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domingo, 10 de julho de 2016

Trilogia petista: A Grande Farsa, A Grande Ilusão, A Grande Mentira - Marcos Fernandes G da Silva

Marcos Fernandes examina o conjunto da obra, que ele intitula aproveitando os enredos de três grandes filmes, sob os conceitos de farsa, ilusão e mentira. Eu acrescentaria o título de A Grande Destruição, que já foi objeto de um trabalho meu, em inglês, antecipando sobre um outro trabalho que pretendo concluir sobre os crimes econômicos do lulopetismo. Tratamos mais ou menos dos mesmos temas, com abordagens diferentes, mas complementares.
Gostaria de acreditar que o lulopetismo foi uma doença de pele, ou seja superficial, que logo passará, mas ela pode ter deixado sequelas irreversíveis e ter também contaminado as mentes, o que é muito provável e torna a cura mais complicada. Trata-se, aliás, de uma enfermidade comum a várias nações da América Latina, uma combinação de demagogia, populismo, estatismo, intervencionismo, autoritarismo e muita corrupção, agravada, no caso brasileiro, pela existência de uma organização criminosa, travestida de partido político, que assaltou o poder central em 2003 e que dele não pretendia mais se dissociar, utilizando-se, para isso, de métodos neobolcheviques.
Conseguimos nos livrar dos meliantes no poder, mas outros continuam nele incrustados, com a conivência e a colaboração de mandarins altamente colocados, sem mencionar o sistema político, disfuncional. E temos ainda o problema das mentalidades, que não podem ser trocadas por mandados de prisão ou condenações oficiais.
Uma longa batalha temos ainda pela frente.
Paulo Roberto de Almeida 

Datas dos textos abaixo (na cronologia inversa de transcrição): 17 e 23 de junho e 4 de julho de 2016

7 hrs ago20 min read

Uma trilogia do lulopetismo: a Grande Farsa, A Grande Ilusão, A Grande Mentira

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CONVIDADOS ESPECIAIS

Uma trilogia do lulopetismo: a grande mentira

Por Terracoeconomicojul 04, 2016Sem comentários

“O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos.”

Darcy Ribeiro

“Brasil, o País do Futuro”

Título do mais conhecido livro de Stefan Zweig

Advertência: calma, muita calma leitor anti-petista ferrenho, pois neste terceiro de três artigos não defenderei que tudo o que os governos Lula I e II e o governo Dilma I e mezzo 2 fizeram foi inútil, mentira, errado. Na verdade, quase tudo, mas não a totalidade das ações e políticas de governo.

A Grande Mentira. Qual foi a cartada de mestre (Ace in the Hole) dada pelo governo petista em 2014? Qual foi sua grande mentira? Por que ela foi usada? Este é o último de três artigos que tentam desvendar a farsa, a ilusão e a mentira implícitas dos governos petistas. Mas, não, não foram as pedaladas em si somente o enredo da Grande Mentira: há algo mais sutil, como veremos.

Billy Wilder (1906–2002) foi um dos mais importantes cineastas que migraram para os EUA e sem dúvida um dos que mais cinicamente criticaram os valores hegemônicos americanos no pós guerra. Podemos atestar isso pelos roteiros e estórias que escolhia, pela forma de dirigir, pelo humor ácido em The Apartment (Mundo do Trabalho), por exemplo ou pela degradação produzida da fama e vaidade em seu próprio meio Sunset Blvd.

Qual seria seu melhor filme? Difícil sempre é responder este tipo de questão. Qual é o melhor Kubrick? O melhor Allen? O melhor Coppolla (este talvez seja mais fácil, The Godfather II, mas quem esqueceria The Conversation?). Dependendo do momento, dependendo do gênero, nossa hierarquia se altera. No caso de BW, quando pendo na crise moral engendrada pelo governo Dilma, vêm-me à mente como o melhor Ace in the Role.

O repórter fracassado, caçador de notícias sensacionalistas, depois de sua última demissão (por mais do que justa causa) Charles Tatum (Kirk Douglas) vai parar em Albuquerque, Novo México. Na procura por trabalho, consegue um no jornal da cidade. Com o passar do tempo e sem nada de relevante para cobrir — Albuquerque nos anos 50 do século passado não era bem LA — vê-se, por ordem do chefe, na obrigação nada desafiadora de fazer uma reportagem sobre uma corrida de cascavéis no interior.

No caminho para o local do certame reptiliano, ele e o fotógrafo que o acompanha fazem uma parada corriqueira num posto de gasolina e descobrem que um cidadão local, Leo Minosa, estava preso em uma mina. Tatum, enfim, está diante de uma potencial matéria de destaque, quiçá não somente regional, mas de âmbito nacional. Ele constrói várias mentiras — não serei spoiler — para fazer a matéria render. Mas, a pior estava baseada no atraso deliberado do resgaste do infeliz, já que havia descoberto uma forma de tirá-lo de lá rapidamente, mas ele a oculta de todos. Quanto mais durasse a notícia, mais dramática ficava a situação, mais matérias ele poderia escrever, maior seria sua notoriedade e, quem sabe, conseguiria emprego num grande jornal, talvez na Califórnia. Ademais, passaria ainda a imagem de amigo de última hora da vitima e de seu salvador. O que acontece ao final? Não serei spoiler II, mas acho que dá para inferir…..

As mentiras de Dilma foram trágicas e moralmente condenáveis como as atitudes de Tatum. Em 2013 e principalmente em 2014, já havia evidências de que algo de podre estava a ocorrer na condução da política fiscal. A bem da verdade, na monetária também. Contudo, vários economistas alentavam para este fato e o surgimento da contabilidade criativa. A proximidade entre Arno Agostin e Dilma não era segredo. Vamos lembrar que Barbosa sai do governo por não aceitar a política fiscal implementada.

Os resultados de tudo isso todos conhecem, ocioso perder tempo aqui com eles. Mas é bom lembrar como se deu a construção de uma narrativa da mentira, principalmente logo após a Copa de 2014, quando enfim a campanha eleitoral ganha fôlego. Lembremos que o discurso da Presidente e de sua campanha era de que a economia estava em ordem e que os outros candidatos vinham com discursos catastrofistas, de complexo de vira lata.

Com a ajuda de seu marqueteiro, as peças publicitárias usadas contra a oposição, notadamente contra Marina Silva, passaram do limite do aceitável em termos de mentira e construção de discurso meramente obscurantista. Vamos lembrar dois filmes importantes dessa campanha, que cá entre nós, contribuiu para rachar de vez o país num maniqueísmo torpe de coxinhas e petralhas. A primeira peça de propaganda que faria Goebels levantar do túmulo e aplaudir é aquela sobre a independência do Banco Central. Parem um pouco de ler este artigo e o vejam, agora com um certo distanciamento temporal e emocional. O vídeo é violento, desinforma sobre algo importante em termos de educação econômica e chega a ser leviano. Mas é eficaz para a construção de uma narrativa da mentira.

Considerem outro vídeo, sobre “se Dilma não for eleita vocês voltarão de onde vieram, da classe pobre”. A estória contada é voltada exatamente para os milhões de brasileiros que ascenderam à chamada classe C. Se qualquer outro candidato ganhasse, haveria a perda de todas as conquistas. Claro, campanha é campanha, mas há limites — ou deveriam haver. Os eleitores de Dilma descobririam que as perdas viriam com Dilma mesmo. Boa parte delas e deles não entende a razão — como em qualquer democracia de massas, assim as coisas se dão.

