Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Niall Ferguson me escreve para recomendar seu novo livro: Kissinger, The Idealist
Bem, agradeço a recomendação, mas vou esperar o livro ficar disponível a 3 dólares na Abebooks padra comprar. Acho que Kissinger merece mais do que isso, mas não estou disposto a pagar um livro que vou ler nas livrarias nas próximas semanas, e depois esperar que caia sobre a minha mesa...
Esse primeiro volume do livro do conhecido historiador britânico, aliás escocês, do meu ponto de vista, deve até ser mais interessante por quem se dedica à história das ideias, terreno no qual Kissinger foi quase um filósofo da diplomacia contemporânea, bem mais, em todo caso, do que o susequente, segundo volume, quando ele já era um velhaco administrador da potência americana em suas projeções imperiais. Tem quem goste: eu prefiro ficar com a história das ideias.
Para isso recomendo também o livro de um filósofo da CIA, Peter Dickson: Kissinger and the Meaning of History.
Kissinger não tinha princípios? Claro que tinha, mas o seu jeito de Mazarino, justamente, não combina com minhas inclinações kantianas...
Paulo Roberto de Almeida
Dear Friends:
Kissinger: Volume 1: The Idealist, 1923-1968
Few figures provoke as much passionate disagreement as Henry Kissinger. Equally revered and reviled, his work as an academic, national security adviser, diplomat, and strategic thinker indelibly shaped America's role in the 20th century. Kissinger's counsel knew few boundaries: His advice was sought by every president from Kennedy to Obama. Yet the man and his ideas remain the object of profound misunderstanding.
Drawing on 50 archives around the world, including Kissinger's private papers, my new book, "Kissinger: Volume 1: The Idealist, 1923-1968," argues that America's most controversial statesman, and the cold war history he witnessed and shaped, must be seen in a new light. In this first of a two-volume history, you'll learn that:
Kissinger was far from a Machiavellian realist. At least in the first half of his career, he was an idealist, opposed to philosophies that see human actions and events as determined by factors beyond our control, such as laws of history or economic development. Kissinger rejected the idea that such "necessity" was the crucial element in human affairs. He exalted the role of human freedom, choice, and agency in shaping the world.
Kissinger worried that the United States was forfeiting its moral leverage by accepting a Soviet-framed contest over economic productivity. In a remarkable interview with ABC's Mike Wallace in July 1958, he made the startling argument that the U.S. was being insufficiently idealistic in its Cold War strategy. "I think we should go on the spiritual offensive in the world," he said. "We should identify ourselves with the revolution." The aim was not to win a contest between rival models of economic development but above all to "fill…a spiritual void," for "even Communism has made many more converts through the theological quality of Marxism than through the materialistic aspect on which it prides itself."
Kissinger believed deeply in the importance of applied history to good statecraft: "When I entered office, I brought with me a philosophy formed by two decades of the study of history," he wrote in "White House Years." "History is not, of course, a cookbook offering pretested recipes. It teaches by analogy, not by maxims. It can illuminate the consequences of actions in comparable situations, yet each generation much discover for itself what situations are in fact comparable."
A proper understanding of American history – indeed, of America's ebbing and flowing faith in itself – requires a proper understanding of Kissinger. As I note in Volume One, "In researching the life and times of Henry Kissinger, I have come to realize that … I had missed the crucial importance in American foreign policy of the history deficit: the fact that key decision-makers know almost nothing not just of other countries' pasts, but also of their own. Worse, they often do not see what is wrong with their ignorance…. What is most needed, for students of economics and international relations alike, is a stiff dose of applied history."
I am pleased to be partnering with Harvard Kennedy School's Belfer Center for Science and International Affairs to help build a project that does just that.
I invite you to read "Kissinger: Volume One," and welcome your thoughts.
Learn More
Sincerely,
Niall Ferguson
Laurence A. Tisch Professor of History, Harvard University
Member of the Board, Belfer Center for Science and International Affairs
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Imigracao para os EUA: mudanca de padroes desde 1965 e para 2065 - Pew Center
— By the year 2065, Asians will surpass Hispanics as the largest source of immigrants flowing into the United States. That detail is in a new Pew Research Center immigration survey that posted at midnight. The study coincides with the 50th anniversary of the Immigration and Nationality Act of 1965, which ended a quota system favoring Northern European immigrants. Since then, roughly half of all immigrants to the U.S. have hailed from Latin America with Mexicans comprising the largest share of the influx. That wave has dramatically changed the nation’s racial makeup: 84% of Americans were non-Hispanic whites in 1965; today that number is 62%. Asians will ultimately overtake Hispanics for a number of reasons, including a lower birth rate for Mexican women and a big slowdown in illegal immigration.
