O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

1301) A novela dos avioes militares: falta de transparencia

O que mais impressiona, em todo este processo, é a absoluta falta de explicações credíveis para certos sinais emanados do núcleo central do governo. Tudo se resume a dizer que "a decisão é política", ou que se trata de uma "relação estratégica" e outras bobagens do gênero. Já ouvi até dizer que "às vezes, o barato sai caro" (sic); confesso que não sei o que isso quer dizer, a não ser que o caro sai caro, e pode sair mais caro ainda. Se os próprios militares da Aeronáutica preferiram a opção mais barata, porque é que eles poderiam se arrepender depois? Ou será que o dinheiro não sai do bolso deles também?
Nunca ofenderam tanto a minha inteligência como agora, ou talvez sim, em vários outros caso, como se sabe; mas nunca uma ofensa desse tipo custou tão cara no meu bolso...

Entre a esperança e a desilusão
Correio Braziliense, Conexão DIplomática - 06/02/2010

Apesar das declarações constantes do presidente Lula e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em favor do caça francês Rafale, as outras concorrentes não esconderam a surpresa diante da notícia de que a decisão já teria sido tomada pela proposta da Dassault — que continua sendo a mais cara. A posição oficial, tanto da norte-americana Boeing quanto da sueca Saab, é de que a disputa continua, que não há um anúncio oficial do governo, que Jobim negou a decisão diante das câmeras. Na verdade, o que a informação da escolha gerou nos outros dois candidatos foi um misto de desilusão e esperança. Desilusão pela falta de transparência, pelo privilégio dado a um dos concorrentes de negociar a oferta em separado, pela mudança nos critérios de avaliação. Esperança pela promessa expressa em um comunicado do Ministério da Defesa, divulgado na quinta-feira, de que o governo “levará em consideração, também, outras informações enviadas pelos governos interessados e pelos proponentes”.

A Saab já se mobiliza, e pretende enviar ao Ministério da Defesa, na próxima semana, um adendo à oferta apresentada em novembro, como um último suspiro. Mas, como a notícia pegou os suecos de surpresa, ainda será preciso espremer a proposta, principalmente nos quesitos preço e offset (contrapartidas), para ver se sai uma oferta melhor do que já foi a “melhor e última oferta”. A Boeing, no entanto, parece menos disposta a mexer em sua proposta sem antes saber do governo brasileiro o que, na verdade, está sendo pedido. “Queria que alguém pudesse me explicar os novos critérios de avaliação. Por que vou mexer no meu preço, se isso parece não estar importando para o governo, que prefere um avião ainda 20% mais caro?”, questionou o gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Boeing, Mike Coogins. “Transferência de tecnologia, pelo que entendi, não é mais o principal, nem o preço”, desabafou.

Show mantido
O governo americano mantém a programação de enviar, ainda este mês, um porta-aviões para o litoral do Rio de Janeiro com pelo menos 15 aviões Super Hornet usados pela marinha americana. A demonstração dos caças seria a tentativa final do lado americano. Se, contudo, a decisão aparentemente tomada for irreversível, o show dos F-18 servirá para mostrar o que o governo brasileiro perdeu por um precinho mais camarada.

Mais que uma compra
Em seu primeiro dia de trabalho de fato à frente da representação dos Estados Unidos, o novo embaixador, Thomas Shannon, tentou recuperar a defasagem sofrida pelos últimos cinco meses sem um alto representante norte-americano no Brasil — justamente o período mais crítico da concorrência para a compra dos caças. Em encontro com o ministro Jobim, na tarde de ontem, Shannon se empenhou em mostrar ao brasileiro a importância da parceria bilateral em segurança e a sua expectativa de aumentar essa cooperação. A preocupação é mostrar ao governo brasileiro que não só os franceses oferecem os caças “acoplados” a uma estratégia maior de defesa.

1300) Por que intelectuais de esquerda sao coniventes com uma ditadura abjeta?

O caso, obviamente, é o de Cuba, em relação à qual intelectuais brasileiros, que se dizem democratas e amigos da liberdade no plano interno, flertam, quando não apoiam de maneira indecorosa, uma das piores ditaduras já surgidas no hemisfério.
Não se sabe, exatamente, o que os leva a essas posições não apenas contraditórias, como inaceitáveis no plano da moral e da ética políticas. Bem, isso se explica no caso de Niemayer, um stalinista impenitente e um dos grandes idiotas latino-americanos e universais. Os casos de outros são mais dificilmente explicáveis: deve ser uma mistura de estupidez política e anti-imperialismo infantil, igualmente estúpido.
A matéria abaixo trata do caso de outro intelectual idiota, Garcia Marquez.
Paulo Roberto de Almeida (5.02.2010)

Ideologia
Cem anos de adulação
Os bastidores da amizade entre Fidel Castro e Gabriel García Márquez ajudam a explicar de onde vem o fascínio de intelectuais pelo autoritarismo de esquerda
Diogo Schelp

Fotos Jose Gotia/AP e Bettmann/Corbis/Latinstock
QUEM COCHICHA O RABO ESPICHA
García Márquez e Fidel trocam confidências em Havana, em 2002. Em seu romance sobre Simón Bolívar (à dir.), o escritor homenageou o ditador cubano

A história da amizade entre o colombiano Gabriel García Márquez, de 82 anos, e o ditador cubano Fidel Castro, de 83, é uma fábula cujo fio condutor é o interesse mútuo, apesar de Castro dizer que o escritor é o seu melhor - e provavelmente único - companheiro do peito, e de García Márquez já ter afirmado que, se o barbudo morrer, não suportará visitar Cuba sem tê-lo por perto. Por trás das constantes trocas de mensagens afetuosas, Fidel aproveita-se do prestígio literário do colombiano para fazer propaganda do regime autoritário que personifica e tentar preservar sua imagem no exterior. García Márquez vale-se da intimidade com o ditador para exercer sua obsessão pelo poder e desfrutar vantagens materiais. Alguns aspectos dessa amizade são descritos na biografia Gabriel García Márquez - Uma Vida, do inglês Gerald Martin, que a Ediouro lança em março no Brasil. Como o próprio Martin é amigo do biografado e dele obteve a autorização para escrever o livro, não se poderia esperar mais do que uma narrativa acrítica e branda sobre o vínculo entre o escritor e o ditador. Uma versão mais honesta dessa relação é apresentada pelo espanhol Ángel Esteban e pela belga Stéphanie Panichelli no livro Gabriel García Márquez e Fidel Castro - Os Segredos de uma Amizade, recém-lançado nos Estados Unidos e publicado em Portugal pela editora Ambar. Trata-se de uma obra instigante não só pela riqueza de informações, todas sustentadas por inúmeras entrevistas e documentos, mas por introduzir uma discussão pertinente sobre o que leva intelectuais estrangeiros a apoiar um regime sanguinário como o cubano, que já matou mais de 7 000 pessoas e costuma reprimir qualquer opinião divergente com cadeia ou paredón. Esteban e Panichelli, ambos professores universitários de literatura e letras, buscam a resposta a essa questão com o inconformismo de fãs que descobriram a face nefasta de seu ídolo. "Considero García Márquez um dos maiores escritores do século XX, mas, como pessoa pública, ele precisava ser desmascarado", diz Esteban.

Mais de cinco décadas de repressão política e fracasso econômico, impostos aos cubanos pelo regime comunista, não foram o suficiente para privar Fidel do apoio de escritores e artistas esquerdistas, entre os quais brasileiros como o cantor Chico Buarque e o arquiteto Oscar Niemeyer. "Há uma tradição entre parte dos intelectuais latino-americanos de falar em nome dos outros, de se considerar a voz dos que não falam. É uma visão autoritária que, como não poderia deixar de ser, produz fascínio pela tirania de esquerda", afirma o historiador Marco Antonio Villa. Mas ninguém bajula ditadores com tanta convicção quanto García Márquez. Ele passou mais de quinze anos tentando se aproximar do ditador. Para isso, escreveu artigos chapas-brancas, fez propaganda do regime cubano em entrevistas e empenhou-se para não se envolver em polêmicas que pudessem desagradar a Fidel. Em 1971, quando os principais escritores de sua geração protestaram contra a prisão do poeta cubano Heberto Padilla, García Márquez foi o único que ficou em silêncio. A partir de 1975, ele começou a visitar Cuba com frequência, em busca de amizades que pudessem lhe dar acesso ao círculo de poder em Havana. Fidel, no entanto, só começou a se interessar pelo autor de Cem Anos de Solidão em 1977. Ele fez de García Márquez um embaixador informal de sua imagem no exterior e, em troca, deu ao escritor uma plataforma política para estabelecer contato com outros governantes esquerdistas, como François Mitterrand, da França. García Márquez usou essas amizades para fazer campanha pelo Prêmio Nobel de Literatura, conquistado por ele em 1982.

O prêmio inaugurou uma nova fase na amizade entre o escritor e o ditador. No mesmo ano, Fidel ordenou que fossem dados a García Márquez uma mansão em um bairro nobre de Havana e um automóvel Mercedes-Benz para que ele pudesse desfrutar melhor suas temporadas em Cuba, onde o escritor, posteriormente, ajudou a fundar uma escola de cinema. García Márquez também se acostumou a submeter os seus manuscritos ao ditador, para que ele fizesse observações ao estilo "censura vip". Esteban e Panichelli apresentam boas provas desse fato, incluindo o depoimento de três amigos de García Márquez. Segundo eles, o romance O General em Seu Labirinto, de 1989, é uma homenagem a Fidel. No livro, o colombiano descreve Simón Bolívar (1783-1830), herói da independência dos países andinos, exatamente com as qualidades que ele costuma atribuir, em entrevistas, a Fidel. Quando cobrado por sua conivência com a violação de direitos humanos em Cuba, García Márquez explica que usa sua influência para convencer Fidel a libertar oposicionistas e a deixá-los fugir para o exílio. O escritor deve achar que, assim, está comprando sua própria absolvição na história por desfrutar as benesses de um tirano. Em 1975, ele disse em uma entrevista: "O que eu posso fazer com minha fama? Vou gastá-la em política". Até o momento, foi um péssimo investimento.

