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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Império Otomano e República da Turquia: uma longa história - Norberto Paredes (BBC Mundo)

 

100 anos de Turquia: como caiu o Império Otomano, a superpotência que queria ser universal

Foto do projeto "Turkiye Century" em um monumento temporário na Praça da Torre do Relógio Galataport, no distrito de Beyoglu, em Istambul.

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A Turquia completa 100 anos em 29 de outubro

“Viva a República! Vida longa a Mustafa Kemal Pasha!", gritaram os legisladores turcos em 29 de outubro de 1923, depois de proclamarem um novo modelo de governo e empossar Kemal Atatürk como primeiro presidente do país que acabava de nascer.

Enquanto muitos comemoravam, outros ainda lamentavam a queda do Império Otomano, uma das maiores superpotências que a humanidade já conheceu.

Neste domingo (29/10), completam-se 100 anos desde o nascimento da Turquia e pouco mais de um século desde a queda definitiva do Império.

O golpe final foi desferido em novembro de 1922, quando a Grande Assembleia Nacional aboliu o cargo de sultão, encerrando aproximadamente 600 anos de história da dinastia Osmanli, a família que liderou o império desde sua fundação, em 1299, até a sua dissolução.

A queda da superpotência, que rivalizou com os países mais poderosos do mundo durante vários períodos da história, foi uma tragédia para os turcos.



O Estado otomano se expandiu por três continentes, governando o que hoje é a Bulgária, o Egito, a Grécia, a Hungria, a Jordânia, o Líbano, Israel, os territórios palestinos, a Macedônia, a Romênia, a Síria, partes da Arábia Saudita e a costa norte de África.

Muitos outros países como a Albânia, Chipre, Iraque, Sérvia, Qatar e Iêmen também eram parcial ou totalmente otomanos.

Em muitas destas nações, no entanto, o legado imperial é tão controverso que alguns preferem esquecê-lo. Em outras, como a Turquia, ele é recordado com nostalgia e como uma época dourada que gera orgulho.


A dinastia Osmanli (ou Casa de Osman) começou com uma oportunidade aproveitada por Osman I, então líder do império Seljuk.

Ao notar a fraqueza de seu império e do vizinho Bizantino, Osman decidiu fundar seu emirado em 1299 na Anatólia, o território hoje conhecido como Turquia

Ele se tornava assim o fundador e primeiro sultão de um Estado turco que logo começaria a se expandir até cobrir mais de 5 milhões de km2.

Os descendentes de Osman, cujo nome às vezes é escrito Ottman ou Othman e de onde veio o termo "Otomano", governaram a poderosa nação durante seis séculos.

A queda de Constantinopla

Fim do Podcast

Olivier Bouquet, professor de História Otomana e do Oriente Médio na Universidade Paris Diderot, destaca que, em 1299, foi fundado apenas um “Estado Turco”.

O Império de fato começaria a tomar forma com a queda de Constantinopla, em 1453.

Com uma entrada simbólica em Constantinopla, montado em um cavalo branco, o sultão Mehmed II pôs fim a mil anos de Império Bizantino e posteriormente ordenou o assassinato de grande parte da população local, forçando o resto ao exílio.

Ele logo repovoou a cidade trazendo pessoas de outras partes do território otomano.

Mehmed II também renomeou Constantinopla para Istambul, a "cidade do Islã", e começou a reconstruí-la.

Assim, a cidade se tornou não só a capital política e militar do império, mas também, devido à sua posição no cruzamento entre Europa, África e Ásia, um importante centro comercial mundial.

A força econômica que o império ganharia deveu-se em grande parte à política de Mehmed II de incentivar o aumento da quantidade de comerciantes e artesãos no seu estado.

Ele encorajou muitos comerciantes a se mudarem para Istambul e estabelecerem negócios lá. Os governantes posteriores continuaram esta política.

Receita do sucesso

Além do fato de o poder máximo ter sido transferido para apenas uma pessoa, evitando rivalidades, Bouquet explica que o império teve sucesso por outros motivos, sendo um dos principais o seu caráter de Estado fiscal-militar.