O mais interessante é ver alguns petistas e simpatizantes — isso também foi dito por ex-ministro — que, agora, com a baixa popularidade de Dilma, atesta-se que “os pobres” são ingratos, que deveriam saber que foi o lulopetismo que os colocou numa melhor situação. Isso é mentira.

Vamos lá, desconstrução de uma narrativa mentirosa.

Lula foi essencial para o Brasil, assim como o PT o é, não era. Os governos de Lula colocaram o combate à desigualdade extrema e à pobreza na agenda das políticas de Estado. Nossas elites são extremamente conservadoras e o discurso hipócrita da meritocracia sempre foi a regra quando do debate sobre pobreza e desigualdade. Sabemos que meritocracia é um valor em si — ou deve sê-lo — quando falamos de diferenças de riqueza e renda entre iguais, ou mais ou menos iguais. Do contrário, tal discurso é insensato. “Sem igualdade de oportunidades, falar de meritocracia é piada”, diria Ricardo Paes de Barros recentemente ao Valor.

Parte da divisão que há hoje no Brasil entre coxinhas e petralhas existe também devido à resistência dos endinheirados — muitos nem tanto — a aceitar que os mais pobres que haviam ascendido tivessem o direito de “participar da festa”. A economia política do desenvolvimento indica-nos que mentalidades custam a mudar, mesmo quando as condições objetivas de produção já mudaram. Mas parte dessa confusão foi, repito, explorada como tática de propaganda no nível de “Protocolos dos Sábios do Sião” pelo agora encarcerado João Santana, reforçando maniqueísmos e mentiras que, como salientei em parte nos dois artigos que antecedem a este, duram pouco. A verdade se impõe.

A queda na desigualdade e na pobreza é obra de FHC I e II e de Lula I e II, mas também de fatores exógenos. Vamos lá: quais seriam as causas da melhoria dos indicadores sociais, principalmente Gini e pobreza? Até onde sabemos, pois isto é objeto de estudo de muitos economistas hoje em dia, seriam:

  1. O controle da inflação feito pelo Plano Real, bem como o relativo, parcial, saneamento das contas públicas, diminuiu sensivelmente o imposto inflacionário que atingia os mais pobres e permitiu ao Estado ter condições de implementar políticas públicas sociais, a começar pelas mandatórias, estabelecidas na Constituição de 1988, aliás não assinada pelo PT;
  2. Por falar na “Cidadã”, a necessidade legal de sua implementação de facto, não apenas de jure, impôs aos governos FHC a necessidade de aumentar o gasto social;
  3. A transição demográfica que ocorre em função da urbanização acelerada do Brasil, entre os anos 50 e 80 e a inflexão na taxa de crescimento populacional e na fertilidade vão surtir resultado na primeira década do Século XXI, com uma mudança estrutural no mercado de trabalho;
  4. O crescimento promovido por Lula I — que não foi somente “efeito China”, mas também de reformas microeconômicas liberais implementadas durante o governo — puxou tanto o emprego como a renda do salário dos mais pobres, lembrando que houve formalização do trabalho e aumentos do salário mínimo (inconsistentes agora, mas ocorreram);
  5. A partir da segunda década deste século começam a aparecer os frutos do Bolsa Família (que não é uma política de redistribuição de renda numa mesma geração, mas intergeracional), com mão-de-obra jovem mais qualificada, o que, com crescimento, eleva o salário dos mais pobres mais do que os dos mais ricos.

Há ainda muito o que se estudar — e até se questionar sobre o acima afirmado — mas não foi o simples fato de Lula entrar que o Brasil melhorou em termos de desigualdade e pobreza. Existem lagsde causalidade. Causação é um conceito científico para lá de importante e por isso o ensino de ciências — cabe aqui breve comentário — é tão importante para o desenvolvimento do raciocínio crítico. Se qualquer um pegar tabelas de Gini e pobreza verá que a partir de 2003 tudo começa a mudar, para melhor. Pois é, mas existem causas, principalmente quando trabalhamos com tempo e fenômenos complexos como o social (isso vale para os meteorológicos também, por sinal), espalhadas pelos anos, pelo passado. Seus efeitos demoram para aparecer.

A Grande Mentira não foi somente a enganação deliberadamente colocada na campanha eleitoral de 2014, estelionato. Ela se baseia na construção de uma narrativa falsa. Repito, o mérito dessa esquerda meio estranha, que dá dinheiro do trabalhador para eikes batistas, foi realmente colocar a pobreza e a desigualdade como problemas a serem atacados. Mas, afirmar que foram as políticas do lulopetismo, somente elas, responsáveis por isso, é má fé ou ignorância econômica ou, como sempre digo, um pouco de cada uma.

Não vou rediscutir aqui algo que o eleitor já deve estar cansado de saber. A Grande Mentira se baseou também nas pedaladas, na contabilidade criativa, na destruição sistemática da ordem fiscal e monetária conquistada a duras penas. Para mim isto é chover no molhado. Neste artigo, contudo, desejei apenas finalizar a trilogia dando destaque a uma mentira, nem sempre revelada como tal.

Mas devo reconhecer que a “Nova Matriz Macroeconômica” não foi fruto da desonestidade, mas da ignorância econômica mesmo. O que preocupa é ainda uma certa esquerda, petista e do PSOL, ignorante em termos de economia. Melhor dizendo, a falta de conhecimentos básicos de economia por parte dos intelectuais orgânicos do PT e PSOL — e a racionalização que fazem sobre os fracassos com os apelos a teorias conspiratórias e a devoção a uma crença voluntarista — são entraves não somente para o sucesso eleitoral desses partidos, mas também para a construção de um debate mais honesto e informado sobre políticas econômicas e sociais. Neste sentido, recomendo fortemente a leitura de artigo recente na Folha de São Paulosobre economia e a esquerda daquele que hoje considero o principal intelectual à esquerda no Brasil, Celso Rocha de Barros.

Antes de acabar, um breve comentário. O que queremos ser? Creio que a maioria dos brasileiros quer crescimento, estabilidade monetária e combate às desigualdades e pobreza. Este foi o sinal dado pela reeleição de Lula e pela eleição daquela que nem vereadora foi, Dilma Rousseff. Creio que desejamos mais. Precisamos buscar nosso sonho. Em geral brasileiros oscilam entre a utopia e a distopia, ambas irracionais. O Brasil é ainda half full, half empty, mas o momento pelo qual passamos nos coloca do lado “meio cheio”, ao contrário do que a leitura comum que se faz do país hoje coloca (leitura distópica).

Millôr Fernandes escreveu, “Brasil, o país do faturo”, Paulo Francis, “Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso”, Raymundo Faoro, “Acho que a história do Brasil é um romance sem heróis”, Stanislaw Ponte Preta, “A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”, Millôr, mais uma vez, “O Brasil é realmente muito amplo e luxuoso. O serviço é que é péssimo”, Roberto Campos, “O Brasil é um país que não perde uma boa oportunidade de perder uma boa oportunidade”, Barão de Itararé, Aparício Torelli, “O Brasil é feito por nós. Só falta agora, desatar os nós”.

Há algo de verdadeiro sobre nós nestas frases? Sim e não. Há algo que o dinamismo econômico, social e informacional do país passa a não tolerar, talvez muito do que subliminarmente acima está colocado. Nossa mania nacional é tentar prever o passado, como seríamos se não o fossemos. Creio ser mais sensato desenhar o futuro, a partir do que somos.

