O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 3 de março de 2019

Brasil: caminhando para uma nova crise? - Ricardo Bergamini

Crescimento sem investimento é gerado do pó e ao pó voltará 

Ricardo Bergamini

A taxa de Investimento no primeiro trimestre de 2018 foi de 16,0% do PIB. No primeiro trimestre de 2000 foi de 20,5% do PIB. Redução de 21,95% em relação ao PIB em 18 anos. 

Sabedores que somos há mais de duzentos anos que: (poupança = Investimento = crescimento) podemos afirmar, de forma cabal e irrefutável, de que o Brasil não cresceu no período de 2003 até 2014 com base sólida dos investimentos, mas sim através da ilusão monetária do crédito. 

Em vista do acima exposto poderíamos afirmar que o crescimento de 40,90% ocorrido no período 2003 até 2014 foi uma ilusão monetária provocada pela alta liquidez de dólares falsos emitidos pelos Estados Unidos para financiar as guerras do Afeganistão e Iraque. 

Em 2002 o volume de operações de crédito era de R$ 378,0 bilhões (25,35% do PIB), em 2014 o volume de operações de crédito era de R$ 3.021,8 bilhões (54,73% do PIB).  .

O volume de crédito cresceu em termos reais em relação ao PIB em 115,90%, para um crescimento do PIB de 40,90% no período. Esse desequilíbrio gera uma ilusão monetária de crescimento.

Gostaria de fazer a sua regressão de R$ em US$ que será efetivamente como seremos avaliados junto a ONU e ao FMI, conforme quadros demonstrativos abaixo que em 2017 retornamos ao ano abaixo de 2010 e acima de 2009. Sem investimentos não tem como crescer de forma saldável. O Brasil Avança para o abismo.

PIB A Preços Correntes

Fonte IBGE

Ano
R$ Bilhões
US$/R$
US$ Bilhões
2002
1.488,8
2,9296
508,2
2003
1.717,9
3,0705
559,5
2004
1.957,7
2,9247
669,4
2005
2.170,6
2,4335
892,0
2006
2.409,4
2,1763
1.107,1
2007
2.720,3
1,9475
1.396,8
2008
3.109,8
1,8369
1.693,0
2009
3.333,0
1,9927
1.672,6
2010
3.885,8
1,7585
2.208,5
2011
4.376,4
1,6739
2.614,5
2012
4.814,8
1,9453
2.470,5
2013
5.331,6
2,1738
2.475,1
2014
5.778,9
2,3599
2.448,8
2015
5.995,8
3,3856
1.772,4
2016
6.266,9
3,4538
1.814,5
2017
6.559,9
3,1930
2.054,5

PIB Per Capita

Fonte IBGE

Ano
R$ 1,00
US$/R$
US$ 1,00
2002
8.350
2,9296
2.850
2003
9.511
3,0705
3.097
2004
10.703
2,9247
3.659
2005
11.723
2,4335
4.817
2006
12.862
2,1763
5.910
2007
14.359
1,9475
7.373
2008
16.237
1,8369
8.839
2009
17.222
1,9927
8.642
2010
19.878
1,7585
11.303
2011
22.171
1,6739
13.237
2012
24.165
1,9453
12.399
2013
26.520
2,1738
12.165
2014
28.498
2,3599
11.538
2015
29.329
3,3856
8.670
2016
30.407
3,4538
8.804
2017
31.930
3,1930
10.000


Ricardo Bergamini



Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.
1 de março de 2019
O professor Ricardo Bergamini chamou a atenção para um fato lamentável: o PIB per capita brasileiro de 2018, divulgado essa semana pelo IBGE, está no mesmíssimo patamar daquele de 2008, quando medido em dólares, moeda padrão para comparações internacionais (mede o poder de compra do brasileiro perante o mundo). Ele comentou:
É estarrecedor o grau de desconhecimento do estudo da macroeconomia no debate sobre o fim da recessão no Brasil, para um país que em 2018 retornou aos indicadores de PIB CORRENTE E PIB PER CAPITA em dólares americano, aos patamares próximos ao ano de 2008, conforme quadros demonstrativos abaixo, cabendo alertar que uma tragédia dessa magnitude levará, no mínimo, dez anos para colocar o Brasil nos patamares do ano de 2011 com PIB CORRENTE de US$ 2.614,5 bilhões e PIB PER CAPITA de US$ 13.237,00, mesmo sabendo que foram obtidos com a supervalorização, em torno de 175% em dólares americanos do mercado de commodities, no período de 2003 até 2011, com fartura de crédito, gerando uma ilusão monetária de crescimento que desabou quando esse mercado despencou a partir do ano 2012, mas será o que vai ficar registrado nas séries históricas do IBGE.

De fato, o Brasil parece, na melhor das hipóteses, um caranguejo, andando sempre de lado. Ou então um cágado mesmo, que mal sai do lugar. Não conseguimos deixar para trás essa marca próxima dos $10 mil, valor que é praticamente um sexto do PIB per capita americano!
Para deslanchar será preciso uma pauta de reformas liberais. Foi o liberalismo econômico que permitiu que outros países emergentes saíssem dessa armadilha de baixa renda e se tornassem países com renda média elevada, países desenvolvidos. Quando lembramos que o Brasil e a Coreia já tiveram renda média parecida há algumas décadas, e que hoje os coreanos são bem mais ricos, é impossível não lembrar de Roberto Campos, que sempre usou o exemplo dos tigres asiáticos para pregar mais abertura comercial e liberdade econômica.
É de Campos a frase famosa que Bergamini usa em destaque na sua mensagem: “A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor”. Será que algum dia vamos ser capazes de refuta-lo? Sobre o passado glorioso é algo inegável. Mas será que a burrice tem um futuro promissor em nosso país? A resposta será dada pelo Congresso, de acordo com pressão ou não da população, na hora de votar a fundamental reforma previdenciária, isoladamente o principal ponto de inflexão para que essa renda média comece a subir – ou despencar de vez!
Rodrigo Constantino