O chefe turco Osman (1258-1324), considerado o fundador do Império Otomano.

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O chefe turco Osman (1258-1324), considerado o fundador do Império Otomano.

“Era um Estado em que a extração de recursos da riqueza fiscal estava ligada à conquista militar, que tinha o objetivo de adquirir mais riqueza e fazer entrar mais impostos de forma centralizada”, disse o especialista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Outro elemento propulsor do império, segundo o historiador, foi o seu poderio militar.

Os ataques do exército otomano foram rápidos e contaram com forças especializadas, como o famoso corpo de elite dos janízaros, ou janíçaros, que protegiam o sultão, e os sipaios, uma temida tropa de cavalaria de elite que em tempos de paz era responsável pela cobrança de impostos.

Também desempenharam papel importante a burocracia altamente centralizada do império, que lhe permitiu organizar a distribuição das suas riquezas, o fato do império ser inspirado e unido pelo islamismo, e de toda a sociedade ter o mesmo governante como referência.

“Era em tese uma sociedade que permitia outras religiões e, em teoria, não havia conversão forçada (ao Islã). Mas na verdade houve. Houve uma política de islamização em certos territórios”, diz Bouquet.

Os otomanos também se destacaram por seu pragmatismo: pegaram as melhores ideias de outras culturas e tornaram-as suas também.

Solimão, o Magnífico

Um dos sultões mais conhecidos do império foi Solimão, o Magnífico, que reinou entre 1520 e 1566 e fez com que o seu Estado chegasse aos Balcãs e à Hungria, chegando às portas da cidade romana de Viena.

Solimão, o Magnífico.

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Solimão, o Magnífico

Embora no Ocidente ele seja lembrado como “o Magnífico” e no Oriente como “o Legislador”, Suleiman tinha outros títulos tão exagerados quanto surpreendentes.

Estes incluem "o deputado de Allah na Terra", "Senhor dos Senhores deste mundo", "Dono dos pescoços dos homens", "Refúgio de todas as pessoas em todo o mundo", entre muitos outros que denotam a sua importância.

Um dos seus apelidos mais polêmicos era "Imperador do Oriente e do Ocidente", algo visto por historiadores como um desafio direto à autoridade de Roma que, naquela época, havia sido superada pela autoridade otomana.

Embora o império atingisse sua extensão territorial máxima mais tarde, o período de Solimão, o Magnífico, é considerado no Ocidente como uma era de ouro para os otomanos, quando aconteceram muitas campanhas militares bem-sucedidas.

O império que queria ser universal

O nome “Imperador do Oriente e do Ocidente” também deixa claro que o Império Otomano se via e se considerava como único, sem nenhum igual ou semelhante.

“Aos olhos dos sultões otomanos, não havia outro imperador além do sultão otomano”, explica o historiador Olivier Bouquet.

Sultão Mahmud II saindo da Mesquita Bayezid, Constantinopla, em 1837

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Sultão Mahmud II saindo da Mesquita Bayezid, Constantinopla, em 1837

Segundo ele, a ideia de um império universal vem da herança bizantina e do Islã.

“Eles queriam conquistar todos os territórios onde viviam homens e mulheres”, diz o professor. "Todos os países localizados fora dos 'territórios do Islã' (Dar al-Islam) tinham uma vocação para ser conquistados."

Isso explica a longa duração do Império Otomano: seu exército não tinha limites na conquista de territórios, que avançou durante séculos.

“E o império começou a enfraquecer no momento em que as conquistas ficaram mais difíceis ou param”, acrescenta Bouquet.

O começo do fim

Um dos primeiros episódios a enfraquecer a superpotência em que se transformara o Estado Otomano foi a sua derrota na Batalha de Lepanto, em 1571.

O império enfrentara a Liga Santa, uma coligação militar composta por Estados Católicos e liderada pela monarquia espanhola e um grupo de territórios onde hoje está a Itália.

Esta é descrita como uma das batalhas mais sangrentas que a humanidade viu desde a antiguidade e pôs fim à expansão militar otomana no Mediterrâneo.

