratégia” de “dominação mundial”. Desse ponto de vista, Kissinger jogou o jogo de forma tão competente quanto todos os demais atores da grande política internacional, Stalin, Mao, Kruschev, Brejnev, Chu Enlai, Ho Chi-min e todos os outros, ou seja, não há verdadeiramente apenas heróis de um lado e patifes do outro. Todos estão inevitavelmente comprometidos como pequenos e grandes atentados aos direitos humanos e aos valores democráticos.

Não creio, assim, que ele tenha sido mais patife, ou criminoso, do que Pinochet – que ele ajudou a colocar no poder – ou de que os dirigentes norte-vietnamitas – que ele tentou evitar que se apossassem do Vietnã do Sul (e, depois, jogou a toalha, ao ver que isso seria impossível cumprir pela via militar, ainda que, na verdade, os EUA tenham sido “derrotados” mais na frente interna, mais na batalha da opinião pública doméstica, do que propriamente no terreno vietnamita). Ou seja, Kissinger não “acabou” com a guerra do Vietnã: ele simplesmente declarou que os EUA tinham cumprido o seu papel – qualquer que fosse ele – e se retiraram da frente militar.

Seu legado também pode ser julgado como “comentarista” da cena diplomática mundial, como memorialista – aqui com imensas lacunas e mentiras, o que revela graves falhas de caráter – e como consultor agora informal de diversos presidentes, em geral republicanos (mas não só). Ele é um excelente conhecedor da História – no sentido dele, com H maiúsculo, certamente – e um grande conhecedor da psicologia dos homens, sobretudo em situações de poder. Trata-se, portanto, de um experiente homem de Estado, que certamente serviu ardorosamente seus próprios princípios de atuação – qualquer que seja o julgamento moral que se faça deles – e que trabalhou de modo incansável para promover os interesses dos EUA num mundo em transformação, tanto quanto ele tinha analisado no Congresso de Viena.

Desse ponto de vista, pode-se considerar que ele foi um grande representante da escola realista de poder e um excelente intérprete do interesse nacional americano, tanto no plano prático, quanto no plano conceitual, teórico ou histórico. Grandes estadistas, em qualquer país, também são considerados maquiavélicos, inescrupulosos e mentirosos, pelos seus adversários e até por aliados invejosos. Esta é a sina daqueles que se distinguem por certas grandes qualidades, boas e más. Kissinger certamente teve sua cota de ambas, até o exagero. Não se pode eludir o fato de que ele deixará uma marca importante na política externa e nas relações internacionais – dos EUA e do mundo – independentemente do julgamento moral que se possa fazer sobre o sentido de suas ações e pensamento.

Por uma dessas ironias de que a História é capaz, coube a um dos presidentes mais ignorantes em história mundial (Ronald Reagan) enterrar, praticamente, o poder soviético com o qual Kissinger negociou quase de igual para igual durante tantos anos. Ele, que considerava o resultado de Viena um modelo de negociação – por ter sido uma paz negociada, justamente, não imposta, como em Versalhes – deve ter sentido uma ponta de inveja do cowboy de Hollywood, capaz de desmantelar o formidável império que tinha estado no centro de suas preocupações estratégicas – e que ele tinha poupado de maiores “desequilíbrios” ao longo dos anos. Seu cuidado em assegurar o “equilíbrio das grandes potências” saltou pelos ares com o keynesianismo militar praticado por Reagan, um desses atos de voluntarismo político que apenas um indivíduo totalmente alheio às grandes tragédias da História seria capaz. Talvez Kissinger tivesse querido ser o arquiteto do grande triunfo da potência americana, mas ele teve de se contentar em ser apenas o seu intérprete tardio. Nada mau, afinal de contas, para alguém que foi, acima de tudo, um intelectual...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 2 de junho de 2008

Divulgado no blog Diplomatizzando (11/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-legado-de-henry-kissinger-paulo.html).

 


sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Anani Dzidzienyo (1941-2020): uma grande perda para os estudos afrobrasileiros (Brown University)

 Anani Dzidzienyo 1941-2020

image001.jpg

The BRASA community mourns the passing of Anani Dzidzienyo, Associate Professor of Africana Studies and Portuguese and Brazilian Studies, at Brown University. A beloved professor, mentor, and friend to so many, Anani was the 2020 recipient of the Lifetime Achievement Award for which the following citation was written:

Professor Dzidzienyo’s work exemplifies the true meaning of this award, which honors someone with outstanding scholarly achievement and significant contributions to the promotion of Brazilian studies in the United States. His research, teaching and mentorship were instrumental to bringing the study of race to the center of Brazilian Studies, and his labors central to the founding of the field of Afro-Latin American Studies.

