Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 23 de maio de 2013
Voltando ao seculo 17, com os Amish (menonitas da Pensilvania)
Aliás, não existe nenhuma, repito, nenhuma eletricidade numa residência Amish, apenas coisas movidas a querosene ou a gás, ou então tração humana, animal, força da natureza (como bombas acionadas por rodas d'água).
Enfim, não tem iPad, iPhone ou coisas do gênero para a juventude Amish (a menos que inventem um Facebook movido a gás).
A foto abaixo foi tirada por uma família oriental que também visita a Amish Village (uma espécie de condensação turística do que eles têm), onde tinha um simpático pavão, carregando sua enorme plumagem (deve ser um incômodo para dormir ou fazer amor), que é uma das maravilhas da seleção natural (e que eles devem achar que foi criado por deus).
A comida é sem graça, mas de boa qualidade, e eles são muito simpáticos e prestativos. Adoram vender quilts e outras manufaturas para os turistas, e tem quilts de 900 dólares: capitalistas esses Amish.
Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 2 de abril de 2013
A Journey Inside the Whale: viajando pela baleia
Guiados pela encarnação atual do Espírito Santo (que se chama GPS), lá desabalamos pelas estradas do império, contornando aqui e ali os eixos de maior circulação (e maiores engarrafamentos, como em volta de NY) e descemos alegremente em direção da capital da nova Roma (na verdade, ficamos no subúrbio, em Alexandria, uma cidade que tinha o privilégio de ser frequentada pelo Bolívar do Império, o Santo general Washington, uma espécie de Artigas que deu certo..., com perdão dos puristas).
O objetivo era claramente o de visitar museus (e restaurantes, por acaso).
Primeiro foi a Freer Galerie, onde havia uma exposição especial sobre o cilindro de Ciro, o grande rei Persa, muito diferentes de sucessores e antecessores, no sentido em que foi um libertador dos oprimidos, tendo reconduzido o povo judeu de volta a Jerusalém, encerrando uma escravidão de dezenas de anos.
Depois almoçamos em Georgetown, ou perto, no Bistro Lepic, um menu leve, começando com seis escargots de Bourgogne, passando por um foie de veau à Provençale, e terminando por sorbet, enquanto Carmen Lícia comia um belo peixe aos legumes. O mais caro mesmo (54 dólares) foi meia garrafa de Bordeaux, mas millesime de 2004, o que talvez justificasse, como justificou, o valor.
Depois fomos ao museu de Dumbarton Oaks, que só abria pela tarde. Foi ali que se realizou uma das conferências preparatórias de San Francisco, com a participação da China, entre os três grandes (a França ainda não era suficientemente grande nessa ocasião): antiguidades bizantinas, pré-colombianas e de outras civilizações, além da própria casa, que é um primor de decoração.
Jantamos num italiano de Potomac, em Maryland, com nosso amigo Gonzaga, quem nos levou, aliás. Como um belo especial da casa, macarrão linguine aos frutos do mar (depois não houve mais espaço para sobremesa), mas o vinho foi um Chianti reserva.
Sábado começamos por um passeio em Alexandria, com sol e um pouco de arte. Eis nossa foto do passeio, à beira do Potomac, tirada por uma simpática mãe de família americana (eles todos são simpáticos).
Pela tarde fomos à National Gallery, para duas exposições especiais, dessas que reúnem peças excepcionais, dispersas em diversos museus do mundo, e que não se reunirão mais nos próximos 300 anos: a primeira em torno dos pré-rafaelitas ingleses, que acreditavam que a Idade Média era melhor do que a era da revolução industrial.
Depois obras quase completas de Albrecht Durer, o genio do desenho, colega de tantos outros artistas do Renascimento.
Finalmente, fomos ao shopping Tysons Corner, numa grande Barnes que tem por lá: quase compro o livro mais recente do Ian Morris, mas resisti à tentação, tanto por razões de espaço (minhas estantes já estão cheias), como porque dentro de um ou dois meses vou poder comprar por menos da metade do preço na Abebooks.
Domingo, chuvoso e frio, voltamos, mas sem deixar de fazer mais um museu, desta vez em Newark, para ver o Altar Tibetano e outras maravilhas.
Estradas cheias, mas suportáveis, sobretudo quando o Santo Espírito do GPS nos guia por caminhos alternativos, longe das embouteillages do império... (Roma devia ser assim, também, nos fins de semana...).