1299) UnB e ex-ministro da Justica a favor do apartheid racial

A UnB é um caso sério de debilidade mental coletiva: não de todos os seus integrantes, claro, apenas dos racialistas que conseguiram converter um problema social (dificuldades de acesso de estudantes pobres, nem todos negros, mas uma grande maioria de negros) em um início de política do Apartheid no Brasil.
Agora, um ex-ministro da Justiça (que militou espertamente para livrar o presidente da República da corrupção criada e estimulada pelo seu partido) sai em defesa de políticas de exclusão racial dessa universidade decadente, como se isso fosse reparar qualquer dívida histórica, uma alucinação coletiva de um bando de racistas.
A nota abaixo vem da área de informação da UnB.
Ela é particularmente viciosa, viciada e deformada: tenta equiparar problemas de minorias ou de dificientes com uma política racialista (e racista) que concerne a maioria da população brasileira, que é notoriamente mestiça, ou seja, tem traços de antecessores africanos.
Paulo Roberto de Almeida (6.02.2010)

Márcio Thomaz Bastos participará do julgamento das cotas no STF
Ex-ministro da Justiça foi convidado pelo ministro da Promoção da Igualdade Racial. Audiências públicas começam em março
Marta Avancini - Da Secretaria de Comunicação da UnB
4 de Fevereiro de 2010

O advogado criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos vai atuar em defesa do sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB) no julgamento do Superior Tribunal Federal (STF).

Bastos afirmou à UnB Agência que decidiu participar do processo por considerá-lo uma “causa justa”. “As cotas são um mecanismo importante de justiça social”, afirmou. “É o pagamento de uma dívida histórica”.

O advogado participará do processo como amicus curiae, representando entidades que, embora não participem da ação, têm interesse na matéria. No caso do processo contra as cotas raciais da UnB, organizações sociais a favor e contrárias às cotas raciais têm direito de apresentar nomes de juristas que representem seu ponto de vista para participar do processo e, dessa maneira, subsidiar a decisão dos ministros do STF.

Os nomes devem passar pelo aval do relator do processo no STF, Ricardo Lewandowski, e, se aprovados, terão direito de se manifestar durante o julgamento do processo. O convite para participar do processo a Bastos foi feito pelo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos.

Para o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, a participação de Bastos fortalece a defesa das cotas. “Ele falará na condição de representante da sociedade e será uma expressão acolhida pelo STF. Isso significa que Tribunal quer ouvir o que ele tem a dizer sobre o tema”, analisa o reitor.

HISTÓRICO - Em junho de 2009, o Partido Democratas (DEM) entrou com uma ação no STF pedindo a suspensão do sistema de cotas na UnB, baseando-se no argumento de que, no Brasil, a exclusão do ensino superior decorre de problemas sócio-econômicos e não raciais – diferentemente do que acontece nos Estados Unidos e África do Sul.

O DEM também sustenta que o sistema de cotas raciais em universidades reforça o preconceito racial e é inconstitucional. Na UnB o sistema de cotas foi implantado em 2005 como uma política pensada para durar dez anos. Ele prevê a reserva de 20% das vagas do vestibular para afrodescendentes. Além da UnB outras 80 universidades públicas do país possuem algum tipo de sistema de ingresso diferenciado para afrodescendentes.

Para fortalecer a defesa das cotas, está sendo organizado um “abraço ao STF” em 2 de março, um dia antes das audiências públicas com pessoas interessadas no tema, promovidas pelo Supremo entre os dias 3 e 5 do próximo mês.

Segundo o ministro interino da Seppir, Elói Ferreira de Araújo, é importante que se faça uma ampla mobilização em defesa das cotas. “A tese que fundamenta a ação do DEM é contrária à justiça social e agride as políticas de promoção da inclusão como um todo” afirma Araújo.

“Está em desacordo com o ambiente que vivemos nesse país, além de ser cruel em relação à nossa história de exclusão e desigualdade”, complementa o ministro interino, que participou de uma reunião com o reitor da UnB sobre o tema nesta quarta, 03 de fevereiro.

José Geraldo analisa que a ação movida pelo DEM contra a UnB coloca em risco outros tipos de ações afirmativas que favorecem mulheres, deficientes, entre outros grupos sociais excluídos. “É fundamental que se perceba que esse tipo de política melhora o país ao promover a inclusão econômica e social”, defende.

1988) Crise de confianca nos PIGS da Uniao Europeia: o euro na berlinda

Os dois grandes jornais americanos, NYT e WP, publicaram materias analiticas sobre a crise de confiança nos chamados PIGS: Portugal, Irlanda (e Itália), Grécia e Espanha.

Debt Crisis in Euro Zone Is Severe Political Test for Bloc
By STEVEN ERLANGER
The New York Times, February 6, 2010

PARIS — What began with worries about the solvency of Greece in the face of high deficits, fake budget figures and low growth has quickly become the most severe test of the 16-nation euro zone in its 11-year history.

Anxiety about the health of the euro, which has spread from Greece to Portugal, Spain and Italy, is not simply a crisis of debts, rating agencies and volatile markets. The issue has at its heart elements of a political crisis, because it goes to the central dilemma of the European Union: the continuing grip of individual states over economic and fiscal policy, which makes it difficult for the union as a whole to exercise the political leadership needed to deal effectively with a crisis.

A policy of muddling through may be comfortable in political terms, but experts warn it can have dire economic consequences. Jean-Paul Fitoussi, professor of economics at the Institute of Political Studies in Paris, said that European leaders had “handled this crisis very badly,” feeding market speculation and greed.

Greece’s ratio of public debt to gross domestic product is no higher than Germany’s, and Greece has not defaulted, he said, but European leaders have done too little to calm the markets and rating agencies.

While no one expects that the European Union will allow Greece or the others to default or the euro zone to collapse, European leaders and the Central Bank will almost surely have to bend the rules to provide guarantees or loans, if necessary. But even tiding over countries in trouble will not solve the main flaw in the euro: the sharp divergence of national economies that share a common currency without significant fiscal coordination, let alone a single treasury.

“The challenges facing the euro zone are very serious,” said Simon Tilford, chief economist for the Center for European Reform in London. “For countries that have become pretty uncompetitive in the euro zone and have weak public finances, the current environment is very dangerous.”

It does not help matters that the European Union is undergoing a major political transition to new leaders, a new Commission and Parliament, and a new governing treaty, the Lisbon Treaty, which creates a new president and foreign affairs chief. But even if all these positions were filled, serious questions remain about whether the union or its leading member states will take charge before further damage is done.

In some sense, there is a game of chicken being played, with Greece counting on help and other countries holding back until Athens pays a steep price for its profligacy and manipulation of statistics. But the delay is costly, and there are deeper structural problems that few want to discuss.

Greece, Italy, Portugal and Spain — known now as the PIIGS, if Ireland is included — are the weak sisters of Europe, with high structural deficits matched with low prospects for the kind of economic growth and productivity improvements that can bring them back to health.

The north-south split is partly geographic, partly cultural, partly religious and partly historical, but the southerners tend to be poorer and to have less competitive economies.

“The markets are having fun testing the euro,” said Nicolas Véron, a senior fellow at Bruegel, an economic policy research institute in Brussels. But the markets are also increasing pressure on the biggest European economies, like Germany and France, to figure out ways to rescue Greece, which is already facing strikes in light of current austerity measures, and to bolster the others.

But with the European Union undergoing a triple political transition, it is not entirely clear where that leadership will come from.

“Who’s in charge now?” asked Antonio Missoroli, director of studies for the European Policy Center in Brussels. “Nobody yet, and it may still take time.”

There is a newly nominated European Commission and now a new European president, Herman Van Rompuy, and European minister for foreign affairs, Catherine Ashton. The commissioner in charge of this crisis, Joaquín Almunia, is a lame duck, due to switch jobs and become competition commissioner.

Mr. Van Rompuy has announced an informal economic summit meeting for next Thursday, to get the member nations to concentrate on the crisis.

Default for a member of the euro zone is simply unacceptable, European officials and analysts say — a country is not a bank. At the moment, even calling in the International Monetary Fund to help Greece is considered too embarrassing and not yet necessary, given the new Greek government’s apparent determination to deal realistically with its problems.

More likely, they say, is a set of bilateral loans or loan guarantees from richer countries like Germany. Leaders in France, Germany and other European nations have already begun discussing how such aid might be structured, officials said last week.

“It’s highly unlikely Greece will be allowed to default,” Mr. Missoroli said. “But no one wants to say that out loud to take the pressure off the Greek government.”

But it is also unprecedented, and difficult politically, for the European Union, or any member country, to impose conditions for economic adjustment on another member country, which is why some analysts urge the involvement of the International Monetary Fund.

Jacques Mistral, an economist at the French Institute for International Relations, said that the main actors now were Jean-Claude Trichet, president of the European Central Bank, and the leaders and finance ministers of Germany and France.

“That’s the troika, and they’re leading the process to explore different ways and compromises,” Mr. Mistral said. “When there is a will there is a path.”

But summoning that will has proved difficult in the northern tier, which mistrusts the southerners. Greece is a prime example of the disease in the euro zone, said Mr. Tilford, the economist in London, made worse by political mismanagement; the global recession, which has hit tax receipts; and the impossibility of devaluing a shared currency.

Portugal, the poorest country in the euro zone, has been stagnating for years, proving that membership in the euro “is not a panacea,” he added.

In addition, Portugal has something of a political crisis, with Parliament voting down an austerity plan on Friday that was promoted by the minority Socialist government.

Spain has relatively low debt, but high unemployment and weak banks, and after the bursting of the housing bubble it can no longer rely on construction and inflated asset prices to propel growth.

These aspects, together with the larger size of the Spanish economy, had led Nouriel Roubini, a professor at New York University, to suggest this week that Spain is a bigger threat to the euro zone than Greece.

At the same time, some northern countries, like Germany and the Netherlands, are still playing “beggar thy neighbor” by their reluctance to stimulate their own domestic purchasing, which could help weaker countries to export.

“The southerners can do their best to cut costs and be competitive,” Mr. Tilford said. “But they need the others to create more domestic demand and be less export dependent.”

Critics like Mr. Fitoussi are left wondering why the crisis was ever allowed to expand to this point. “This is much ado about nothing,” he said. “But the nothing can ruin the whole project. I don’t think the euro is in danger. But the leaders are taking too much time.”

==============

Debt crisis unsettles European economy
By Anthony Faiola
Washington Post Foreign Service
Saturday, February 6, 2010; A01

LONDON -- Governments in Athens, Madrid and Lisbon struggled on Friday to quell fears of a looming debt crisis in Europe that is pummeling the euro and rippling across global markets, as authorities vowed to impose fiscal austerity and plug their yawning budget deficits. The problem, however, is that investors don't appear to believe them.

Senior officials at the major rating agencies on Friday played down the risk of an immediate debt crisis, saying even nations such as Greece have enough reserves to put off for months a day of financial reckoning. Yet investor doubts over the will of Greece, Portugal and other nations to right their accounts have sparked a crisis of confidence that is seeping into stock and corporate bond markets across Europe and beyond. It is especially hitting banks and other institutions with broad exposure to the sovereign debt of the "PIGS" of Europe -- Portugal, Ireland, Greece and Spain.