A native of Takoradi, Ghana, Professor Dzidzienyo received his B.A. in Political Science from Williams College and completed his graduate studies at the University of Essex in Latin American Politics and  Government. He then spent three years as a research fellow at the International Race Studies Program at the Institute of Race Relations in London, during which time he also began teaching at Brown University, where he has served as a professor for over four decades. Dzidzienyo’s pathbreaking scholarship provoked Brazilian Studies to put Afro-descendants, and the afterlives of slavery, at the center of the field. At the same time, his approach also pushed the field to embed the study of Brazil in the study of the world, on both sides of the Atlantic. Both of these critical contributions can be found throughout his interdisciplinary, multilingual and transnational body of work. His brilliant and pioneering research is only matched by the monumental impact he has had on the field through his direct and indirect mentorship of generations of Brazilianists in the United States, and Brazilians. As his nominators noted “it would take at least two hands to count the books published by those he has taught”. Indeed, in the acknowledgements of these works, one easily finds Anani Dzidzienyo, the generous mentor and thoughtful interlocutor. The committee felt that Dzidzienyo’s nomination could not have come at a better time. His service, teaching, and research has always been informed by his deep commitment as a public intellectual. When he first began writing about race in Brazil in the 1970s – he was surveilled by the Military Dictatorship. He also lent his sharp analysis and critical eye to the policy arena, writing reports for human rights organizations and foundations. As his nominators noted, his first publication was the 1971 report “The Positions of Blacks in Brazilian Society”, written for the Minority Rights Group, and remains widely influential some 50 years later. Professor Dzidzienyo’s work reminds us to ask urgent and timely questions, to write and teach topics that may be unpopular, and to ultimately have a politics.

Please see this tribute to Anani Dzidzienyo from the Chair of Africana Studies at Brown University:https://mailchi.mp/e9a0b3266a93/in-memoriam-anani-dzidzienyo-2211345?e=09283b2bd5


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nathan Rosenberg, um grande historiador economico - obituario por Joel Mokyr

Eu tinha justo acabado de comprar o livro de Joel Mokyr, The Lever of Riches: Technological Creativity and Economic Progress (num sebo de Amherst, MA), e estava admirando seu trabalho de pesquisa extremamente erudito, que me lembrava justamente o de Birdzell e Rosenberg, How the West Grew Rich, que havia lido primeiro na tradução brasileira, antes de retirá-lo novamente na biblioteca de West Hartford, para citar em um livro que estou preparando.
Os dois, Rosenberg e Mokyr, são os melhores historiadores do progresso tecnológico que conheço, junto com David Landes, mas eu não sabia que Mokyr era sobrinho de Rosenberg, e ele assina aqui um denso e simpático obituário que transcrevo da lista de história econômica.
Paulo Roberto de Almeida

Nathan Rosenberg, 1927-2015
Joel Mokyr
Society for the History of Economics, September 2015

The economic history profession has lost one of its most original, creative, and wide-ranging minds in the passing of Nathan Rosenberg on Aug. 24, 2015. Rosenberg was one of the founding fathers of Cliometrics, a member of the first group of Cliometricians that with coining the term “congregated at Purdue University in the late 1960s, and which included other luminaries among them Lance Davis, Jonathan Hughes, and Stanley Reiter (who is widely credited Cliometrics”). By 1970, this group had moved away from West Lafayette and dispersed to institutions such as Northwestern and CalTech. Rosenberg was hired by the University of Wisconsin, and was a member of a different group of influential and distinguished economic historians in Madison, including at one time or another Jeffrey Williamson, Peter Lindert, Morton Rothstein, Rondo Cameron, and Claudia Goldin. While at Wisconsin, Rosenberg was the editor of the Journal of Economic History and instrumental in its growing focus on the new economic history that was theoretically informed by economics and quantitatively more sophisticated — the very essence of the Cliometric Revolution.
In 1974, Rosenberg moved to Stanford, where he taught for more than a quarter century until his retirement in 2002. As department chair at Stanford between 1983and 1986 he helped build the department and maintain its position as one of the top economics departments in the country. Moreover, his leadership guaranteed that economic history remained an integral part of the undergraduate and Ph.D. programs and includes some of its most distinguished practitioners such as Gavin Wright and Avner Greif, as well as younger and promising scholars. Today, thanks to Rosenberg’s initiative and entrepreneurship, the Stanford department is housed in a gorgeous building named after Ralph Landau, whose support for research and teaching in economics was first stimulated by a fortuitous meeting with Rosenberg. The partnership with Landau, a chemical engineer and entrepreneur fascinated by economics, led to a fruitful scholarly collaboration between him and Rosenberg, especially in two well-regarded collections they edited together. Thanks in large part to Rosenberg’s resourcefulness, the graduate program at Stanford has thrived and produced many distinguished members of the economic history profession and applied economists working on innovation. While not all of them worked with him directly, his influence on the flourishing of economic history at Stanford was undeniable. Many of the former graduate students he trained and inspired co-authored and co-edited papers and books with him, such as David Mowery with whom he wrote Technology and the Pursuit of Economic Growth (Cambridge University Press, 1989). Without exception these young economists admired and adored him; two of them, Scott Stern and Shane Greenstein, were my former colleagues, and the three of us were instrumental in Northwestern awarding him an honorary doctorate in 2006, in the same class of honorary degrees as the then little-known junior senator from Illinois. If ever there was an academic conspiracy that can be called a true labor of love, this was it.

