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sábado, 18 de novembro de 2023

Conflito territorial entre Venezuela e Guiana: novidades à luz da convocação ao referendo - Lucas Carlos Lima (Conjur)

 

OPINIÃO

Conflito territorial entre Venezuela e Guiana: novidades à luz da convocação ao referendo

17 de novembro de 2023, 17h14

recente convocação de um referendo pelo governo da Venezuela em relação ao reivindicado território de Essequibo — disputado com a Guiana — adiciona uma nova camada de juridicidade à controvérsia territorial entre os dois estados latino-americanos. Trata-se de antiga disputa que surgiu como resultado da alegação venezuelana de nulidade do Laudo Arbitral de 3 de outubro de 1899, que determina a fronteira atual entre as duas partes em virtude de “uma transação política realizada às escondidas da Venezuela e sacrificando seus direitos legítimos”.

À época, a arbitragem ocorreu entre a colônia da Guiana Britânica e a Venezuela,que disputavam uma larga porção de terra (rica em recursos naturais) entre os rios Oniroco e Essequibo. Um tribunal arbitral composto por cinco juristas (dois americanos, dois ingleses e um russo) foi composto para delimitar pacificamente a fronteira em questão. Na atualidade, uma modificação de tal fronteira poderia também ter impacto nos recursos marítimos e energéticos de ambos os países. O presente ensaio analisa o conflito territorial à luz dos procedimentos judiciais perante a Corte Internacional de Justiça, em particular diante do requerimento de medidas provisórias solicitado pela Guiana no fim de outubro diante da  convocação do referendo.

Conflitos territoriais perante a Corte da Haia
Conflitos resolvendo controvérsias territoriais e marítimas não são raros perante a Corte Internacional de Justiça [1]. Em verdade, existe uma longa e constante jurisprudência que assenta este tribunal como o órgão por excelência para resolver conflitos desta natureza que são, como se sabe, extremamente complexos, e não raramente envolvem profundos sentimentos nacionais de relação com o território. Apesar de pode se afirmar que nos últimos tempos a jurisprudência da Corte ter variado substancialmente, incorporando temáticas como direito ambiental internacional ou direitos humanos, é também possível notar que a Corte não deixou de ser o órgão judicial ao qual Estados recorrem para solucionar conflitos em relação à soberania sobre territórios disputados, também relativos a zonas marítimas.

Reprodução

Exemplos recentes nesse sentido são os casos da Delimitação da Plataforma Continental entre Nicarágua e Colômbia (2023), a Delimitação Marítima entre Somália e Quênia (2021), entre Peru e Chile (2014) ou entre Burkina Faso e Niger (2013). Desde que a Corte sedimentou a doutrina jurídica do uti possidetis iuris [2] em 1983 no célebre caso entre a Burkina Faso e a República do Mali há um profundo interesse dos Estados em utilizar meios judiciais para verificar quem possui as melhores teses jurídicas para comprovar a soberania sobre um determinado território.

A tensão de fundo em todas essas controvérsias territoriais reside no fato de que as regras estabelecidas no direito internacional para resolvê-las são essencialmente frutos de pretensões contestadas e decisões arbitrais ou judiciais avaliando tais pretensões. Não existem, obviamente, tratados internacionais que determinam regras para delimitações territoriais. Estas se dão exatamente pelo fruto da troca e de negociações de Estados por suas fronteiras — muitas vezes definidas, no passad,o como resultado de conflitos armados. Se por um lado, o princípio da integridade territorial, decorrente da soberania dos Estados, parece ser um valor jurídico de grande força normativa que tende ao status quo e à inamovibilidade e à estabilidade das fronteiras, há também novas situações jurídicas que permitem, raramente, a contestação de fronteiras internacionais.

A controvérsia entre Venezuela e Guiana não parece ser excepcional na abordagem caso a caso que o direito internacional adota para resolver essas questões. Suas origens são antigas e por mais que possam eventualmente ser aquecidas à luz de ações políticas, constitui um caso que merece entendimento exatamente porquanto possui implicações também na política interna e externa dos Estados — e seus vizinhos.

