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sábado, 21 de setembro de 2024

Brasil e China convocam 19 países para reunião sobre paz na Ucrânia - Ricardo Della Coletta (Folha de S. Paulo)

Brasil e China convocam 19 países para reunião sobre paz na Ucrânia

Folha de S. Paulo | Mundo
21 de setembro de 2024

Encontro busca angariar apoio de nações em desenvolvimento para plano de cessar-fogo

Ricardo Della Coletta

Folha de S. Paulo, 21/09/2024

NOVA YORK A lista final de convidados para a reunião que Celso Amorim, assessor internacional do presidente Lula (PT), está organizando com a China para discutir um processo de paz no Leste Europeu tem 19 países, todos do chamado Sul Global, termo não oficial para se referir a nações em desenvolvimento. Nem Rússia nem Ucrânia, as partes diretamente envolvidas na guerra, foram convidadas.

A reunião está prevista para a próxima sexta-feira (27), pouco depois da Assembleia-Geral da ONU em Nova York.

A Folha teve acesso à lista, que tem duas categorias de países. A primeira reúne Estados que se engajaram mais de perto no processo e passaram a participar dos preparativos. São eles: África do Sul, Arábia Saudita, Egito e Indonésia. Os sauditas já se envolveram em negociações sobre a Ucrânia no passado, enquanto o Egito tem expertise como mediador na guerra Israel-Hamas.

A partir dessa atuação conjunta, os organizadores chegaram a um grupo de países que, segundo eles, sinalizaram disposição de enviar um representante para o encontro em Nova York.

Aém do primeiro grupo, a lista de convidados é composta por Emirados Árabes Unidos, Tailândia, Vietnã, Etiópia, Zâmbia, Nigéria, Senegal, Bolívia, Colômbia, México, Argélia, Cazaquistão, Malásia, Quênia e Azerbaijão.

A presença dos nomes na lista não significa necessariamente que esses países vão participar do encontro nem em qual nível - se representado por um ministro ou por um funcionário de escalão inferior. Mas mostra que os organizadores os consideram inclinados a apoiar a proposta sino-brasileira.

Um interlocutor ouvido pela reportagem sob anonimato ressaltou que alguns dos participantes tendem a enviar seus embaixadores na ONU, uma vez que seus chanceleres podem já ter deixado Nova York na data do encontro.

Como a Folha mostrou, Brasil e China estão organizando a reunião para divulgar a proposta conjunta de um plano de paz para Ucrânia e Rússia. O documento foi anunciado em maio, durante uma visita de Celso Amorim a Pequim, e assinado por ele e por Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China.

O plano consiste em seis pontos, entre os quais a realização de uma conferência internacional de paz "que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes".

A proposta engloba a rejeição ao uso de armas de destruição em massa e aos ataques contra usinas nucleares - e rejeita a "divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados".

Os termos do documento, no entanto, foram rejeitados pelo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski - que chamou a proposta de destrutiva - e por aliados de Kiev no Ocidente. Em linhas gerais, estes consideram que a abordagem sino-brasileira premia a Rússia e autorizaria o governo de Vladimir Putin a anexar territórios ocupados.

Na quarta-feira (18), Lula conversou por telefone com Putin e discutiu a proposta de paz.

Amorim, ex-chanceler e principal conselheiro de Lula para temas internacionais, está pessoalmente envolvido na iniciativa. O presidente já não estará em Nova York no dia da reunião, de modo que Amorim deve conduzir o encontro ao lado do chanceler chinês. O Brasil pode ser representado ainda pelo ministro Mauro Vieira, mas sua participação ainda não está confirmada.

Ao anunciar um plano conjunto com a China, na prática o governo Lula também marcou distância de uma conferência de paz realizada na Suíça em junho. Lula escalou apenas uma observadora para o encontro e não endossou a declaração final da conferência.
 

 

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