As a scholar, much of Rosenberg’s most important and influential work is captured by the title of his Inside the Black Box, a collection of essays on the nature of technology (Cambridge University Press, 1982). In it, he stated from the onset that “economists have long treated technological phenomena as events transpiring inside a black box...the economics profession has adhered rather strictly to a self-imposed ordinance not to inquire too seriously into what transpires inside that box. The purpose of this book is to break open and to examine the contents of the black box” (p. vii). That metaphor captures the central theme of Rosenberg’s career.

What, then did Rosenberg find inside that black box? In his typical self-deprecating way, he once remarked to me that once you open the big black box of technology, you find inside a smaller black box, and so on, much like Russian matryoshkadolls. Maybe, he reflected, in the end this is what scientific progress really consists of? But of course, opening the black box led Rosenberg to considerably more important insights on the nature of technological change. I will list only a few that I find the most insightful — others can have other preferences. One is his emphasis on the subtle and complex interplay between science and technology stressed in his magnificent essay “How Exogenous is Science?”. In it he points out the many feedback effects that run from technology to science, and debunked the “linear model” that draws the main arrow of causality from Science to Applied Science to Technology. Since Rosenberg’s work, historians of technology have heaped scorn on the linear model. Technology in his view is not the mechanical “application of science” to production; it is a field of knowledge by itself, quite different in its incentives, its modes of transmission, and its culture. It is affected by science, but in turn provides “pure research” with its instruments and much of its agenda. In many cases, he noted, scientists were confronted by the fact that things they had previously declared to be impossible were actually carried out by engineers and mechanics and had to admit somewhat sheepishly that were possible after all. More than a decade later, in his later book Exploring the Black Box, he returned to the important but often-neglected link between technology and scientific progress, provided by scientific instrumentation.

A second item Rosenberg found inside his black box early on was the importance of the machine industry in the generation of technological change and economic growth, a topic he explored early in his career in his influential 1963 Journal of Economic History paper, “Technological Change in the Machine Tool Industry” reprinted in his Perspectives on Technology (Cambridge University Press, 1976). The paper stressed the crucial importance of machine tools in creating the mechanization that was at the heart of the Industrial Revolution in the United States and Britain, and showed that without the improvements in lathes, planers, milling machines and precision grinders, much of the growth of modern manufacturing could not have happened. In his later book Technology and American Economic growth (Harper & Row, 1972) he explained how the ever-growing specialization, and not just the quality improvement and lower prices of these precision metal-cutting and shaping devices, stimulated and supported the rise of modern industry. In his citation for the Leonardo Da Vinci medal that the Society for the History of Technology awarded Rosenberg in 1995, David Hounshell wrote that “His 1963 article remains to this day perhaps the single most influential essay ever written in our discipline. In it, Rosenberg grasped the essential nature of the technical knowledge embedded in the machine tool industry and recognized how that knowledge would not fit easily into existing economic models.”