Nota: recomendo aqui a leitura, com apresentação de Caetano Veloso, de Trópicos Utópicos, de Eduardo Giannetti da Fonseca, lançado dia 27 de junho, pela Cia das Letras. Vale!

MARCOS FERNANDES G DA SILVA, pesquisado associado de políticas públicas (CEPESP/FGV), professor de microeconomia, ética e governo (FGV/EAESP e Escola de Direito de São Paulo da FGV) e economista da Fundação Getulio Vargas marcos.fernandes@fgv.br

Uma trilogia do lulopetismo: a grande ilusão

Por Terracoeconomicojun 23, 2016Sem comentários

“Há máquinas de felicidade dispendiosas, que funcionam com enorme desperdício, e há outras económicas, que, com as migalhas da sorte, criam alegria para uma existência inteira.”

Joaquim Nabuco

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“A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta, porque é eterna. “

Ruy Barbosa

Advertência: calma, muita calma leitor anti-petista ferrenho, pois neste segundo de três artigos não defenderei que tudo o que os governos Lula I e II e o governo Dilma I e mezzo 2 fizeram foi inútil, mentira, errado. Na verdade, quase tudo, mas não a totalidade das ações e políticas de governo.

A Grande IlusãoA Grande Ilusão (1949) talvez seja um dos mais subestimados filmes americanos do imediato pós-guerra, mas se trata de obra fundamental. Não somente pela reflexão nua e crua que faz da evolução da vida de um político idealista que se transforma num pulha corrupto, mas como uma obra de arte em si.

All the King’s Men, título original, assim como sua tradução no Brasil, não reflete bem o conteúdo do filme. Em outros países e idiomas, ele ficou melhor, tal são os casos de Portugal (A corrupção do poder), França (Les fous du roi), Espanha (El Político) e Argentina, México e Chile (Decepción).

A estória é simples, mas a forma como é narrada, dramática. Um advogado Willie Stark (Broderick Crawford), a princípio sem intenções políticas — ou aparentemente — dedica-se à defesa dos direitos em geral de minorias e grupos mais pobres da comunidade. Tal atuação dá-lhe fama e prestígio, de defensor dos direitos civis e contra os poderosos. Sua reputação passa a ser — e o era — de cidadão honesto, trabalhador, low profile e defensor desinteressado dos mais fracos.

Stark conquista a simpatia de boa parte do eleitorado e das massas em geral, em boa parte devido ao seu trabalho, mas também por sua forma simples, meio red neck caipira, um tanto populista também. Entretanto, com o passar do tempo, o advogado popular coloca para si outro objetivo: a carreira política. Stark torna-se muito poderoso e, dramaticamente, vê-se abraçado pelo abuso de poder e corrupção.

Na verdade, o filme, pelos títulos atribuídos nos países acima, poderia ter um subtítulo: o desapontamento com relação a um político corroído pela corrupção e pelo poder. Essa é a estória, em parte, da grande ilusão pela qual passamos aqui no Brasil, entre 2003 e 2013. O governo Lula começa com uma farsa, a de atribuir o problema do Brasil a uma suposta herança maldita de FHC e que não havia programas e gastos sociais antes de Lula. Do lado criminal, a farsa tem manchas de sangue: o assassinato de Celso Daniel, a sina, a marca da maldade genética do lulopetismo.

A política econômica de FHC foi a melhor possível, dentro das restrições externas — Lula nunca pegou uma sequência de crises como FHC. De fato, a reação contra a grande crise de 2008 foi correta, mas somente foi possível devido à existência das políticas macroprudenciais praticadas por FHC e herdadas pelo governo Lula, dado o pragmatismo dele e Palocci, e a escolha de uma equipe econômica — e um ministério nas áreas-chave — de elevada qualidade.

Vamos lembrar um pouco o que acontece logo que Lula começa a montar sua equipe, uma vez vencidas as eleições. Para os mais jovens, aqui vai uma estória sobre a arrogância dos economistas campineiros e da Federal do Rio de Janeiro (não todos, mas a dos grupos hegemônicos nestas academias). Contei parte deste enredo no artigo passado (A Grande Farsa); agora agrego detalhes sobre as sórdidas negociações de bastidores.

Um passo atrás, contudo. Quando Ciro Gomes sai do páreo, no primeiro turno das eleições de 2002, ficam Lula e Serra. A agenda econômica de Ciro foi elaborada por economistas qualificados. Ainda no primeiro turno, José Alexandre Scheinkman aceitou convite de Ciro Gomes para elaborar uma agenda econômica e social para o Brasil. Scheinkman lecionava em Princeton na época e não queria se dedicar integralmente. Como conhecia Marcos Lisboa, na época professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (EPGE/FGV), pediu para ele o ajudar na tarefa.

Palocci, pragmático e racional, diante da reação negativa ao “programa” de Lula e a todas esquesitices e anacronismos alardeados por anos sobre dívida externa, pública e política econômica, literalmente pega a agenda de Ciro e com ela, Marcos Lisboa e outros colegas.

Carta ao Povo Brasileiro, de PT-Lula, cuja função era pacificar os mercados e boa parte da Nação, já tem em si mesma os princípios de política econômica que seriam implementados, de fato, no início do governo Lula. Nesse interim, contudo, Maria da Conceição Tavares, reconhecidamente leve e educada ao falar, ataca Marcos Lisboa e toda a equipe ao redor. Baseado na agenda, Palocci anuncia logo ao início de 2003 o documento “Política Econômica e Reformas Estruturais” e Conceição (representando o “pensamento” da UFRJ e satélites) chama Marcos de débil mental (sic), com sua habitual delicadeza e educação, vocacionada para a humildade. Bem, eu já fui vítima de MCT, conto isso num artigo do JOTA, quando em 1988, em pleno Instituto de Estudos Avançados da USP tomei uma “microfonia” (microfonada: ser atingido por um microfone deliberadamente atirado por alguém de forma intencional). Por fora, a UNICAMP, Instituto de Economia, atacava por outro flanco, tentando emplacar Ricardo Carneiro.

Graças a Deus prevaleceu a sabedoria política de Palocci e Lula. As políticas, micro e macroeconômica, estavam bem guardadas e foram aperfeiçoadas, se comparadas ao período FHC. Na área social, contudo, José Graziano da Silva e equipe de petistas patinava na política social prioritária, o Fome Zero. Como prenúncio da Grande Mentira que viria mais tarde com o discurso da crise de 2015, que é de 2014 em diante, na verdade, e da narrativa “Num vaiê tê Golpi”, os petistas “esqueceram” que quem salva a política social de Lula e carro chefe do lulopetismo, o Bolsa Família, é Ricardo Paes de Barros, com o aval do desprezado e imperialista Banco Mundial.

O programa foi dado de presente a Lula e Ricardo Paes de Barros vai aperfeiçoar, com Marcos, os programas herdados de FHC, unificando-os, reduzindo assim custos de transação (gestão) e focalizando o gasto social, que é, no caso do Bolsa Família, condicionado a incentivos, para evitar os tortos e maximizar o objetivo do programa: alimentação e educação.

Qual foi a reação da esquerda, na época inclusive com políticos que viriam depois a formar o PSOL? “Política social neoliberal” foi a qualificação mais polida. Mais uma vez, a economista líder, o farol da sabedoria do petismo e do esquerdismo pateta nacional, Maria da Conceição Tavares afirma: “A focalização foi experimentada e empurrada pelo Banco Mundial na goela de todos os países e deu uma cagada”. Cagada, e de proporções inimagináveis, dá em tudo em que o lulopetismo, sem a prudência econômica, toca, como viríamos mais tarde, com a Grande Mentira (objeto do derradeiro artigo desta sequência). Necessitamos de pesquisas em coprologia avançada para decifrar todo este pensamento econômico.

