Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
O Grande Salto da China maoista para a Fome e o Canibalismo - Frank Dikotter
Mao, inclusive, confrontado com as informações de que o seu Grande Salto para a Frente estava causando fome disseminada mostrou indiferença e até contrariedade com o pouco sucesso de seu programa alucinante e alucinado de modernização. Pouco sucesso é um eufemismo, pois se tratou de um gigantesco fracasso, que provocou fome e canibalismo de forma disseminada em regiões inteiras da China.
Milhões pereceram, como revela Dikotter, e ele coloca esse número na casa de 45 milhões de pessoas, o que é absolutamente fantástico e estarrecedor.
As primeiras notícias sobre essa imensa tragédia humana eu li num artigo da New York Review of Books, no início dos anos 1980 quando, por efeito das reformas empreendidas pela nova gestão Deng Xiao-ping e sua reintegração aos orgãos do multilateralismo onusiano, a China liberou dados demográficos que tinham ficado rerservados durante mais de vinte anos. Revelou-se, então, um "gap" de vários milhões de habitantes que simplesmente faltavam nas estatísticas de censo e de estimativas intermediárias entre o final dos anos 1950 e meados dos anos 1960.
Dezenas de milhões de habitantes se volatilizaram nessas estatísticas, sem que as lacunas pudessem ser explicadas por nenhuma outra causa senão os efeitos catastróficos da política maoista de coletivização agrícola e de industrialização caseira, com "siderúrgicas" de fundo de quintal, que provocaram o caos e o declínio absolutos na produção alimentar.
Mao foi sem dúvida alguma o tirano mais assassino, contra o seu próprio povo, de toda a história da humanidade.
Naquela mesma conjuntura, confirmaram-se plenamente as primeiras informações dadas a respeito do Grande Salto Para a Frente feitas por Simon Leys, em seu livro do início dos anos 1970, Les Habits Neufs du Président Mao, As Roupas Novas do President Mao, um livro devastador.
Paulo Roberto de Almeida
Today's encore selection -- from Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-1962 by Frank Dikötter. During Chairman Mao Zedong's Great Leap Forward, which was an effort to use centralized Communist planning to vault China's economy past those of the Western European powers, China endured one of the greatest tragedies in human history -- the death of over 45 million people:
"Between 1958 and 1962, China descended into hell. Mao Zedong, Chairman of the Chinese Communist Party, threw his country into a frenzy with the Great Leap Forward, an attempt to catch up with and overtake Britain in less than fifteen years. By unleashing China's greatest asset, a labour force that was counted in the hundreds of millions, Mao thought that he could catapult his country past its competitors. Instead of following the Soviet model of development, which leaned heavily towards industry alone, China would 'walk on two legs': the peasant masses were mobilized to transform both agriculture and industry at the same time, converting a backward economy into a modern communist society of plenty for all.
"In the pursuit of a utopian paradise, everything was collectivized, as villagers were herded together in giant communes which heralded the advent of communism. People in the countryside were robbed of their work, their homes, their land, their belongings and their livelihood. Food, distributed by the spoonful in collective canteens according to merit, became a weapon to force people to follow the party's every dictate. Irrigation campaigns forced up to half the villagers to work for weeks on end on giant water-conservancy projects, often far from home, without adequate food and rest. The experiment ended in the greatest catastrophe the country had ever known, destroying tens of millions of lives. ...
"At least 45 million people died unnecessarily between 1958 and 1962. The term 'famine', or even 'Great Famine', is often used to describe these four to five years of the Maoist era, but the term fails to capture the many ways in which people died under radical collectivization. The blithe use of the term 'famine' also lends support to the widespread view that these deaths were the unintended consequence of half-baked and poorly executed economic programs. Mass killings are not usually associated with Mao and the Great Leap Forward, and China continues to benefit from a more favourable comparison with the devastation usually associated with Cambodia or the Soviet Union. But as the fresh evidence ... demonstrates, coercion, terror and systematic violence were the foundation of the Great Leap Forward.
Peasant children line up for food during the Great Chinese Famine of 1959-61
"Thanks to the often meticulous reports compiled by the party itself, we can infer that between 1958 and 1962 by a rough approximation 6 to 8 per cent of the victims were tortured to death or summarily killed -- amounting to at least 2.5 million people. Other victims were deliberately deprived of food and starved to death. Many more vanished because they were too old, weak or sick to work -- and hence unable to earn their keep. People were killed selectively because they were rich, because they dragged their feet, because they spoke out or simply because they were not liked, for whatever reason, by the man who wielded the ladle in the canteen. Countless people were killed indirectly through neglect, as local cadres were under pressure to focus on figures rather than on people, making sure they fulfilled the targets they were handed by the top planners.
"A vision of promised abundance not only motivated one of the most deadly mass killings of human history, but also inflicted unprecedented damage on agriculture, trade, industry and transportation. Pots, pans and tools were thrown into backyard furnaces to increase the country's steel output, which was seen as one of the magic markers of progress. Livestock declined precipitously, not only because animals were slaughtered for the export market but also because they succumbed en masse to disease and hunger -- despite extravagant schemes for giant piggeries that would bring meat to every table. Waste developed because raw resources and supplies were poorly allocated, and because factory bosses deliberately bent the rules to increase output. As everyone cut corners in the relentless pursuit of higher output, factories spewed out inferior goods that accumulated uncollected by railway sidings. Corruption seeped into the fabric of life, tainting everything from soy sauce to hydraulic dams. 'The transportation system creaked to a halt before collapsing altogether, unable to cope with the demands created by a command economy. Goods worth hundreds of millions of yuan accumulated in canteens, dormitories and even on the streets, a lot of the stock simply rotting or rusting away. It would have been difficult to design a more wasteful system, one in which grain was left uncollected by dusty roads in the countryside as people foraged for roots or ate mud."
Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-1962
Author: Frank Dikötter
Publisher: Walker Books
Copyright 2010 by Frank Dikotter
Pages ix-x
A curva da Laffer e as desoneracoes tributarias- Mansueto Almeida
O SIMPLES complexo
3 de setembro de 2015 por Mansueto Almeida
Em plena turbulência de (des)ajuste fiscal e de o envio para o Congresso Nacional de uma proposta orçamentária deficitária, o governo planeja com a ajuda do Congresso ampliar o teto do faturamento para empresas ingressarem no SIMPLES.
Segundo o Jornal Valor Econômico, “a proposta dobra o limite de faturamento para que as empresas possam optar pelo Simples. O valor passará para R$ 900 mil por ano para as micro empresas, R$ 7,2 milhões para as pequenas e R$ 72 mil para o Microempreendedor Individual (MEI). Haverá ainda outra graduação para a indústria, de R$ 14,4 milhões, válida a partir de 2018.”
De acordo com a Receita Federal, os novos tetos para o SIMPLES implicam um uma perda de arrecadação de R$ 11 bilhões, valor semelhante ao que o governo espera arrecadar com o projeto de reoneração da folha que foi tão criticado pelo presidente da FIESP.
Há dois grandes problemas com a ampliação do SIMPLES. Primeiro, análises de vários acadêmicos que estão sendo reunidas em um livro organizado entre outros pelo professor Fernando Veloso (FGV-RJ) mostram que, ao contrário da percepção comum, inclusive da minha, esse regime de tributação não foi muito efetivo para a formalização e crescimento de empresas. Em uma análise rigorosa de custo-benefício parece que não há como justificar o programa.
Segundo, dados da Receita Federal para 2014 mostram que a principal renuncia de receita tributária do país é o SIMPLES, renuncia tributária de R$ 67 bilhões, em 2014 (ver tabela abaixo). Essa renuncia será ampliada ainda mais com o aumento do limite de faturamento para o enquadramento das empresas.
Em um período de ajuste fiscal não me parece correto a ampliação de um programa que já é aquele de maior renuncia tributária e que não sai bem de analises de custo-benefício.
O problema é que os acadêmicos que fizeram as avaliações não são em numero suficiente para tocar “vuvuzelas” na porta do Congresso contra a aprovação do SIMPLES e, do ponto de vista politico, é tentador reduzir carga tributária mesmo quando o governo planeja aumentar outros impostos e testa a volta a da CPMF. Para um observador de fora esses movimentos sinalizam uma falta de planejamento e de consistência de politica econômica.
E o nosso grau de investimento? Quem liga para isso? Apenas economistas neoliberais comprados pelo mercado financeiro que, paradoxalmente, querem reduzir de forma sustentável as taxas de juros, enquanto supostos defensores das pequenas empresas e do crescimento estão conseguindo com um sucesso impressionante viabilizar a perda do grau de investimento e, logo, juros mais elevados e, no futuro, aumento de impostos e/ou da inflação.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Revolution Bourgeoise au Bresil: downloads ate da Etiópia!!! Uau!
Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht - livro Paulo Roberto de Almeida
Disponível no site da Editora (http://www.akademikerverlag.de/) ou no desta distribuidora de livros europeia: https://www.morebooks.de/), neste link direto: https://www.morebooks.de/fr/bookprice_offer_b1c53e6395a7fa5514b53510dc62c39e70b648c7
Paulo Roberto de Almeida
- Sciences sociales, Droit, Economie
- Sciences politiques
- Science politique internationale et comparée
- Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht
Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht
- ISBN-13: 978-3-639-86648-3
- ISBN-10: 3639866487
- EAN: 9783639866483
- Langue du livre: Allemand
- texte du rabat:
- Sieben kritische Essays über die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht unter Heraushebung der jüngsten Gegenwart und ihrer zwei Regierungen: diejenige Fernando Henrique Cardosos, dessen Wirtschaftspolitik Brasilien stabiliserte und wieder in die Globalierung einbezog, und die Luis Inácio Lula da Silvas, die eine spürbare Änderung der brasilianischen Diplomatie mit sich brachte, als sie Brasilien den Linken Regierungen Lateinamerikas annäherte und seine Außenpolitik mehr auf die Süd-Süd-Beziehungen und die nichthegemonischen Schwellenländer ausrichtete. Der Verfasser ist erfahrener Berufsdiplomat mit einer soliden akademischen Laufbahn, wie seine zahlreichen Bücher, hunderte von Arbeiten und eine herausragende Tätigkeit an brasilianischen und ausländischen Hochschulen belegen.
- Maison d'édition: AV Akademikerverlag
- Site Web: http://www.akademikerverlag.de/
- de (auteur) : Paulo Roberto de Almeida
- Numéro de pages: 204
- Publié le: 02-09-2015
- Stock: Disponible
- Catégorie: Science politique internationale et comparée
- Prix: 64.90 €
- Mots-clés: Brasilien, Internationale Politik, Südamerika, Brasilianische Diplomatie, Geschichte der Außenpolitik, brasilianische Regierungen, Sudamerika