As decisões da Corte Internacional de Justiça no caso Guiana e Venezuela
Se o laudo arbitral emitido em 1899 pacificou temporariamente as relações entre a colônia da Guiana Britânica e a Venezuela, é possível verificar a existência de uma controvérsia entre os Estados durante o período de descolonização da Guiana. Em 1962, a Venezuela informou o então Secretário-Geral da ONU sobre a existência de uma controvérsia entre Reino Unido e Venezuela “referente à demarcação da fronteira entre a Venezuela e a Guiana Britânica”, alegando que o Laudo de 1899 havia sido fruto de um conluio,  e que, portanto, não poderia reconhecer o Laudo. Peritos de ambas as partes examinaram o laudo e chegaram a conclusões diferentes. Em 1966, após a independência da Guiana, a questão continuava pendente entre as partes e um tratado foi assinado reconhecendo a controvérsia — o Acordo de Genebra, que outorgava autoridade ao Secretário-Geral da ONU para auxiliar na solução da questão. Uma das perguntas do referendo convocado pela Venezuela diz respeito, justamente à legitimidade do Tratado de Genebra como fonte da resolução da controvérsia.

As conversas entre os Estados sobre o tema continuaram sob os bons ofícios do Secretário-Geral da ONU até 2014. Em 2017, Antônio Guterres decidiu que, após ter “cuidadosamente analisado” os processos de bons ofícios em 2017, e não tendo as partes chegado a uma solução, ele optaria por conduzir a disputa “à Corte Internacional de Justiça como o meio a ser utilizado agora para utilizado para sua solução” com base no Acordo de Genebra de 1966. Em 29 de março de 2018 a República da Guiana iniciou um procedimento perante a Corte Internacional de Justiça buscando reconhecer a validade do Laudo Arbitral, e, portanto, a intangibilidade de sua fronteira e território.

Até o momento, a Corte Internacional de Justiça emitiu duas decisões.

A primeira delas diz respeito à própria jurisdição da Corte que, segundo as regras essenciais do direito internacional, deve ser baseada sobre o consentimento de ambas as partes para poder decidir uma disputa. Em decisão de dezembro de 2020, procedimento no qual a Venezuela decidiu não participar, a Corte Internacional de Justiça, por 12 votos a 4, entendeu possuir jurisdição sobre o caso em virtude do Acordo de Genebra de 1977 e pela decisão do Secretário-Geral.

A Venezuela então mudou sua atitude em relação ao processo e resolveu apresentar suas defesas — isto é, objeções preliminares à jurisdição da Corte – afirmando ser o pedido da Guiana inadmissível em virtude da ausência de uma terceira parte diretamente interessada na controvérsia: o Reino Unido. Trata-se da assim chamada doutrina do Ouro Monetário pela primeira vez aplicado no caso Monetary Gold Removed from Rome in 1943 (Italy v. France, United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland and United States of America). A doutrina exige que a Corte se abstenha de decidir uma controvérsia quando os interesses jurídicos de um terceiro estado que não ofereceu seu consentimento e que constituem “o próprio objeto” do caso, ou quando o Tribunal não pode decidir o caso a ele submetido sem antes julgar a responsabilidade internacional (ou os direitos) de um terceiro Estado. No caso, e em síntese, a tese venezuelana seria de que

a declaração de nulidade do laudo de 1899 acabaria por se manifestar sobre um eventual comportamento do Reino Unido, potência colonizadora à época, e, portanto, faltaria um elemento essencial à controvérsia, que deveria ser dispensada.

Embora tenha declarado admissível a objeção da Venezuela, a Corte não deu a ela razão. Em decisão de abril de 2023, a Corte Internacional de Justiça entendeu que “a prática das partes do Acordo de Genebra demonstra sua concordância de que a disputa poderia ser resolvida sem o envolvimento do Reino Unido”. De uma maneira tangencial, a Corte da Haia entendeu que o princípio do ouro monetário não se aplicava ao caso porque os interesses do Reino Unido durante todo o processo da formulação da disputa não estavam em jogo. Embora aqui não seja o espaço, pode-se processualmente, duvidar desse entendimento limitado da aplicação do princípio e se questionar sobre as razões pelas quais a Corte preferiu adotá-lo. Fato é que, como conclusão, a decisão de 2023 fez com que a controvérsia entre Guiana e Venezuela avançasse rumo ao mérito, até que a convocação de um referendo adicionasse uma nova  fase processual à disputa.