Investor panic is threatening to drive up the cost of borrowing for myriad nations around the world and to destabilize global currency markets, with the falling euro and strengthening dollar already hitting U.S. exporters by making such items as American beef and U.S. steel more expensive overseas. The euro, the principal European currency, fell Friday to its lowest level in eight months, tumbling almost 1 percent against the dollar.

The crisis unfolding in Europe has some parallels to the debt crises that hit Latin America and Asia in the past, particularly in how Greece's problems have spread so quickly to other countries in the region with similar economic woes.

But there are major differences. Analysts said the healthy, large economies of the "eurozone" -- namely, Germany and France -- are likely to step in to prevent a default in a weaker neighbor, if only to head off the turmoil it might cause in the value of the euro.

Still, analysts remain concerned that the problems in Europe could spread to emerging markets. And although the chances of a default by Greece may be low, its impact would be felt by investors worldwide, including in the United States; roughly 70 percent of Greek bonds are held by foreigners, from pension funds to global commercial banks.

Investors also drove up to fresh highs the cost of insuring against a default in Greece, Spain and Portugal. In some instances, analysts say, those fears may not be wholly misplaced.

Portugal, in recent days, has been swallowed up in the debt market panic that began in Greece late last year. Portuguese officials have pledged to slash spending. Nevertheless, opposition lawmakers on Friday pushed through a controversial bill funneling tens of millions of euros to the Azores and Madeira islands in a move the country's finance minister openly warned could have "grave consequences for Portugal's public accounts."

In Greece and Spain, analysts additionally fear bouts of civil unrest that could roll back attempts to address the fiscal problems. The Greek government's pledge to slash spending and curb public- sector pay sparked protests in Athens on Thursday; customs officials and tax collectors walked off the job in the first of a number of planned mobilizations against government austerity measures set to continue next week.

Though E.U. officials demanding tighter spending have signed off on Greece's plan, they are dispatching a team to review government accounts, which were found late last year to have been grossly underestimating the extent of the country's economic woes.

In Spain, government union leaders on Thursday also vowed a series of protests against planned cuts, while opposition parties have threatened to hold a no-confidence vote on Prime Minister José Luis Rodríguez Zapatero. So far, analysts note, only Ireland, whose bonds have been less hard-hit by the current turmoil, has pushed through the serious cuts that have demonstrated its willingness to deal with its huge deficit.

"The fix of this problem needs to be a political solution, and you can't easily persuade people or politicians to accept this kind of medicine," said Steven Bell, chief economist of GLC, the London-based hedge fund.

Analysts said some institutional holders are dumping Greek bonds in particular because stricter borrowing rules are coming back into effect later this year at the European Central Bank. The ECB has been allowing banks, including those holding significant portions of Greek bonds, to put up riskier investments as collateral for loans to help them through the financial crisis.

But the ECB is tightening those standards later this year, when banks will be allowed to use only top-rated bonds as collateral. Fears that Greek bond ratings may lose their investment-grade status in the coming months have led some banks to sell them at a loss.

"As they see the ratings on these bonds going down, investors can't wait anymore -- they are acting now, liquidating them at huge losses into the market," said Steven Major, head of fixed-income research at London-based HSBC.

A default by Greece or any other country in the 16-nation eurozone would be potentially catastrophic to the region, leading, analysts say, to possible eviction from the monetary union and severely testing the soundness of Europe's integration. Most analysts believe the eurozone's economic powerhouses might ultimately come to the aid of Greece, currently the most troubled nation in the region, in much the way Washington bailed out Mexico in the 1990s. European officials have offered mixed signals about their willingness to do so.

But analysts say the alternative -- having the International Monetary Fund rescue a eurozone country -- would be so deeply embarrassing to Europe's major powers that they would opt to aid Greece.

Analysts are also growing more worried about the U.S. budget deficit, which remains higher than that of most eurozone nations. But Greece, Spain and other troubled countries in Europe do not command the kind of economic clout the United States does and, in many cases, have yet to escape the Great Recession.

Spain, for instance, reported Friday that it has yet to climb out of the recession, announcing that its economy contracted by 0.1 percent in the fourth quarter of 2009. Its unemployment rate is hovering near 20 percent and is still foundering amid a U.S.-style real estate bust.

1927) Diplomacia partidaria: o Itamaraty muda os costumes

Brasil: Política Externa
Bandeiras ideológicas
Diogo Schelp
Revista Veja, edição n. , 2151 - 10 de fevereiro de 2010

A análise das notas oficiais do Itamaraty durante o governo Lula mostra subserviência aos interesses de Chávez e desrespeito a princípios universais

UM PESO, DUAS MEDIDAS
As notas do Itamaraty condenam a prisão da birmanesa Aung San Suu Kyi, mas ignoram a de Raúl Baduel (à dir.). As posições brasileiras sobre questões regionais parecem emanar diretamente de Chávez (ao lado, entre Lula e Celso Amorim)

Na Venezuela, há quarenta cidadãos presos apenas por discordar de Hugo Chávez. Um deles é Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa, que rompeu com Chávez por se opor aos planos do tirano de se perpetuar no poder. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil nunca emitiu uma única nota de repúdio à prisão de Baduel. Desde que Lula assumiu a Presidência, há sete anos, o Itamaraty mantém silêncio a respeito das medidas autoritárias na Venezuela. Outros países recebem um tratamento diferente. A diplomacia brasileira, por exemplo, divulgou três notas criticando a repressão política em Mianmar, na Ásia, duas delas contra a prisão domiciliar da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. O que motivou a posição desigual nos casos de Baduel e da dissidente birmanesa e em outros temas externos? Se fosse para defender os interesses nacionais do Brasil, o correto seria manter-se fiel aos princípios que norteiam as relações exteriores desde a promulgação da Constituição de 1988 – entre os quais a defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos. "Contudo, o que tem orientado a diplomacia brasileira nos últimos anos são as posições ideológicas do partido que está no poder", diz Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington. "Com isso, o Itamaraty trocou uma política de estado por uma política partidária." A primeira interessava ao Brasil. A segunda, ao PT. A primeira obedece a princípios. A segunda, a bandeiras partidárias.

A política externa é atribuição do Poder Executivo e, como tal, está subordinada ao presidente da República. Em governos anteriores, as decisões nessa área levavam em conta o conhecimento técnico dos diplomatas de carreira, a tradição brasileira e os princípios universalmente consagrados da convivência pacífica entre os povos. Essa tradição foi rompida ao se delegar a política externa aos humores dos radicais esquerdistas. Para compreender o alcance do viés ideológico na definição da política externa brasileira, VEJA fez um levantamento de todas as notas oficiais divulgadas pelo Itamaraty desde 2003, o começo do governo Lula. No total, foram mais de 4 600 comunicados, muitos deles informes técnicos sobre viagens do presidente. A reportagem se fixou na análise de 296 dessas notas, justamente aquelas em que o Itamaraty dá a saber a posição oficial do Brasil a respeito de questões conflituosas ou polêmicas. São notas reveladoras.

As notas sobre o conflito no Oriente Médio são a manifestação clara de opção ideológica em detrimento dos interesses nacionais permanentes (veja o quadro ao lado). Ao Brasil, que almeja legitimamente aumentar seu protagonismo internacional, interessaria não o engajamento ao lado de um dos contendores, mas a mais notória neutralidade nas complexas disputas do Oriente Médio. O comprometimento do Itamaraty é ainda mais evidente nos temas latino-americanos. As notas defenderam manobras liberticidas dos governos esquerdistas da Bolívia, da Venezuela e de Cuba, mas condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya. Como ficou claro no episódio, Zelaya decidiu rasgar a Constituição de seu país para, com o apoio de Hugo Chávez, dar um golpe. "O episódio de Honduras confirmou um fenômeno preocupante: as posições do Itamaraty e de Chávez na política regional coincidem quase sempre", diz José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, no Rio de Janeiro.

O Executivo tem todo o direito de buscar suas preferências em política externa e – desde que isso tenha sido abertamente discutido na campanha eleitoral – fazer guinadas nos rumos da diplomacia. Os limites dessas manobras, porém, são dados pela tradição diplomática do país e pela persecução dos interesses nacionais permanentes – aqueles que são revertidos em benefício da maioria, e não da minoria no poder. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama mudou o tom da diplomacia, mas não seus objetivos básicos: vencer a guerra ao terror e barrar a proliferação nuclear em países párias, para citar dois exemplos. No Brasil, a mudança de rumo foi desastrosa. É antiga, legítima e positiva para todos os brasileiros a reivindicação de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A diplomacia petista está sempre reafirmando essa meta. Mas também não perde uma chance de arruinar qualquer possibilidade de isso vir a ocorrer. O alinhamento automático de Brasília com ditaduras da América Latina, Ásia e África é uma deferência aos radicais do PT, mas um desastre internacional de previsíveis, duradouras e trágicas consequências para as pretensões brasileiras.

1926) Universidades americanas: a excelencia vem de baixo

A receita é muito simples: se você quer ter universidades excelentes, comece com escolas primárias e secundárias excelentes, públicas, de preferência...

Tales Out of School
By CLAUDIA GOLDIN
The New York Times Book Review, February 7, 2010

Book Review:
THE GREAT AMERICAN UNIVERSITY
Its Rise to Preeminence, Its Indispensable National Role, Why It Must Be Protected

By Jonathan R. Cole
616 pp. PublicAffairs. $35

Of the top 20 universities in the world, according to one 2008 reckoning, just three were outside the United States. Of the top 50, just 14 were. American colleges and universities are unquestionably pre-eminent in teaching and research, attracting students and faculty members from around the world. We may no longer be the nation that exports cars. But we are the nation that exports higher education.

This is a relatively new phenomenon. Before the 1940s many of America’s greatest scholars and scientists went abroad to study. Americans have won a majority of Nobel Prizes in science and medicine since 1955, but before 1935 Americans took home far fewer of those trophies.

As provost of Columbia University for 14 years and a professor of sociology and dean of faculties before that, Jonathan R. Cole is in an excellent position to write about the rise of the American research university and its special contribution to American life. In “The Great American University,”he makes a case for the extraordinary role such institutions play in improving our daily lives. He also argues that these “jewels in our nation’s crown” face a host of serious threats.

As the parents of every prospective college student know all too well, America offers a mind-boggling array of choices. About 1,600 public and nonprofit private institutions grant a bachelor’s degree, while an additional 1,100 two-year colleges are often the gateway to a four-year education. But Cole is concerned primarily with research universities (and medical schools), the 125 or so institutions that do the most to foster innovations that “enhance our standard of living and our quality of life.”