Uma viagem perfeita, não fosse pelo excesso de turistas e carros, mas todo mundo tem o direito de ser como nós...
Achei também que o número de asiáticos em Washington (e um pouco em todas as partes) multiplicou-se por dez, desde que deixamos o império dez anos atrás.
Eles estão por toda a parte, agora com família, carros de bebê e tudo a que têm direito...
Assim é...
Paulo Roberto de Almeida
domingo, 22 de abril de 2012
Flanerie a Bologna...
domingo, 29 de janeiro de 2012
Petite randonnée en Europe: en Côte d’Azur, avec les impressionistes... - Paulo Roberto de Almeida
sábado, 28 de janeiro de 2012
Turistando na Europa - blog de Carmen Licia Palazzo
Uma amostra abaixo...
Defeitos de exibição são inevitáveis, quando se transpõe o conjunto do blog, por isso recomendo uma vista ao blog original: http://carmenlicia.blogspot.com/
Divirtam-se, e admirem...
Paulo Roberto de Almeida
Carmen Lícia Palazzo
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Abadia de Notre-Dame de Sénanque
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Viagem pelo sul da Europa a caminho de Paris
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Petite randonnée en Europe: de Évora a Girona, em tempos alternados...
Biblioteca Pública de Évora (cartaz simpático)
Depois de rápida circulada pela cidade murada, e de ver que a Hostaria de Loyos não era lá essas coisas, resolvemos ficar num hotel moderno fora de uma das portas da cidade, o Ibis, da rede hoteleira Accor. Dormimos, ambos, até quase as 15hs, quando saímos para passear novamente na cidade, desta vez a pé, por várias partes. De noite fizemos lanche, em lugar de jantar, pois já tínhamos comido no meio da tarde. E ficamos planejando as próximas etapas do passeio. Na manhã seguinte, sábado 21, saímos do Hotel para visitar a Universidade, em férias até o início de fevereiro: prédio imponente, salas antigas, com azulejos azuis retratando os diversos temas das aulas, catedráticas (já que todas elas tinham um púlpito, suponho que não mais usado). Fiz-me fotografar no púlpito da sala de filosofia grega, e tirei fotos de Platão, Aristóteles e alguns outros companheiros filósofos. Todos eles “falando” em latim, curiosamente...
Seguimos para a Espanha, e almoçamos a cerca de 100kms de Córdoba, nosso primeiro destino no país: comi uma “dorada al horno”, num excelente parador de estrada, mas podia ter comido mais, sobretudo jamón ibérico que deixamos para outro dia.
Petite randonnee en Europe: de Paris a Lisboa, em tres tempos...
Enfim, maneira de dizer...
Estou me referindo ao pequeno circuito que acabo de fazer por metade da Europa (OK, 2/5, apenas), a partir do dia 15 deste mês de janeiro de 2012, apenas como lazer prévio ao trabalho (ele não me pega tão cedo).
Comecei desembarcando, como programado, no Charles De Gaulle, aeroporto que já foi mais impressionante do que é agora, comparado a outros novos monstros na Ásia ou na América do Norte. Serviços franceses, ou seja, quase inexistentes as 7hs da manhã...
Imediatamente comprei um chip para o meu iPhone, que ninguém fica sem comunicação hoje em dia por falta de chip, ou de celular. Telefonei para casa para avisar que tinha chegado bem e, zut, antes que eu me desse conta, os 5 euros de crédito se acabaram num átimo. Tive de comprar mais 25 e depois mais 25 euros, para enfrentar as necessidades pessoais e familiares.
Depois recolhi o carro que esperava por mim, no guichê da Hertz: um Peugeot 3800, diesel, seis marchas, teto solar, todo computadorizado, só faltando falar, ainda que ele apite quando a gente faz alguma bobagem.
Razoável, mas no começo fiquei buscando freio de mão manual: não existe, ele mesmo se encarrega de apertar e soltar, penetrando no seu pensamento e detectando que você quer parar ou começar a andar. Espertinho esse carro...
Fiquei em Paris, no primeiro dia, para rever a capital em que já morei e detectar algumas possíveis mudanças. Tem sim: muito mais carros. Inacreditável massa de veículos para um domingo, talvez porque fosse o último dia da iluminação natalina e de final de ano. Toda a cidade engalanada, a Tour Eiffel iluminada de alto abaixo (ou vice-versa), luzes para todo lado, e carros para todo lado, também. O que eu pretendia que fosse um passeio de meia hora apenas para percorrer os trechos mais conhecidos, acabou levando uma hora e meia de trânsito a 3kms por hora.