A convocação do referendo e as medidas cautelares
A estratégia da Venezuela de convocar um referendo com cinco perguntas em relação à controvérsia da Guiana Essequiba é uma tentativa de inserir um novo elemento na complexa questão que envolve os dois Estados. O elemento da autodeterminação dos povos3, quando aplicável efetivamente, é particularmente relevante em controvérsias territoriais. De maneira sucinta, a consulta ao povo venezuelano tem cinco objetivos: 1. Rechaçar o laudo arbitral de 1899; 2. Contestar o Acordo de Genebra como instrumento-fonte da solução; 3. Não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça; 4. Opor-se à pretensão da Guiana de explorar a zona marítima; 5. Criar um novo estado federal da Guiana Essequiba como parte da Venezuela.

Diante de tal convocatória, e a fim de proteger os direitos pendentes na lide perante a Corte da Haia, a República da Guiana realizou um pedido de medidas cautelares perante a Corte. O célere pedido da Guiana não busca apenas a não-realização do referendo, mas também uma ordem da Corte que exija que nenhuma atitude seja tomada para exercer controle de fato sobre a região — antecipando os rumores de que a área seria alvo de algum tipo de operação militar de controle. Nos próximos meses, a Corte terá de se debruçar sobre os requisitos essenciais de seu próprio processo em relação à plausibilidade dos direitos a serem violados, o risco de dano ao objeto principal da lide e poderá, efetivamente, decidir que o referendo  afeta o objeto da disputa. Nesse caso, poder-se-ia conjecturar que a Corte da Haia teria poderes para delimitar a ação do referendo. Naturalmente, uma decisão do gênero não seria muito bem recebida em Caracas, sobretudo ao se considerar que, historicamente, a Venezuela mostra alguma reticência em relação ao uso da Corte para a solução da questão.

Qual o futuro da controvérsia?
Controvérsias internacionais que tocam o território dos Estados, recursos naturais e fortes sentimentos nacionais nem sempre encontram seu deslinde último numa decisão judicial. A Corte Internacional de Justiça muitas vezes emitiu decisões significativamente importantes no interior de um processo político-jurídico maior. A decisão sobre medidas cautelares, passível de afetar algum modo o referendo conclamado, pode ter impactos políticos significativos, especialmente num contexto de chamamento de eleições, de renegociação de sanções, e de reestruturação geoenergética da região. Esses elementos extrajudiciais não aparecem com frequência no raciocínio jurídico da Corte Internacional de Justiça, que deverá ponderar, em concreto, os limites de seus poderes e de sua jurisdição sobre a disputa da nulidade do laudo e os novos episódios relativos à querela das partes.

Pode-se questionar se a reabertura e rediscussão de laudos arbitrais emitidos há décadas é uma boa política para a estabilidade das fronteiras da região. No Brasil, a questão do Pirara e o laudo do rei Vittorio Emmanuele 3º é exemplo disso. É doutrina comumente repetida que uma das forças políticas do Brasil no cenário internacional é a ausência de controvérsias territoriais com seus vizinhos. No caso venezuelano, por outro lado, existe uma consistente alegação de corrupção do laudo que é sustentada há mais de sessenta anos.

Talvez a maior lição que, nesse momento, a controvérsia possa oferecer não é apenas a complexidade do direito dos povos ao seu território ou as tensões políticas que emergem com esse tipo de controvérsia. O caso demonstra que existe uma linguagem possível de discussão das questões jurídicas que abdica da força e repudia ações de violência para resolver controvérsias internacionais. Há ainda instituições internacionais que podem oferecer uma contribuição significativa, com base na linguagem do direito internacional, que pode evitar as posições políticas polarizadas. Conhecer as controvérsias, os argumentos que as cingem, e os limites das instituições que podem atuar em sua resolução é um benefício não trivial que ainda é oferecido pelo direito internacional.