A derrota na Batalha de Lepanto em 1571 foi um golpe devastador para o Império Otomano.

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A derrota na Batalha de Lepanto em 1571 foi um golpe devastador para o Império Otomano.

A partir daí terminava a sorte do império, dando espaço a um longo e progressivo declínio.

Vários erros de cálculo somados à instabilidade política e econômica de Istambul no início do século XX acabaram desmoronando um império cujo brilho já estava manchado.

O primeiro foi a Primeira Guerra dos Balcãs (1912-1913), na qual enfrentou a Liga Balcânica (Bulgária, Grécia, Montenegro e Sérvia), que, apoiada pela Rússia, tentava expulsar os otomanos de suas terras.

Militarmente inferior, o Império Otomano perdeu a guerra e com ela todos os seus territórios na Europa, com exceção de Constantinopla e arredores.

Historiadores recordam esta derrota como um ponto de virada e um episódio "humilhante" para os otomanos.

O golpe final

Os territórios otomanos restantes atravessavam um mau momento econômico, devido ao desenvolvimento de outras rotas comerciais, à crescente rivalidade comercial com a América e a Ásia, e ao aumento do desemprego.

Eles também enfrentavam as ambições expansionistas de potências europeias como a Grã-Bretanha e a França.

Além disso, as tensões entre diferentes grupos religiosos e étnicos aumentaram. Armênios, curdos e gregos, entre outros povos, sentiam-se cada vez mais oprimidos pelos turcos.

Com todos esses problemas, Istambul embarcou em uma nova guerra contra uma poderosa aliança liderada pela França, o Império Britânico, os Estados Unidos e a Rússia.

A vitória dos Aliados no Oriente Médio durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um dos gatilhos para a desintegração do Império Otomano, que já estava com os dias contados.

Depois disso, foram criados o mandato francês na Síria e os mandatos britânicos no Iraque e na Palestina, todos sob a supervisão da Liga das Nações (órgão que precedeu a ONU).

Os otomanos não sabiam que em 1917, no meio da guerra, a França e a Grã-Bretanha já tinham concordado secretamente em dividir seus territórios pelo tratado Sykes-Picot.

Nesse mesmo ano, também foi assinada a Declaração Balfour, documento no qual o governo britânico prometia ao povo judeu um “lar” na região da Palestina, que também fazia parte do império.

Nasce um país: Turquia

Oficialmente, o império deixou de existir em 1º de novembro de 1922, quando o cargo de sultão foi abolido.

Um ano depois nasceu a República da Turquia.

Depois de liderar uma revolução republicana, Mustafa Kemal Atatürk, considerado "o pai da Turquia moderna", tornou-se seu primeiro presidente.

O último sultão do Império Otomano, Mehmed VI, temia ser morto pelos revolucionários e teve de ser retirado de Istambul por agentes britânicos.

Ele acabou exilado na Itália de Benito Mussolini, no balneário de San Remo, mesmo local onde havia sido acertada a divisão de seu império.

Lá ele morreu quatro anos depois, tão pobre que as autoridades italianas confiscaram seu caixão até que as dívidas com comerciantes locais fossem pagas.

Mustafa Kemal Atatürk

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Mustafa Kemal Atatürk governou a Turquia desde a sua criação, por 15 anos.

A república que nascia deixou para trás suas aspirações imperiais e se baseou no Kemalismo, uma ideologia implementada por Atatürk que tinha como valores o republicanismo, o populismo, o nacionalismo, o secularismo, o estatismo e o reformismo.

Muitos historiadores afirmam que o secularismo da Turquia moderna é um “grande” legado do Império Otomano.

Neo-otomanismo

Por outro lado, o califado Otomano continuou brevemente como instituição na Turquia, embora com autoridade bastante reduzida, até que também foi abolido em 3 de março de 1924.

Atualmente, a visão de que a derrota dos otomanos na Primeira Guerra Mundial pôs fim ao seu império é contestada por alguns, que afirmam que a sua queda é culpa do Ocidente.