Five stats jumped out at us while reading the Pew study:
Between 2015 and 2065, immigrants are projected to account for 88% of U.S. population growth.
Since 1965, 59 million immigrants have arrived here, meaning immigrants make up 14% of today’s population — a figure that will rise to 18% by 2065, when the overall total will hit 78 million immigrants.
The U.S. is the country with the biggest immigrant population, roughly one-in-five people. Over the last 50 years, immigrants accounted for 55 percent of U.S. population growth. That number exceeds the large wave of European immigrants to the U.S. in the 19th and 20th centuries.
Since 1965, 51% of new immigrants came from Latin America and 25% are from Asia. But by 2065, foreign-born Hispanics are expected to account for 31 percent of the population while Asians will outstrip them as the dominant immigrant group by 2055, with 38% of the population.
Non-Hispanic whites are expected to account for less than half of the U.S. population by 2055 and decrease to 46% by 2065.
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Share of Immigrants in U.S. Nears Highs of Early 20th Century, Report Finds
domingo, 27 de setembro de 2015
Tiro pela culatra: juizes se unem contra o esquartejamento da Lava Jato
STF LEVA TIRO PELA CULATRA! JUÍZES FEDERAIS E PROCURADORES DA REPÚBLICA CRIAM “FORÇA TAREFA MORAL” PARA AMPLIAR A LAVA JATO
A comemoração dos advogados dos “bandidos” que roubaram bilhões do País, quebrando sua principal empresa, a Petrobrás, NÃO VAI DURAR NEM UMA SEMANA. A Carta de Florianópolis foi um duríssimo recado aos ministros do STF que demonstram “simpatia” para com os criminosos envolvidos nesse gigantesco esquema de corrupção. O documento tirado em um congresso que contou, inclusive com a participação do Presidente do STF, Senhor Lewandowski, reflete o pensamento dos Juízes Federais Criminais de todo o País.
Cometeu um “erro de avaliação gigantesco” quem imaginou que a “puxada de tapete” praticada contra a atuação do Juiz Sérgio Moro, dos Procuradores da República “entrincheirados” em Curitiba e da Polícia Federal iria “esvaziar“, “retardar” e “melar” a Lava Jato. Ao contrário, o voto encaminhador do fatiamento da operação, da “lavra” do ex-advogado do Partido dos Trabalhadores, hoje investido “Ministro do STF“, Senhor Tófolli já causa desconforto entre os Ministros que o acompanharam na decisão. Ao menos 04 já estão inclinados, em sede de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, alterar sua posição, segundo fontes “autorizadas” junto aos mais respeitados jornalistas que atuam em Brasília.
Para quem, inadvertidamente, imagina que os jovens Juízes Federais e a moderna Procuradoria da República habitam uma redoma, que não conversam e não integarem, seria recomendável um pouco mais de cuidado antes de falar… de comemorar. Esse novo “staff” da justiça brasileira tem outra “cabeça“. São regidos por um “padrão moral” inviolável. São capazes de tudo na busca da distribuição de um direito justo, menos de se CORROMPER!
Como bem dizem os gaúchos: É bom que os advogados que defendem os bandidos envolvidos na roubalheira bilionária apurada na Lava Jato que falem menos, trabalhem mais e convençam seus “clientes” de que o caminho da delação é o meio mais curto para não “morrerem na cadeia“, pois não terá “supremo algum” capaz de enfrentar as ruas e desconstituir sentenças justas e prolatadas dento da LEI.
Leia a Carta de Florianópolis..
“Os Juízes Federais presentes ao IV FÓRUM NACIONAL DOS JUÍZES FEDERAIS CRIMINAIS buscam a maior efetividade da jurisdição criminal e a adoção de medidas contra a impunidade, sem prejuízo de qualquer garantia ou direito fundamental. Também defendem a necessidade de um Judiciário forte e independente como instituição vital contra todas as práticas criminosas que enfraquecem a democracia, abalam a reputação do País no cenário internacional, inviabilizam a implementação de políticas públicas e prejudicam os menos favorecidos.
Os magistrados federais têm tratado dos casos criminais com isenção e igualmente com firmeza. Neste aspecto, a recuperação de quase R$ 1 bilhão de reais aos cofres públicos no âmbito da operação Lava Jato é fato significativo.