[1] Sobre o tema, ver JENNINGS, R.Y. The Acquisition of Territory in International Law. Manchester, 2017. KOHEN, Marcelo; HÉBIÉ, Mamadou. (orgs) Research Handbook on Territorial Disputes in International Law. Elgar Publisher, 2018; BONAFÉ, Beatrice I.Territory and Conflicts: Is International Law the Problem? In: Nicolini, Palermo, Milano (orgs). Law, Territory and Conflict Resolution: Law as a Problem and Law as a Solution, 2016; LANDO, Massimo. Maritime Delimitation as a Judicial Process. Cambridge: 2019.

[2] Sobre o tema, o caso e suas implicações, ver LIMA, Lucas Carlos. Uti possidetis juris e o papel do direito colonial na solução de controvérsias territoriais internacionais. Sequência, v. 38, n. 77, 2017, pp. 122- 147.

[3] Sobre o tema, ver o clássico CASSESE, Antonio. Self-Determination of Peoples: a legal reappraisal. Cambridge: 1998. Ver também SUEDI, Yusra. Self-determination in territorial disputes before the International Court of Justice: From rhetoric to reality? Leiden Journal of International Law, Vol. 36, 2022, pp. 161-177 e ainda, no caso Chagos, LIMA, Lucas Carlos. A opinião sobre o arquipélago de Chagos: a jurisdição consultiva da Corte Internacional de Justiça e a noção de controvérsia. Revista da Faculdade de Direito da UFMG, nº 75, 2019, pp. 281-302.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Colombia entre o sim e o nao, com perdao ou sem perdao para as FARC - artigos diversos

A desinformação da imprensa em geral, no Brasil em particular, sobre as razões do "não" da maioria do povo colombiano ao plano de "paz" com as FARC -- ou de perdão inaceitável, para muitos dos que foram votar --  permanece obscurecida por muito "achismo", e um lamento geral contra a "oportunidade perdida".
Ainda que se possa lamentar a pequena vitória do Não -- certamente imputável a muita raiva de "sofredores" e indignados com o perdão dado ao grupo terrorista e narcotraficante, e informado pelo "direito" desse grupo estar representado no parlamente "de direito" --, e justamente lamentado por intelectuais de diversos calibres e tendências, cabe respeitar a expressão legítima das urnas, ainda que o Não tivesse ganho por apenas UM voto (mas foram mais de 50 mil, em face de muita abstenção e ausentismo por parte dos favoráveis).
Eu também lamento o Não, mas não concordo em que o grupo criminoso saia premiado do processo, o que só se explica pelo afã do presidente colombiano atual de aparecer como um grande "pacificador" de um conflito de mais de meio século na Colômbia.
Também detestaria, e acharia um escândalo, que o presidente Santos e o líder guerrilheiro Timoshenko ganhassem um Prêmio Nobel da Paz por isso, que seria a coisa mais despropositada que poderia ocorrer na história não muito linear do Nobel, só superior ao imerecido Nobel da Paz ganho por Kissinger e Le Duc Tho na saída da guerra do Vietnã.
Abaixo alguns artigos mais bem informados sobre o processo, agora em suspenso.
Paulo Roberto de Almeida

Uribe barrió a Santos
(Infolatam).- "Dos puntos son sapos intragables para la población: que los jefes de la guerrilla no pisen la cárcel y que puedan hacer política. Ahora Santos y Timochenko tendrán que agachar la cabeza y revisar esas concesiones si quiere contar con la mitad del país. En todo caso, lo que quedó claro es que las FARC no vuelven a tomar las armas y el ELN tampoco rechaza las negociaciones que empezará pronto".

Colombia: Uribe no acude a reunión convocada por Santos con los líderes
El expresidente colombiano Álvaro Uribe no acudió a la reunión convocada por el presidente Juan Manuel Santos con los líderes de los partidos políticos del país para analizar el camino a seguir tras la derrota del "sí" en el plebiscito del domingo sobre el acuerdo de paz con las FARC.