He lists their dazzling achievements, which in biology and medicine include findings on gene-splicing, recombinant DNA, retroviruses, cancer therapies, coch­lear implants, the fetal ultrasound scanner, the hepatitis B vaccine, prions, stem cells, organ transplantation and even a treatment for head lice. In the physical sciences, universities have contributed to the Hubble telescope, lasers, LEDs, bar codes, radar, transistors, M.R.I. technology and numerous advances in computing. In a chapter on the social sciences, he cites, among many others, such useful innovations as theories of human capital and social mobility, research in linguistics and even the use of prices to reduce traffic jams.

No one can for a moment doubt the special role universities play in innovations that arise from research in pure science and an interest in solving problems. But a 150-page inventory like the one Cole provides here tells us as much about why some universities are “great” as a list of names of accomplished people in a large family shows us why their family is “great” relative to others. Moreover, it does nothing to illuminate whether universities did it alone and what kind of incentives were used to enhance researcher productivity.

Private enterprise and government agencies work with universities, as Cole’s own roll call of great achievements demonstrates; they also compete with them. For example, the University of California scientist who isolated the gene for insulin founded Chiron. The cancer drug Gleevec originated in research at M.I.T. and U.C.L.A. but was produced by Novartis. The fetal scanner was produced by Physionic Engineering Inc., formed by researchers who had left the University of Colorado. Organs can be transplanted only with the immunosuppressive drug cyclosporine, developed by Sandoz (now Novartis). The head-lice shampoo developed at Purdue was marketed by Nature’s Sunshine. The Hubble telescope was a joint venture among the European Space Agency, NASA and others, though the idea came from a Princeton astrophysicist. The laser came from research at American universities and Bell Labs.

Cole notes these collaborations but does little to address the numerous questions they raise. What is the optimal division of research among universities, private enterprise and the government? Some universities allow faculty members to hold patents; some give them joint interests in private sector ventures. Which arrangement is most advantageous for research output? Which is best for the integrity of the university? “At Columbia, we pursued technology transfer aggressively,” Cole writes. “If we succeeded, we could use the resources generated to compete effectively with wealthier universities.” But was Cole really just acting as a modern Robin Hood, or does the profit motive pervert the mission of his and other universities?

According to Cole, the current threats to the American university don’t come from the outside — no other nation’s universities are within striking distance — but from within our borders and even within the university itself. Since the Sept. 11 attacks, foreign students and professors find it more difficult to venture to the United States. Cole devotes two chapters to the Bush administration, which he sees as a “frightening example of how the distrust of scholarly and scientific work — because it chal­lenges the ideological views of the prince — can begin to seriously erode the structure of knowledge production that has made our universities the finest in the world.”

But he also sees a grave threat from inequalities among the great universities. A few universities have colossal endowments, but most do not. In 2008, before the financial crisis, 76 had endowments of more than $1 billion; 19 (including Columbia) had endowments of more than $5 billion; and 6 had endowments exceeding $10 billion. “The alarming growth of inequality among university endowments over the past two decades has produced an unnerving potential for a few institutions to be able to dominate the competition for talent,” thus sapping vital competition, Cole argues. But are such inequalities good or bad? Could 125 equally sized automobile firms produce cars as cheaply as a few very large ones? Probably not. So why isn’t that the case for university research as well?

In his conclusion, Cole plays with the notion that universities could engage in cross subsidies, as in baseball, where a luxury tax applies to total payroll. Only one team can win, and taxing rich teams keeps the game more interesting. But knowledge creation, unlike baseball, is not a zero sum game. Everyone can win.

Cole then reverses course and proposes cost-saving mergers among universities. Provosts may see institutional boundaries, but professors, separated by miles and oceans, already work together, sharing research ideas, course syllabuses and students. University researchers are truly scholars without borders; ideas do not wear school colors.

Today, the greatest threats to American higher education probably do not concern any of the things Cole discusses. Rather, they relate to the openness of the system and the academic preparedness of its students, who, as Cole acknowledges at the outset, play almost no role in this volume. But teaching and research cannot be so easily separated. The great research universities educate a substantial fraction of all four-year undergraduates and produce more than three-quarters of all Ph.D.’s. As Cole acknowledges, “excellence in teaching and excellence in research” are “mutually reinforcing.”

But many students are finding it harder to gain access to that teaching. In 1980 average private tuition was 20 percent of median family income, but it is 50 percent today; average public tuition was 4 percent of median family income in 1980 and is 11 percent today. We have witnessed, just this past year, the vulnerability of the great California system.

American universities became the very best in the world because of the nation’s early commitment to universal high school education. Maintaining excellence at the highest educational levels requires sustaining the pipeline from the lower levels. Without renewed commitment to preparedness and access, the great American university may not remain great.

Claudia Goldin is a professor of economics at Harvard. Her latest book, with Lawrence F. Katz, is “The Race Between Education and Technology.”

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

1925) Estatisticas deste blog (cinco dias e meio)

Recebi, do SiteMeter, estas estatisticas para este blog: Diplomatizzando
(desde 30 de janeiro as 14hs até o dia 4 de fevereiro as 24hs, ou seja, cinco dias e meio, aproximadamente)

-- Site Summary ---
Visits
Total ........................ 2,241
Average per Day ................ 315
Average Visit Length .......... 3:06
This Week .................... 2,206

Page Views
Total ........................ 3,540
Average per Day ................ 496
Average per Visit .............. 1.6
This Week .................... 3,469

1924) Avioes militares: nada como ser rico...

É samba, é ginga, é dinheiro que voa
Coluna Carlos Brickmann, 7 de fevereiro de 2010

É Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro. Fale de nós quem quiser falar, mas com os Rafale o ministro Jobim e o presidente Lula estão pertinho do céu.

Comprando os caças supersônicos franceses, os mais caros que participaram de nossa concorrência internacional, o Brasil mostrou uma série de virtudes:

1 - É soberano. Escolheu sozinho. Os Rafale são caros mas são nossos. E só nossos: nenhum outro país quis comprá-lo da França.

2 - Está com a economia em ordem. Países menos afortunados, como a Índia, anunciam ter recebido ofertas do Rafale por bem menos do que o Brasil pagou, e até agora o recusaram, por achá-lo caro. Aqui não se faz economia de tostões.

3 - O Brasil faz sua parte na luta contra a crise internacional. A fabricante do Rafale, que andou tendo problemas, agora respira tranquila. Além disso, o Brasil salvou alguns milhares de empregos na França, nossa aliada.

4 - O Brasil, caso raro entre os países latino-americanos, demonstra o predomínio dos civis sobre os militares. Não deu a menor bola para o relatório da Aeronáutica sobre a concorrência, que colocou o Rafale em terceiro lugar e o sueco Grippen em primeiro; militar, aqui, obedece às ordens do ministro civil, mesmo que o ministro adore vestir uma farda camuflada tamanho GG - XL, certamente fabricada sob medida, para acomodar tanta musculatura.

E, se o Brasil comprou da França um porta-aviões que, em dez anos de operação, passou quatro no estaleiro, por que iria reclamar dos supersônicos?

Brickmann & Associados Comunicação - B&A - 05/02/2010

1923) China: economia neoclassica ou neoliberal

Alguns ingênuos, sobretudo da academia brasileira, acreditam que o sucesso econômico da China se deve a políticas econômicas ainda intervencionistas ou dirigistas, não à sua adesão ao capitalismo de mercado, de pura concorrência, ou seja, de sua vertente neoliberal, como acredito que seja.
Pois bem, quem está dizendo que a direção do PCC segue a linha da economia de mercado, com ênfase na doutrina neoclássica, é simplesmente o Decano adjunto da Escola Nacional de Desenvolvimento e diretor do Centro Chinês para a Pesquisa Econômica da Universidade de Pequim, portanto, uma voz abalizada para ostentar tais tipos de argumentos.
Vejam seu artigo abaixo.

The End of the Beijing Consensus
Yang Yao
YANG YAO is Deputy Dean of the National School of Development and the Director of the China Center for Economic Research at Peking University.
Foreign Affairs, January/February 2010, Volume 1, Number 89, February 2, 2010

Can China's Model of Authoritarian Growth Survive?

Since China began undertaking economic reforms in 1978, its economy has grown at a rate of nearly ten percent a year, and its per-capita GDP is now twelve times greater than it was three decades ago. Many analysts attribute the country's economic success to its unconventional approach to economic policy -- a combination of mixed ownership, basic property rights, and heavy government intervention. Time magazine's former foreign editor, Joshua Cooper Ramo, has even given it a name: the Beijing consensus.

But, in fact, over the last 30 years, the Chinese economy has moved unmistakably toward the market doctrines of neoclassical economics, with an emphasis on prudent fiscal policy, economic openness, privatization, market liberalization, and the protection of private property. Beijing has been extremely cautious in maintaining a balanced budget and keeping inflation down. Purely redistributive programs have been kept to a minimum, and central government transfers have been primarily limited to infrastructure spending. The overall tax burden (measured by the ratio of tax revenue to GDP) is in the range of 20 to 25 percent. The country is the world's second-largest recipient of foreign direct investment, and domestically, more than 80 percent of its state-owned enterprises have been released to private hands or transformed into publicly listed companies. Since the Chinese Communist Party (CCP) lacks legitimacy in the classic democratic sense, it has been forced to seek performance-based legitimacy instead, by continuously improving the living standards of Chinese citizens. So far, this strategy has succeeded, but there are signs that it will not last because of the growing income inequality and the internal and external imbalances it has created.

Ler o texto completo neste link.

1922) Diplomacia da generosidade - gas da Bolivia

'Brasil compra gás para ajudar Bolívia'
O Estado de S. Paulo - 04/02/2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil continuará importando gás da Bolívia mesmo após atingir a autossuficiência na produção do combustível. A afirmação foi feita em cerimônia de inauguração do maior gasoduto brasileiro em capacidade, investimento, de R$ 2,54 bilhões, que vai garantir a chegada de até 40 milhões de metros cúbicos por dia aos principais mercados consumidores.

Segundo ele, o contrato com a Bolívia é uma forma de "ajudar" o país vizinho. "Eu acho que, dentro de algum tempo mais, a gente vai poder bater no peito e dizer: "Nós temos gás suficiente". E vamos continuar comprando da Bolívia, porque nós temos que ajudar a Bolívia, que é um país pobre. O papel de uma nação do tamanho do Brasil é ajudar os países menores do lado dele", disse o presidente.

"Temos boas relações com a Bolívia, nunca tivemos problemas para importar e não acreditamos no risco de um corte", acrescentou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em entrevista após o evento.

O Brasil tem contrato para importar 30 milhões de metros cúbicos por dia da Bolívia até 2019. Embora haja excesso de oferta de gás no País, Lula voltou a afirmar que a prioridade para o uso do combustível está na geração de energia elétrica.