Apesar dos avanços legislativos recentes, há, ainda, outros aspectos que necessitam de reformulação, até mesmo em razão de compromissos assumidos pelo Brasil na órbita internacional. Neste sentido, os juízes federais criminais defendem a reforma do sistema de recursos, a aprovação da PEC 15/11 do Senado e/ou Projeto de Lei do Senado 402/15, além da ação civil de extinção do domínio, bem como a criação de um órgão central para coordenar toda a administração e destinação dos bens apreendidos pela justiça criminal.
Os magistrados federais estão imbuídos do objetivo de acelerar a prestação jurisdicional, evitar processos sem fim e diminuir a impunidade, a morosidade e a prescrição. O PLS 402/2015 aumenta a efetividade da Justiça e reforça a autoridade das decisões das cortes de apelação. Não retira poderes dos tribunais superiores, mas somente os poderes da inércia e da falta de justiça. Confiamos no apoio da sociedade civil ao projeto, que anseia por um processo penal mais justo, no qual o inocente é absolvido, mas o culpado, mesmo poderoso, é condenado e efetivamente punido.”
What IF? A big IF: o que teria sido da China se Nixon nao tivesse ido em 1972? - The Globalist
Mas no caso da abertura americana para a China -- tomada por Nixo por motivos puramente estratégicos e geopolíticos: abrir uma outra frente para enfraquecer a União Soviética, então sob a liderança já gerontocrática, mas ainda extremamente ativa de Brejnev -- ela possui enormes consequências geoeconômicas.
Muito provavelmente a China não teria empreendido seu grande caminho de volta ao capitalismo tão facilmente quanto foi com a permissão dada a empresas americanas, e estrangeiras em geral, para se instalar nas zonas econômicas especiais criadas por Deng Xia-ping na sequência dessa abertura.
Sem uma China capitalista nos anos 70 e 80, não teríamos o gigante econômico da atualidade, e o mundo seria muito, mas muito diferente do que é...
Enfim, vale a reflexão, ainda que seja só um BIG IF...
Paulo Roberto de Almeida
Where Would China Be Without Nixon?
The Globalist, February 5, 2013
Takeaways
- Almost every inhabitant of China today owes a debt of gratitude to Richard Nixon.
- U.S. relations with China from 1949 to 1972 were very similar to U.S.-Iran relations today.
- The official Mao-era vision of the United States as the Imperialist Wolves would have remained dominant among China's decision-makers and most of its people.
Had President Richard Nixon not gone to China, in February 1972, we can assume that the isolate-China policy of the United States would have persisted much longer. President Jimmy Carter might well have attempted to thaw relations, but he, as a Democrat, would have met with strong opposition from Republicans.
It was said when Nixon opened to China that only a relatively hawkish Republican could have done it. Domestic opposition to the move would otherwise have been too fierce. It would probably have been left to the Reagan Administration to change the policy, probably in President Reagan’s second term (1985-89), when a general thaw in the Cold War occurred.
In these circumstances, with a U.S trade embargo in force, the Chinese opening to the world would have been very difficult to get going. The availability of the gigantic U.S. market was essential to provide the foreign exchange needed to develop Chinese industry and agriculture.
The first burst of increased Chinese exports happened remarkably quickly after China’s government changed orientation in 1976. Exports more than tripled in five years, from $7.3 billion in 1976 to $24.4 billion in 1981 — modest figures now, but a vital source of foreign exchange then.
The further increase in exports was then rather slow until an explosion after 1987. With the United States embargoing Chinese goods in 1976-81, the initial surge would have been impossible.
Had visits by Nixon and President Gerald Ford, who went to Beijing in 1975, not taken place, the official Mao-era vision of the United States as the Imperialist Wolves would have remained dominant among China’s decision-makers and most of its people.
This might well have been sufficient to tip the scales towards triumph for the Gang of Four, doubtless quickly followed by the liquidation of Deng Xiaoping and probably the moderate Hua Guofeng, Mao’s immediate successor.
Had this happened, there would certainly have been no opening to capitalism before death of Jiang Qing, Mao’s last wife, in 1991, and probably not for long thereafter. China today would well be the impoverished, economically unimportant country it was in the later years of Mao.
Almost every inhabitant of China (and the “almost” is purely there for courtesy) owes a debt of gratitude to Richard Nixon.
Had China remained in its Maoist cave, other countries, notably India and Vietnam (if that country had liberalized without China’s example) would equally have been able to provide cheap labor and skills to multinational corporations.