Colombia tras el No: Plan B, con Uribe como gran triunfador
(Infolatam, Por Rogelio Núñez)-. El sorprendente triunfo del "No" en el plebiscito de Colombia abre una nueva etapa política en este país Un nuevo tiempo marcado por la puesta en marcha por parte de Juan Manuel Santos de un Plan B para rehacer los acuerdos de paz de La Habana y por la emergencia de Álvaro Uribe como la figura clave del nuevo periodo.

Jefe negociador del Gobierno pone cargo a disposición de Santos
El jefe negociador del Gobierno colombiano en el proceso de paz con las FARC, Humberto de la Calle Lombana, puso su cargo a disposición del presidente Juan Manuel Santos, tras el triunfo del "no" en el plebiscito del domingo con el que se buscaba refrendar el acuerdo alcanzado en La Habana.

Is Leftist Era Fading in Latin America? Ask Colombia and Brazil
By SIMON ROMERO, The New York Times
The rejection of a peace deal in Colombia and leftist party losses in Brazil are the latest signs that conservatives are on the rise in the region.

5 stories to read about Colombia’s 52-year conflict with FARC
Brush up by reading these five stories about Colombia's 52-year conflict with FARC.
By Jennifer Amur , The Washington Post

La sorpresa estalla en Colombia
Carlos Malamud, Instituto El Cano

Colombia después del NO
 Blog Instituto El Cano
 

sábado, 20 de setembro de 2014

Escocia: depois do referendo sobre a independencia, agora o mais duro, saber quem paga a conta...

Um Reino menos Unido...
Abaixo a declaração do primeiro-ministro britânico David Cameron sobre a situação pós-referendo que assegurou, pelo menos por enquanto, a permanência dos escoceses nesse reino que no futuro virá a termo. Isto me parece evidente, sobretudo pensando em termos de recuperação de autonomia política no contexto de um processo econômico mais amplo, que envolve a integração nos esquemas respectivos de mercado na Europa continental e na América do norte.
Sim, estou convencido de que esses instintos pró-independência, essas pulsões autonomistas vão continuar com força considerável, tantonna Escócia, quanto na Catalunha, quanto no Québec, por exemplo. E, no entanto, todos eles, se finalmente independentes, vão preferir continuar em seus respectivos esquemas de integração, a União Europeia por um lado, o Nafta por outro, este bem mais simples e sem implicar pagamentos e recebimentos de e para o monstro burocrático, custoso, em que se transformou a UE.
Fica pendente, porém, a questão crucial de saber quem paga todas as bondades estatais que cada um dos povos espera ter com uma maior autonomia política. Hoje a Escócia é uma recebedora líquida no orçamento comunitário e mesmo no esquema político do Reino Unido. Muito provavelmente, sendo independente e escolhendo ficar na UE, se torne uma pagadora líquida, por ter uma renda per capita superior à média comunitária, o mesmo acontecendo com a Catalunha. E aí, quem vai pagar as pensões e benefícios sociais e cuidados médicos de suas populações mais idosas? Quem vai pagar transportes e outros serviços públicos.
No final do dia, alguém sempre precisa pagar a conta.
Governos irresponsáveis costumam deixar a conta para as gerações futuras, seja em termos de mais inflação, seja como dívida pública aumentada e prestações diminuídas.
E isso vale para o Brasil também, sem qualquer separatismo. Aliás, aqui já temos uma federação de mentira, com total esquizofrenia orçamentária, e uma conta que cresce, a ser paga por nossos filhos e netos.
Paulo Roberto de Almeida 

A better, brighter future for our entire United Kingdom

10 Downing Street, September 20, 2014
On 18 September 2014 the Scottish independence referendum took place and Scotland voted to stay part of the United Kingdom. 
Voters in Scotland were asked to answer Yes or No to the question “Should Scotland be an independent country?” 55.3% voted No and 44.7% voted Yes.
Prime Minister David Cameron gave a statement at Downing Street following the outcome.