"É importante saber disso. Quem tiver fábrica, carro ou piscina a gás tem de saber que, se tiver uma crise energética, a primeira coisa que nós vamos utilizar para levar energia para as casas das pessoas é o gás'', destacou o presidente.

O gasoduto inaugurado pelo presidente, Cabiúnas-Reduc III (Gasduc III), começará a operar com algo em torno de 15 milhões de metros cúbicos por dia, por causa da demanda, que está abaixo da capacidade total.

A partir de março, quando está prevista a inauguração do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene), este duto permitirá levar o gás produzido na Região Sudeste ? e futuramente do pré-sal ? para abastecer o mercado nordestino, hoje deficitário e dependente do Gás Natural Liquefeito (GNL) importado.

=========

Comentário PRA:
Mesmo a generosidade, quando bem intencionada, e não apenas por falsa mangnanimidade, demagogia ou desejo de parecer benevolente (unilateralmente), não dispensaria algum cálculo de custo-benefício, apenas para que o Estado, e também a cidadania, possam fazer uma estimativa de quais são as melhores opções para se ajudar a Bolívia.
Pode-se, hipoteticamente, pensar, por exemplo, que seria melhor para a Bolívia deixá-la exportar o gás agora excedentário para terceiros países e passar a estabelecer outras relações de comércio com o país vizinho.
"Monopolizar" o gás boliviano apenas porque ela aparenta ser um país pobre (o que já constitui uma ofensa em si, no dizer) pode não ser a melhor coisa para ela ou para o Brasil.
Pessoas no governo deveriam fazer um simples cálculo de custo-oportunidade, para o Brasil e para a Bolívia. Apenas porque o presidente não sabe, ou não pensa nisso, não é motivo para uma assessoria competente, em primeiro lugar no MME, recomendar-lhe o que seja melhor para o Brasil e para a Bolívia.

==============

Addendum em 5.02.2010:
Bolívia reage à fala de Lula sobre gás
Jornal do Brasil, 5/02/2010

O governo boliviano reagiu negativamente às declarações do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que o Brasil não deixará de importar gás natural da Bolívia por uma questão de "solidariedade".
O ministro da Presidência da Bolívia, Oscar Coca Antezana, enfatizou ontem que as negociações do hidrocarboneto com o Brasil estão sujeitas a um compromisso contratual, que "deve ser respeitado acima de outras disposições".
– Há contratos e nós trabalhamos com contratos.
Fez-se um duto que custou mais de US$ 2 bilhões porque havia um convênio e este tem que ser cumprido. Aqui não há sentimentos nem paixões – afirmou Coca Antezana.
Na quarta-feira, Lula discursou, durante a inauguração de um gasoduto no Rio, que o Brasil tem cada vez menos necessidade do produto importado da Bolívia, mas que continuaria importando o gás porque “o papel de uma nação como o Brasil é ajudar países menores”.
Coca Antezana rebateu as palavras de Lula explicando que “não é correto nem próprio” falar desta maneira “quando há um contrato no meio”.
– Definitivamente, o Brasil está cumprindo um acordo que foi assinado anteriormente.
O não cumprimento vai implicar-lhes sanções – advertiu o ministro.
A Bolívia exporta para o Brasil entre 19 milhões e 27 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A quantidade varia segundo a demanda e o preço. Atualmente, com os índices de consumo de energia alcançando cifras recordes no Brasil, cerca de 40% do gás natural utilizado no país é boliviano.
Coca Antezana afirmou que discurso do presidente “não é correto.”

=============

Novo comentário PRA:

O ministro boliviano tem razão, especialmente quando disse: "Há contratos e nós trabalhamos com contratos."
Pena que o governo boliviano rasgou um tratado bilateral e contratos com a Petrobras para invadir e tomar uma propriedade que não era dele, ou seja, o governo boliviano agiu ilegalmente, traiçoeiramente e em total contradiçnao com práticas diplomáticas normais, e na ausência de qualquer reação digna por parte do governo brasileiro.
O que seria de se esperar, era um aviso da Bolívia que pretendia rever o tratado e os contratos, passar nota ao governo brasileiro propondo negociações e aguardar as conversações. Não, atuaram de modo totalmente desrespeitoso.
O que o governo brasileiro deveria fazer, quando o Brasil estiver totalmente abastecido de gás nacional, seria propor ao governo boliviano rever os contratos, apenas isso. Acredito que a Bolívia se sentiria, e se sairia, melhor, tendo liberdade para vender mais caro (se puder) o gás excedentário de que dispõe e do qual o Brasil não venha mais a necessitar. Afinal de contas tem o valor do transporte. Se a eliminação deste se coadunar com a amortização do gasoduto, creio que se pode considerar a mudança nos contratos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

1921) Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos?

Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos?
Paulo Roberto de Almeida
(da série: Volta ao mundo em 25 ensaios)
Ordem Livre, 01 de Fevereiro de 2010

Economia mundial não é um termo que se possa empregar antes do século XVI et encore: mesmo a partir da unificação geográfica conduzida por Colombo, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães, a economia mundial não era, em absoluto, universal. Nessa primeira onda de globalização, de caráter mercantil, tratava-se, mais exatamente, de um arquipélago de economias centrais, predominantemente de origem européia, vinculadas a suas respectivas periferias nas novas terras descobertas, mediante um sistema usualmente conhecido como "exclusivo colonial". Os demais centros regionais – o "Império do Meio" (China), o império Mogul, na Índia, o mundo muçulmano (que começava a ser unificado sob o jugo otomano) e outros "blocos" sub-regionais, na Eurásia ou nas Américas – não tinham realmente condições de disputar qualquer hegemonia econômica mundial, como diriam os marxistas.

Até o final do século XVIII, China e Índia constituíam duas grandes economias, que produziam bens valorizados nos mercados ocidentais, mas dotadas de instituições pouco adaptadas aos desafios da nova economia industrial, caracterizada pelo que se poderia chamar, ainda no jargão marxista, de um "modo inventivo de produção". Foi precisamente a partir da revolução industrial na Inglaterra, nessa mesma época, que teve início a diferenciação dos centros econômicos mundiais, processo que os historiadores econômicos chamam de "grande divergência", ou seja, a aceleração da transformação tecnológica no Ocidente, seguida da dominação absoluta das potências européias sobre o resto do mundo (destinada a durar cinco séculos, talvez até hoje).

Essa segunda grande onda da globalização, de natureza industrial, conforma o que se poderia pela primeira vez chamar de economia mundial, uma rede integrada de centros produtores de matérias primas, de um lado, servidas pelos centros financeiros europeus – com a libra inglesa e os bancos britânicos em seu núcleo – e as oficinas manufatureiras, de outro, dotadas das novas tecnologias industriais de produção em massa. As economias nacionais, até então pouco diferenciadas entre si – posto que uniformemente e predominantemente de base agrícola ou mercantil – começam a exibir diferenças estruturais, a partir de níveis de produtividade bem mais elevados nos sistemas industriais. A defasagem de renda começa sua escalada para índices sempre crescentes, entre o centro e a periferia, num processo que se desenvolveria durante praticamente dois séculos, com um recrudescimento ainda maior durante a maior parte do século XX, para diminuir apenas a partir da terceira onda de globalização, já no último quinto desse século.

No intervalo, a economia mundial capitalista seria desafiada por duas ameaças muito diferentes, entre si, mas concordantes em sua ação desagregadora de um sistema verdadeiramente unificado de relações mercantis e financeiras. A partir da primeira guerra mundial, as crises recorrentes dos centros capitalistas desenvolvidos no entre guerras (em especial a de 1929 e a depressão que se seguiu) e a implantação de sistemas coletivistas (de natureza soviética, desde 1917, e os fascismos, pouco depois), com suas experiências estatizantes e antiliberais, representaram uma "breve" interrupção de setenta anos no processo de globalização. No imediato pós-segunda guerra mundial, as muitas experiências de nacionalizações e de estatizações no Ocidente capitalista, com seu cortejo de práticas intrusivas, dirigistas e planos de "desenvolvimento" (com muito planejamento estatal centralizado, mesmo no capitalismo) representaram, igualmente, um retrocesso na reunificação de um sistema de mercado verdadeiramente mundial, desde então colocado sob a égide dos dois irmãos de Bretton Woods (o FMI e o Banco Mundial) e do GATT (OMC, em 1995).

Foi somente a partir das reformas econômicas "neoliberais" iniciadas na China a partir dos anos 1980 e da implosão e quase completo desaparecimento dos regimes socialistas, entre 1989 e 1991, que o processo de reunificação da economia mundial é retomado, no bojo da terceira onda de globalização capitalista, desta vez dominada pela sua vertente financeira (mas que inclui também os investimentos diretos). O fim do socialismo representou pouco em termos de concorrência manufatureira – já que o socialismo era um produtor medíocre de bens industrializados – e menos ainda em termos de fluxos financeiros e tecnológicos – onde os países socialistas eram ainda mais marginais, senão irrelevantes; mas significou um impacto decisivo em termos de mercados e, sobretudo, de mão-de-obra (com destaque absoluto para a China).

A fase atual, se ainda não pode ser identificada com um novo processo de "convergência" da economia mundial, caracteriza-se, pelo menos, pela diminuição da divergência entre as regiões – com notáveis exceções, como nos casos da África, do Oriente Médio e em grande medida da América Latina – e pelo rápido catch-up experimentado por alguns emergentes dinâmicos. No curso dos últimos vinte anos de globalização, a China e a Índia retiraram centenas de milhões de pessoas de uma miséria abjeta, colocando-as numa situação de pobreza moderada, justamente em função das reformas econômicas empreendidas e de sua inserção na globalização. Esse processo deve continuar, pelo menos naqueles países que decidiram substituir antigas políticas protecionistas e estatizantes por uma abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros diretos.

O lado financeiro permanece ainda a dimensão problemática da globalização, não porque a liberdade de circulação de capitais seria, em si, desestabilizadora das economias nacionais, mas porque os governos ainda insistem em praticar políticas monetárias e cambiais inconsistentes com os novos dados da economia mundial. O monopólio dos bancos centrais na emissão de moedas-papel, na fixação das taxas de juros (sem correspondência efetiva com o equilíbrio real dos mercados de capitais) e seu papel na manutenção de regimes cambiais irrealistas e desajustados, explica muito das crises financeiras ocorridas na segunda metade dos anos 1990 e em 2007-2009. As bolhas que se formam não são o resultado de "forças cegas do mercado" – como políticos inescrupulosos e economistas pretensamente keynesianos proclamam – mas sim a consequência das manipulações dos governos em setores sensíveis da economia real. A possibilidade de maiores progressos em direção à convergência econômica mundial depende, assim, tanto da continuidade da abertura dos países ao processo de globalização, quanto da habilidade dos governos em manterem soberania monetária e cambial no novo contexto criado pela unificação paulatina dos mercados de capitais.