Indeed, some such countries — notably Indonesia, the Philippines and Pakistan — may also be counted as marginal net losers from Nixon’s opening and China’s subsequent emergence. They lost business they would have otherwise obtained.
The two major gainers from China’s emergence are consumers of Chinese-made products and the multinational corporations doing one-stop sourcing from China.
A third group — multinationals selling to China — has notably failed to make adequate returns. For every one of these companies eking out modest profits in China, there are ten that have found it a bottomless pit of loss.
Textile consumers have benefited spectacularly, with prices no higher today in nominal terms than they were 20 years ago. In electronics, 20 years ago, most gadgetry was assembled in the United States and Japan. Today its cost to consumers (or in Apple’s case, to Apple) is greatly reduced by the magic of Foxconn’s Chinese production system.
Without China, sourcing in East Asia, including Foxconn’s own Taiwan, would be possible, but the cost would be much higher.
We now come to the unquestionable gainers from China’s emergence. Just read the profit statements of multinational corporations. U.S. corporate profits are at a level in terms of GDP not seen since the glory days of 1929.
Thanks to China, Apple and its confrères are able to manufacture at — what used to be called — third-world wages and sell at rarified Western prices. That won’t last forever. Indeed, Apple’s shareholders already seem to see the shadow of a coming return to normal.
However, so far the profit wave, which was caused by China’s emergence and benefited top U.S. management, investment bankers and hedge fund managers, has been greater than in any other of the world’s great booms.
Despacho do Ministro Gilmar Mendes sobre crimes eleitorais do PT e da candidata Dilma Rousseff
Se isso não bastar para impugnar sua candidatura, eu não sei o que bastaria...
O Brasil tem jeito?
Certamente, se começar a cumprir a lei...
Paulo Roberto de Almeida
Eduardo Dutra Aydos corrige o ex-STF Carlos Ayres Britto e interpreta corretamente a CF
Por que NAO ser diplomata: exumando um texto de 2013, e meus comentarios - D. G. Ducci e P. R. Almeida
QUARTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2013
POR QUE ***NÃO*** SER DIPLOMATA ?
Fernando Gabeira: o PT morreu, mas recusa ser enterrado; Dilma deve sair
Fernando Gabeira em seu apartamento em Ipanema, Rio de Janeiro(Eduardo Martino/Documentography/VEJA)Hélio Bicudo não é mais o único ex-petista histórico a defender abertamente o impeachment de Dilma Rousseff. Em entrevista ao site de VEJA, o ex-deputado federal Fernando Gabeira afirma o mesmo, apostando que este será o destino da presidente nos próximos meses. Gabeira ainda aborda os riscos que a Operação Lava-Jato corre no Supremo Tribunal Federal (STF) - ocupada, segundo ele, por ministros "medíocres" indicados pelo PT - e abre o jogo sobre o que pensa dos caciques do PMDB, protagonistas da atual luta política. Leia trechos da entrevista.
Como o senhor projeta o cenário político brasileiro para os próximos meses? Tenho uma dedução de que a Dilma não completa o mandato por falta de credibilidade e capacidade política. Sobre a campanha dela pesam acusações muito pesadas e graves vinculadas ao Petrolão. Não é possível que o maior escândalo do mundo moderno não tenha repercussão no partido e no governo. São bilhões desviados e isso precisa ser punido de alguma forma. O presidente da Volkswagen, por exemplo, renunciou imediatamente após a descoberta de um erro esta semana (a empresa instalou um software em automóveis para enganar agências reguladoras e usuários sobre a emissão de gases poluentes em veículos a diesel).
O senhor acha então que o melhor para o Brasil seria a saída de Dilma? Eu acho. É preciso raciocinar: o que é mais traumático para o país? Em uma visão mais imediata, o impeachment, de fato, traz alguns transtornos e solavancos. Mas a médio e longo prazo, ele é o caminho para a recuperação. A continuidade da Dilma é um não-futuro, uma falta geral de perspectivas. Dilma sabia de tudo, era presidente do conselho de administração da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena e foi durante muito tempo ministra de Minas e Energia. Temos um tesoureiro do PT condenado a 15 anos de prisão (João Vaccari Neto, condenado esta semana por corrupção pelo juiz Sérgio Moro). Como assim? Ele colocou todo o dinheiro numa mochila e não usou para nada? É um absurdo. Neste processo ela e o país vão sangrar muito. Acho até que era melhor uma renúncia, mas não sou ingênuo politicamente para achar que o PT adotará este caminho. O impeachment dá a eles o discurso de vítima.