A third item that many historians of technology, whether economists or not, have found extremely insightful in Rosenberg’s black box is his concept of “focusing devices,” first enunciated in his 1969 Economic Development and Cultural Changepaper “The Direction of Technological Change,” (reprinted in Perspectives on Technology). It is an intuitively powerful concept that essentially proposes that much of technological progress occurs because a firm, a group, or the government realizes that there is an urgent need for a clear solution to a pressing and well-defined social issue or bottleneck in production. The solution is not always forthcoming of course — Rosenberg cited with great glee Hotspur’s decisive riposte to Glendower’s claim that he could call the spirits from the vastly deep: “why, so can I, so can any man; but will they come when you call for them?” (see his Technology and American Growth, p.51). But when the solution is arrived at, it often solves far more than it was intended for and overshoots its target, and thus it creates a new bottleneck. This leapfrogging or “compulsive sequences” phenomenon was used to describe the eighteenth century cotton manufacturing, but in fact it applies to much of the rest of the technological revolutions of the eighteenth century. At the start of the century, British society knew well that it faced a number of hard but well-defined problems: finding longitude at sea, pumping water out of deep-shaft coal mines, ridding society of smallpox, and turning pig iron into wrought iron cheaply and rapidly. By 1800 these problems had all been solved. Rosenberg’s essay deals with firms and their recognition of an opportunity for profit, but one can easily add other motives, from the altruism of Jonas Salk, the driving ambition of James Watson to the political ideology of the men and women working on Project Manhattan.

Academic work was the center of Rosenberg’s life. After his retirement, he continued to write and publish. Together with Bronwyn Hall, he edited the massive two-volume Handbook of the Economics of Innovation (Elsevier, 2010), which contains wonderful survey essays by every serious scholar working in the area. He also published a sparklingly original and creative paper (jointly with Manuel Trajtenberg) in the Journal of Economic History (2004) on the economic significance of the Corliss steam engine and its effect on American industrialization. The brand new Handbook of Cliometrics (2015) contains an essay by Rosenberg jointly with Stanley Engerman on “Innovation in Historical Perspective.”

There was much more to Rosenberg’s intellectual persona than his interest in innovation and technical knowledge. He was fascinated by the “greats” of economics — especially Smith and Marx, on whom he wrote perceptive essays, as well as lesser but equally fascinating figures such as Charles Babbage. He published a collection of his essays on the History of Economics as he saw it (often from the point of view of technology), entitled The Emergence of Economic Ideas: Essays in the History of Economics — idiosyncratic, perhaps, but never dull. In the editors’ introduction to the first volume of the Economics of Innovationcompilation, Rosenberg and Hall cite a long passage from Schumpeter’s preface to the Japanese edition of his 1937 book The Theory of Economic Development.Schumpeter recounted a debate he had with Walras on whether economics should concern itself only with statics or should also be concerned with the rapid changes in the economy. These kinds of historical issues held endless fascination for Rosenberg. The first essay in his published Graz Lectures, Schumpeter and the Endogeneity of Technology: Some American Perspectives (Routledge, 2000), was entitled “Joseph Schumpeter and the Economic Interpretation of History.” He cited at length and with almost palpable delight Schumpeter’s statement that economic history was absolutely required for the scientific study of economics. Rosenberg was also interested in modern medical research and its place in the modern American research university. He surely was the only economic historian to have published a paper both in The New England Journal of Medicine and The Energy Journal (and probably the only one to have published in either).

Rosenberg was one of the broadest and most intellectually curious minds I ever met. He was, as Ken Arrow remarked in his eulogy, an enormous lover of books and owned many thousands of them — yet ironically his own preferred format was the short pointed essay or at most a short and summary book such as his briefTechnology and American Economic Growth. Having read papers on science and technology his entire life, he may have adopted the scientist’s preferred mode of communication over the long and heavily-detailed books written by the typical economic historian. He never wrote a single-authored magnum opus on economic history. The closest he ever came to a big-think ambitious “explanation of everything” was the set of Rosenberg’s lecture notes that L.E. Birdzell collected and then together published as a book How the West Grew Rich. It is a lovely and often insightful book, but it lacks the grandeur and sweep of a David Landes, Douglass North, or Eric Jones, who have written books with similar themes. Rosenberg’s comparative advantage was the brief essay, and the books he published were mostly collections of these essays. These essays were, without exception, beautifully written: he had the gift of expressing a complex and nuanced economic relation in a short and elegant phrase. They are still read by students and scholars all over the world.

As a person, Rosenberg was deeply loved and admired by those who knew him well. He was urbane and erudite even by the high standards of the great economic historians of his generation. He was witty to the point of being hilarious, and could be sarcastic and cutting when he wanted. He was also a deeply caring husband, father and grandfather, the emblematic Jewish father who knew that investment in human capital and family cohesion were the essence of Jewish culture. He was a great colleague and a warm and wonderful friend. Of all the many senior economic historians of that generation whom I knew and admired over the years, he was the only one whom I regarded as much as a relative as a colleague. I will never forget you, Uncle Nate.