“A ideia da responsabilidade ocidental (na queda do império) foi assumida durante vários anos pelo regime de Ancara e pelo atual presidente da República Turca (Recep Tayyip Erdogan)”, afirma o historiador Olivier Bouquet.

Recep Tayyip Erdogan

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Recep Tayyip Erdogan

Nos últimos anos, o sentimento de nostalgia que alguns na Turquia sentem pela era otomana alimentou o ressurgimento do chamado neo-otomanismo.

Trata-se de uma ideologia política islâmica e imperialista que, no seu sentido mais literal, defende a honra do passado otomano da Turquia e o aumento da influência turca nas regiões que estiveram sob domínio otomano.

Durante muitas décadas, os líderes da Turquia moderna se esforçaram para se distanciar do legado imperial e do Islã com a intenção de projetar uma face mais “ocidental” e “secular”.

Mas desde sua ascensão ao poder, Erdogan não esconde sua nostalgia pelo passado otomano do seu país e sua herança islâmica.

Prova disso foi a controversa conversão em 2020 da Hagia Sophia – que Atatürk transformou em um dos museus mais emblemáticos de Istambul – em uma mesquita.

Da mesma forma, Erdogan demonstrou repetidamente sua admiração por Selim I, um sultão que liderou uma das maiores expansões do Império Otomano.

Depois de vencer um referendo constitucional em 2017, que expandiu enormemente seus poderes presidenciais, Erdogan fez sua primeira aparição pública no túmulo do antigo sultão otomano.

E, mais recentemente, decidiu dar seu nome a uma das pontes construídas sobre o famoso estreito de Istambul, no Bósforo.

“O Império Otomano desapareceu, mas há um neo-otomanismo que se desenvolveu (…) Há muito mais referências ao Império Otomano hoje do que havia no final do século XX”, conclui Bouquet.


domingo, 29 de outubro de 2023

Poderes do Conselho de Segurança da ONU refletem precariedade do sistema internacional - Ricardo Seitenfus (FSP)

Poderes do Conselho de Segurança da ONU refletem precariedade do sistema internacional

Hipocrisia e ignorância fazem do órgão o mais importante e o menos eficiente das Nações Unidas
FOLHA DE S.PAULO
25.out.2023
Ricardo Seitenfus
Ex-representante especial da OEA no Haiti (2009-2011) e na Nicarágua (2011-2013), professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e doutor em relações internacionais pela Universidade de Genebra e autor do livro, entre outros, "Organizações Internacionais".