Logo, a política econômica não foi petista, nem a social. Mas, claro, o mérito de Lula, não dos petistas, foi colocar o combate à fome — lembrem-se sempre de Betinho, “o irmão do Henfil” — e a luta por justiça econômica e social (direitos civis para minorias) na agenda. E isso não é pouca coisa num país ainda com uma elite econômica reacionária, em muitos casos, que acha que Bolsa Família é mero “dar o peixe e não ensinar a pescar” e que “nordestino e pobre não sabem votar”. Afinal, o primeiro Presidente que veio mesmo a representar todos nós — e fincado na maioria da população, foi Lula. Pena ter se traído e produzir uma profunda decepção.

Logo, embora seja mentira dizer que “nunca antes na história deste país” investiu-se no social, pois ogasto social cresce mais exatamente em FHC, pode-se afirmar que Lula tem o mérito inquestionável de colocar na agenda, como política de Estado, combater as desigualdades e pobreza. Sim, é mentira com todas as letras afirmar que não houve gasto social durante FHC I e II, mesmo pois isto seria impossível, pois a constituição começou a ser implementada. Vamos lembrar que nunca se assentou tanto como em FHC.

Em termos de taxas — nunca esqueça de logaritmo e de derivadas — é claro que cresceu muito o gasto social em FHC, dado que saímos de um patamar muito baixo.

Mas se pegarmos os dados sobre desigualdade e pobreza observamos que elas caem a partir de 2003. Isso quer dizer que o índice de Gini viu que Lula assumiu o poder e falou para si mesmo “ops! É hora de cair”? Não, a queda na pobreza, que é uma coisa, e da desigualdade, que é outra, têm várias razões, algumas fortuitas (em termos, veremos), outro resultado de política econômica racional e responsável e, em parte, políticas sociais do governo Lula, basicamente neoliberais, como eles, petistas e psolistas, gostam de dizer.

Mas, como esta parte da estória tem relação com a Grande Mentira, isso ficará para nosso próximo artigo. Veremos a cartada de mestre (Ace in the Hole) do lulopetismo e do dilmismo, sua versão degenerada, temperada pela marca da maldade da corrupção e do crime de responsabilidade que, com justiça, custaria colocar a cabeça de Dilma a prêmio.

A balada de políticos corroídos pela corrupção e pelo poder ou a balada de Lula Stark Dirceu da Silva.

MARCOS FERNANDES G. DA SILVA, pesquisado associado de políticas públicas (CEPESP/FGV), professor de microeconomia, ética e governo (FGV/EAESP e Escola de Direito de São Paulo da FGV) e economista da Fundação Getulio Vargas marcos.fernandes@fgv.br

Uma trilogia do lulopetismo: A Grande Farsa

Por Terracoeconomicojun 17, 20162Comentários

“A popular government without popular information or the means of acquiring it, is but a prologue to a farce, or a tragedy, or perhaps both.”
James Madison

Convidados Especiais | Marcos Fernandes G. da Silva*

Advertência: calma, muita calma leitor anti-petista ferrenho: nestes três artigos não defenderei que tudo o que os governos Lula I e II e o governo Dilma I e mezzo 2 fizeram foi inútil, mentira, errado. Na verdade, quase tudo, mas não a totalidade das ações e políticas de governo.

A Grande FarsaThe Third Man é um dos filmes mais brilhantes de todos os tempos e com uma apresentação e trilha sonora comparáveis somente às de The Touch of Evil, estrelado e dirigido por Orson Wells (a atuação do elenco é matadora, Charlton Heston — excelente, por incrível que pareça — Janet Leigh, Marlene Dietrich).

Baseado no livro homônimo de Graham Greene e com um elenco de tirar o fôlego (Orson Welles, Joseph Cotten, Alida Valli, Trevor Howard) e com a direção de Carol Reed, The Third Man narra a estória de um anti-herói, um escritor medíocre, Holly Martins, que vai para a Viena destruída bem ao final da Segunda Grande Guerra encontrar um amigo e descobre que ele, Harry, morreu. Holly decide investigar o caso e começa a desconfiar das explicações dos conhecidos de Harry para sua morte. Não vou ser spoiler, mas na medida em que vai descobrindo a verdade — e se apaixonando por Ann, namorada do falecido amigo — caminha para sua própria desgraça, encarando sua profunda e inexorável mediocridade.

A estória de Greene, como de hábito, é uma grande farsa. Voltaremos, contudo, ao outro filme aqui citado, mas no último artigo desta trilogia (A Grande Mentira). A natureza de uma farsa se baseia numa mentira que, contada ad nauseiam, transforma-se em verdade. Vejam o filme.

Mas o nosso aqui não foi belo, nem teve boa trilha sonora. O governo Lula começa com uma grande farsa e, ironicamente, parecido com The Third Man, com conteúdo de film noir, dado pelo assassinato misterioso do colega de FGV e da USP, Celso Daniel. Vendo o passado com os óculos do presente, aquilo bem que foi um aviso. Roteiro feito.

O lulopetismo baseou-se em três argumentos que ajudaram a montar a grande farsa, a grande ilusão e a grande mentira:

  • Havia uma herança maldita de FHC herdada por Lula;
  • Toda a política econômica de FHC era errada.
  • Nunca antes na história deste país investiu-se no social;

Vamos desmontá-los um a um, mas neste primeiro artigo ficamos apenas no primeiro. Qualquer um que lesse o programa econômico do PT sairia correndo aos berros pelas ruas da cidade. Aquela gororoba pregava tudo de errado em termos de política econômica, de calotes a controles de mercados. Naquele contexto, com Lula, antes do primeiro turno, crescendo, com ele indo ao segundo turno e diante dos sinais de que o candidato Serra não decolava, os mercados reagiram. Reagiram colocando “o dólar a 4”.

Entre o segundo turno e as eleições fica claro que Lula deve firmar um compromisso, racional, crível e razoável em termos de política econômica. Ciro Gomes não passa para o segundo turno e, em boa parte, sua agenda econômica, a chamada “agenda perdida”, cai nas mãos do PT. O realismo político de Lula levou-o, corretamente, a abraçar as propostas e fazer a Carta aos Brasileiros. Nunca confiou, com razão, em seus economistas com papo groselha, Guido e Mercadante: ambos, Mercadante com mais “profundidade argumentativa”, orientaram Lula a criticar o Plano Real e a falar na eleição que levaria FHC para seu primeiro mandato que o plano fracassaria. Lula não engoliu nem engole mais os dois. Lula é inteligente e racional.

Mas a grande farsa começa com uma estória, essa sim, digna de John Le Carré. Matias Spektor, professor e pesquisador de relações internacionais da FGV, narra, em seu brilhante e essencial livro,18 Dias, como FHC não somente ajudou Lula — que sempre foi mal criado, ingrato, arrogante e soberbo (erro) — mas efetivamente avalizou-o e o PT diante dos mercados e dos republicanos americanos. Notem que os republicanos, naquele momento, eram linha dura, apoiaram um fracassado golpe de estado na Venezuela contra Chaves e Wall Street iria quebrar o Brasil: Soros foi explícito ao afirmar que nos detonaria, simples assim.