Sim, também desisti de comer em algum restaurante do centro, do Quartier Latin, pois não acharia vaga em lugar nenhum para estacionar o carro. Acabei comendo um sanduíche e fui para o hotelzinho que acabei achando do lado de La Défense, para ter um com estacionamento próprio sem que isso me custasse mais uma diária.
Hotel des Ammandiers, em frente ao Théatre do mesmo nome, na Avenue Pablo Picasso, de Nanterre, um bairro universitário, que já teve dias mais movimentados (em 1968, claro).
No dia seguinte, segunda 16, logo de manhã, passei no Banco do Brasil, Avenue Kleber, perto da praça de l'Étoile (Arco do Triunfo, aquela coisa alta, na qual os americanos sobem para ver Paris em perspectiva), peguei meus cartões de crédito, e fui direto para a Embaixada (Cours Albert Premier, perto da praça Alma, onde se come muito bem). Depositei duas malas grandes, para deixar o carro mais leve e viajar com pouca bagagem e fui imediatamente para a estrada, via Porte St Cloud.
Tomei, como estava previsto o caminho de Orleans e Bordeaux.
Orleans foi uma primeira entrada para revisitar essa cidade que já foi mais gloriosa, nos tempos da Jeanne d'Arc, aliás objeto de uma recente controvérsia entre o presidente petit Nicolas Sarkozy e o líder de extrema direita Jean-Marie Le Pen, cada um reivindicando seu direito a homenagear a virgem salvadora da França (pelo menos é o que dizem...).
Catedral de Orleans (em foto rápida de iPhone)
Um almoço rápido num restaurante não tipicamente francês (aliás chinês, mas foi o que achei aberto numa segunda-feira em que tudo fecha), e estrada de novo, sem parar, em direção ao Sudoeste (o sol que descamba à frente do carro é um terror para dirigir).
Felizmente o tempo estava frio mas seco, sem um traço de chuva nas estradas, sem qualquer ameaça de neve: ótimo para chegar a pontas de 180kms/h.
A Espanha apareceu já no começo da noite, direto a San Sebastian (mais ou menos 800kms de Paris), a primeira cidade importante no norte, país basco. Também quase tudo fechado, mais de 21hs: felizmente apareceu um lugarzinho para estacionar bem em frente do Melia Tryp Orly, Plaza Zaragoza, a dois passos de uma lanchonete, à base de tapas (as, não os) e cerveja: comi um "hamburguer" de ternera (era o mais razoável), uma cerveja, justamente, e fui direto para o Hotel, onde coloquei o carro na garagem. Preço mais do que razoável, comparado ao resto da Europa, e isso não sei por causa da crise, ou da época, praticamente vazia de turistas gastadores...
No dia seguinte, ou seja, terça-feira 17/01, sai como programado, mas com algumas visitas no caminho. Primeira parada: Bilbao, que eu já conhecia, mas sempre é bom rever velhos amigos.
Fui imediatamente ao Guggenheim da cidade, para ver se ele ainda estava lá, e como parece óbvio, não se mexeu, nem ficou mais escuro, desde minha primeira e única visita, alguns anos atrás. Impressionante, por fora, pois por dentro continua com pouca coisa, dependendo mais de exposições temporárias e de empréstimos de outros museus do que de coleções próprias.
Guggenheim de Bilbao (esse iPhone até que é razoável para fotos rápidas)
Burgos, logo mais abaixo, foi a próxima etapa, onde almocei muito bem, num restaurante do centro da cidade, por um preço modestíssimo para a excelência da comida (e do vinho, que não devia ter exagerado, mas exagerei). Tirei algumas fotos, cuja postagem fica reservada a outra oportunidade.
Deixei de entrar em Valladolid e Tordesillas, que já conhecia de visitas anteriores, mas entrei em Salamanca, já que ela tem fama de "estudiosa" (pelo menos os padrecos de antigamente anteciparam Adam Smith, no estudo de questões econômicas, ou pelo menos em detectar a inflação que acometeu a Espanha da espoliação americana, inundado por ouro e prata em quantidades inacreditáveis para os padrões da época).