Em 2005, durante o escândalo do mensalão, o senhor deu uma entrevista para a VEJA dizendo que "o PT acabou". Se naquele tempo o senhor já dizia isso do partido, o que falar atualmente? Lá atrás eu disse isso porque o PT havia acabado como proposta de renovação. Hoje é pior ainda. Ele morreu e não quer ser enterrado. Existe uma rejeição ao mau cheio agora e desenvolveu na sociedade uma ira com o partido. Principalmente pela forma como o PT nega os feitos e tenta driblar a consciência das pessoas. Eles se recusam a assumir as consequências. O máximo que a Dilma consegue fazer é admitir que errou tentando fazer o bem.
Qual o tamanho da responsabilidade de Lula no que aconteceu com o PT? O poder o mudou ou ele sempre foi assim? Não sou um grande psicólogo do Lula porque ele desafia demais a minha capacidade de entende-lo. No documentário Entreatos, em um determinado ele disse que se incomodava porque o tratavam como operário e que, na verdade, ele era da classe média. Ou seja, a primeira grande ambição do Lula era ascender socialmente. Aquilo já me mostrava que a questão não era levar a classe operária ao poder, mas sim ao paraíso. Depois que ele deixa o governo, passa a ser um lobista das grandes empreiteiras. E pelos dados divulgados agora - onde mora, a maneira como se veste e se desloca -, podemos dizer que Lula se tornou um milionário. É ele o coordenador de tudo o que está aí. Lula escolheu Dilma para sucedê-lo porque tem pavor de pessoas que querem fazer sombra a ele. Ele escolheu um poste. O problema é que depois os cachorros acabam achando o poste para fazer xixi".
Qual a importância da operação Lava-Jato para o futuro do Brasil? É importante que se diga que as investigações nunca mais serão as mesmas no Brasil. Houve um avanço na modernização e evolução do trabalho de cooperação internacional. A questão é se o avanço acontecerá também nas punições dos investigados. Ou seja, se o avanço investigativo vai ser contido pelas instancias judiciais superiores. O Supremo tem muitos ministros medíocres que foram colocados pelo PT. A gratidão do cara medíocre por estar naquele lugar é imensa.
E a postura do PMDB esta semana? Parte recusou indicar ministérios e a outra começou a negociar cargos no governo federal... Neste pântano o PMDB é o único que parece saber o que quer. Ele está se afastando um pouco do governo e prevê uma convenção nacional em 15 de novembro, no dia de proclamação da República, onde deverá sair do governo e se unir à oposição. Há ao menos um calendário a cumprir. Mas o PMDB também tem um grupo de oportunistas. Então a Dilma sempre terá alguém para conversar, sempre vai ter alguém para aceitar um ministério. Ela resolveu fazer algo extremamente irresponsável. Ofereceu o Ministério da Saúde, o de maior orçamento da Esplanada e que envolve a vida das pessoas.
Passados oito anos da eleição que o senhor perdeu para Eduardo Paes, é possível dizer se foi melhor ou pior para o Rio de Janeiro a sua derrota? A experiência teria sido diferente. Mas acho que o Paes se comportou bem em alguns quesitos. A pessoa que ia ser a minha secretária de Fazenda foi a dele (Eduarda La Roque). Uma das coisas que eu pensava era colocar a prefeitura contribuindo mais com a segurança, usando inteligência, investindo em câmaras. A sensação que eu tenho que o governo do estado só não dá conta. O secretário José Mariano Beltrame parece isolado, o que está acontecendo é superior à capacidade da polícia. Tenho minhas dúvidas também se a Olimpíada é boa para o Brasil. Trouxemos o evento em um momento de euforia econômica e de ilusão de prosperidade. Hoje, a intenção de mostrar uma grandeza internacional pode trazer resultados opostos ao que esperávamos. Olha a fama que a Baía de Guanabara está trazendo para o país. A violência a mesma coisa. Estamos expondo as nossas fragilidades.
O senhor tem saudades da política e das últimas campanhas? Não. Naquela ocasião o governador era o Sérgio Cabral e havia todo um esquema criminoso que estava presente e que só agora aparece, embora o Cabral tenha sido inocentado na Lava-Jato. Disputei contra ele em 2010, contra milhões de reais, e posso te dizer que este dinheiro não foi colocado para fortalecer a democracia. Era um dinheiro destinado a corromper. E quem fez a campanha do Eduardo Paes dois anos antes foi a mesma máquina do Cabral e do (Jorge) Picciani.