O título completo é 18 dias: quando Lula e FHC se uniram para conquistar o apoio de George W. Bushe nele Matias nos narra, com tons de romance de diplomacia e intrigas, como Lula e FHC uniram-se em 2002 para apagar um incêndio de enormes proporções, talvez a mais grave crise internacional e diplomática que o Brasil já enfrentou. Os republicanos, apesar do final da Guerra Fria há mais de década, temiam o populismo de esquerda na América Latina. Havia clara percepção de que Lula e o PT engendrariam um Eixo do Mal na região. Lembremos que a política internacional dos EUA sofre uma inflexão radical após o 11 de Setembro de 2001 e havia a percepção, não importa se certa ou errada, mas era a crença do governo americano, que tal eixo poderia se aliar ao outro, envolvendo Irã. Matias entrevistou Condoleeza Rice: é de arrepiar, corremos um risco enorme.

Ver mais sobre o livro

Na eminência de uma crise diplomática, que se tornaria econômica e política, Fernando Henrique e Lula despacharam enviados para os EUA: até Dirceu foi, apesar de não saber inglês. O resultado, dada a sabedoria e pragmatismo de Lula, a articulação de FHC e um pouco de sorte, foi melhor do que o esperado. Bush teria dito a Soros e aos republicanos linha dura: “Lula é de esquerda, mas é meu amigo”.

Podemos dizer que Lula e Bush tornaram-se amigos. Bush aproximou o PT dos republicanos e dos Estados Unidos e de Wall Street. Recomendo a leitura, pois o livro ajuda a desmontar um dos argumentos da grande farsa. Spektor, que é também pesquisador do CPDOC da FGV pesquisou vários documentos secretos e entrevistou os presidentes Lula e FHC.

Logo, FHC não somente passou uma economia devidamente ajustada — com problemas ainda, fato — estabilizada, com os esqueletos na sala, mas pelo menos às vistas, com LRF e princípios fiscais que Dilma destruiria na sua Grande Mentira, mas também ajudou a pavimentar o governo do PT. Eu acreditava, àquela altura, que finalmente o PT se transformaria num partido social democrata moderno, responsável, racional e razoável em termos de política econômica e ativo, em termos de políticas sociais. Sonhei, sonhei que estavas tão linda: foi a Grande Ilusão.

*MARCOS FERNANDES G DA SILVA, pesquisado associado de políticas públicas (CEPESP/FGV), professor de microeconomia, ética e governo (FGV/EAESP e Escola de Direito de São Paulo da FGV) e economista da Fundação Getulio Vargas marcos.fernandes@fgv.br

***As opiniões aqui omitidas são de responsabilidade do autor do texto***

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Claudio Fritschak, um dos maiores especialistas em infraestrutura do país, diz que é hora de discutir o assunto

Por Márcio Juliboni

Esqueça as rodovias e os aeroportos. Se o governo quiser dinheiro grosso para resolver seu problema de caixa, é hora de privatizar os elefantes brancos que atazanam as contas públicas e a vida dos brasileiros: Eletrobras e Correios. Além disso, por que não discutir a venda da própria Petrobras? A avaliação é de Claudio Fritschak, um dos maiores especialistas em infraestrutura do país.

Numa conta rápida, somente o pré-sal poderia render uns US$ 20 bilhões para o governo. Só a Eletrobras aportaria mais US$ 15 bilhões – com o benefício extra de se livrar de um cabide de empregos loteado por políticos de todas as colorações partidárias. Economista e fundador da consultoria Inter.B, Fritschak afirma que não faltam interessados no Brasil. O que falta mesmo é pôr a mão na massa.

Veja os principais trechos da entrevista a O Financista:

O Financista: O governo tem pressa com as concessões porque precisa de dinheiro. Quais são as áreas mais fáceis e rentáveis para licitar?

Claudio Fritschak: Se quiser começar pelo mais fácil, primeiro são os aeroportos. Uma coisa boa é que o governo já tirou a Infraero do processo. Um aeroporto é composto por três negócios: uma operação logística, um grande shopping center e as operações imobiliárias do entorno, como hotéis e estacionamentos. Então, é muito atraente, porque gera muito dinheiro para os investidores.

O Financista: E as rodovias?

Fritschak: Há várias categorias de rodovias. A primeira são as que podem estender o contrato de concessão por meio de aditivos, em troca de investimentos. Mas é preciso ter regras claras para isso. Não pode fazer, por exemplo, o que se fez na ponte Rio-Niterói. Outro grupo são as rodovias que precisam de investimentos muito pesados, como a chamada “Rodovia do Frango”. Neste caso, o governo deve esquecer essa ideia de determinar uma taxa máxima de retorno.

O Financista: Quanto esses ativos podem render para o caixa do governo?

Fritschak: Se o governo quer caixa mesmo, é preciso privatizar. Não só concessões, mas venda de ativos mesmo. Temos o pré-sal. Monetizar parte dele faz todo o sentido. Precisamos ir além do Campo de Libra. Com o petróleo na faixa de US$ 50 por barril, e fazendo um bom projeto, em uma estimativa bem preliminar, o governo pode conseguir entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões. Outra é a Eletrobras. Não tem sentido manter uma estrutura como aquela. É claro que depende da modelagem, mas pode render uns US$ 15 bilhões. Os Correios são outro. É incompreensível esse monopólio, que só serve para interesses políticos. E a Petrobras. Por que não discutir isso? Enfim, dá para dizer que existem ativos da ordem de dezenas de bilhões de dólares que podem ser vendidos.

O Financista: Como tornar tudo isso, efetivamente, interessante para os investidores?

Fritschak: Há alguns pressupostos. Primeiro, a confirmação do impeachment de Dilma. Segundo, que Temer vá, mesmo, até 2018. Terceiro, a sensação de uma certa normalidade econômica. Com isso, os ativos brasileiros começarão a se valorizar. Mas um processo de privatização bem feito pode gerar boas receitas. Não faltam recursos lá fora. Mas é preciso desaparelhar as agências reguladoras e respeitá-las. Definir um plano estratégico de infraestrutura, e não apenas leiloar projetos isolados, que não fazem sentido para o investidor. Oferecer os projetos básicos e deixar que as empresas compitam pelo melhor projeto executivo. E criar uma agenda de PPPs, que são fundamentais para áreas como saneamento e mobilidade urbana. Para essas PPPs, é preciso um fundo garantidor, cujos recursos poderiam vir das privatizações.

O Financista: Mas há, mesmo, interesse dos estrangeiros pelo Brasil?

Fritschak: Muito. Não são apenas as empresas de private equity. Há também os fundos de pensão estrangeiros e as seguradoras. Os dois têm o mesmo problema: o equilíbrio atuarial. Por isso, precisam de investimentos de longo prazo. Há os fundos soberanos; alguns são muito grandes. E temos a China. Eles já estão aí no setor elétrico, por exemplo. E os chineses têm uma mentalidade de melhorar as operações. Não é apenas comprar, mas desenvolver. Isso não seria bom para todo mundo? Os consumidores teriam um serviço melhor. O país teria uma infraestrutura melhor.