Paralelamente aos horrores reportados do atual conflito Israel-Hamas, um enfrentamento político-diplomático dilacera o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Sob a presidência brasileira, o enfrentamento entre Moscou e Washington faz reviver os momentos mais sombrios da Guerra Fria com a utilização do veto que impede uma posição comum frente aos ataques do Hamas de 7 de outubro e à resposta israelense na Faixa de Gaza.
Apesar de soarem vozes indignadas denunciando sua suposta insensibilidade e sua inconteste paralisia, o Conselho de Segurança cumpriu rigorosamente sua principal função: não ser instrumentalizado para contrariar interesses que seus membros permanentes considerem essenciais.
A ingenuidade de alguns, a hipocrisia de outros e a ignorância da maioria fazem com que o Conselho de Segurança —encarregado da manutenção paz segundo a Carta de São Francisco— seja ao mesmo tempo percebido como sendo o mais importante e o menos eficiente dos órgãos do sistema das Nações Unidas.
Tal situação não é obra do acaso. Ao contrário. Ela foi longamente amadurecida pelos que viriam a ser os vencedores da Segunda Guerra Mundial.
Em 1º de janeiro de 1942, após a entrada efetiva na guerra dos Estados Unidos e da União Soviética, a Conferência de Washington, reunindo 26 países, anuncia, pela primeira vez, a necessidade de uma solidariedade dessas "Nações", a partir daquele momento "unidas", para fazer frente ao Eixo.
Na Conferência de Dumbarton Oaks (agosto-outubro de 1944), China, Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética definem os contornos da organização política das relações internacionais do pós-guerra. Tornava-se evidente que o novo organismo somente seria eficaz caso contasse com a aprovação das grandes potências. No entanto, ele não poderia restringir-se tão somente aos grandes Estados
Superada a questão de sua universalidade, as potências vencedoras definiram o modelo de tomada de decisões no Conselho de Segurança. Havia o risco de serem compelidas a acatar iniciativas coletivas para a manutenção da paz, mesmo contra a sua vontade expressa, caso as decisões fossem tomadas baseando-se em qualquer cálculo majoritário ou proporcional. Não bastava, então, fazer parte de um órgão decisório restrito. Era necessário que individualmente as potências pudessem controlar o rumo de suas decisões.
A solução é encontrada na Conferência de Ialta (fevereiro de 1945). Trata-se de diferenciar os países-membros do Conselho em permanentes e transitórios. Qualquer decisão emanada deste órgão não deveria sofrer oposição de um membro permanente. A adoção da regra da unanimidade equivale ao poder de veto. Trata-se de um seguro mútuo que evite confrontações diretas entre eles. Escancara-se o risco de ineficácia e paralisia como demonstra a crise atual.
Reina a confusão igualmente no que diz respeito ao campo da aplicabilidade do poder de veto. Este deveria restringir-se às questões de segurança em seu senso estrito. Contudo, o Conselho decide manter total autonomia para decidir caso a caso. Finalmente, não foi possível fazer com que as grandes potências aceitassem, de forma clara e indiscutível, que nos conflitos em que eram partes interessadas, elas devessem abster-se de utilizar o direito de veto.
Após uma primeira fase de importante produção, os trabalhos do Conselho ingressam num longo período no qual demonstram marcante incapacidade operacional (1948-1989). A média anual de resoluções adotadas durante este período não alcança duas dezenas. No período subsequente essa média é multiplicada por três, alcançando picos de quase uma centena de resoluções anuais. A esperança de um sistema mais eficaz ruiu com a invasão da Ucrânia pela Rússia e pelo conflito Israel-Hamas.
Estados Unidos, França e Reino Unido ajustam sua posição em reuniões prévias, chamadas de instância P3, que sintetizam a posição ocidental. Posteriormente os membros permanentes reúnem-se no que se convencionou chamar de instância P5. Há, portanto, duas rodadas, que podem resultar em bloqueio da atuação coletiva antes mesmo que se chegue à reunião do organismo. Este procedimento indica que há temas e questões que não alcançam o CS por absoluta falta de consenso nas instâncias P3 ou P5.
Facilitado pela prática de inexistir justificativa, o veto foi utilizado 295 vezes durante o período 1946-2022, sendo que Moscou o utilizou 143 vezes, Estados Unidos, 86, Reino Unido, 30, China e França 18 cada uma.
A composição, atributos e poderes do Conselho de Segurança refletem o primitivismo e a precariedade do sistema internacional. Todavia, não esqueçamos que sua inação dificultou o caminho que leva às portas do inferno nuclear.

Conselho Europeu: as coisas se complicam para a Ucrânia (CNBC)

 

EU summit turns its eyes away from Ukraine despite a commitment to stay the course with Zelenskyy

Ukraine's President Volodymyr Zelenskiy arrives at European Political Community Summit in Granada, Spain October 5, 2023. REUTERS/Juan Medina
Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy arrives at the European Political Community Summit in Granada, Spain, on Oct. 5, 2023.
Juan Medina | Reuters

It was a good thing Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy had his videoconference address to the European Union summit pre-slotted for the opening session.

Immediately afterward, EU leaders switched off and went to the order of the day — the Israel-Hamas war. They didn’t come back to the issue of Russia’s war in Ukraine again before Friday’s closing day of the summit.

After dominating summit after summit since Moscow launched a full-scale invasion of Ukraine on Feb. 24, 2022, Zelenskyy will now find it challenging to get all the attention and the political, economic and military aid that Ukraine wants.

Read more on Russia’s war with Ukraine:

That may extend beyond Europe, too, since the new U.S. House Speaker Mike Johnson has shown little interest in providing additional money from Congress to support Ukraine. He has said now is the moment “we must stand with our important ally in the Middle East, and that’s Israel.”