Não é provável que essa convergência se dê rapidamente, tendo em vista a resistência de muitos governos à abertura comercial e financeira e sua tendência a continuar manipulando taxas de juros e regimes cambiais; mas é previsível que a globalização continue avançando naqueles países e regiões propensos a aceitarem as novas regras de mercado. Independentemente do que digam aqueles que condenam as novas políticas "neoliberais", é um fato que os países que mais progressos fizeram no plano do crescimento econômico e da prosperidade de seus povos são aqueles que mais rapidamente souberam se integrar comercialmente na economia mundial, e dela puderam tirar proveito dos efeitos benéficos dos investimentos diretos, que trazem capitais, know-how e tecnologia. A lição parece ter sido aprendida, mas nem todos souberam dela tirar os ensinamentos adequados.
Ça viendra, à son temps...

===========

Para o primeiro ensaio da série "Volta ao Mundo em 25 Ensaios", ver aqui:
Por que o mundo é como é (e como ele poderia ser melhor...)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

1920) Haiti: nao se trata de reconstrucao, mas de construir um pais

Tenho lido na imprensa artigos de pretensos especialistas no Haiti que, invariavelmente, tocam na corda de que o país foi "esquecido" pelo mundo, quando não dominado e explorado pelo imperialismo americano, e por isso é o que é, ou seja, o país mais pobre do hemisfério, de fato um país africano na América Latina.
Não faltaram também aqueles que falaram de um Plano Marshall, ou até de um Plano Lula, como se fosse obrigação do mundo reconstruir o país, ou de se comprometer com essa tarefa nas próximas duas décadas.
Sou circunspecto quanto a isso, por "n" razões que não vou explicar agora. Permito-me, em todo caso, transcrever um artigo a respeito.

* OPINION
Haiti Needs to Be Built, Not Rebuilt
Calls for a 'Marshall Plan' are misguided.
By PETER A. COCLANIS
The Wall Street Journal, February 2, 2010

In our haste to help Haiti, we need to resist the kind of sloppy thinking that can lead to false assumptions and overly optimistic plans. The recent call by International Monetary Fund Managing Director Dominique Strauss-Kahn for a "Marshall Plan" for Haiti, which is now being echoed by many others, is a case in point. Such a plan, even if it was embraced by developed countries, has little chance of succeeding.

The Marshall Plan, officially known as the European Recovery Plan, was a U.S. policy that spent tremendous sums of money rebuilding war-torn Europe between 1948 and 1952. Popularly identified with Secretary of State George C. Marshall, the plan was largely developed by talented State Department officials, such as George F. Kennan and William L. Clayton. It had several goals, including providing relief to the poor, promoting economic development, and preventing a communist upsurge in Western and Southern Europe.

The U.S. and other nations distributed more than $13 billion—equivalent to more than $97 billion in 2008 dollars—to 17 nations. Some of the countries that received aid were historically poor: Greece, Ireland, Portugal and Turkey, for example. Most, however, were already developed countries that were simply reeling from World War II—such as Austria, Denmark, France, Western Germany, Luxembourg, the Netherlands, Norway, Sweden and the United Kingdom.

In many cases, factories, city centers and infrastructure were bombed out. In others, residents had fled ahead of the fighting or mobilized in response to the war. Heavy investment was required to restart the economies of these countries.

The Marshall Plan succeeded in helping to usher in the European "economic miracle" of the 1950s. But it did so, according to most historians, because the bulk of the aid went to developed nations that merely needed an economic jump start.

Before the war, these areas possessed high levels of human capital, relatively advanced technologies, and institutions and cultures that were conducive to growth. With short-term capital infusions, they reverted to form.

The case of Japan, another developed nation devastated by World War II, is also instructive. It too experienced an "economic miracle" after the war, a few years after Europe experienced its miracle. It did so with help from the U.S. (though it did not formally participate in the Marshall Plan).

The situation in Haiti today is vastly different than that of postwar Europe and Japan. Haiti is an economically exhausted place, as it was on the eve of the Jan. 12 earthquake. Its economic problems are not akin to those facing Europe or Japan in 1948, and what is required to put Haiti on sound economic footing is much different.

Instead, what policy makers need to focus on is creating the conditions—economic, social, educational, public health, political, and perhaps most importantly, cultural—necessary to put Haiti onto the first foothold of the development ladder.

No one should delude himself that a development scheme for Haiti will in the short run enable the country to scale that ladder, let alone claim a position at or near the top as did postwar France, Germany, Britain, and Japan. Rather, the hope should be that Haiti can begin the difficult and uncertain process of economic development.

This is obviously a worthy goal—one we should support—but misleading analogies won't make the goal come true. It would be much better to explicitly acknowledge the difficult task ahead. The Marshall Plan lasted for about four years and succeeded by jump-starting formerly functioning economies.

Haiti is by far the poorest country in the Western Hemisphere. Some 98% of the country is deforested. It lacks many of the fundamental institutions necessary for a vibrant economy, such as a reliable police force, protections for private property, and schools that boost literacy rates. Just 50% of Haiti's population is literate now. Haiti also lacks a culture that encourages a strong work ethic, the accumulation of capital, and the passing of assets on to future generations. Realistically, building an economic base for Haiti will take generations.

Before the quake there were more than 10,000 nongovernmental organizations in Haiti feeding the poor, providing health services and much more. This fact alone should give the world pause. Haiti doesn't need to be rebuilt. It needs to be built from the ground up.

Mr. Coclanis is a professor of history and director of the Global Research Institute at the University of North Carolina, Chapel Hill.

1919) A arte de ser contrarianista

Eu mesmo esqueço de certos textos mais antigos que deveriam estar linkados de forma permanente na coluna da direita. De vez em quando, um deles me cai, por acaso, "no colo", ou na tela do computador. Como nunca foi publicado em algum veículo formal, creio que não estou infringindo nenhum copyright (que seria meu mesmo) se republicá-lo novamente:

A arte de ser contrarianista...
O contrarianismo, na prática


Paulo Roberto de Almeida

Já me defini, em algum trabalho anterior, como um “contrarianista”, isto é, alguém que procura ver as “coisas da vida” com um olhar cético, sempre interrogando os fundamentos e as razões de por quê as coisas são daquele jeito e não de outro, ou de como elas poderiam ser ainda melhores do que são, aparentemente a um menor custo para a sociedade ou atendendo a critérios superiores de racionalidade e de instrumentalidade. Ou seja, em linguagem da economia política, o contrarianista é um indivíduo que está sempre procurando aumentar as externalidades positivas e diminuir as negativas, sempre efetuando cálculos de custo-oportunidade do capital empregado, sobre o retorno mais eficiente possível, adequando os meios disponíveis ao princípio da escassez.
O contrarianista não é, a despeito do que muitos possam pensar, um ser que sempre é “do contra”, um caráter negativo ou pessimista. Ao contrário, trata-se, para ele, de buscar otimizar os recursos existentes, indagando continuamente como fazer melhor, eventualmente mais barato, com os parcos meios existentes. Esta é a minha concepção do contrarianismo, uma arte difícil de ser exercitada, mais difícil ainda de ser compreendida. Eu a definiria, segundo uma lição que aprendi ainda na adolescência, como um exercício de “ceticismo sadio”, ou seja, o espírito crítico que não se compraz, simplesmente, em negar as “coisas” como elas são, mas que se esforça, em toda boa vontade, para que elas sejam ainda melhores do que são, questionando sua forma de ser atual e propondo uma organização que possa ser ainda mais funcional do que a existente.
Por isso mesmo, pretendo, neste curto ensaio, tecer algumas considerações sobre a arte de ser contrarianista, o que, confesso, não é fácil. Sempre nos arriscamos a ser incompreendidos, em aparecer como puramente negativos ou derrotistas, quando o que se busca, na verdade, é reduzir o custo das soluções “humanamente produzidas” (elas sempre são falhas). Talvez, a melhor forma de se demonstrar, na prática, a arte do contrarianismo, seria elaborar uma série de manuais de sentido contrário, isto é, em lugar dos How to do something, escrever sobre “como não fazer” determinadas coisas. Como eu exercito muito freqüentemente a resenha de livros, creio que não seria difícil oferecer algumas observações sobre essa prática corriqueira da vida cotidiana. Aliás, já o fiz, num dos primeiros posts de meu blog “Book reviews” dedicado aos livros, post nº 2, “A arte da resenha” (neste link).
Existem, de fato, muitos manuais e guias sobre a arte ou a maneira de se fazer isto ou aquilo, sendo os mais conhecidos, justamente, aqueles americanos que seguem as regras usuais do gênero “how to do this or that...”. Aperfeiçoando o gênero surgiram os “beginners’ guide to...” e os “idiot’s guide for...”. Antes dessa era de proliferação infernal de guias para todos os idiotas existentes, eu cheguei a consultar, quando estava elaborando a minha tese de doutoramento, um guia de um desses americanos do self-help, que se chamava, exatamente, How to complete, and survive... a doctoral dissertation: foi útil, confesso, ao menos em diminuir o stress com os ciclos ascendentes (eufóricos) e descendentes (que podem ser depressivos, para alguns candidatos) do longo périplo na direção do final da tese. Talvez, um dia, eu faça um manual sobre “Como não exercer a diplomacia”, para o que eu mesmo teria muito material primário – autoproduzido – a ser processado e apresentado a eventuais candidatos e outros incautos da profissão.
Esperando que este dia chegue, vejamos quais poderiam ser algumas regras simples do contrarianista profissional, aquele que leva esse método a sério, considera o exercício válido do ponto de vista das best practices e pretende aperfeiçoar os procedimentos e instrumentos para elevar essa prática ao estado de “arte”, se ela já não o é. Uma simples listagem, a ser detalhada em trabalhos posteriores, poderia compreender os seguintes pontos:

1) Questione as origens:
Toda vez que for apresentado a um novo problema, ou uma questão não corriqueira, veja se consegue detectar as origens daquele problema, porque ele surgiu dessa forma neste momento e neste local. Saber a etiologia de algum fenômeno, assim como saber a etimologia das palavras, sempre ajuda a detectar as razões de sua irrupção num dado contexto em que você é chamado a intervir. As origens e fundamentos de um processo qualquer podem contribuir para determinar seu possível desenvolvimento e eventual itinerário. É assim que procedem os epidemiologistas e, creio também, os linguistas, sempre preocupados em detectar os mecanismos fundamentais de criação de um fenômeno ou processo. Portanto, não tenha medo em perguntar: “de onde surgiu isso?; como é que isso veio parar aqui?; qual é a origem desse treco?”. Pode ajudar um bocado.