 

Lava Jato em perigo? Não só ela, todos nós - Percival Puggina

A cidadania consciente, ativa e crítica, que somos nós, os coxinhas, precisa tomar mais uma vez consciência de que corremos um enorme perigo. Não basta ter expulsado do poder uma organização criminosa que tomou-o de assalto em 2003, ou apenas completar essa obra com a finalização do impeachment. Um perigo ainda maior existe, ainda não conjurado: o contínuo assalto aos nossos bolsos por toda uma enorme gangue de meliantes políticos, praticamente todos os atuais eleitos, conjugados a juízes corruptos, coniventes ou néscios, que TODOS insistem na perpetuação dos esquemas criminosos que roubam a nação TODOS OS DIAS. 
Por isso precisamos ir às ruas novamente em 31/07/2016, não só pelo impeachment (que já passou), mas pela criminalização dos meliantes que ainda insistem em nos roubar todos os dias.
Paulo Roberto de Almeida 

UNIRAM-SE OS INIMIGOS DA LAVA JATO. E NÓS?

Percival Puggina

         Cheguei a crer que fosse inviável parar a Lava Jato. Hoje, essa certeza arrefeceu. Ainda que não seja possível retirar do juiz Sérgio Moro e dos promotores da força-tarefa as garantias constitucionais que lhes asseguram a autonomia para agir, existem maneiras de lhes suprimir os meios de ação e, até mesmo, de os neutralizar. A despeito da respeitável determinação da turma de Curitiba e do irrestrito apoio do povo, essas artimanhas estão sendo exibidas diante dos nossos olhos. 

         A Lava Jato suscitou contra si o mais poderoso grupo de inimigos que já se formou no Brasil. Para combatê-la, uniram-se parceiros tradicionais e inimigos tradicionais, instalados em elevadíssimos andares no edifício do poder. Estão fisicamente dispersos, mas se articulam e operam, como bem se sabe, em todos os poderes e instituições da república. A força tarefa tem contra si numerosa bancada no Congresso Nacional, muitos dos melhores advogados do país, bem como negociadores e articuladores políticos de competência comprovada. Esse conjunto de antagonistas dispõe, ao alcance da mão, de todos os meios financeiros e materiais que possam ser requeridos pela tarefa de a estancar. E note-se: estou me referindo somente aos figurões que hoje medem diariamente a distância que os separa da porta da cadeia, seja porque lá já estão, seja porque é para lá que receiam ser levados. A estes se acresce, ainda, um conjunto de forças figurantes. É formado por quantos dependem do grupo principal e têm grande interesse em que malefício algum aconteça a seus maiores. A onda de choque de cada sentença e de cada prisão também causa dano sobre esse numeroso grupo que hoje enfrenta a interrupção de seus fluxos de caixa. Aliás, se fosse possível uni-los numa legenda, por exemplo, formariam talvez a mais influente agremiação do país. 

         É o exército da máfia. Legião de brasileiros que acorda, diariamente, com olhos e ouvidos postos nos movimentos da Polícia Federal, face mais imediatamente visível das operações já criadas ou ainda por ser instaladas e pensa, em harmonia com o andar de cima: isso  tem que parar.

         Há mais, leitor. Os inimigos da Lava Jato dispõem, em seu favor, de uma legislação protecionista, garantista, que faz do foro privilegiado e do sigilo sucedâneos legais da omertà, a lei do silêncio da máfia no sul da Itália. 

         Pois bem, se essas forças estão se articulando e, visivelmente, começam a agir nos processos, nos projetos e composições de poder, chegou a hora de os cidadãos retornarem às ruas, conforme está programado para acontecer no próximo dia 31. Os últimos meses tornaram evidente que o impeachment é irreversível. O governo Dilma acabou. Ótimo. Revelou-se com nitidez, porém, um inimigo que está além dos jogos de guerra entre governo e oposição. Refiro-me à criminalidade atuante nas instituições nacionais. 

         Por causa dela e contra ela, é necessário que no dia 31 de julho, aos milhões, voltemos novamente às ruas, em ordem e com entusiasmo cívico. É hora de exigirmos o fim do foro privilegiado, de cobrarmos a aprovação sem delongas das medidas do MPF contra a corrupção e de levarmos à Lava Jato mais do que nosso apoio. Faremos ver a seus inimigos que a nação os conhece e rejeita. Com determinação e esperança, unidos, daremos à Lava Jato nossa voz, nosso ânimo e a expressão de nosso amor ao Brasil.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

Corrupção no Brasil: Postalis, um caso exemplar (e ordinário)

Para registro sobre a forma como agem gangues especializadas no assalto sem mão armada.
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil 

O operador que quebrou a previdência dos Correios

As fraudes do empresário Fabrizio Dulcetti com ex-diretores levaram a Postalis à bancarrota. Aposentados estão tendo que tirar recursos do bolso para evitar que o fundo quebre 

O operador que quebrou a previdência dos Correios

O LÍDER  Fabrizio Dulcetti comandou o esquema que deu um prejuízo de R$ 465 milhões ao Postalis

O LÍDER Fabrizio Dulcetti comandou o esquema que deu um prejuízo de R$ 465 milhões ao Postalis

O estilo de vida ostensivo dá ares de grande empresário a Fabrizio Dulcetti Neves. Radicado nos Estados Unidos, ele possui um apartamento com 1.220 metros quadrados em um dos bairros mais nobres da zona sul da capital paulista. O imóvel, com 25 cômodos, é um dos mais caros do País: custa cerca de R$ 16 milhões. Tudo normal não fosse a forma como ele acumulou todo este patrimônio. Fabrizio Dulcetti lidera um grupo especializado em ganhar dinheiro levando fundos de pensão ao vermelho. Em denúncia apresentada na última semana, o Ministério Público Federal acusou ele e outras sete pessoas de provocarem um prejuízo de R$ 465 milhões no Postalis, instituto de previdência privada dos Correios, entre 2006 e 2011. As falcatruas elevaram o rombo do fundo de pensão para mais de R$ 4 bilhões. Na prática, aposentados e pensionistas terão de contribuir mensalmente com mais de 15% de seus rendimentos até 2039 para repor o dinheiro desviado. Caso contrário, a Postalis quebraria. Fazem parte do esquema, segundo a procuradora Karen Louise Kahn, o então presidente do Postalis, Alexej Predtechensky, e o diretor financeiro, Adilson Florêncio.

OSTENTAÇÃO O apartamento do operador, com 1220 m² e 25 cômodos, é um dos mais caros do País

OSTENTAÇÃO O apartamento do operador, com 1220 m² e 25 cômodos, é um dos mais caros do País

A Atlântica Administração de Recursos, empresa de Fabrizio Dulcetti, gerenciava dois fundos de investimentos com dinheiro da Postalis. Tinha como obrigação buscar oportunidades de aplicações que dessem retorno. Mas fez justamente o contrário. Montou um esquema em que corretoras americanas compravam títulos a preços de mercado e os repassavam para empresas em paraísos fiscais de pessoas ligadas a Fabrizio. Depois, os mesmos papéis eram revendidos aos fundos da Postalis geridos por ele por preços superfaturados. Estas operações trouxeram um lucro de US$ 35,5 milhões ao grupo e um prejuízo de US$ 63 milhões aos pensionistas do Correio entre 2006 e 2010. “Restou claro o objetivo fraudulento das negociações realizadas com os ativos de crédito privado no exterior, antes de seu ingresso nas carteiras dos dois fundos de investimento, inexistindo justificativa lógica ou aceitável para os aumentos exorbitantes nos preços de negociação dos títulos”, afirmou, em despacho, a procuradora Karen Kahn. “Redundaram em lucros substanciais a pessoas que justamente tinham o poder de influenciar as decisões de investimento dos fundos”, complementou na denúncia. Uma das offshores envolvidas no esquema pertencia ao então presidente da Postalis, Alexej Predtechensky.