Not only have the geopolitics in general shifted, some of the EU politics in particular are no longer as kind to Zelenskyy.

“Ukraine is one of the most corrupt countries in the world,” new Slovak Prime Minister Robert Fico said when he assessed the summit on his Facebook page on Friday. After the summit, he added: “We are ready to help, but not militarily, because I do not believe in a military solution of this conflict in Ukraine.” Zelenskyy wants a military victory ahead of peace.

Slovakia is a nation of just 5.5 million people, dwarfed by nations like Germany and France in a bloc of almost 450 million. But Fico’s threats of denying military aid must be seen as more than just bluster. That’s because the EU gives veto rights to members on most money issues affecting Ukraine.

EU summit turns its eyes away from Ukraine despite a commitment to stay the course with Zelenskyy

Ukraine's President Volodymyr Zelenskiy arrives at European Political Community Summit in Granada, Spain October 5, 2023. REUTERS/Juan Medina
Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy arrives at the European Political Community Summit in Granada, Spain, on Oct. 5, 2023.
Juan Medina | Reuters

It was a good thing Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy had his videoconference address to the European Union summit pre-slotted for the opening session.

Immediately afterward, EU leaders switched off and went to the order of the day — the Israel-Hamas war. They didn’t come back to the issue of Russia’s war in Ukraine again before Friday’s closing day of the summit.

After dominating summit after summit since Moscow launched a full-scale invasion of Ukraine on Feb. 24, 2022, Zelenskyy will now find it challenging to get all the attention and the political, economic and military aid that Ukraine wants.

Read more on Russia’s war with Ukraine:

That may extend beyond Europe, too, since the new U.S. House Speaker Mike Johnson has shown little interest in providing additional money from Congress to support Ukraine. He has said now is the moment “we must stand with our important ally in the Middle East, and that’s Israel.”

Not only have the geopolitics in general shifted, some of the EU politics in particular are no longer as kind to Zelenskyy.

“Ukraine is one of the most corrupt countries in the world,” new Slovak Prime Minister Robert Fico said when he assessed the summit on his Facebook page on Friday. After the summit, he added: “We are ready to help, but not militarily, because I do not believe in a military solution of this conflict in Ukraine.” Zelenskyy wants a military victory ahead of peace.

Slovakia is a nation of just 5.5 million people, dwarfed by nations like Germany and France in a bloc of almost 450 million. But Fico’s threats of denying military aid must be seen as more than just bluster. That’s because the EU gives veto rights to members on most money issues affecting Ukraine.

Fico’s counterpart from neighboring Hungary, Viktor Orbán, has been leveraging the threat of vetos for years. And he also poured cold water on Zelenskyy on Friday.

Orbán said in his weekly interview on state radio that the EU’s strategy for assisting Ukraine in its war has “failed,” and signaled that he may not be willing to approve an EU proposal that would provide more financial assistance to Kyiv.

“The Ukrainians are not going to win on the battlefield, the Russians are not going to lose on the battlefield, and there’s no way that the Russian president will be defeated in Moscow in the chaos of a lost war,” Orbán said.

Moscow is certainly pushing more funds into the war effort. Russian Finance Minister Anton Siluanov told lawmakers in Moscow that nearly a third of government spending next year will go into defense for a total about 109 billion euros ($115 billion), noting that the amount is significantly higher compared to previous years.

After reclaiming some ground during a counteroffensive that began in June, Ukraine forces failed to break through Russia’s multi-echeloned defenses to achieve their goal of cutting a land link to the Crimean Peninsula they crave. Offensive operations are now expected to slow down as the winter sets in. All this despite billions in support from Europe and the United States.

With Ukraine funding in jeopardy in the U.S. Congress, Zelenskyy is hoping Europe’s financial lifeline stays open.

By the end of the year, EU leaders have to approve a four-year 50-billion-euro (nearly $53 billion) package for Ukraine to provide budget support, promote investment and help with reconstruction — and here the veto powers of member states come into play. There is also a four-year 20-billion-euro ($21 billion) military and security package in the pipeline.