Read the statement

"The people of Scotland have spoken. It is a clear result. They have kept our country of 4 nations together. Like millions of other people, I am delighted. As I said during the campaign, it would have broken my heart to see our United Kingdom come to an end.
"And I know that sentiment was shared by people, not just across our country, but also around the world because of what we’ve achieved together in the past and what we can do together in the future.
"So now it is time for our United Kingdom to come together, and to move forward. A vital part of that will be a balanced settlement – fair to people in Scotland and importantly to everyone in England, Wales and Northern Ireland as well.
"Let us first remember why we had this debate – and why it was right to do so.
"The Scottish National Party (SNP) was elected in Scotland in 2011 and promised a referendum on independence. We could have blocked that; we could have put it off, but just as with other big issues, it was right to take - not duck - the big decision.
"I am a passionate believer in our United Kingdom – I wanted more than anything for our United Kingdom to stay together.
"But I am also a democrat. And it was right that we respected the SNP’s majority in Holyrood and gave the Scottish people their right to have their say.
"Let us also remember why it was right to ask the definitive question, Yes or No. Because now the debate has been settled for a generation or as Alex Salmond has said, perhaps for a lifetime.
"So there can be no disputes, no re-runs – we have heard the settled will of the Scottish people.
"Scotland voted for a stronger Scottish Parliament backed by the strength and security of the United Kingdom and I want to congratulate the No campaign for that – for showing people that our nations really are better together.
"I also want to pay tribute to Yes Scotland for a well-fought campaign and to say to all those who did vote for independence: “we hear you”.
"We now have a chance – a great opportunity – to change the way the British people are governed, and change it for the better.
"Political leaders on all sides of the debate now bear a heavy responsibility to come together and work constructively to advance the interests of people in Scotland, as well as those in England, Wales and Northern Ireland, for each and every citizen of our United Kingdom.
"To those in Scotland sceptical of the constitutional promises made, let me say this; we have delivered on devolution under this government, and we will do so again in the next Parliament.
"The 3 pro-union parties have made commitments, clear commitments, on further powers for the Scottish Parliament. We will ensure that they are honoured in full.
"And I can announce today that Lord Smith of Kelvin – who so successfully led Glasgow’s Commonwealth Games – has agreed to oversee the process to take forward the devolution commitments, with powers over tax, spending and welfare all agreed by November and draft legislation published by January.
"Just as the people of Scotland will have more power over their affairs, so it follows that the people of England, Wales and Northern Ireland must have a bigger say over theirs. The rights of these voters need to be respected, preserved and enhanced as well.
"It is absolutely right that a new and fair settlement for Scotland should be accompanied by a new and fair settlement that applies to all parts of our United Kingdom. In Wales, there are proposals to give the Welsh government and Assembly more powers. And I want Wales to be at the heart of the debate on how to make our United Kingdom work for all our nations. In Northern Ireland, we must work to ensure that the devolved institutions function effectively.
"I have long believed that a crucial part missing from this national discussion is England. We have heard the voice of Scotland - and now the millions of voices of England must also be heard. The question of English votes for English laws – the so-called West Lothian question – requires a decisive answer.
"So, just as Scotland will vote separately in the Scottish Parliament on their issues of tax, spending and welfare, so too England, as well as Wales and Northern Ireland, should be able to vote on these issues and all this must take place in tandem with, and at the same pace as, the settlement for Scotland.
"I hope that is going to take place on a cross-party basis. I have asked William Hague to draw up these plans. We will set up a Cabinet Committee right away and proposals will also be ready to the same timetable. I hope the Labour Party and other parties will contribute.
"It is also important we have wider civic engagement about to improve governance in our United Kingdom, including how to empower our great cities. And we will say more about this in the coming days.
"This referendum has been hard fought. It has stirred strong passions. It has electrified politics in Scotland, and caught the imagination of people across the whole of our United Kingdom.
"It will be remembered as a powerful demonstration of the strength and vitality of our ancient democracy. Record numbers registered to vote and record numbers cast their vote. We can all be proud of that. It has reminded us how fortunate we are that we are able to settle these vital issues at the ballot box, peacefully and calmly.
"Now we must look forward, and turn this into the moment when everyone – whichever way they voted – comes together to build that better, brighter future for our entire United Kingdom."
David Cameron
Prime Minister

What happens next?