“As fraudes redundaram em lucros a pessoas que justamente tinham o poder de influenciar as decisões de investimento dos fundos” - A procuradora Karen Kahn, responsável pela investigação

“As fraudes redundaram em lucros a pessoas que justamente tinham o poder de influenciar as decisões de investimento dos fundos” – A procuradora Karen Kahn, responsável pela investigação

Entre 2010 e 2011, o grupo iniciou a negociata mais danosa ao Postalis. Venderam todos os títulos da dívida brasileira da carteira de investimento para comprarem papéis emitidos pelos governos da Argentina e da Venezuela. A estratégia por si só, além de altamente arriscada devido à dificuldade destes países em honrarem com seus compromissos, já desrespeitava o regulamento dos próprios fundos que previa um investimento mínimo de 80% em títulos da dívida externa da União. Mas o pior foi o valor desembolsado. Representando a Postalis, a Atlântico pagou US$ 120,4 milhões em títulos emitidos por cerca de US$ 40 milhões. Não precisa ser matemático para saber quem pagou o prejuízo. Os quase UU$ 80 milhões se tornaram um desfalque a mais para os pensionistas e aposentados da Postalis.

CONEXÃO POLÍTICA Em julho de 2015, ISTOÉ mostrou como as fraudes beneficiaram os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Lindbergh Farias (PT)

CONEXÃO POLÍTICA Em julho de 2015, ISTOÉ mostrou como as fraudes beneficiaram os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Lindbergh Farias (PT)

Em julho de 2015, ISTOÉ trouxe à tona as primeiras conexões políticas das fraudes na Postalis. Mostrou, com exclusividade, como os diretores do fundo forçaram, em 2010, a compra de cerca de R$ 80 milhões em debêntures emitidas pelo grupo Galileo Educacional, que prometia assumir as universidades Gama Filho e UniverCidade. O dinheiro acabou desviado irrigando contas de operadores e políticos responsáveis pela nomeação dos diretores do fundo. O presidente do Senado, Renan Calheiros, teria embolsado R$ 30 milhões, o senador petista Lindbergh Farias R$ 10 milhões e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), o mesmo valor. Em junho, a Polícia Federal prendeu sete envolvidos na operação do negócio. Entre eles, o dono da refinaria de Manguinhos, Ricardo Magro, e o ex-diretor financeiro da Postalis, Adilson Florêncio da Costa. As investigações tentam recuperar parte dos recursos, uma das esperanças dos pensionistas do fundo para que possam cobrir parte do prejuízo e reduzir o tempo em que terão parte das suas aposentadorias retidas.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Liberdade na Estrada 2016 - Estudantes Pela Liberdade reconquistam terreno

Não só nas estradas, nas ruas, avenidas, praças, nos escritórios, nas casas, mas sobretudo nas universidades, que padecem atualmente de um mal aparentemente incurável: a dominação inacreditável da maioria dos corpos discente, docente e o que mais houver, por uma minoria de facções sectárias, grupúsculos não representativos que conseguem (pelo menos até aqui) paralisar as atividades com suas atitudes agressivas.
Felizmente as coisas estão avançando e os Estudantes Pela Liberdade prometem conquistar um terreno perdido para os "bárbaros" da política universitária décadas atrás.
Paulo Roberto de Almeida 

Liberdade na Estrada banner
Organizado desde 2009, o “Liberdade na Estrada é um projeto que leva intelectuais liberais a universidades brasileiras, promovendo palestras e painéis totalmente gratuitos que abordam tópicos relevantes para o debate público nacional. Em 2015, o evento passou por vinte-e-uma cidades, levando sessenta e três palestrantes não só as grandes regiões metropolitanas, mas também ao interior. Neste ano, o LnE levará dois palestrantes a ao menos quarenta cidades!
O “Liberdade na Estrada” busca trazer às universidades de todas as regiões do Brasil a fagulha que acenda um ambiente vivo de debate sobre as ideias da liberdade, e alternativas de políticas públicas que possibilitem o florescimento de uma sociedade mais próspera e livre no Brasil. Inúmeros universitários e estudantes do ensino médio tiveram seu primeiro contato com as ideias do liberalismo em um dos eventos participantes do “Liberdade na Estrada”, e assim puderam iniciar a pavimentação da sua estrada ideológica junto à liberdade, fazendo deste projeto um dos alicerces da nossa visão de um Brasil onde as instituições de ensino contribuam para a formação intelectual e o debate plural de ideias.

O Estudantes Pela Liberdade é uma organização estudantil sem fins lucrativos, privada e apartidária, que possui como missão empoderar jovens estudantes liberais. Nosso maior desafio está em desenvover lidranças capacitadas e transformadoras dentro das universidades. Nosso trabalho está focado em oferecer treinamentos e encontros de lideranças de norte a sul do Brasil. Possuímos mais de mil lideranças em nosso programa de coordenadores, realizamos treinamentos online e presencial, ensinamos técnicas de oratória, fundraising,  gestão e convivio social, além de ajudar na formação de grupos de estudos através do nosso programa de grupos.

Realizamos anualmente eventos abertos ao público:
  • Conferência Nacional;
  • Conferências Estaduais;
  • Seminário de Verão;
  • Semana Global do Empreendedorismo;
  • Caravana do Liberdade na Estrada.
Treinamentos realizados para nossas lideranças:
  • Encontro de Lideranças;
  • Encontro Regional de Coordenadores: Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste;
  • Encontro de Grupos;
  • Treinamento Online por meio da plataforma Udemy.
Somente através das doações viabilizamos a realização das nossas atividades. Essas atividades desde de 2012 estão transformando a vida de jovens comprometidos com sua formação de excelência e também na construção de um Brasil melhor e mais livre. Queremos transformar gerações e realizar a mudança necessária para que o Brasil tenha mentes capazes de criar e executar coisas inovadoras.

Venezuela: uma "guerra civil" no Mercosul - David Fleischer

Do boletim semanal de David Fleischer, 8 de Julho de 2016:
(creio que o Congresso paraguaio aprovou, a partir do governo atual, o ingresso da Venezuela no Mercosul).
Paulo Roberto de Almeida 


Mercosul

            On 5th July, Foreign Minister José Serra and former President Fernando H. Cardoso traveled to Montevideo to meet with Uruguayan leaders – President Tabaré Vázquez, Foreign Minister Rodolfo Nin Novoa, former President Júlio Maria Sanguinetti and Minister of Economics & Finance Danilo Angel Astori Saragosa. 

            The main objective of this visit was to “negotiate” the rotation of the presidency of Mercosul set to occur at the next bi-annual meeting of the five Mercosul nations, scheduled for 11th July (next Monday) in Montevideo.  The “problem” is that by six-month rotation, Venezuela would assume the Mercosul presidency – but Brazil, Paraguay and Argentina question this rotation. 

            Last month, Paraguay requested an emergency Mercosul meeting to suspend Venezuela’s membership in Mercosul because of violations of the “Democracy Clause” in Mercosul’s bylaws.  Remember:  Paraguay was suspended back in 2012 after the 48-hour impeachment of then President Fernando Lugo.

            Now the questions raised by Brazil and Argentina include other “problems” – comply with Venezuela’s adhesion document (in 2012): 1) The Mercosul customs agreement (ACE-18); 2) The protocol regarding the free trade of services; 3) Has not participated in the Mercosul free trade negotiations with the EU; and 4) Has not adopted the “Residency Accord” that guarantees the free transit and residency of citizens of all Mercosul nations.  Serra stressed that Brazil’s position was between that of Paraguay -- total opposition to Venezuela (the Paraguayan congress never ratified Venezuela’s inclusion in Mercosul – and that of Uruguay (total support for Venezuela).

