Crescimento sem investimento é gerado do pó e ao pó voltará
Ricardo Bergamini
A taxa de Investimento no primeiro trimestre de 2018 foi de 16,0% do PIB. No primeiro trimestre de 2000 foi de 20,5% do PIB. Redução de 21,95% em relação ao PIB em 18 anos.
Sabedores que somos há mais de duzentos anos que: (poupança = Investimento = crescimento) podemos afirmar, de forma cabal e irrefutável, de que o Brasil não cresceu no período de 2003 até 2014 com base sólida dos investimentos, mas sim através da ilusão monetária do crédito.
Em vista do acima exposto poderíamos afirmar que o crescimento de 40,90% ocorrido no período 2003 até 2014 foi uma ilusão monetária provocada pela alta liquidez de dólares falsos emitidos pelos Estados Unidos para financiar as guerras do Afeganistão e Iraque.
Em 2002 o volume de operações de crédito era de R$ 378,0 bilhões (25,35% do PIB), em 2014 o volume de operações de crédito era de R$ 3.021,8 bilhões (54,73% do PIB). .
O volume de crédito cresceu em termos reais em relação ao PIB em 115,90%, para um crescimento do PIB de 40,90% no período. Esse desequilíbrio gera uma ilusão monetária de crescimento.
Gostaria de fazer a sua regressão de R$ em US$ que será efetivamente como seremos avaliados junto a ONU e ao FMI, conforme quadros demonstrativos abaixo que em 2017 retornamos ao ano abaixo de 2010 e acima de 2009. Sem investimentos não tem como crescer de forma saldável. O Brasil Avança para o abismo.
PIB A Preços Correntes
Fonte IBGE
Ano
|
R$ Bilhões
|
US$/R$
|
US$ Bilhões
|
2002
|
1.488,8
|
2,9296
|
508,2
|
2003
|
1.717,9
|
3,0705
|
559,5
|
2004
|
1.957,7
|
2,9247
|
669,4
|
2005
|
2.170,6
|
2,4335
|
892,0
|
2006
|
2.409,4
|
2,1763
|
1.107,1
|
2007
|
2.720,3
|
1,9475
|
1.396,8
|
2008
|
3.109,8
|
1,8369
|
1.693,0
|
2009
|
3.333,0
|
1,9927
|
1.672,6
|
2010
|
3.885,8
|
1,7585
|
2.208,5
|
2011
|
4.376,4
|
1,6739
|
2.614,5
|
2012
|
4.814,8
|
1,9453
|
2.470,5
|
2013
|
5.331,6
|
2,1738
|
2.475,1
|
2014
|
5.778,9
|
2,3599
|
2.448,8
|
2015
|
5.995,8
|
3,3856
|
1.772,4
|
2016
|
6.266,9
|
3,4538
|
1.814,5
|
2017
|
6.559,9
|
3,1930
|
2.054,5
|
PIB Per Capita
Fonte IBGE
Ano
|
R$ 1,00
|
US$/R$
|
US$ 1,00
|
2002
|
8.350
|
2,9296
|
2.850
|
2003
|
9.511
|
3,0705
|
3.097
|
2004
|
10.703
|
2,9247
|
3.659
|
2005
|
11.723
|
2,4335
|
4.817
|
2006
|
12.862
|
2,1763
|
5.910
|
2007
|
14.359
|
1,9475
|
7.373
|
2008
|
16.237
|
1,8369
|
8.839
|
2009
|
17.222
|
1,9927
|
8.642
|
2010
|
19.878
|
1,7585
|
11.303
|
2011
|
22.171
|
1,6739
|
13.237
|
2012
|
24.165
|
1,9453
|
12.399
|
2013
|
26.520
|
2,1738
|
12.165
|
2014
|
28.498
|
2,3599
|
11.538
|
2015
|
29.329
|
3,3856
|
8.670
|
2016
|
30.407
|
3,4538
|
8.804
|
2017
|
31.930
|
3,1930
|
10.000
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Ricardo Bergamini
Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da
esquerda “politicamente correta”.
1 de março de 2019
O professor Ricardo Bergamini chamou a atenção para um fato
lamentável: o PIB per capita brasileiro de 2018, divulgado essa semana pelo
IBGE, está no mesmíssimo patamar daquele de 2008, quando medido em dólares,
moeda padrão para comparações internacionais (mede o poder de compra do
brasileiro perante o mundo). Ele comentou:
É estarrecedor o grau de desconhecimento do
estudo da macroeconomia no debate sobre o fim da recessão no Brasil, para um
país que em 2018 retornou aos indicadores de PIB CORRENTE E PIB PER CAPITA em
dólares americano, aos patamares próximos ao ano de 2008, conforme quadros
demonstrativos abaixo, cabendo alertar que uma tragédia dessa magnitude levará,
no mínimo, dez anos para colocar o Brasil nos patamares do ano de 2011 com PIB
CORRENTE de US$ 2.614,5 bilhões e PIB PER CAPITA de US$ 13.237,00, mesmo sabendo
que foram obtidos com a supervalorização, em torno de 175% em dólares
americanos do mercado de commodities, no período de 2003 até 2011, com fartura
de crédito, gerando uma ilusão monetária de crescimento que desabou quando esse
mercado despencou a partir do ano 2012, mas será o que vai ficar registrado nas
séries históricas do IBGE.
De fato, o Brasil parece, na melhor das
hipóteses, um caranguejo, andando sempre de lado. Ou então um cágado
mesmo, que mal sai do lugar. Não conseguimos deixar para trás essa marca
próxima dos $10 mil, valor que é praticamente um sexto do PIB per
capita americano!
Para deslanchar será preciso uma pauta de reformas liberais. Foi
o liberalismo econômico que permitiu que outros países emergentes saíssem dessa
armadilha de baixa renda e se tornassem países com renda média elevada, países
desenvolvidos. Quando lembramos que o Brasil e a Coreia já tiveram renda média
parecida há algumas décadas, e que hoje os coreanos são bem mais ricos, é
impossível não lembrar de Roberto Campos, que sempre usou o exemplo dos tigres
asiáticos para pregar mais abertura comercial e liberdade econômica.
É de Campos a frase famosa que Bergamini usa em destaque na sua
mensagem: “A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor”.
Será que algum dia vamos ser capazes de refuta-lo? Sobre o passado glorioso é
algo inegável. Mas será que a burrice tem um futuro promissor em nosso país? A
resposta será dada pelo Congresso, de acordo com pressão ou não da população,
na hora de votar a fundamental reforma previdenciária, isoladamente o principal
ponto de inflexão para que essa renda média comece a subir – ou despencar de
vez!
Rodrigo Constantino