2) Determine se o que está sendo apresentado é realmente a essência da coisa:
Muitas vezes somos enganados pelas aparências, como já dizia um velho humorista. As coisas podem ter mais de uma dimensão – usualmente três, mas alguns apostam em dimensões “desconhecidas” – ou em todo caso todos os lados e facetas daquele problema podem não estar imediatamente visíveis ou serem perceptíveis da posição na qual você se encontra. Por isso, não hesite em fazer como Aristóteles e ir buscar a essência da coisa, sua natureza real. Na maior parte das vezes não é preciso bisturi ou serrote, apens um pouco de reflexão ou de exame mais acurado do que lhe é apresentado. Antes de qualquer pronunciamento, vire a coisa pelo avesso...

3) Pergunte por que aqui e agora?:
As coisas não sugem do nada, está claro, e, justamente, nos assuntos da alta política, da economia ou da diplomacia, elas deitam raízes lá atrás, em movimentos tectônicos que talvez tenham passado despercebidos aos contemporâneos, mas que já se moviam na direção que vieram a assumir na atualidade. O fato de estarem sendo colocadas na agenda neste momento significa que seu movimento natural as trouxe à superfície ou que alguém tenha interesse em que essas coisas sejam agora tramitadas e eventualmente resolvidas. Examine o contexto da “aparição”, determine as condições sob as quais elas estão sendo apresentadas e prepare-se para interrogar, você mesmo, as coisas surgidas na agenda. Essas medidas de caução são sempre importantes para evitar alguma reação precipitada ou incontornável, que possa comprometer seus próximos passos no tratamento dessas coisas.

4) Examine e avalie, preventivamente, todas as opções disponíveis:
Nunca existe uma única solução para qualquer problema humanamente concebível. Os problemas podem ser encaminhados por diferentes vias, seja quanto ao método (procedimentos), seja quanto à sua substância (a matéria em questão). As vias alternativas apresentam diferentes custos e produzem efeitos muito diversos, imediatos ou delongados. Sempre existe aquilo que os economistas chamam de trade-offs, isto é, uma maneira (supostamente racional) de se obter algo valioso cedendo alguma outra coisa, alegadamente menos importante para nós. O contrarianista pergunta, sempre, se a solução apresentada é a de menor custo possível, naquelas circunstâncias, e quais seriam os retornos esperados ou presumíveis da via adotada. Os custos devem sempre ser pesados em face dos ganhos esperados, ou de um emprego alternativo dos recuros disponíveis.
Por isso, é sempre recomendável fazer simulações, avaliar custos e oportunidades, enfim proceder de modo utilitário – como os velhos filósofos ingleses ensinaram –, afastando nossos preconceitos e as idées reçues. O instinto pode sté ser bom conselheiro, mas isso só vale para pessoas anormalmente sapientes ou dotadas de muita experiência de vida. Os simples mortais, como a maioria de nós, precisam se basear em algum estudo acurado da situação para poder determinar, justamente, se a solução proposta deliver the best available outcome, ou retorno. Isso só pode ser determinado após exame do problema e determinação do menor sacrifício a ser concedido, um pouco como no jogo de xadrez (aliás, recomendável para contrarianistas de todo o gênero).

5) Uma vez determinada a “solução”, engaje-se no resultado, mas criticamente:
No curso da vida, como diria Benjamin Franklin, só existem duas coisas inevitáveis: a morte e os impostos. Mas, mesmo estes podem ser modificados, ainda que não, helàs, evitados. Por isso, em matérias humanas, cabe se engajar em todo e qualquer empreendimento com alguma porta de saída, ou via alternativa. Determinada the best option for this problem, caberia engajar-se resolutamente na sua consecução, e seguir atentamente o desenvolvimento dos procedimentos. As muitas variáveis que interferem num determinado problema nem sempre são absolutamente determinadas pelos parceiros no jogo, podendo haver interferências externas, circunstâncias fortuitas e eventos imprevisíveis que alteram o curso ou o resultado final. Por isso mesmo, se deve acompanhar qualquer problema com olho crítico, vigiando cada etapa do processo, para ver se cabe ainda manter as premissas originais e o investimento efetuado naquela solução.

6) Reconsidere todo o processo e pratique um pouco de história virtual:
Todos já leram, ou pelo menos já ouviram falar, de hipóteses não realizadas no curso real da história mas que teriam sido possíveis em outras circunstâncias: “o que teria acontecido se, em Waterloo, Napoleão não tivesse sido derrotado?”; e se Churchill isto e Hitler aquilo?, ou seja, o impoderável resumido na pergunta clássica da história virtual “What if?”. O contrarianista deve ser, antes de mais nada, um praticante da história virtual e considerar todos os outcomes possíveis num determinado processo, pois eles poderiam ter efetivamente ter acontecido.
Minha pergunta básica, para um exercício espiritual e prático de todos os contrarianistas aprendizes, para os candidatos a “céticos sadios”, seria esta: “por que o Brasil não é um país desenvolvido?” Respostas tentativas para o meu e-mail, por favor...

Brasília, 1717: 3 de fevereiro 2007, 4 p.

1918) Assim caem os imperios...

Pelo menos é uma forma suave de cair, não no estilo wagneriano como feito por aquele imbecil do Hitler...

Deficits May Alter U.S. Politics and Global Power
By DAVID E. SANGER
The New York Times, February 2, 2010

WASHINGTON — In a federal budget filled with mind-boggling statistics, two numbers stand out as particularly stunning, for the way they may change American politics and American power.

The first is the projected deficit in the coming year, nearly 11 percent of the country’s entire economic output. That is not unprecedented: During the Civil War, World War I and World War II, the United States ran soaring deficits, but usually with the expectation that they would come back down once peace was restored and war spending abated.

But the second number, buried deeper in the budget’s projections, is the one that really commands attention: By President Obama’s own optimistic projections, American deficits will not return to what are widely considered sustainable levels over the next 10 years. In fact, in 2019 and 2020 — years after Mr. Obama has left the political scene, even if he serves two terms — they start rising again sharply, to more than 5 percent of gross domestic product. His budget draws a picture of a nation that like many American homeowners simply cannot get above water.

For Mr. Obama and his successors, the effect of those projections is clear: Unless miraculous growth, or miraculous political compromises, creates some unforeseen change over the next decade, there is virtually no room for new domestic initiatives for Mr. Obama or his successors. Beyond that lies the possibility that the United States could begin to suffer the same disease that has afflicted Japan over the past decade. As debt grew more rapidly than income, that country’s influence around the world eroded.

Or, as Mr. Obama’s chief economic adviser, Lawrence H. Summers, used to ask before he entered government a year ago, “How long can the world’s biggest borrower remain the world’s biggest power?”

The Chinese leadership, which is lending much of the money to finance the American government’s spending, and which asked pointed questions about Mr. Obama’s budget when members visited Washington last summer, says it thinks the long-term answer to Mr. Summers’s question is self-evident. The Europeans will also tell you that this is a big worry about the next decade.

Mr. Obama himself hinted at his own concern when he announced in early December that he planned to send 30,000 American troops to Afghanistan, but insisted that the United States could not afford to stay for long.

“Our prosperity provides a foundation for our power,” he told cadets at West Point. “It pays for our military. It underwrites our diplomacy. It taps the potential of our people, and allows investment in new industry.”

And then he explained why even a “war of necessity,” as he called Afghanistan last summer, could not last for long.

“That’s why our troop commitment in Afghanistan cannot be open-ended,” he said then, “because the nation that I’m most interested in building is our own.”

Mr. Obama’s budget deserves credit for its candor. It does not sugarcoat, at least excessively, the potential magnitude of the problem. President George W. Bush kept claiming, until near the end of his presidency, that he would leave office with a balanced budget. He never got close; in fact, the deficits soared in his last years.

Mr. Obama has published the 10-year numbers in part, it seems, to make the point that the political gridlock of the past few years, in which most Republicans refuse to talk about tax increases and Democrats refuse to talk about cutting entitlement programs, is unsustainable. His prescription is that the problem has to be made worse, with intense deficit spending to lower the unemployment rate, before the deficits can come down.

Mr. Summers, in an interview on Monday afternoon, said, “The budget recognizes the imperatives of job creation and growth in the short run, and takes significant measures to increase confidence in the medium term.”

He was referring to the freeze on domestic, non-national-security-related spending, the troubled effort to cut health care costs, and the decision to let expire Bush-era tax cuts for corporations and families earning more than $250,000.

But Mr. Summers said that “through the budget and fiscal commission, the president has sought to provide maximum room for making further adjustments as necessary before any kind of crisis arrives.”

Turning that thought into political action, however, has proved harder and harder for the Washington establishment. Republicans stayed largely silent about the debt during the Bush years. Democrats have described it as a necessary evil during the economic crisis that defined Mr. Obama’s first year. Interest in a long-term solution seems limited. Or, as Isabel V. Sawhill of the Brookings Institution put it Monday on MSNBC, “The problem here is not honesty, but political will.”

One source of that absence of will is that the political warnings are contradicted by the market signals. The Treasury has borrowed money to finance the government’s deficits at remarkably low rates, the strongest indicator that the markets believe they will be paid back on time and in full.

The absence of political will is also facilitated by the fact that, as Prof. James K. Galbraith of the University of Texas puts it, “Forecasts 10 years out have no credibility.”

He is right. In the early years of the Clinton administration, government projections indicated huge deficits — over the “sustainable” level of 3 percent — by 2000. But by then, Mr. Clinton was running a modest surplus of about $200 billion, a point Mr. Obama made Monday as he tried anew to remind the country that the moment was squandered when “the previous administration and previous Congresses created an expensive new drug program, passed massive tax cuts for the wealthy, and funded two wars without paying for any of it.”

But with this budget, Mr. Obama now owns this deficit. And as Mr. Galbraith pointed out, it is possible that the gloomy projections for 2020 are equally flawed.

Simply projecting that health care costs will rise unabated is dangerous business.

“Much may depend on whether we put in place the financial reforms that can rebuild a functional financial system,” Mr. Galbraith said, to finance growth in the private sector — the kind of growth that ultimately saved Mr. Clinton from his own deficit projections.

His greatest hope, Mr. Galbraith said, was Stein’s law, named for Herbert Stein, chairman of the Council of Economic Advisers under Presidents Richard M. Nixon and Gerald R. Ford.

Stein’s law has been recited in many different versions. But all have a common theme: If a trend cannot continue, it will stop.

1917) Como anda o marxismo no Brasil? (ou seria marquissismo?)