            During his trip to Europe, Argentine President Mauricio Macri said that he was against Venezuela assuming the Mercosul presidency on 11th July and favored two alternatives: 1) Argentina (the next on rotation after Venezuela) assume the Mercosul presidency in July 2016; or 2) that Uruguay continue occupying the Mercosul presidency until December 2016. 

            Since 2011, the internal trade flows among Mercosul members have declined by -37%.

            As might be expected the Venezuelan response was quite “violent” in its attacks on Brazil’s “illegitimate” government and its interim Foreign Minister, José Serra.
                      Mercosul meeting next Monday!!!
SEE:

Aumento da delinquencia comum: grupos politicos estariam na origem? - General Fernando Sardenberg

Recebido hoje, 8/07/2016, como testemunho da preocupação do pessoal da comunidade de segurança e de informações, ou até de pessoas comuns, como as que leem este blog, em relação ao recrudescimento, ou crescimento linear, dos atos delinquenciais envolvendo roubo, saque, assalto, latrocínios, envolvendo patrimônio público e privado.
Não duvido nada, tendo em vista que, nos últimos treze anos e meio, o Brasil foi dirigido, comandado, senão dominado, por uma verdadeira organização criminosa, travestida de partido político, e que se dedicou, durante todo o período, a um assalto sistemático, metódico, completo, integral ao Estado e à extorsão de capitalistas e outros agentes econômicos.
Os chamados "movimentos sociais" são correias de transmissão dessa organização criminosa, e alguns deles estão muito próximos, senão totalmente imersos, na delinquência comum, como o MST por exemplo.
Paulo Roberto de Almeida

GENERAL DE BRIGADA AFIRMA:
COM O FIM DAS REGALIAS E DO DINHEIRO DO GOVERNO, GRUPOS DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA PODEM ESTAR POR TRÁS DE VÁRIOS CRIMES COMETIDOS NO SUL E NO SUDESTE DO BRASIL.
Gen de Brigada Fernando Sardenberg
 
Movimentos Sociais, sindicatos e grupos de esquerda que perderam o financiamento ilegal que era repassado pelo PT, podem estar por trás de vários crimes bem orquestrados que segundo um General, usam técnicas, armamentos e táticas que levam à crer que não são amadores. A análise é do General de Brigada Fernando Sardenberg.
Em 2003, início do Governo Lula, trabalhei como analista no Órgão máximo da inteligência militar, o Departamento de Inteligência do Ministério da Defesa, responsável pelo assessoramento direto ao Ministro, em Assessoria Específica, sendo o responsável por tudo relativo ao Brasil.
De forma resumida, dentre dezenas de campos acompanhados, tínhamos: crime Organizações, Movimentos Sociais, fronteiras...

Projetos comuns dos Movimentos Sociais e do Partido no poder e decorrentes financiamentos públicos velados para essas ações; Foro de São Paulo; Pátria Grande... As conclusões, sob minha gestão, desagradavam o Ministro na época, José Viegas Filho e mais tarde José Alencar. Nós éramos exagerados, xenófobos e por aí vai. Ele não gostava de nós (lógico!).

Feita esta introdução vou ao ponto que me preocupa.
Todos têm acompanhado o incremento das ações criminosas e violentas, notadamente nas Regiões Sul e Sudeste. São roubos a carros fortes e invasões a pequenas cidades com ousadias notáveis. Para os leigos, certamente, ações do crime organizado, algo que não traria risco à ordem institucional.

Entretanto, com visão mais acurada, vejo armamento e equipamento especializado, técnicas e táticas de equipes não amadoras. Até a terminologia empregada e difundida em interceptação feita: "missão dada, missão cumprida" denota que é serviço de profissionais. Poderia me estender muito mais neste viés, porém, o objetivo é tão somente alertar o que está por trás deste acirramento da violência, bem como os riscos decorrentes.
Bem...
A época das vacas gordas, do dinheiro fácil, das propinas, dos financiamentos não ostensivos, pelo menos por enquanto, parece ter estancado.
Grupos radicais que antes eram beneficiados estão sentindo o risco próximo. Precisam de dinheiro, senão serão extintos. Alguns Movimentos Sociais chegaram a um estágio planejado das suas utopias que não podem se enfraquecer por falta de suporte financeiro. Se uma fonte secou, vamos retirar da burguesia. Existe ainda a Carta Capital onde no Foro de São Paulo foi comemorado os 50 anos da MIR (Movimento da Izquierda Revolucionária), e redigida o apoio a ELN (Exército da Libertação Nacional) pelo Partido Comunista Colombiano.
Se por ventura ocorrer o impeachment da Dilma e a possível prisão de Lula, pode ter certeza de que pontos vulneráveis e estratégicos de nossas fronteiras serão ocupados por esses Movimentos Sociais, como se pode ver no noticiário em CUBA, por sua atuação junto ao Instituto Cubano de Amistad con los Pueblos (ICAP). Quem tem mais de quarenta e poucos anos já viu este filme antes, até com nossa mandatária como artista-protagonista. Até o incêndio na estação de energia em Brasília, que suspendeu trabalhos no Senado, podem ter vínculo com este grupos terroristas.

Eles estão desesperados e a situação tende se agravar. Se não houver atuação firme dos Órgãos competentes, o que me reservo direito de duvidar, vamos ter de combater novamente brasileiros...Portanto pessoal, estejam atentos e quando virem ou lerem notícias do que foi comentado interpretem-nas com outra visão. Uma visão mais preocupada...
Gen de Brigada Fernando Sardenberg....

Oh, Mario Sabino: os brasileiros sao um praga, ou sao insetos? A Metamorfose - Mario Sabino

A metamorfose
Por Mario Sabino
O Antagonista, 08 de Julho de 2016

Quando acordei na primeira manhã em Praga, depois de sonhos intranquilos, eu havia me metamorfoseado num inseto.
Como poderia ser diferente? Eu estava num país que, independente do Império Austro-Húngaro somente em 1918, após a Primeira Guerra Mundial, havia sido barbarizado pelos nazistas ao longo de sete anos, ocupado pela Rússia soviética durante mais de quarenta, se desmembrado da Eslováquia  em 1993 — e, no entanto, conquistado níveis de excelência por todas as métricas disponíveis.
Com pouco mais de 20 anos de liberdade política e econômica, os tchecos privatizaram estatais, puseram a sua juventude para estudar de verdade (nada de marxismo), reabilitaram a sua indústria, revitalizaram a sua linda capital, dinamizaram o turismo, entraram para a União Europeia e passaram a exibir um padrão de vida próximo ao das grandes nações ocidentais.
Enquanto isso, o que fizemos nas últimas duas décadas — ou melhor, nos quase duzentos anos de independência? Fizemos o que os insetos fazem: avançamos poucos metros por dia, a maior parte das vezes andando em círculos ou abertamente para trás, sujamos o percurso como baratas e, neste momento, lá estamos nós outra vez com as perninhas para o alto, tentando tirar a parte cascuda do chão. Tudo para voltar a avançar poucos metros por dia, a maior parte das vezes andando em círculos ou abertamente para trás.
Não é uma imagem entomológico-literária. No ranking mundial de competitividade, para ficar apenas num exemplo, recuamos pelo sexto ano consecutivo, agora para o 57º lugar, enquanto a República Tcheca ganhou posições (figura em 27º).
Os tchecos têm Praga; os brasileiros são uma praga.