Salamanca tem a famosa casa das conchas, cuja foto tirei, mais uma vez:
Casa das Conchas (Salamanca)
A partir de Salamanca, pretendia dormir no parador de Zamora, que conhecia de viagem anterior, mas resolvi seguir adiante, já que eram apenas 18hs. E lá fui, pelo norte de Portugal, em lugar do centro, pois pretendia passar pelo Porto, onde não tinha estado ainda.
Montanha, frio, noite, estrada pequena, fui até Bragança, apenas, uma centena de quilômetros adentro de Portugal. Não posso reclamar do hotel, San Lazaro, o melhor da cidade, também por um preço razoável (e um jantar à base de spaghetti aos frutos do mar, com um bom vinho da região). Mas isso depois que me perdi três vezes na cidade, tendo chegado até o castelo.
Não acordei cedo, mas ainda assim cheguei no Porto para o almoço, que fiz à beira do mar, no restaurante Shi, em Matosinhos, norte da cidade, mais exatamente na foz do Douro (que vinha seguindo desde a Espanha, mas o danado se chamava Duero, então).
Pela primeira vez na viagem, pode-se dizer que fiz haute gastronomie: vieiras grelhadas, com foie gras, chutney de manga e alcachofra, de entrada, e lulas recheadas de camarão, como principal, tudo isso acompanhado por um bom vinho do Douro, tinto, Touriga, Castelo D'Alba (a 18 euros, acho que valeu).
Já estava então a 2 mil kms de Paris, e satisfeito...
Mulheres de pescadores, desesperadas com o desaparecimento de seus maridos, tragados pelo mar (escultura na praia de Matosinhos, norte do Porto)
Continuei, ainda que borracho, pois tinha de chegar a Lisboa, para esperar a Carmen Lícia (e comprar um presente, antes dela chegar). A despeito do vinho, do sono, do sol sempre incomodando, fui descendo, entre a autoestrada e pedaços da nacional, parando em algumas cidades pelo caminho.
Coimbra foi uma etapa óbvia, mas eu já conhecia e me contentei com algumas fotos, aqui e ali. A universidade deve ter sido boa, antigamente, hoje me parece dentro dos padrões portugueses normais (e vocês entendam o que desejarem por isso). Preferi enquadrar o criador do reino de Portugal, um gajo que teve lá o seu valor...
Estátua de Dom Dinis, em frente à Universidade de Coimbra
Feito isso, ainda enfrentei o sono e o cansaço para ir dormir numa cidade que é o símbolo de Portugal: Batalha. Pois foi nas batalhas contra os mouros que o reino de Portugal se fez.
Catedral de Batalha (túmulos dos reis fundadores)
O hotel ficava bem perto do mosteiro, e tinha um banheiro que era um gelo, a despeito do quarto ser aquecido: estamos falando de um frio a zero grau, e a solução foi tomar banho no vapor quente, com torneira e chuveiro amplamente ligados a toda...
Nessa noite fui jantar num restaurante perto do hotel, chamado de Vinho em Qualquer Circunstância, abreviado para este último nome: comecei com um folhado com queijo de cabra e depois enfrentei (é o caso de se dizer) um bacalhau a Pipo, regado a um rosé da região, Casa do Valle. Não posso reclamar da comida, ainda que o preço tenha destoado dos últimos dias. Enfim, o prazer valeu a fatura.
No dia seguinte, refeito do banho no vapor, visitei rapidamente a catedral, túmulo de vários reis portugueses (os pais fundadores, algumas mães também) e enfrentei novamente a estrada, direto a Lisboa, onde primeiro fui fazer compras (presente para Carmen Licia, que desembarcava no dia 20, mas que fazia aniversário em 24 de janeiro), e depois fui para o Hotel Lutecia, perto da saída para o aeroporto.
Jantar à base de bacalhau e vinho do Alentejo; bom, condizente com as 4 estrelas do hotel.
Justamente, acordei as 5hs da manhã, para buscá-la na chegada do voo da TAP de Brasília.
Nem entramos em Lisboa, pois seguimos direto para Évora, via nova Ponte Vasco da Gama.
Manha fria, com trechos de bruma, ou neblina, vocês escolhem.
Évora é uma cidade murada, cuja parte histórica está toda cercada de muralha e portas. A universidade fica na parte nordeste da cidade, que visitei na manhã seguinte à minha chegada, dia 21, portanto.
Mas sobre essa etapa falarei depois.
Paulo Roberto de Almeida
(feito em Saint Raphael, Côte d'Azur, em 25/01/2012)