Orbán said that he was unwilling to move forward on financing to Ukraine that aimed to help it win the war militarily, a strategy he said was no longer tenable.

“I was forced to clearly and directly say that the strategy that those in Brussels adopted and brought us into has failed,” he said. “Whatever we do, before we spend the money, there has to be a clear strategy,” he said Friday.

That stance has irked a large majority of EU nations that see Ukraine as a bulwark for the kind of democracy they want to see across the globe.

This week, Germany handed over a third IRIS-T SLM air defense system to Ukraine after two of the sophisticated systems were supplied over the past year.

“Even if the security policy situation worldwide is further escalating and we are looking with great concern at the moment at Israel and the Middle East, we will not stop supporting Ukraine,” Defense Minister Boris Pistorius said. “This war will not be forgotten.”

Others were asking what strategy Fico and Orban would propose other than full backing for Ukraine.

“If we don’t help Ukraine, then what is the alternative, really,” Estonian Prime Minister Kaja Kallas said. “I mean, Russia wins! And so what happens next? Why do you think that you’re safe then?”

Irish Prime Minister Leo Varadkar said. “If we don’t stop Putin in Ukraine, he won’t stop there. So it is a threat to all of us.” 

Fico’s counterpart from neighboring Hungary, Viktor Orbán, has been leveraging the threat of vetos for years. And he also poured cold water on Zelenskyy on Friday.

Orbán said in his weekly interview on state radio that the EU’s strategy for assisting Ukraine in its war has “failed,” and signaled that he may not be willing to approve an EU proposal that would provide more financial assistance to Kyiv.

“The Ukrainians are not going to win on the battlefield, the Russians are not going to lose on the battlefield, and there’s no way that the Russian president will be defeated in Moscow in the chaos of a lost war,” Orbán said.

Moscow is certainly pushing more funds into the war effort. Russian Finance Minister Anton Siluanov told lawmakers in Moscow that nearly a third of government spending next year will go into defense for a total about 109 billion euros ($115 billion), noting that the amount is significantly higher compared to previous years.

After reclaiming some ground during a counteroffensive that began in June, Ukraine forces failed to break through Russia’s multi-echeloned defenses to achieve their goal of cutting a land link to the Crimean Peninsula they crave. Offensive operations are now expected to slow down as the winter sets in. All this despite billions in support from Europe and the United States.

With Ukraine funding in jeopardy in the U.S. Congress, Zelenskyy is hoping Europe’s financial lifeline stays open.

By the end of the year, EU leaders have to approve a four-year 50-billion-euro (nearly $53 billion) package for Ukraine to provide budget support, promote investment and help with reconstruction — and here the veto powers of member states come into play. There is also a four-year 20-billion-euro ($21 billion) military and security package in the pipeline.

Orbán said that he was unwilling to move forward on financing to Ukraine that aimed to help it win the war militarily, a strategy he said was no longer tenable.

“I was forced to clearly and directly say that the strategy that those in Brussels adopted and brought us into has failed,” he said. “Whatever we do, before we spend the money, there has to be a clear strategy,” he said Friday.

That stance has irked a large majority of EU nations that see Ukraine as a bulwark for the kind of democracy they want to see across the globe.

This week, Germany handed over a third IRIS-T SLM air defense system to Ukraine after two of the sophisticated systems were supplied over the past year.

“Even if the security policy situation worldwide is further escalating and we are looking with great concern at the moment at Israel and the Middle East, we will not stop supporting Ukraine,” Defense Minister Boris Pistorius said. “This war will not be forgotten.”

Others were asking what strategy Fico and Orban would propose other than full backing for Ukraine.

“If we don’t help Ukraine, then what is the alternative, really,” Estonian Prime Minister Kaja Kallas said. “I mean, Russia wins! And so what happens next? Why do you think that you’re safe then?”

Irish Prime Minister Leo Varadkar said. “If we don’t stop Putin in Ukraine, he won’t stop there. So it is a threat to all of us.”