Um leitor de meu post:

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
1914) O Fim da Historia, de Fukuyama

o Equiano Santos, historiador da Bahia, mencionou em seu comentário a diatribe ocorrida algum tempo atrás a propósito de uma "resenha devastadora" que eu havia feito de um livro pretensamente marxista, organizado por um professor seu da Bahia, que se acredita marxista. O livro era este:
Jorge Nóvoa (org.) Incontornável Marx. São Paulo/Salvador: Unesp/UFBA, 2007, 407 p.
Confesso que a resenha era deliberadamente negativa (et pour cause), e mesmo que eu a tenha chamado de "nota crítica", ela simplesmente desmantelava uma compilação mal feita, com artigos medíocres (com algumas poucas exceções), de pessoas que digeriram mal Marx e seus discípulos. Mesmo tendo aposentado meus livros dessa vertente, creio conhecer o velho barbudo melhor do que muitos dos colaboradores a essa obra.
Acreditem, o livro era tão ruim que talvez nem merecesse a nota que fiz, pois falar dele já representou uma espécie de promoção ou propaganda, indevida, provavelmente.
De fato, parece que os organizadores e autores ficaram "órfãos" de outras resenhas a propósito dessa obra lamentável do ponto de vista do marxismo acadêmico, e se não fosse a polêmica involuntariamente despertada por mim, eles teriam ficado sem qualquer publicidade, coitados.

Pois bem, já que o assunto foi levantado novamente, permito-me remeter a essa "nota crítica, ao fim da qual eu recomendava aos eventuais candidatos à sua leitura que empregassem seu dinheiro de outra forma, mais apetitosa, comprando uma pizza:

Paulo Roberto de Almeida: “Marxistas totalmente contornáveis
Espaço Acadêmico (ano 7, n. 84, maio 2008, disponível neste link).

Bem, logo depois os ataques à minha resenha e, especialmente, contra a minha pessoa foram de tal forma virulentos, reveladores de um fundamentalismo tão sectário, que eu julguei por bem responder aos meus enraivecidas comentaristas, com um outro artigo, que retomava a maior parte dos ataques da tribo de esclerosados marquissistas de bar. Meu artigo-resposta foi este:

Manifesto Comunista, ou quase...: dedicado a “marquissistas” à beira de um ataque de nervos (a propósito de uma simples resenha)
Espaço Acadêmico (ano 8, n. 85, junho de 2008; disponível neste link).

Eu não diria que o bando de enfurecidos marquissistas de opereta se tenha redimido dos ataques, mas, ao ver expostos seus apelos inquisitoriais, censórios e gulaguianos, eles se guardaram de fazer novos ataques at large, ou seja, que chegassem ao meu conhecimento. Devem estar até hoje trocando insultos contra a minha pessoa, mas em privado, o que não deixa de alimentar ainda mais a sua raiva. Não fiquem com furúnculos, rapazes...

Se eu tiver tempo, algum dia, vou fazer uma análise detalhada de cada uma das contribuições a esse livro que representa um desserviço aos estudos sérios em torno do marxismo no Brasil, mostrando toda a esclerose e o reacionarismo desses marquissistas de departamentos universitários.
Por enquanto fica apenas o registro devido de um não-debate sobre um não-livro...

Paulo Roberto de Almeida (3.02.2010)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

1916) Concurso para a carreira diplomatica: alguns comentarios pessoais (esquizofrenicos, talvez...)

Depois que eu (levianamente) elaborei este post:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
1912) Dicas para a carreira diplomatica

fazendo, como de hábito, meu anarquismo habitual em matéria de boas regras de conduta, mas atendendo, como sempre, demandas externas, alguns curiosos, legitimamente, perguntaram-me o que eu faria em termos de leituras e preparação, para me tornar um diplomata.
Sinceramente, não sei. Aliás, tudo o que eu não quero é me ocupar de concurso para o Itamaraty, por ser algo muito complicado e extremamente responsável.
Eu até acho que se eu fizesse o concurso hoje, seria reprovado, pelo menos com base na minha pouca preparação para o concurso que fiz, no século passado.
Não apenas porque as provas são realmente difíceis, o que elas são, de fato, mas também porque elas são, como dizer?, "peculiares".

Em todo caso, algumas das perguntas que recebi, foram estas:

1) O quê na sua opinião comporia uma boa base de leituras relativas ao Brasil?
2) Que obras você acrescentaria?
3) O quê você acha que falta?
4) Ou ainda: Se você tivesse que remontar a lista de “leituras brasileiras” o quê você colocaria de novo?
5) Por que você considera o CACD passavelmente esquizofrênico?
6) A carga de leitura deveria ser menor? Ou maior?
7) O que se requer de um candidato à diplomacia?
8) Quais os livros que acreditas tratarem melhor desses temas? (Independente de sua procedência)

Bem, são perguntas importantes para serem respondidas num "átimo", como diriam os italianos (sem o acento). Não vou sequer tratar aqui dos livros ou de uma bibliografia ideal, o que deixo para oportunidade futura.

Se eu tivesse esse tipo de concurso sob minha responsabilidade, não delegaria a função a "terceiros", professores de RI ou das matérias setoriais (salvo em casos muito específicos). Acho que uma comissão de diplomatas, de todas as classes, poderia elaborar algumas centenas de questões, que depois seriam selecionadas e misturadas, alteradas ligeiramente em sua redação, ou ordem (negativo, positivo, por exemplo, ou certo e errado), e depois preparadas para uma prova geral, a que se seguiriam provas setoriais.
Mas, eu começaria por abolir qualquer exigência de diploma para ser diplomata, mesmo de primeiro grau. Acredito que basta demonstrar preparação respondendo questões de forma objetiva e depois passando por uma banca seletiva para questões não exatamente objetivas.
Esse bacharelismo do Brasil me parece ridículo. Diplomata não é necessariamente alguém que tenha muitos diplomas, ou mesmo apenas um. Trata-se apenas de alguém preparado para a carreira. Isso é vocação, e pode ser por autodidatismo integral, ou seja, a pessoal aprendeu a ler com os pais, e estudou toda a vida por sua própria conta. Se não for um autista -- desses capazes de decorar uma lista telefônica inteira, e portanto apto a decorar os livros do programa oficial -- nem alguém maluco, talvez poss ser diplomata, sem diploma nenhum.
Voltarei ao assunto.
Paulo Roberto de Almeida (2.02.2010)

1915) Triste Fim de Policarpo Social Mundial (com desculpas a Lima Barreto)

Acho que o genial Lima Barreto não merece esta vinculação indevida. Ou talvez sim: ele gostava muito de fazer romances picarescos -- como, por exemplo, "O Homem que sabia Javanês", gozando do Itamaraty de sua época... -- e talvez encontrasse nesses convescotes animados do FSM um bom motivo para mais um conto de sua pluma implacável.
Bem, tentei ficar à altura desse outro gênio da raça...

Triste Fim de Policarpo Social Mundial
(Brasília, 2 fevereiro 2010, 5 p.; 2107)
Resumo e conclusão sobre o FSM-10: uma farsa, como sempre.

Publicado em Mundorama (02.02.2010; link).

1914) O Fim da Historia, de Fukuyama: agora com os links

Acho que já tinha anunciado neste espaço, mas é que agora recebi os links das respectivas publicações.

O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico.
Diplomata de carreira, professor de pós-graduação do Uniceub.

Publicado em Mundorama (21.01.2010; link).

Republicado no Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010; link).
Relação de Publicados n. 949.


Sumário:
1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
2. O que Fukuyama de fato escreveu?
3. Fukuyama tinha razão?
4. Do fim da História ao fim da Geografia
5. Existem opções aos órfãos do socialismo?

Resumo: Reavaliação das principais teses de Francis Fukuyama, em seu ensaio de teoria da história sobre a ausência de alternativas às democracias liberais de mercado, depois da derrocada dos sistemas socialistas e do início do processo de transição nos antigos Estados do sistema socialista, fenômeno equiparado por esse autor a um equivalente do ‘fim da História’ da tradição interpretativa hegeliana. A tese é válida em sua concepção geral, mas os processos concretos de transição não obedecem a um padrão único de organização política, econômica e social.
Palavras-chave: Francis Fukuyama, fim da História, socialismo, capitalismo.

1913) Economia brasileira: em face do ufanismo governamental, uma analise mais sobria

O BRASIL SAIU MUITO MAL DA CRISE!
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de S.Paulo (30.01.2010)

1. As projeções catastróficas feitas após setembro de 2008 e a quebra de instituições financeiras nos EUA apontavam para crise tão grave quanto a de 1929. Mas não levaram em conta que o gasto do Estado em nível mundial, como proporção do PIB, é agora quase três vezes maior. O gasto público não acompanha os ciclos econômicos e é sempre menor que a profundidade da crise. Mais ainda depois que o keynesianismo deu a receita para que cumprisse função anticíclica.

2. Sempre que se tem uma expectativa muito negativa sobre qualquer coisa e a realidade não é tão ruim quanto se imaginava, a sensação de alívio dificulta uma análise cuidadosa da crise e de seus desdobramentos. Isso ocorreu aqui no Brasil em 2009, sendo o maestro da banda o próprio presidente. Só interessava ver números de PIB e emprego. À medida que os números foram sinalizando um quadro menos sombrio, passou-se a dizer que o Brasil saíra da crise na frente. Mas o tempo vai mostrando que não foi assim. O Brasil saiu da crise muito pior do que entrou e, grave, num quadro econômico internacional muito mais competitivo.

3. A reação do governo à crise foi de um keynesianismo populista, de estímulo ao consumo. Uma inflação de 4% parece pequena olhando para trás. Mas, se levarmos em conta que o PIB caiu em 2009 cerca de 1% e que o câmbio despencou, que inflação seria essa com a economia crescendo e o câmbio num nível adequado? A taxa de juros poderia ter caído bem mais se os problemas não fossem tão evidentes. O déficit público nominal dobrou, passando para 4% do PIB.

4. O déficit em conta corrente no balanço de pagamentos vai na mesma direção, apontando em 2010 para US$ 40 bilhões. Isso reforçará a necessidade de juros altos para estimular a entrada de capitais e fechar o balanço sem recorrer às reservas. A dívida pública bruta cresce com a transferência de recursos da União aos bancos estatais.

5. O custo Brasil (infraestrutura econômica) continua subindo. A taxa de desemprego se manteve, mas com a precarização do emprego, indicativo de queda da produtividade. Com o derretimento de parte dos derivativos, a demanda agregada mundial será menor, e mais o mundo mais competitivo exigindo maior produtividade. Aqui se perdeu essa oportunidade por um populismo keynesiano. Câmbio, juros, contas públicas e externas, preços, produtividade, tudo em desalinho. Pode ser que as gorduras pré-crise segurem o tranco em 2010, até porque vale tudo em ano eleitoral. Os candidatos que se preparem para 2011.